terça-feira, 30 de novembro de 2010

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS(44)

A “SANGUE” FAZ ANOS, O AZAR É SÓ DELA, TÁ FICANDO MAIS VELHA
Como não me canso de enaltecer aqui, sempre torci muito mais pelo time aqui de “minha aldeia”, onde nasci e vivo, o Esporte Clube Noroeste, do que os grandes times, como o Corinthians, outro que nutro paixão. Quem já esteve aqui no meu mafuá sabe que na tela do computador está uma ilustração chupada de um desenho do Gustavo, com a palavra “Volvemos!”. De uns tempos para cá acabei me aproximando de algumas torcidas organizadas. Coisa de uma década atrás ganhei uma camiseta da NORUSCAIPIRA, do professor Sinuhê. Tenho-a aqui até hoje, mas essa torcida durou pouco. Barriga cresceu inexplicavelmente e ela ficou pequena. Anos depois após ir observando a séria evolução e persistência de outra, a SANGUE RUBRO, acabei por me aproximar deles e hoje virei torcedor com carteirinha e tudo. Sou até convidado para os eventos lá deles. Um luxo!

Um desses, talvez o mais esperado do ano seja a grande festa de aniversário, que sempre ouvia ser de arromba. Na desse ano fui junto de Ana Bia (cheguei tarde, por volta das 14h30, quando muita gente já havia por lá passado). Eles depois de longo tempo sem um lugar fixo possuem hoje uma sede própria, bem próximo ao estádio e já virou rotina, antes e depois dos jogos do alvirrubro dou uma passadinha por lá, seja para um papo ou para um cervejinha. Na maioria das vezes coloco todas as conversas em dia. Ana Bia outro dia me disse: "Lá um dos poucos lugares onde mulher tem voz e é ouvida em Bauru". Acredito.

E no domingo passado, 28/11, alugaram o Salão de Festas Spazzio e todos com suas vestimentas vermelhas lotaram o amplo espaço, com salão coberto, churrasqueira, piscina e campos de areia. Juntos torcedores, familiares e muita gente de fora. Dentre esses, alguns da facção paulistana (Nelson Brandino e João Souto), que se deslocaram de Sampa para cá só para desfrutar do prazer de falar do Noroeste, fazer festa junto aos “sanguinários” (melhor que sanguessugas, não?) nesse seu retorno à 1º Divisão do Futebol paulista. A Sangue provando que no futebol nem tudo é rivalidade, convidou torcidas de vários times do interior e lá estavam representantes do São Carlense, Linense, Botafogo de Ribeirão, São Bento de Sorocaba e até do ex-Barueri.
O tradicional churrasco, como nos anos anteriores, entregue ao competente Varjão, deixou a todos satisfeitos (nada como ser amigo do churrasqueiro). Chopp por conta, direto de duas chopeiras da Itaipava. Chega-se em bom estado e na sua grande maioria, na hora da despedida, avarias consideráveis na resistência. E os muitos torcedores que lá estavam com filhos e esposas, puderam também saborear um imenso bolo (muito bebum entrou no bolo para glicosar). Várias rodas iam se formando e numa delas dois jornalistas, Rafael Antonio e Bruno Mestrinelli. Ouço um e leio o outro, mas do Rafael não me canso de elogiar, pois conseguiu cavar um espaço próprio dentro do novíssimo segmento dentro do rádio, a internet e ali consegue bravamente resistir. Conversei às pampas com Geraldão, ex-maquinista da Maria Fumaça, que junto do filho Marquinhos, são noroestinos até debaixo d’água. Pai, filho e neto juntos ali no amor ao Noroeste. Pavanello e a irmã, junto do presidente, estavam num dia de intensa movimentação e correria. Pouco se pode falar com eles, tal a agitação. Uma roda de samba foi montada ao lado da piscina e além dos sambas conhecidos de todos, gritos de louvor ao time do coração.
Domingo foi dia de decisão (quase!!!) no Brasileiro de futebol, mas podem acreditar, o que menos ouvi por lá foi algo sobre os grandes times. Todos ali estavam mais interessados nas coisas do nosso time, um vermelhinho a mexer com todos, alterar a pressão e provocar desassossegos.
Nada melhor do que passar uma tarde dessas, com um sol de rachar manona lá fora e um bando de doidos e doidas reverenciando o time do coração, um centenário no mundo do futebol. As pessoas que hoje dirigem o time passam, mas o visto ali, perdura e estávamos ali para isso. Que venha logo esse Paulistão, ano do retorno. Dos eternos problemas, deixemos isso para outros encontros e escritos, nesse o motivo da reunião era festar. E assim foi feito com muita galhardia e irreverência. Por pouco não precisei de um balão de oxigênio para conseguir chegar sã e salvo em casa. Sobrevivi, mas dessa vez foi por pouco.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

