terça-feira, 30 de junho de 2009

DIÁRIO DE CUBA (32)

REUNIÃO EM UMA CASA DE 1890
Chegamos à última coisa que faríamos naquele dia, 17/03/2008, uma segunda-feira, em Santa Clara – Cuba, quando por volta das 21h vamos até a casa da professora Judith Quesada Miranda e sua família. Levamos dois refrescos (os ditos refrigerantes lá deles, também em garrafas pet de 2 litros). São apenas 300 metros do hotel, numa estreita rua e uma construção com porta e janelas rente à calçada. O que impressiona logo de cara é a construção, essa das mais antigas, com certeza centenária. Depois fomos informados ser de 1890.

Eduardo, filho de Judith, 31 anos nos recebe na porta junto com Almara, sua esposa (ela membro do PCC, nos mostra sua carteira). Na casa, junto deles está a amiga Ângela, da cidade vizinha de Sancti Spíritus. Tudo é antigo lá dentro, com móveis e peças valiosas, como se estivéssemos num antiquário, no meio de alguns sacos de cimento e areia pelos cantos (estavam em reforma). Sentamos todos em círculos, em cadeiras de balanço (que luxo) e começamos um longo bate papo, que se estenderia até uma da manhã.

Ele fala muito das cidades que passamos e da que iremos em seguida, Santiago de Cuba e da famosa Sierra Maestra. Pede certo cuidado, por ser uma cidade muito “caliente” e “folclórica”. Rimos e nossa resposta foi sobre ele nada saber do que venha a ser perigo, pois nunca andou numa cidade qualquer de nossa América Latina e as ruas de nossa cidade, Bauru. "Em Cuba vocês podem andar tranquilos, nada irá lhes acontecer", Judith noz diz. Eduardo repete muito algo a nos emocionar: “Se o país me educou, formou, investiu no meu conhecimento, ele também acredita em mim, pois sei pensar e agir, sabendo colocar em prática tudo o que aprendi”. Se pensam que só elogia, tece também um parecer de que algo poderia ser diferente: “O leite tirado aqui em Santa Clara segue 40 km para ser processado e pasteurizado, depois voltando os 40 km para ser consumido. Com bom senso, poderíamos ter esse processo em nossa cidade”. São ajustes de algo que se ainda não é feito, com certeza poderá ser feito no futuro.

Quando lhe falo de minha admiração por Eusébio Leal, o responsável pela recuperação do patrimônio cubano, ele diz fazer “parte de uma nova geração de cubanos, que conquistou novos procedimentos do regime e que só consegue promover os restauros com ajuda internacional (nosso país é pobre), além de algo inusitado para nós, uma parte dos impostos turísticos é toda revertida para essa finalidade”. A olhos vistos, Havana está de pernas para o ar, com tapumes espalhados por todos os lados, numa verdadeira segunda revolução, essa de retransformação urbanística e de revitalização de sua arquitetura. Uma beleza ver isso por todos os cantos.

No meio da conversa ele se levanta e traz um mimo para Marcos. Um cartão de visitas de Fidel (ele não desgrudaria mais do mesmo), que o encanta à primeira vista. Não poderia estar em melhores mãos. Ouvimos muitas histórias, da forma como o ensino é praticado, das viagens que fazem de uma cidade à outra, de um filho vivendo na Venezuela, dos anos difíceis quando a URSS deixou de ajudar Cuba, os tickets alimentares e muito mais. No retorno para o hotel estávamos extasiados por comprovar como a vida pode ser vivida de forma bem simples, saudável e prazerosa. O outro mundo que tanto lutamos é mesmo possível e a cada dia tínhamos mais certeza disso. Um país onde o dinheiro não é objeto mais importante a mover a vida das pessoas. Na manhã seguinte outra surpresa...
UMA MÚSICA (46)

