sexta-feira, 28 de novembro de 2008

AMIGOS DO BLOG MAFUÁ
Estou no Rio, no Evento Preserve 2008. Preparei antecipadamente alguns textos que iria publicando daqui do Rio. Deixei eles arquivados numa pasta "Editar", no blog e achava que postando-os iriam sair com a data da postagem. Engano, pois saem com a data em que havia deixado escrito. Então, hoje, acabo de publicar um DROPS, a Alfinetada 42, que sai lá embaixo, com data de 26/11. Amanhã, sábado 29/11 publico mais um Diário de Cuba, que também sairá lá embaixo e no domingo, último dia do mês, 30/11, publico umas Dicas do Rio, também com leitura lá embaixo. Desculpem pela falha. Queria manter um posto por dia, mas desconhecia esse procedimento e não vou ter tempo para alterar nada. Dessa vez fica dessa forma mesmo...

Desculpem pela minha falha.
Nesse mafuá elas se renovam a cada instante.
HPA.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

MEMÓRIA ORAL (54) - publicado em 27/11
(Esse texto foi escrito em agosto de 2007, publicado só agora nesse blog, pois estavasem sem publicação. Essa história é velha e mais atual do que nunca.Tem tudo a ver com o que estamos fazendo no Preserve 2008. Daqui do Rio, deixamos um abraço cordial a todos):

OS PASSOS DO RESTAURO DE UM CARRO FERROVIÁRIO HISTÓRICO
O Projeto Ferrovia para Todos foi lançado em Bauru no ano de 2001, com o início do restauro da composição ferroviária da Maria Fumaça. À partir de 2004, com a autorização da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) iniciaram-se os passeios turísticos, com sessenta vagas cada, que saiam mensalmente defronte o Museu Ferroviário até a Estação da Paulista, num trecho ida e volta de 2 km. Como Bauru tem toda uma história ferroviária, logo esse passeio tornou-se a coqueluche da cidade. Com o passar dos anos, a demanda foi crescendo, os passeios tornaram-se quinzenais e a cada divulgação junto a comunidade, a lotação ocorria rapidamente, provocando rotineiras filas.

Na troca da administração municipal, o Projeto teve solução de continuidade, algumas prioridades foram alteradas e a atenção foi redobrada. Com a abertura da unidade local do PoupaTempo, três carros ferroviários foram totalmente restaurados pelo Governo do Estado de São Paulo, sob a supervisão da equipe da Secretaria Municipal de Cultura e instalados naquele local. Hoje, a maior visitação dentro da unidade do PoupaTempo é a realizada num dos carros expostos num ramal ferroviário no local. Quer dizer, a população novamente renova aquilo que já era do conhecimento de todos, a ferrovia continua sendo algo de imenso magnetismo para Bauru e região. Também foi realizada a reforma de um jardim interno dentro das instalações do Museu Ferroviário e para preencher e embelezar a área interna foi totalmente restaurado um meio carro, em formato de cabine, sem as rodas e instalado no local, onde hoje funciona um lojinha de revenda de produtos com cunho ferroviário. O restauro foi totalmente feito pela equipe de funcionários do setor e também tornou-se outro grande atrativo, despertando muita curiosidade para todos os visitantes.

No prosseguimento dos trabalhos, o grande clamor era a demanda crescente de passageiros nos passeios quinzenais. No cronograma a ser seguido, deveriam ser iniciados os trabalhos de restauro de um carro Restaurante, mas devido a necessidade do aumento imediato do número de assentos aos visitantes, os rumos foram alterados. A decisão coletivada equipe foi a de restaurar de imediato mais um carro de passageiros. Um dos carros sob concessão do Governo Federal foi escolhido pelo Conselho do Museu Ferroviário e com uma verba recebida num convênio com a Prefeitura de Paraguaçu Paulista, foi iniciada a recuperação e restauro, que anteriormente era de uso Administrativo ( O-11, AM7026-4J), sendo transformado em Carro de Passageiros de 1ª Classe (passou para série P-11). Esses trabalhos foram iniciados efetivamente em janeiro de 2007 e todo o processo de gastos e compras efetuadas foi acompanhado muito de perto pelo Conselho do Museu Ferroviário e pela Secretaria Municipal de Cultura.

Três orçamentos foram solicitados para cada compra e mesmo após a apuração, o ganhador recebia a visita da equipe coordenadora, onde iam sendo explicados os objetivos do projeto e buscado uma forma de tê-los como participes, com descontos especiais e em muitos casos, até a doação do material e da mão de obra. A primeira compra foi a de madeiramento, para piso, teto e laterais, sendo feita na Faidiga Madeiras, do Flávio Faidiga. Compra efetuada, deu-se efetivamente o pontapé inicial no restauro. A equipe de trabalho da Secretaria Municipal da Cultura é reduzida, constituída pelos servidores municipais Alex Gimenez Sanches, Geraldo Aparecido Pereira Pires, Luiz Carlos Pereira e José de Jesus Dias. Esse quarteto é o que coloca a mão na massa e faz a coisa andar, executando todas as tarefas de restauro.