UMA DICA (67)

CORRAM, EXPOSIÇÃO LANZELLOTTI DIVIDIDA EM DOIS ESPAÇOS TERMINA AMANHÃ
1) Uma exposição iniciada dia 16 tem seu encerramento amanhã, último dia do mês de novembro. Falo da “Exposição artista plástico José Lanzellotti”, lá na Gibiteca, junto ao prédio do Teatro Municipal de Bauru. Não me canso de enaltecer o trabalho desse verdadeiro ícone das ilustrações em revistas brasileiras dos anos 50 aos 80. Contei sua história aqui num Memória Oral (22/06/2010) e nesse mês, por causa da insistência de dois abnegados, sua filha Jussara Lanzellotti e do também artista plástico, chargista e caricaturista, Leandro Gonçalez, que não sossegaram enquanto não arrumaram um local para uma primeira exposição reunindo o que sobrou do rico acervo do falecido artista. Pelo conjunto da obra e projeção nacional que o mesmo possui, imaginava um local maior, com maior amplitude, mas o conseguido, a Gibiteca, não foi suficiente para abrigar tudo. A dupla de organizadores não se fez de rogada e o que não coube lá no espaço público está exposto no corredor de entrada do ateliê de Gonçalez, localizado na rua Bandeirantes, na mesma quadra do prédio dos Correios.
2.) Juntando ambas dá para se ter uma idéia da grandiosidade do artista. Duas exposições, que se visitadas isoladas, com toda certeza, muita coisa ficará sem ser vista. Jussara fez tudo com esmero, afinal é a obra do pai, muito famoso numa época e no ostracismo na seguinte. “Rodei os convites, cartazes e folders por minha conta. A divulgação tem sido no boca a boca e ligando para a imprensa. Até camisetas com algumas obras estampadas estou vendendo (R$ 25 cada até amanhã). Arrumei um local na cidade para me hospedar e fiquei esse tempo todo por aqui divulgando e resgatando o que representou meu pai dentro do cenário da ilustração brasileira”, conta uma sempre empolgada Jussara. Olhando para o cartaz e o convite, nenhum apoio, mínimo que fosse do poder público, só particulares. Apoio, só com a cessão do espaço.
3.) No ateliê do Gonçalez sempre uma nova surpresa. Dessa vez, olhando pelas paredes, lotada de peças de seu acervo pessoal, tudo exposto e sendo comercializado, uma nítida influência de Lanzellotti. A mais nova iniciativa é uma revista de HQ, o nº 1 da “Pau de Arara”, com cangaceiros violentos e com um traço que é a cara do homenageado. Gonçalez não tem apoio de ninguém, a não ser dele mesmo. Rodou tudo numa copiadora de boa nitidez e vende em dois formatos, um tamanho gibi e outro revista (R$ 2 e R$ 3 reais cada). E durante a última quinzena o assunto por ali foi Lanzellotti.
4.) Digo foi porque amanhã, dia 30 tudo vai ser desmontado. Na verdade, seria ótimo mesmo reunir tudo num só espaço, mais amplo e com algo mais sobre a história do artista. Isso é só o começo, pois a dupla já arquiteta novos planos e novas mostras. Essa daqui bem que podia ter a dilatação do prazo de encerramento. Quem quer ver corra ou insista junto ao poder público para que mantenha tudo lá na Gibiteca, pelo menos mais uma semana. Eu já visitei várias vezes e não me canso, pois o que vi ali atesta a grandiosidade de um artista que não pode mesmo ser esquecido.
OBS.: Uma outra exposição, do também artista plástico e ilustrador JOSÉ GREIFO, a "Retratos a Lápis & Outras Obras" ocupa o salão principal da Galeria do Teatro Municipal. Vejo em ambas valor inestimável. Por que não ambas ocuparem o espaço nobre? Faltou critério no agendamento do espaço, só isso. Conciliar e estudar melhor a ocupação daquele rico espaço público é mais do que preciso.

domingo, 28 de novembro de 2010

FRASES DE UM LIVRO LIDO (42)