GOLPE DE ESTADO É SINAL FECHADO
Sou avesso a golpes de estado, ainda mais quando executado por militares, os detentores das armas de um país. A primeira imagem que me vem à mente sobre o assunto são tanques nas ruas. Vivemos um período dos mais nefastos no pós-64, com a quartelada tupiniquim. Foram anos horrorosos, com a vigência de leis de exceção. Naqueles anos os golpes pipocaram por toda América Latina, foram uma praga, que todos os lúcidos precisam repudiar de forma veemente. Fico me retorcendo a cada cartinha que leio nos jornais de gente saudosa daquele período. Parecem possuírem memória curta, pois não atinam para o mal causado por regimes ditatoriais, no estilo coturno bestial no comando. Hoje, toda a América Latina parece viver um novo momento, mas sempre existem resquícios daqueles que se dizem mais poderosos do que o poder civil. É o caso de HONDURAS. Esse pequeno país incrustado na América Central, do qual quase nada conhecemos, vivia um regime democrático, após anos e anos de regimes fascistas e de cunho direitista. Bastou contrariar os interesses da classe mais abastada, para essa, em conluio com os militares (sempre eles) darem o golpe. MANOEL ZELAYA foi defenestrado do poder como se tira um cacho de bananas do pé e depositado num país vizinho. O negócio foi tão brutal, que até o presidente dos Eua, Obama, representante de um regime que incentivava esse tipo de prática, dessa vez foi contrário. Do presidente Lula saíram palavras que todos gostariam de ouvir: “Repudiamos totalmente. Golpes não podem voltar a pipocar por aí. Não reconhecemos o novo Governo”. É o que todos precisamos fazer, com clareza de propósitos. Sou contra golpistas e continuo contrário a tudo o que se refere a enaltecer o período militar brasileiro. Vade retro!

Um dos LPs de Chico Buarque que mais marcaram minha vida foi "Sinal Fechado", de 1974 (tinha 14 anos), em plena Ditadura Militar. Chico sofria censura brava e gravou muitas músicas com um nome fictício, Julinho da Adelaide. Uma dessas músicas é antológica para retratar o nefasto perído, "Acorda Amor". Sintam o clima da letra e vejam o quanto precisamos ficar distantes disso: (Julinho de Adelaide / Leonel Paiva – 1974)
"Acorda amor/ Eu tive um pesadelo agora/ Sonhei que tinha gente lá fora/ Batendo no portão, que aflição/ Era a dura, numa muito escura viatura/ minha nossa santa criatura/ chame, chame, chame, chame o ladrão/ Acorda amor/ Não é mais pesadelo nada/ Tem gente já no vão da escada/ fazendo confusão, que aflição/ São os homens, e eu aqui parado de pijama/ eu não gosto de passar vexame/ chame, chame, chame, chame o ladrão/ Se eu demorar uns meses convém às vezes você sofrer/ Mas depois de um ano eu não vindo/ Ponha roupa de domingo e pode me esquecer/ Acorda amor/ que o bicho é bravo e não sossega/ se você corre o bicho pega/ se fica não sei não/ Atenção, não demora/ dia desses chega sua hora/ não discuta à toa, não reclame/chame, clame, clame, chame o ladrão"

segunda-feira, 29 de junho de 2009

UMA DICA DE LEITURA (39)

“BRASILEIROS”, UMA REVISTA DE REPORTAGENS NADA ARROGANTE
Em Bauru fui um privilegiado, pois descobri a revista Brasileiros antes do seu parto. Trouxemos Ricardo Kotscho em 2007, para uma palestra aqui em Bauru, através da Secretaria Municipal de Cultura, numa parceria com o Sindicato dos Jornalistas e ali ele me falou de algo já no prelo, a tal revista. Conversamos muito e lhe peço que me envie o número Zero. Quem me atende é o próprio editor, o jornalista e fotógrafo Hélio Campos Mello. No texto de apresentação, de dois anos atrás (01/06/2007) lá estava o propósito de tudo: “Uma revista mensal de reportagens, com foco no Brasil, em seus habitantes e suas histórias. (...) Um publicação que faz questão de ser competitiva e influente, sem ser arrogante. (...) ...sem ser predadora ou sensacionalista”. Foi amor à primeira vista. Esperei ansioso sua chegada às bancas e na data prevista fico a cutucar meu jornaleiro: “Já recebeste a nova revista?”.