A ALL (América Latina Logística), concessionária da malha ferroviária em Bauru cede um amplo local, num dos barracões dentro das antigas oficinas da extinta NOB. Esse espaço possui um trilho de aproximadamente 100 metros, onde os carros ficam aguardando até o dia de início do restauro e junto deles, o local de trabalho da equipe. É lá que tudo é feito. Dividindo o mesmo barracão, a Marcenaria do Luiz Preto, que empresta alguns maquinários pesados no trabalho das madeiras e a PrestFer, do Celso, também sempre prestativo, em reparos de solda, sempre necessários. Por ali vigora uma união de interesses comuns, com todos irmanados no mesmo objetivo, transformar o local de trabalho no melhor possível.

Com esse espírito, o trabalho acontece e flui naturalmente. Piso colocado, madeiras laterais trocadas (enxerto nas deterioradas) e forro instalado, o passo seguinte foi a instalação elétrica e hidráulica. Nessa fase um outro servidor municipal foi deslocado para a execução das tarefas. Foi comprado material elétrico, ferragens diversas, hidráulica, tudo de pequena monta. Paralelo a isso foi adquirido o material dos estofados, na Storti Plásticos, pois o carro de 1ª Classe tem seus bancos todos com assentos estofados, diferente do carro de 2º Classe, que circula atualmente, cujos bancos são todos de madeira. Outra compra feita logo a seguir foram os vidros, na Vytrium, instalados na janelas laterais do carro.

O envolvimento com a comunidade se verifica em vários momentos. Esse é um deles e acontece quando Renato Munhoz e Fernando Lima, proprietários do Ateliê Estofaria Artesanal fazem um passeio de Maria Fumaça e se oferecem para fazer gratuitamente toda a parte de estofados do novo carro. Num outro momento, mesmo após ser contemplada com a compra de tintas, a empresa Copical Tintas, dos sócios Caio Oliveira, pai e Márcio Oliveira, filho, oferecem um grandioso desconto em cima do preço ajustado, tudo por entenderem o sentido da restauração. Paralelo a isso, a empresa SVL Serviços Ferroviários, dos sócios, todos ex-ferroviários Valdir de Oliveira Pinto, Sérgio Henrique Avolio e Luiz Antonio Farinelli, executa serviços contínuos nesse e em outros carros, tudo sem qualquer custo, pelo amor que mantém pela ferrovia e sua causa.

Essa parceria, que se apresenta de forma natural e espontânea não para por aí. A Empresa Lwart Lwarcel, de Lençóis Paulista, que já havia participado da parceria no restauro de todos os carros do Projeto, novamente doa toda a manta asfáltica, que cobre o teto do carro restaurado. A sensibilidade dos empresários não tem fim e no passo seguinte, a empresa Kol Engenharia de Impermeabilização, da engenheira Keilla Priscilla Amaral faz a colocação da manta praticamente abaixo do custo. Arrematando todo o trabalho, o incessante apoio de Alcemir Godoy, Diretor Regional da ALL (América Latina Logística), que detém ouso da malha ferroviária em Bauru promove toda a manutenção da parte baixa (rodas, truck e engrenagens) desse e de outros carros do Projeto em suas oficinas.

O corre-corre da equipe na conclusão é acelerado nos últimos dias, como acabamento dado ao sanitário do carro, retoques na pintura, principalmente no desenho das logomarcas da NOB e inscrições originais existentes, ajustes no madeiramento e fixação dos bancos. O trabalho de formiguinha da equipe é recompensado pelo reconhecimento de todos que já tiveram o prazer de visualizar o resultado final. A cada dia que antecede o dia da viagem inaugural a expectativa cresce e uma inspeção por parte de todos é refeita de forma minuciosa. Verdadeiro trabalho perfeccionista dos quatro funcionários, que acompanharam tudo, desde a escolha do carro até o dia da primeira viagem, que acontecerá no próximo dia 07 de agosto de 2007. O reconhecimento dos apoios recebidos ficará registrado numa placa instalada dentro do carro, junto ao nome dos quatro servidores, que possibilitaram que mais esse Carro de Passageiros fosse entregue à circulação. E entregue esse carro, a equipe não terá tempo para o merecido descanso, pois tudo caminha rapidamente para o início do restauro do carro Restaurante, outro aguardado com muita ansiedade e expectativa.Dessa forma caminham os restauros ferroviários em Bauru.