O CERCO AO COMPLEXO DO ALEMÃO, O VASCULHAR CASA A CASA E UM LIVRO LEMBRANDO OUTRO CERCO HISTÓRICO
Manhã de domingo, 10h, estou trabalhando aqui no mafuá e com ouvidos ligados na transmissão ao vivo feita pela Globo News, da ocupação policial, histórica por sinal, no Complexo do Alemão. Desvio os olhos do trabalho quando percebo que a transmissão intensifica as ações de confronto. Não gosto da exposição feita pelas TVs, principalmente a Globo, mostrando pessoas da comunidade sendo entrevistadas e até uma carta sendo lida, com a letra de uma senhora de idade sendo exposta. O receio é devido ao abandono que essas comunidades ficaram expostas esses anos todos e hoje, com a polícia ali presente, a tranqüilidade será mantida? Eles por ali passarão e permanecerão, ou tudo isso é algo momentâneo? Tomara que o tal do sistema implantado pelo atual governo carioca, com a UPP – Unidade de Polícia Pacificadora não seja só algo bonito para ser visualizado, sem solução de continuidade. Outra coisa muito importante é que todo esse intenso trabalho de retirada da criminalidade naquela região, não seja somente uma substituição, com a expulsão dos traficantes e sua substituição pela milícia. Ambos danosos, talvez a milícia, de pior variante.

Com a ocupação consolidada, vejo que a ação da polícia é a da vistoria casa por casa, ou seja, estão vasculhando tudo minuciosamente (“A ordem é que cada casa seja vasculhada. Estamos batendo beco a beco, casa a casa. Todas as casas serão revistadas. Os moradores sabem que nós viemos para libertá-los”, ouço de policiais no comando). Sabe o que me lembra isso? O cerco feito a Luiz Carlos Prestes, quando o governo de Getúlio Vargas o caçava no bairro do Méier, também no Rio. O bairro cercado e com a polícia indo de casa em casa, até encontrar o refúgio de Prestes e sua esposa, Olga Benário. Os motivos são bem distintos, no passado político, represália pelo movimento comandado por Prestes tentar derrubar o governo, hoje outro, com área dominada por marginais sendo reprimida. Olga foi presa naquele momento, sendo posteriormente enviada para as mãos dos nazistas. Esse cerco me faz buscar um livro lido por mim no ano de 1989 e depois em 1997. É o “O cavaleiro da Esperança”, do escritor Jorge Amado, escrito em 1942 (tenho uma edição do Círculo do Livro, 1989, 358 páginas). Qualquer dia transcrevo aqui as frases mais impactantes que grifei do mesmo. Hoje, quero só reproduzir algo sobre dois momentos do livro. Primeiro como Prestes e Olga vêem o Rio do alto de uma casinha no morro e depois o cerco e a detenção desses “elementos verdadeiramente perigosos”, afinal queriam outro governo. Vamos a esses momentos:

“De cima do morro viam-se luzes da cidade. Era lindo o Rio de Janeiro, curvas de lâmpadas elétricas bordeando o mar verde onde o luar irrompia prateado. O rumor da vida da cidade, buzina de autos, gritos de vendedores de jornais, a sirene de uma assistência, o ruído de bondes superlotados, vozes longínquas de homens, a gargalhada distante de uma mulher, chegava todo esse rumor de vida até seus ouvidos e eles pararam por um instante a subida, para aboserver esse sopro de vida que o vento trazia da cidade” (pág. 275), mostrando uma visão do Rio de cima de um dos seus morros.

“Cercam a rua por completo, ante o assombro do subúrbio do Méier. Prendem todos aqueles que passam pela rua ou tentam atravessar a linha de policiais. Parece uma guerra, homens invadindo um cidade inimiga. Ninguém diria que iam prender apenas um homem. (...) os investigadores vão de casa em casa, assustando as famílias, varejando os lares, até que entram na casa onde Luiz Carlos e Olga falam do filho por nascer. O tira aponta a metralhadora contra o peito de Prestes, mas encontra o peito de Olga na defesa da vida do marido. (...) Não houve força capaz de arrancá-la do lado do seu marido. (...) Agarrada a Luiz Carlos, nada os pode separar. Foi assim, que naquela noite de março de 1936, Olga Benário Prestes salvou, para o povo do Brasil, a vida de Luiz Carlos Prestes. Na noite de sua prisão, na mesma noite em que ela lhe disse que ia ter um filho” (pág. 291), mostrando o que é um cerco policial casa a casa.