Que cheiro gostoso tem essa revista. Sou daqueles que ainda não conseguem ler revistas via computador. Gosto demais desse negócio de virar páginas, grifar frases, guardar exemplares e até do cheiro emanado da impressão do papel. Só não gosto muito de emprestá-las, até faço isso, fazendo marcação cerrada até sua devolução. Vibrei com o número Zero e com todos os demais. Hoje, na edição nº 23 (José Padilha na capa), minha primeira carta publicada e uma Declaração de Amor à boa leitura ali encontrada: “Adoro essa revista. Tenho todas as edições aqui no meu mafuá. Uma melhor que a outra. Fiquei encantado com o projeto de contar a histórias das pessoas mais simples”. A revista tem encantamentos mil, mas me pegou logo na constituição do trio de comando, tendo Hélio, Kotscho e um outro da mesma cepa, Nirlando Beirão.

Torço muito a cada edição. Acompanho tudo, desde a pequena quantidade de anunciantes. Não pensem que não me preocupo com a grande quantidade de anúncios públicos e poucos privados. Tenho receio de que num novo Governo eles deixem de acontecer. Nem me imagino privado dessa leitura mensal, uma das poucas revistas que torce e acredita no Brasil. Isso mesmo, muitas de nossas revistas torcem contra o Brasil, já Brasileiros estampa em todas edições, na sua última página uma seção com a resposta de brasileiros para um questionamento: “Você acredita no Brasil?”. E suas matérias e textos instigam todos a lutarem pelo Brasil dos verdadeiros brasileiros, ou seja, nós todos, os anônimos.

Quero destacar alguma das coisas que mais gostei. Toda a seção “30 Dias” é divinal, de um bom gosto impressionante. Fico antenado a cada sintonizada. Depois caio de boca na leitura. Sintam alguns títulos: “O enciclopédia e suas histórias” (nº 01), “Histórias dos manguezais de Curuçá”, (nº 02), “Um arquiteto cidadão” (nº 04), “Circo na estrada” (nº 07), “Nas pegadas de Rosa” (nº 08), “Nós não somos deste mundo” (nº 09), “Maio/Junho 68” (nº 10), “Roraima em pé de guerra” (nº 11), “Ilegais em Madri” (nº 12), “Outras noites no cais” (nº 16), “De olho na selva” (nº 17), “O grande Cauby” (nº 18), “Posto 9” (nº 19), “O médico da pobreza” (nº 20), “Nazistas na Amazônia” (nº 21), “O cofre do Dr Rui”, (nº 22) e “O dia em que Sartre fundiu a cuca” (nº 23).

A apresentação é primorosa, com o editorial escrito sempre pelo Hélio e em cima de uma foto histórica de sua autoria. Existem revistas que possuem textos ótimos e péssima diagramação. Brasileiros junta tudo isso no mesmo produto, tornando-o mais apetitoso. Sintam alguns dos nomes que por lá já estiveram, além do trio de ferro do comando, lá já apareceram Jorge Pontual, Tão Gomes Pinto, Osmar Freitas Jr, Celso Fonseca, Ruy Castro, Bob Wolfenson, Xico Sá, João Garcia, Luiz Chagas, JR Duran, Alex Solnik e uma pá de gente nova, pois além de tudo, a revista propicia isso, texto de iniciantes. Diante de tantos elogios, duas constatações, sinto a falta de mais textos de Nirlando Beirão e espero que a revista saia logo da fase de só colocar fotos dos entrevistados do mês em suas capas. Querem saber qual a capa que acredito a melhor. Fico com a da edição nº 8, feita em cima da obra de Guimarães Rosa. Chega, basta de conversa e daqui parto para a Banca da Duque (cada um possui a de sua preferência, eu tenho a minha aqui em Bauru) a espera da edição do segundo aniversário, a de nº 24. Como sei que esses caras se superam a cada edição, a expectativa sempre é imensa. Desse tipo de jornalismo eu gosto muito e não abro mão. Ah, e por fim, duas coisas: a revista possue uma média de 114 páginas e um dos menores preços dentre nossas revistas, apenas R$ 7,90. Experimente e depois comente por aqui.