Henrique Perazzi de Aquino, Bauru SP, 31/Julho/2007.
LEGENDA DAS FOTOS:1) Maria Fumaça, 2) Composição na gare, 3)A equipe de trabalho - Luiz, Jesus, Alex e Geraldo, 4) Renato e Fernando, da Estofaria Artesanal, 5)Márcio e seu pai, Caio, da Copical Tintas, 6)engª Keila, da KOL diante do trabalho de impermeabilização, 7)Valdir, Sérgio e Luiz, o trio da SVL e 8)Funcionário dando acabamento no teto do carro.
BAURU POR AÍ (08)

PRESERVAÇÃO FERROVIÁRIA DE BAURU EM DESTAQUE
O tema da Preservação Ferroviária me é muito grato. Em primeiro lugar, pelos laços familiares. Meu avô, na Noroeste do Brasil e meu pai, na FEPASA, trabalharam uma vida toda dentro da ferrovia. Anos depois, fiz a escola profissionalizante da Noroeste e hoje atuo na Secretaria Municipal de Cultura, coordenando os projetos ligados a questão de preservação dos imóveis, do restauro de composições e do passeio turístico férreo patrocinado pelo projeto Ferrovia para Todos. Vivencio esse tema todos os dias e não nego, ele é por demais apaixonante. Além de contagiante.

Bauru vive uma situação privilegiada em relação a maioria das cidades brasileiras. Possuímos, em decorrência do famoso entroncamento, uma situação sui-generis. Edificações férreas, tanto administrativas, como as construções para seus operários estão por todos os lados da cidade. Resgatar e manter isso tudo é algo grandioso e dispendioso. Pelo mesmo motivo, após a privatização, permaneceram por aqui muitos carros ferroviários, vários deles sob a guarda do setor público. Um dos mais importantes Museus Ferroviários brasileiros está localizado em nossa cidade e sempre foi e será pólo aglutinador de grande interesse. A Prefeitura Municipal mantém acesa a chama que permeia isso tudo com a manutenção do Projeto Ferrovia para Todos, propiciando o restauro, manutenção e passeios de cunho turístico ferroviário. Tudo isso não é pouco.

O trabalho sempre foi feito dentro das possibilidades e das viabilidades. O projeto quando da abertura possibilitou o restauro da locomotiva, um carro de passageiros e um administrativo. Essa administração deu continuidade e restaurou mais um carro de passageiros, fez parceria com o Governo do Estado para restauro dos três carros instalados no Poupatempo e o de um meio carro instalado na área interna do museu. De passeios inicialmente mais espaçados, aumentamos sua freqüência e só nesse primeiro semestre batemos todos os recordes de pessoas a efetuarem o famoso passeio. Muito mais será feito, com a possibilidade do aumento do trecho, ampliação regional e novos restauros, alguns com patrocínio de apoiadores e leis de incentivo. O trabalho sempre foi e continuará sendo feito, com uma dedicada e laboriosa equipe, reduzida, porém aguerrida, imbatível.

E nesse final de ano a grande surpresa. O Preserve – X Seminário sobre Preservação e Revitalização Ferroviária, evento anual patrocinado pelo Movimento de Preservação Ferroviária (http://www.trembrasil.com.br/), que todos os anos acontece na cidade do Rio de Janeiro estará prestando uma homenagem ao projeto bauruense. De 27 a 29/11, com o tema “O Brasil de volta aos Trilhos”, a equipe do Ferrovia para Todos estará presente com uma exposição no hall de entrada do evento, constituída de dez banners (patrocínio do Jornal da Cidade e Lume Light) mostrando cada etapa do restauro, com um texto contando a história do projeto, incluído no CD entregue a todos os participantes e com uma palestra na sexta dentro do grupo, Turismo Cultural Ferroviário. É isso que revitaliza toda a equipe para a continuidade dos trabalhos e a ida de todos, maquinista e marceneiros será de grande valia, propiciando um intercâmbio de valor inestimável, para quem suou a camisa nesses anos todos. É Bauru se fazendo presente, mostrando a que veio e mostrando os resultados.

Henrique Perazzi de Aquino - Diretor de Proteção ao Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal de Cultura de Bauru

terça-feira, 25 de novembro de 2008

CENA BAURUENSE (14)

UMA CASA E O RESGATE DE SUA HISTÓRIA
A casa está localizada no cruzamento das ruas Ezequiel Ramos e Antonio Alves. Abrigou durante os últimos anos a Junta do Trabalho. Depois os seus arquivos. Transferido tudo para outro prédio, o mesmo foi cedido para a Secretaria Municipal de Cultura instalar ali o seu Centro de Artes Plásticas. Ao adentrar o local, funcionários se deparam com suas paredes descascando e mostrando afrescos, pintados a décadas atrás. Uma relíquia, resquício da imponência do casarão.

Para reviver sua história nada escrito. Tudo na memória das pessoas. Dois memorialistas, Gabriel Ruiz Pelegrina e Irineu Azevedo Bastos passam as primeiras informações. Havia sido construída para abrigar a residência de seu construtor, Alfredo Fígaro, no começo dos anos 30. Dos afrescos nada, só a certeza de que quem os produziam nesse período era o pintor e escultor Alberto Paulovich. Seu filho, Leonardo vai até o local e fica encantado. Mantém em casa alguns dos moldes e para ter certeza terá que proceder um exame com mais calma.