Em tempo: O site deles é http://www.revistabrasileiros.com.br/

domingo, 28 de junho de 2009

COLUNA DO JORNAL BOM DIA (26 e 27)

PENSAMENTO ÚNICO - publicado na edição de de 20/06/2009
Semana retrasada escrevi aqui sobre “Criação e Evolução” e o que mais pegou parece ter sido a frase sobre o acreditar em Deus. Nas interpelações recebidas, noto não mais conseguirem entender como alguém nesse mundo atual ainda consegue agir contrário ao pensamento único dominante (contra a religião, o neoliberalismo...). O primeiro a me abordar foi um vereador na Feira do Rolo e foi logo dizendo: “Penso como ti, mas não posso dizer isso abertamente”. É o mesmo que afirmar: para não ter problemas, saio pela tangente, minto. Nem sempre tivemos esse medo em assumir nossos posicionamentos. Constato isso ao ler entrevista com o compositor Paulo Vanzolini, 85 anos, logo depois do lançamento de documentário sobre sua obra. “Algo distinguia os jovens de ontem com os de hoje, era a liberdade de pensamento”, diz ele de forma enfática. É isso mesmo, hoje nem expressar seu pensamento é mais permitido, sem que lhe caiam de pau. O trem pega quem se arrisca a sair dos trilhos. Para mim é o trem que está fora dos trilhos e nem sempre foi assim. Pioramos. Na mesma entrevista, Vanzolini completa: “Nunca precisei ceder. Sempre pude me dar ao luxo de ser independente. Não faço negócio”. Hoje em dia isso é ainda mais difícil. Pouquíssimos são os que ainda conseguem exprimir de forma sincera o que lhe vêem à mente, sem medo de cobranças e questionamentos, uma chateação sem fim. Quem ainda consegue agir como na música cantada por Cássia Eller: “não mudo minha postura só pra te agradar”?

LIBERDADE É.. - publicado na edição de 27/06/2009
Ter suas convicções, crenças e as professar diariamente sem restrições impostas por quem quer que seja. Fazer o que, quando e como quiser. Credibilidade e respeito coletivo alcançado ao longo do tempo. Felicidade alcançada dessa forma. Coisa para poucos, uma vez que estamos todos atrelados a empregos, cargos e dogmas a nos bloquear as iniciativas, comportamento e atitudes. Exercitar isso é realmente maravilhoso. Porém, quando não existe condição financeira (inerente ao capitalismo), ela nem sempre é alcançada na sua plenitude. Imensa legião de desconectados, loucos para alçar vôo vagam mundo afora. A sobrevivência impõe atuação em descompasso com a convicção. Eu queria ser daquele jeito, mas não posso. A liberdade interior vai sendo cada vez mais reprimida, anulada. Poucos resistem. Dois exemplos de liberdade e dignidade. No primeiro, rapaz é filho de pessoa bem sucedida ligada ao meio empresarial, fervoroso católico e esse, contrariando o pai é comunista. Abdicando de suas convicções lhe serão permitidas todas as benesses, do contrário, torneira fechada. Ter tudo ou não ter nada. Prefere tocar sua vida sem recursos financeiros, mas livre, resoluto, altaneiro. No outro, senhor com certa idade, mal das finanças aceita emprego em entidade dita filantrópica. Presencia e repudia absurdos com verbas recebidas. Pula fora, pois não coaduna com aquela prática. Nem denunciar pode, pois sem provas, sobrará para ele. Segue desempregado e duro, porém livre. Heróis da resistência.

OBS.: Cliquem nas tiras do REP (todas publicadas em junho no Página 12, diário argentino) e elas ficarão legíveis. Essas com textos e diálogos longos são minhas preferidas. As reproduzo aqui em homenagem às eleições que hoje ocorrem por lá. Se querem saber, hoje dia frio, mesmo com todas recomendações sobre a gripe, o lugar em que gostaria de estar era presenciado essas eleições, in loco, nas ruas de Buenos Aires. Como não o faço, permaneço aqui em meu mofado mafuá, ouvindo muita música. Deixo algo inebriante enviado pelo amigo Arthur Monteiro Jr. "Seguem alguns links de canções do cantor e compositor Zeca Afonso. Zeca é uma espécie de Geraldo Vandré português, um representante legítimo da canção engajada. Perseguido pela ditadura salazarista foi preso várias vezes pela Pide, a polícia política portuguesa. É dele a canção escolhida pelos capitães de abril, que serviu de senha para desencadear o movimento que culminou na Revolução dos Cravos. Zeca Afonso nasceu em Aveiro e faleceu em Setúbal, aos 57 anos. A maioria dos vídeos foram gravados no show que aconteceu no Coliseu dos Recreios em Lisboa, em 1983". Sintam o mesmo que eu e tenham todos um ótimo domingo:

sábado, 27 de junho de 2009

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DO ERNESTO VARELA (02)

RENOVAÇÃO É A PALAVRA DE ORDEM NO PT REGIONAL
Acabo de voltar nesse momento de uma reunião em Igaraçu do Tietê, patrocinada pelo mandato do deputado-federal Cândido Vacarezza (PT-SP), organizada pelo Marcelo Cavinato, representante da Macro-Região do PT. Aproximadamente 100 pessoas, vindas das mais diferentes cidades da região ouviram atentamente a fala do deputado, depois a de vários representantes regionais, numa tarde de sábado chuvosa, no hotel Panorama, às margens do rio Tietê. De todas, uma delas muito me impressionou, foi a de Rafael Agostini, ex-vereador do PT em Jaú e que perdeu a última eleição para prefeito de sua cidade por 200 votos, num pleito ainda contestado na Justiça. Vacarezza queria levar para Brasília os reclamos da região, para, na qualidade de líder da bancada na Câmara preparar e encaminhar propostas voltadas para o interior do estado de SP.

“O interior do estado precisa ser entendido, a direção precisa sentir mais os reclamos dos militantes do interior. Essa a melhor forma de propor algo para a próxima campanha, que se faça algo tendo como base a realidade vivida pela militância. Algo urgente é uma ampla RENOVAÇÃO de quadros e de alguns dirigentes do interior, encastelados em cargos e funções. O partido terá uma oxigenação natural, com renovação de quadros, ampla possibilidade de novos filiados com a saída de entulhos, que mais atrapalham do que ajudam o partido. Uma mudança na prática política, na forma de conduzir a política, com total transparência, uma urgente oxigenada. Se a campanha do PT na próxima eleição tiver como regra o olhar para as bases e essa RENOVAÇÃO, podem contar comigo, estarei dentro e atuante”, disse Rafael, sendo o mais aplaudido e fala mais comentada da tarde. Concordo em gênero, número e grau, o PT só terá chances no estado, quando se renovar em algumas cidades onde está estagnado politicamente. A saída de gente desacreditada politicamente se faz necessário e com urgência. Pensando e agindo dessa forma será um ótimo candidato à deputado estadual. O recado foi dado e com certeza estará se propagando rapidamente por todos os lados, RENOVAÇÃO JÁ. Para bom entendedor meia palavra basta.

O que isso tem a ver com o título lá de cima e o repórter Ernesto Varela. Digo já. Varela representou um jornalismo sem medo e sem papas na língua, algo não mais existente (e até não permitido na imprensa atual). Diante dessa ampla solicitação de renovação, Varela defronte esses dirigentes encastelados (conhecidos de todos nós), certamente lhes perguntaria: Não acha que sua prática política está um tanto ultrapassada? Não sente vergonha de encarar os eleitores propondo algo e praticando outra? Não percebe que já passou da hora de bater em retirada e que o partido não vence eleição em SP por causa de gente como tu? Posso pedir sua saída de cena, ou melhor, posso puxar a descarga e te expelir de cena?
UM AMIGO DO PEITO (26)