O trabalho de retirada da casca de tinta continua sendo feito por funcionários. Tudo minucioso e com técnicas recomendáveis. O Meio Ambiente irá restaurar o jardim. O CODEPAC vai abrir um processo do seu tombamento.Os arquivos de plantas antigas da Prefeitura e os do cartório local já foram acionados em busca de mais detalhes. A imprensa divulga tudo no dia de hoje e pede ajuda para mais detalhes. Dois surgem de imediato. Uma vizinha durante anos, Joanina Giansante, liga e diz que o jardim da casa era um imenso roseiral, muito lindo e que reviver aquilo será um sonho. Zilda Tavares Rino de Souza, 80 anos, filha de seu Domingos Rino, já falecido, morou na casa durante uns dez anos, por volta dos anos 50. Diz que seu pai “trocou uma fazenda pela casa, de um turco. Já das pinturas, tínhamos todos um cuidado muito grande para não sujar nada. Meu pai falava que era obra de um pintor italiano. Minha irmã, Célia casou na casa. As freiras do Colégio São José vinham buscar rosas todo final de semana para enfeitar a capela deles. Alguns anos atrás, passando em frente, pedi a um guarda para entrar. Precisava de autorização. Quero retornar lá com minhas três irmãs”.

O resgate dessa história, contada dessa forma, com a descoberta de personagens que a vivenciaram é algo desbravador, contagiante. Cada um passa nova informação, uma nova dica, um novo personagem e tudo isso possibilita a reconstrução, pouco a pouco, como a costura feita numa colcha de retalhos. Gosto muito disso, contagia. Queria ter tempo para me envolver em projetos dessa natureza. A Memória Oral é algo inebriante, porém, precisa de dedicação, tempo disponível. Quem me dera...
DIÁRIO DE CUBA(16) - publicado em 29/11/2008


JINETEROS, GAYS, CDs PIRATAS, A FEIRANTE E APARTADOS
Após quatro dias na ilha estamos conhecendo melhor como se processa o relacionamento com os tais “jineteros”. Estávamos numa área hoteleira à beira mar, onde é inevitável a abordagem. Dois se aproximam. O papo sempre começa com o pedido de cigarros. Decepção, ambos não fumamos. Uma das primeiras perguntas é sempre sobre a quanto tempo estamos em Cuba.Tudo para saber se já estávamos escolados. A nossa tática é sempre responder algo infalível para encurtar esse tipo de conversa: “Estamos aqui como representantes de organizações comunistas brasileiras e estamos a caminho de reunião com as organizações cubanas”. É o suficiente para não virem com propostas indesejáveis. Já escrevi sobre eles aqui, uma corja, permitida dentro da liberalidade existente no país. De um deles, me foi oferecido uma hospedagem num apartamento particular, com “acomodações confortáveis e preços módicos”. Queria conhecer, mas demonstramos desinteresse e seguimos em frente.

Entre 12 e 14h paramos para um descanso no hotel e para uma pizza no almoço. Não consigo ficar muito tempo por lá. Vou dar novas voltas, dessa vez já procurando onde vamos ficar quando retornarmos do interior. Teremos nessa volta, mais cinco dias em Havana e os hotéis parecem estar cheios. Na primeira volta ao quarteirão, vejo numa sala uma imensa bandeira do Brasil a ocupar todo o local. Juan, o morador me diz ter ganho de uma amiga brasileira, de Brasília. Me convida para um rum. Calor danado, não tomo, mas fico de voltar. Há uns 500 metros do hotel, diante de um imensa e movimentada igreja, na Calzada de Infanta, conheço Laura e Liester, dois garotos de uns 16 anos, ambos gays assumidos. Um deles já está bem transformado, vestindo roupas femininas. Pessoas passam um tanto incomodadas, olhando muito. Um carro buzina. Um deles me diz que circula pela orla do Malecón por volta da 1h da manhã e sem repressões.

Aqui um aparte atualizado. Na semanal Carta Capital, edição de 5/11/2008, leio algo sobre o assunto e incluo aqui: “Novidades na ilha. Recém chegado de Cuba, onde participou de um Congresso sobre a Poesia na Diáspora Afro-Americana, o escritor e historiador Haroldo Costa conta que tomou um susto quando, em Havana, aguardava uma condução na porta de um hotel em que estava hospedado, no bairro de Vedado. De repente, eis que surgem dois rapazes, ao meio-dia, com cílios postiços e batom rubro. Depois soube que era por causa da Parada do Orgulho Gay. No dia seguinte, assistiu pela TV a usa sessão do seminário sobre homofobia. Da mesa fazia parte uma filha de Raul Castro. “Realmente, quem a viu, quem a vê. A ilha do Comandante está mesmo mudada”, garantiu o surpreendido e surpreso Haroldo, veterano viajante à terra de Reinaldo Arenas, o autor de Antes que Anoiteça”. (in Carlos Leonam, Cariocas quase sempre).