PERCY COPPIETERS, UM AMIGO VALOROSO, SUAS FORMAS, TRAÇOS E TONS
Percy é um artista que sempre esteve na parede de casa. Ele, vizinho de um restaurante de minha irmã e cunhado, O Brasiero, doa um quadro para ser colocado nas paredes do local. Quando fecham a casa, fico com a rica peça e ela permanece na sala de casa por muito tempo. Quero em breve voltar a fixá-la na parede desse mafuá. O conheço desde essa época, acompanho o seu trabalho e a forma intensa como cria e toca sua vida. É daquelas pessoas inquietas, em constante ebulição e também produção. Dos altos e baixos normais de toda vida vive um momento auspicioso, ao lado de uma pessoa que soube valorizar seu talento e criatividade. Deu uma guinada em sua vida, pessoal e artística. Vê-lo ontem, na abertura de uma nova exposição, sorridente e altaneiro foi a comprovação de que se ontem não foi possível, continuemos acreditando, pois a volta por cima pode acontecer a qualquer momento. A de Percy aconteceu e ele voltou a criar com um entusiasmo juvenil. Ele sabe que sempre torci por ele e por ver reconhecido seu trabalho, de comprovada qualidade.

Ontem na abertura da exposição, pena mesmo foi não ver no local os novos dirigentes da Secretaria de Cultura de Bauru. Os dedicados funcionários lá estiveram e deram um toque magistral na Galeria de Arte do município. Cultura não é só teatro, galerias de arte, exposições, shows, periferia e locais públicos. É tudo isso ao mesmo tempo. Excluir algo, deixar de incentivar e apoiar iniciativas de criação são indícios de má gestão e despreparo. Percy não leva isso em consideração, pois já viu de tudo em sua vida, mas a cidade clama por gente preparada e cuidadosa com todas as suas opções culturais, que as entenda e apoie, não menospreze e finja não existir. Eu, Vinagre, Sivaldo, Emiliano, Cris Jardim, Roberto Chinaglia, Hilda Campos e outros lá estivemos, dando o abraço merecido no artista Percy e sua inseperável companheira.

Por falar em Emiliano, esse inquieto artista, atuante e pulsando arte por onde ande, com uma rica história de vida e de obras, revela numa roda na abertura ter procurado a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Cultura para falar de seu trabalho. Ali foi demonstrado o tratamento dado aos artistas locais. Recebido de forma pouco amigável, foi-lhe dito: "Afinal, o senhor copia quem mesmo?". Nossos artistas estão sendo tratados dessa forma e assim sendo esperam o que como resposta. Uma convulsão está prestes a acontecer, pois menosprezar a produção local, de reconhecido talento é algo que não pode e não deve continuar acontecendo.
Quero (e irei) continuar escrevendo muito sobre Percy, seu trabalho, forma de atuar, jeito de tocar sua vida, enfim, falar dele, um grande amigo, com um pé aqui no quintal caipira e outro na França, onde morou e guarda laços eternos. Dentre seus muitos amigos, um ele faz questão de citar e na abertura diz terem se falado recentemente, o escritor Ignácio Loyola Brandão. "Loyola foi meu vizinho, confidente, pessoa por quem não me canso de enaltacer. Não perco o contato com esse passado paulistano e desses eternos amigos", disse do amigo. Da obra do artista Percy, pouco posso escrever, além de dizer que gosto muito, pois não sou catedrático no assunto, mas me sinto bem tendo-a ao meu lado, pois com suas cores qualquer parede fica mais alegre e bonita. Qualquer dia desses conto histórias do Percy, com sua permissão. Havia dito a ele por e-mail, querer bebericar algo ao final da exposição. Enviou resposta em outro e-mail, com 20 fotos de motivos para não beber com amigos, todos com final de pura esbórnia. Nem isso será impedimento para tilintarmos os copos num desses botecos da vida. Ele, e eu, conhecemos alguns.
OBS.: Na única foto em que ele não está presente, a do lado esquerdo, a filha da Hilda, Hilda Campos, Emiliano e Vinagre, ex-Secretário Municipal de Cultura.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

CENA BAURUENSE (32)