Eu não me surpreendo com nada. A surpresa é sempre com as mentiras sobre a ilha que nos são contadas no Brasil. Como falseiam tudo ao seu bel-prazer, algo repugnante quando constatamos in loco a realidade. Continuo a percorrer os hotéis e nada de vagas para daqui uns dez dias. Reencontro a conhecida feirante e fico a observar sua rotina de trabalho. Como é alegre, linda e comunicativa. Imantada, queria ir ficando ali. Passando pela Calle 25 vejo diante de uma casa a placa anunciando “Renta room”. Aperto a campainha e sou atendido por Lugo. Falo sobre os três dias que passaremos em Havana no retorno do interior. Me oferece um apartado (espécie de quitinete de luxo) por R$ 30 dólares (90 pesos). Fico com um cartão estampado com a foto da Sra Magalis Sánchez López, com endereço, fone e email, tudo legalizado. Depois pergunto para a recepcionista do hotel sobre essas casas: “Conheço suas filhas, vá sem medo, não existe problemas”. Ficamos de decidir.

Compro na loja temática sobre cinemas ao lado do Cine Yara uma camiseta com uma estampa de um Documentário sobre Che (7 pesos). Numa livraria na esquina no hotel Habana Libre compro o CD “Querido Pablo”, com canções de Pablo Milanes (10 pesos). Andando mais um pouco, na varanda de uma casa vejo expostos muitos CDs piratas, compro outro, iguaizinhos ao vendidos no Brasil, com o último trabalho do Pablo, “Regalo” (2 pesos). Acordo Marcão e vamos sair para conhecer a praça John Lennon, um sonho dele, mas essa história fica para a próxima vez.
UMA DICA (29) - publicado em 30/11/2008

IR AO RIO
Fui pela primeira vez ao Rio de Janeiro lá pelos meus 16/17 anos, numa excursão, quando nos hospedamos no antológico abrigo estudantil na Praia do Flamengo. Não parei mais de ir. Foi amor à primeira vista. Anos depois tive o prazer de conhecer e trabalhar por lá, por mais de 15 anos, tendo ao lado, na maioria desses anos, um argentino, o González (morreu com mais de 80 anos). Conheci cada cantinho da cidade, Zona Norte (principalmente) e Zona Sul. Amo aquilo tudo, inclusive seus times de futebol (o preferido é o Fogão). Voltar lá é sempre uma fervura. A trabalho ou não, com mais ou menos tempo, a cidade está lá exposta à visitação, contemplação e expropriação.

Dezenove rápidas dicas de lugares que fazem parte do meu roteiro particular:
1. Teatro Rival Petrobras – shows no começo da noite – rua Álvaro Alvim 33 Cinelândia
2. Rio Scenarium – pavilhão de cultura e antiguidades – r. do Lavradio 20 - http://www.rioscenarium.com.br/
3. Estudantina Musical – point da dança de salão – pça Tiradentes 78
4. Livraria da Travessa – livros para serem degustados – rua da Travessa e Rio Branco
5. Carioca da Gema – samba da melhor qualidade – av. Mem de Sá 79 –http://www.barcariocadagema.com.br/
6. Circo Voador – shows variados e divertidos – r. Dos Arcos s/nº Lapa – rua - http://www.circovoador.com.br/
7. Fundição Progresso – onde todas as tribos se encontram – r. Dos Arcos s/nº – http://www.fundicao.org/
8. Cantinho do Senado – lanches rápidos e comida de fino trato – r. Do Lavradio 50
9. Livraria Folha Seca – do amigo Rodrigo, livros sobre Futebol, Samba e Rio – r. do Ouvidor 37
10. Restaurante Nova Capela – comida à moda antiga com altos papos – av. Mem de Sá 96
11. Adega Flor de Coimbra – vinho e comidas portuguesas – r. TeotônioRegatas 34 atrás da sala Cecília Meirelles
12. Mangue Seco – mais de 100 cachaças artesanais – r. do Lavradio 23 –http://www.manguesecocachacaria.com.br/
13. Centro Cultural Memórias Rio – resgate da boêmia carioca – av. GomesFreire 289 Lapa
14. Trapiche Gamboa – samba de fato e de direito – r. Sacadura Cabral 155 Gamboa
15. Teatro Odisséia – MPB, forró e samba – av. Mem de Sá 66 Lapa –http://www.teatroodisseia.com.br/
16. Taberna e Boteko do Juca – chopp e comida de primeira – av. Mem de Sá 65 e 69 Lapa
17. Salsa e Cebolinha – restaurante de balcão com um cheiro de casa do interior – Av. Gomes Freire 517 Lapa
18. Bar Luiz – o mais tradicional da cidade, ao velho estilo – rua da Carioca
19. Cine Odeon – filmes cults e fora do circuito, com bar temático – na quina da Cinelândia
OBS.: Esse é o roteiro de passeios, bebericagens, lazer... Dia desses publico um com os museus.
UMA ALFINETADA (42) - publicado dia 28/11/2008

DROPS – HISTORINHAS CURTAS QUE FUI RECOLHENDO POR AÍ
1. Carta de um cliente enviada a uma agência bancária: “Meu cheque retornou com a anotação de que havia insuficiência de fundos. Em virtude dos acontecimentos no mercado, gostaria de saber se a insuficiência se refere a mim ou a vocês?”

2.Dalva Aleixo é uma dileta amiga, professora da UNESP Bauru. Viajamos juntos dia desses e eu querendo tirar fotos dela. Diz estar numa fase de reencontro consigo mesma e com o corpo, recuperação do perdido e me dá uma definição para não concordar com as clicadas: “Infelicidade engorda”.

3.“Reinando com o ventilador, a menina tem a ponta do dedo amputada. Dias depois, você descobre as três bonecas de castigo, o mesmo dedinho cortado a tesoura”. Essa é do Vampiro de Curitiba, o especialista em textos curtos e diretos, vapt-vupt, Dalton Trevisan. Como gostaria de saber resumir tudo em tão poucas palavrinhas.

4.Certa feita, Antonio Maria, um dos tantos cronistas do Rio, recebeu a visita de uns tiras durante o regime militar e foi duramente espancado nos dedos por algo que havia escrito. Sua resposta foi publicada dias após: “Esses cretinos pensam que um jornalista escreve com as mãos”.

5.Conta-se que um lendário jornalista uma vez foi trabalhar num jornal anarquista. O diretor lhe disse alguma coisa assim: “A linha do nosso jornal é...” Rápido ele pegou a bengala e o chapéu, voltando-se para o homenzinho espantado: “Quem tem linha é trem”. E bateu a porta da redação, sem mais voltar.

6.Diante de uma forte reação da imprensa do Programa Bolsa Família, o presidente Lula pede ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que vá aos órgãos da imprensa explicar o programa. No retorno, eis a resposta: “Presidente, todos eles, com palavras diferentes, disseram a mesma coisa: o governo está gastando muito com o social e é isso que incomoda a eles”.

7.Um repórter gaúcho tenta descobrir algo sobre a sabedoria indígena. Numa aldeia procura o velho índio e lhe pergunta: “Como é que o senhor sabe que o tempo vai mudar?”. Ele o olhou, limpou a garganta e respondeu: “Pela rádio Gaúcha, filho”.

8.Show do Lobão no SESC, vou ao banheiro esvaziar o reservatório. Ao adentrar o local o cheiro é forte. Uma voz, em alto e bom som reclama do cheiro exalado: “Isso é porque vocês só comem carne. Final de semana é só churrasco e nada mais. Vocês precisam comer mais verdura, frutas, que o resultado será outro”. Saio logo do local, concordando com tudo.

Henrique Perazzi de Aquino, 48 anos, além de escrever e ler, viciado em música, família, sol e gente zen, não necessariamente nesta ordem.
PS.: a ilustração é do AIRON e foi Gilete Press do site dele.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

DUAS MÚSICAS SOBRE O SINAL FECHADO (36)

“MALABARISTAS DO SINAL VERMELHO” OU “QUANDO PAREI NO SINAL”
Gente no sinal a nos oferecer coisas não são nenhuma novidade nos nossos dias. Num país continental com grandes problemas sociais, a cena faz parte do cenário urbano de nossas cidades. Tem aqueles que, diante da iminente abordagem, simplesmente fecham os vidros e fingem não ver o que acontecedo lado de fora. Eu não. Na maioria das vezes sou receptivo (só não aceito mais os tais folhetos, agradeço e recuso). Crianças, mendigos e velhos nos pedem um ajutório. Uma que não consigo recusar de dar uma moeda é a senhora que se fingia de cega. Foi massacrada meses atrás, mas continua nas esquinas da vida, tão necessitada quanto dantes. Nos últimos dias algo me chama a atenção e acontece no farol do cruzamento das avenidas Rodrigues Alves e Nações Unidas. São uns coloridos e alegres “malabaristas do sinal vermelho”.