XIXI NO BANHO, PREGAÇÃO DIZIMAL, MARIZA BASSO E A PLANTA CUBANA
Aqui em casa o cheiro do banheiro está insuportável, pois seguindo recomendação do SOS Mata Atlântica e do vereador tucano Mantovani, faço xixi seguidamente no pé, ou melhor, no ralo do banheiro na hora do banho ( site na internet: http://www.xixinobanho.org.br/). Tomo banho ouvindo rádio logo cedo, mal termina o noticiário numa AM e molhado não mudo o dial. Ouço uma ladainha que abomino: “Vinte, trinta, cinqüenta, cem reais, tudo pode ser pago através de Boleto Bancário. Você paga numa casa lotérica, mas não se esqueça de trazer o comprovante até nós. Escreva no verso o seu nome para podermos incluir você no livro das orações da igreja. Eu gostaria da atenção do sr e da sra por um breve minuto. Venham para uma reunião voltada para aqueles que passam por problemas financeiros. Você que tem processos na justiça. Você que tem vergonha de sua situação financeira. Nessa sexta... Diga bem alto, eu não aceito mais viver a situação que estou vivendo”. Não agüento, vou mudar a estação e derrubo o rádio na água, quebro o dito cujo. Com certeza deve ter sido praga por ter investido contra a pregação. Acabo urinando além da conta e no pé. No final do dia, na primeira reunião do novo CODEPAC, ouço de um arquiteto algo sobre um igrejão recém construído no centro da cidade, a me deixar deverasmente contente: “Não sei como ainda se aprova algo nesse sentido a descaracterizar todo o centro de uma cidade? Não se mantém em pé nossas antigas fachadas, mas levantam-se essas aberrações”. Concordo.

Viajo o dia todo e na volta vou só ao SESC. Queria rever o trabalho da Mariza Basso (http://www.marizabasso.com.br/), nossa internacional atriz, agora sob direção de produção do Kim Junior. Revejo também Júlio, um ótimo ator mímico, que exercitou muito suas acrobacias, num passado distante no Caminhão Palco da Cultura. Acabam de voltar de viagem de 30 dias pela Argentina, com agenda cheia em festivais teatrais. Contam-me da Patagônia. Estão no SESC Bauru até 26/06 apresentando o lindo “Circo dos Objetos”. Após o espetáculo deles vamos todos bebericar vendo o show de viola caipira do araraquarense Rodrigo Zanc, na área de convivência. Mariza e eu relembramos algo recente, quando foi até a Secretaria Municipal de Cultura falar do seu trabalho, sendo recebida pela nova assessora de imprensa do local. “O acontecido já entrou para o folclore cultural da cidade, pois sem me conhecer, disse que estaria encaminhando algo para os jornais, que sairia uma notinha na coluna social do jornal e que isso era um luxo, algo para me deixar satisfeitíssima. Espumei e me retirei sem olhar para trás. Kim voltou lá com um calhamaço, uma caixa cheia de recortes da imprensa do país todo, alguns de vários países. Um outro assessor, ex-secretário recebeu o Kim e juntos riram da inabilidade verificada no contato com os artistas”, me relata. Ela não pode me ver, logo passamos a relembrar a ocorrência, já nos anais do folclore cultural da cidade. Pura Lei de Murphy: "Se estava ruim, pior pode ficar".

Por fim, como já relatei aqui anteriormente, o quarteirão defronte minha casa é reduto das árvores plantadas pela minha mãe. Hoje, após o pessoal da EMDURB fazer um limpeza geral na região, a calçada estava limpa, propícia para a chegada de mais uma árvore. Os trabalhadores prepararam o local e dessa vez a escolhida foi a ANACAYTA, cujas sementes recolhi em Havana, Cuba, em 25/03/2008 e estavam num vaso até então. Ouvi lá que é típica do Panamá, sendo sua árvore símbolo daquele país, muito frondosa com uma fruto de casca dura, no formato de um coração. Cubanas me disseram que existe até uma música em sua homenagem. Vou pesquisar (nada achei na internet com esse nome) e consultar a Hilda Marin, uma cubana de 80 anos, de férias em Bauru. Quando tiver mais detalhes volto ao assunto. Dessa eu cuidarei...