Ao vê-los não tem como não se recordar de músicas sobre essa verdadeira saga de nossas esquinas. Chico Buarque e Francis Hime já cantavam em 1993, “No sinal fechado/ Ele vende chiclete/ Capricha na flanela/ E se chama Pelé/ Pinta na janela/ Batalha algum trocado...”(Pivete, LP “ParaTodos, Chico). Acabei lembrando de mais duas, cujas letras transcrevo por inteiro aqui:

UANDO PAREI NO SINAL (Arlindo Cruz e Franco), canta João Nogueira (CD,“João de Todos os Sambas, BMG/RCA, 1998): "Quando parei no sinal/Eu vi um menino surgindo do nada/ Vendendo paçoca, chiclete, cocada/ E água da bica jurando ser mineral/ Quando eu parei no sinal/ Pintou até cerva, remédio e cigarro/ Amortecedor e adesivo pra carro/ Lençol de solteiro e colchão de casal/ Engarrafado, parado/ Sem chance de andar/ Pensei comigo, o shopping mudou de lugar/ E apesar de tanto grilo/ Nego disse: Tá tranquilo choque/ Me vendeu limão e mate/ E cantou samba legal/ Surgiu um broto 100 por cento/ Divulgando apartamento/ Lá no centro, bem na linha da central/ Olha aí/ Quando parei no sinal/ Vi camisinha de renda/ Pra venda e aluguel/ Tinha batom e aparelho de som pra dedéu/ Comprei CD de Samba-Funk/ De Gardel e do Skank/ Um relógio de primeira etcetera e tal/ E um anão tatibitati/ Me vendeu dez chocolates/ E um tomate por apenas um real/ Quando eu parei no sinal/ Vi mulher vender marido/ Certidão e enxoval, olha aí/ Quando parei no sinal/ Quando parei no sinal/ Ingresso do Pavarotti/ Pro show do Municipal, veja só/ Quando parei no sinal/ Quando parei no sinal/ Escondi o meu Rolex/ Só com medo do Lalau, olha aí/ Quando parei no sinal/ Quando parei no sinal/ Vi nego vendendo sangue/ Meio litro por dez pau, olha aí/ Quando parei no sinal/ Quando parei no sinal".

MALABARISTAS DO SINAL VERMELHO (João e Francisco Bosco), canta João Bosco (CD, “Malabaristas..., Sony, 2002): "Daqui de cima da laje se vê a cidade/ Como quem vê por um vidro o que escapa da mão/ Uns exilados de um lado da realidade/ Outros reféns sem resgate da própria tensão/ Quando de noite as pupilas da pedra dilatam/ Os anjos partem armados em bondes do mal/ Penso naqueles que rezam e nesses que matam/ Deus e o diabo disputam a terra do sal/ Penso nos malabaristas do sinal vermelho/ Que nos vidros fechados dos carros descobrem quem são/ Uns, justiceiros, reclamam o seu quinhão/ Outros pagam com a vida sua porção/ Todos são excluídos da grande cidade/ Uns, justiceiros, reclamam o seu quinhão/ Outros pagam com a vida sua porção/ Todos são excluídos da grande cidade".

Quanto aos novos personagens de nossas ruas é impossível não notá-los. Todos capricham muito nos gestos e no vestuário com muitas cores. Parei para conhecê-los. São uma trupe de jovens, em sua quase totalidade, estrangeiros. No sábado, 22/11, Júlio Cesar, 26 anos, colombiano, estava só e virando bolas de fogo, chamando muito a atenção de todos que cruzavam a avenida naquele dia. Na saída do cinema, acompanhado do filho, 23 h, filmei sua evolução. De poucas palavras, um tanto arredio no começo, talvez desconfiado, depois se abre e me diz estar fazendo isso há vários anos. Vive disso, perambula pelos países latinos. Quando não consegue mais se sustentar num lugar, parte para outro. No domingo, 23/11, no meio da tarde e no começo da noite, muitos outros estão por lá. Conheço um trio de chilenos, destacados pela única presença feminina, Madelaine, 18 anos, depois Ricardo, 21 anos e Mário, 19 anos. Ela fica sózinha, isolada do restante do grupo, num farol e eles todos do outro lado da avenida. Outros dois, brasileiros, trocam malabares, um deles em cima de uma perna de pau. O trio chileno me diz ter saído do Chile com destino a um Congresso de Circo na Bolívia. De lá vieram para o Brasil, ou melhor, caíram em Bauru, mas o destino final é São Paulo. Todos os três moram no Hotel Avenida e vivem exclusivamente do trabalho nos sinais. Tudo fica mais chamativo à noite, quando introduzem o fogo em suas apresentações. São todos muito receptivos. Madelaine ganha mais que todos, mas como vivem juntos, numa espécie de comunidade alternativa, o de um serve para todos. Ela diz que já pintou até apresentações em festas e aniversários. Dessa forma vão continuando... Ainda na noite de domingo, como havia prometido, volto por volta das 21h e entrego a eles um DVD com as fotos e os filmes feitos. Os "malabaristas do sinal vermelho", pela novidade e diante de tanta coisa que acontece nos sinais por aí estão fazendo escola.

domingo, 23 de novembro de 2008

RETRATOS DE BAURU (43)
ADEMIR ELIAS, O JORNALISTA DO MICROFONE

Esse é batuta. Jornalista dos mais conhecidos na cidade de Bauru. Já esteve presente nas mais variadas emissoras, sempre empunhando o microfone, pois seu negócio é fazer uso de um vozeirão de causar inveja. Em rádio e TV já fez de tudo um pouco. Agitado como poucos, faz um monte de coisas ao mesmo tempo e nem se sabe como encontra tempo para tudo. Nesse momento está diariamente batendo cartão na TV FIB e nos campos de futebol, como repórter de rádio. Preside a atual gestão do Conselho da Comunidade Negra, que o faz bater escanteio e correr para a grande área, cabecear a bola e fazer o gol. Numa semana toda voltada para as atividades da Semana da Consciência Negra, Ademir se desdobrou e ocupou espaços aqui e acolá. Suou a camisa e com certeza deve ter perdido uns bons quilos. Mesmo com o corre-corre, o moço é considerado um pé-de-valsa dos mais atuantes, daqueles que as damas fazem fila para desfrutar de momentos ao seu lado. Com um coração do tamanho do corpanzil, irradia um sorriso e alegria por onde passa.

sábado, 22 de novembro de 2008

UMA CARTA (21)
GOFFI NO BOM DIA, DEFORMANDO E DESFORMANDO OPINIÕES
O advogado Ivan Garcia Goffi já foi motivo de um texto anterior desse mafuá. Volto à carga e pelo mesmo motivo. Seus textos são publicados semanalmente no jornal BOM DIA e neles, exala algo pernicioso em nossos dias: preconceitos e inverdades. Na quarta, 18/11, com o título “Verdade Revelada I”, bem ao seu estilo, destila isso aqui: “...processos contra os ditos torturadores do governo militar, forjando a tese de que os crimes não estariam prescritos. Pela ordem jurídica, estão! (...) Dezenas dos que estão no governo foram terroristas, ladrões, assassinos e seqüestradores confesos (e muitos continuam ladrões). (...) Os militares nada mais fizeram do que atender aos clamores sociais democráticos que, até 1963, iam à bancarrota em razão dos desatinos de Jango. (...) A trupe comunista cometeu os mais perversos crimes... (...) Mas, pela cartilha do petismo, todo comunista criminoso e impedido de implantar o regime que levaria falência à democracia, hoje virou herói e é agraciado por grandes fortunas pagas pelos contribuintes do país de todos”.

Ele adora embaralhar as cartas para confundir incautos. Mais triste ainda é o título dado a seção onde publica seus textos, “Formador de Opinião”. Enviei carta-resposta para o jornal com o seguinte teor:"GOFFI DÁ MÊDO: Li o texto do Ivan Goffi no Bom Dia de terça. Confesso possuir muito mêdo desse senhor. Ele investe contra a democracia e ainda ousa falar em seu nome. Todos nossos países irmãos penalizaram os torturadores e nós não podemos, pois isso irrita o articulista, saudosista do regime de exceção.Tortura não prescreve nunca. Ele nutre um desmedido ódio pelos adversários e os que pensam e agem diferente. Felizmente o clamor democrático nos conduz para caminhos mais arejados, enquanto Goffi continua nutrindo idéias perigosas, retrógradas, bem próximas da xenofobia, enbranquecimento cultural e étnico, contra as minorias e favorável ao método do pau-de-arara. Por sorte, não passa de um advogado, com campo de ação restrita. Pertence a uma trupe decadente, perigosa e com intenções não muito bem esclarecidas. Faço um sinal da cruz antes e depois de ler cada texto dele. Peço proteção divina. Livrai-nos desse mal".

Reitero com mais uma pitada de “pré-sal” no quitute: A adesão à luta armada por uma parte da esquerda foi um recurso legítimo à violência política para combater um regime ditatorial, que baniu do país os direitos políticos e mandou adversários para as prisões (isso é História, não Estória). Violência política não é terrorismo. Terrorismo praticou o Estado Militar com os atentados do Rio Centro e atentativa de explodir o Gasômetro, ambos na cidade do Rio de Janeiro. Pela liberdade, admite a lei, é justificável até matar. A Lei de Anistia foi resultado de conveniências daquele momento político. Revê-la será ótimo para o país. A Caros Amigos publicou recentemente uma bela edição nos contando a história toda nos anos violentos. O que fizeram contra o povo está tudo contado ali. Só como observação, cito que hoje está estampado nas capas dos jornais argentinos (leiam em http://www.pagina12.com.ar/), um torturador lá deles, que diante da iminente prisão se mata diante das câmeras. Não faria isso se não tivesse culpa no cartório. É triste esse fim, mas ele não poderia permanecer impune pelo que praticou no passado. E se lá, na Espanha e em muitos outros países tudo pode ser julgado dezenas de anos depois, aqui não poderia por que? Não podemos achar que a anistia vale para os dois lados, aquele que estava contra o regime e foi morto é diferente do agente da repressão que prendeu, torturou e matou pessoas sem defesa. Essa é a questão.