A única analogia possível é essa. Ambos cercos policiais feitos em bairros suburbanos cariocas. Não me digam que faço apologia a isso ou aquilo, longe disso. São situações distintíssimas. Lembrei-me da anterior, pela checagem casa a casa e a transcrevo aqui. Que o Rio vivencie um outro momento, é tudo o que desejo, para a cidade mais linda que já vislumbrei na vida. Torço por isso, como torço por um Brasil longe de todo tipo de marginais (inclusive os políticos e os oriundos do predatório capitalismo selvagem).

OBS.: Outro livro, melhor, uma trilogia, "Subterrâneos da Liberdade", do mesmo Jorge Amado, com os títulos "Agonia na noite", "A luz no túnel" e "Os ásperos tempos", citam o mesmo cerco, tanto à casinha no Méier e ao Partido Comunista, sob o comando de Luiz Carlos Prestes. Um internacional, retrata outro famoso cerco, o "A História do Cerco de Lisboa", do Saramago. Meras analogias que faço nesse momento.

sábado, 27 de novembro de 2010

UMAS CARTAS (57)

DUAS CARTAS DE MINHA LAVRA E UMA RECEBIDA, ESSA JOGADA NA LATA DO LIXO
1. Recebo inicialmente o texto "Cuidado com as regras do jogo", autoria de Hélio Campos Mello, um dos editores da revista Brasileiros, via e-mail (publico no blog num Drops, em 19/10) e a seguir o mesmo sai também na edição nº 39 da revista, como editorial. Quando o recebi, quase de imediato respondi ao trio que comanda a revista, pois admiro a todos:

CAROS HÉLIO, KOTSCHO E BEIRÃO (enviada em 14/09/2010):
“Eis o grande motivo por estar ao lado dessa revista desde o seu número Zero. Coragem de posicionamento nos momentos mais decisivos da vida nacional. Esse não ficar em cima do muro, essa escolha de lado, esse olhar com carinho para tudo o que está sendo construído, esse acreditar num Brasil mais justo e igualitário, tudo isso junto me fez conhecer a revista e dela não mais se separar. Vocês daí, nós daqui, a luta continua e a batalha a seguir é mais um passo no caminho do Brasil que queremos”.


No final de outubro, 29/10, pouco antes do pleito, recebo via e-mail um pedido de interesse de publicação do mesmo na edição nº 40 da revista, que saiu nas bancas dias atrás. "Caro Leitor, Recebemos seu depoimento opinando sobre o editorial Cuidado com as Regras do Jogo, e gostaríamos de publicá-lo na seção de cartas de nossa edição 40, que irá às bancas em novembro. Caso concorde com essa publicação... " (Assinado pelo jornalista Marcelo Pinheiro). Prontamente aceitei. Folheando a revista, saiu não só a carta, como uma frase dela foi colocada em destaque no alto da página. Essa é uma revista que entra aqui em casa todo mês e faço questão de comprá-la, pagando sem pestanejar o preço da capa.

2. Nas edições 621 e 622 de Carta Capital, o colunista de gastronomia Marcio Alemão, na seção "Refogado", escreve sobre o abate desumano de animais comestíveis. "Jamais esqueci o som da marreta sobre a testa e o barulho que o pobre fez ao cair no chão", escreveu sobre o presenciado quando criança, num matadouro de uma cidade do interior. Fiquei impressionado com as maldades cometidas com os animais de variadas espécies, para consumo ou testes. O texto de uma das colunas pode ser lido clicando a seguir: http://www.cartacapital.com.br/cultura/tenha-do . Envio carta para o colunista da revista semanal que compro toda semana nas bancas, pagando também o justo preço por cada exemplar.

CARTA PARA SEÇÃO "CARTAS CAPITAIS": ABATE HUMANITÁRIO
"Lendo os dois últimos textos de Márcio Alemão sobre a implantação de um abate humanitário, confesso sentir repulsa pelo sofrimento animal, mas carnívoro até a medula, não vejo como substituir a carne suína (a de minha preferência), por qualquer coisa vegetal. E olha que tenho uma história tão escabrosa quanto as duas contadas pelo colunista, a do abate bovino e dos coelhos. Presenciei anos atrás aqui no interior o dantesco espetáculo propiciado pelo "cachaço". Esse porco macho, de um apartado, localiza as fêmeas no cio, algo que o faro humano teria dificuldade em fazer. Fica no limite da excitação e produz sons de muito sofrimento, com uma baba a escorrer pelo canto da boca, pois não copula nunca. Esse serviço é para outros. Ele é somente um localizador. Algo indescritível. De desumanidade em desumanidade somos nós, humanos, os seres inteligentes dentro do reino animal. Eu, voraz consumidor de uma irrecusável panceta suína peço ajuda para continuar consumindo a iguaria sem traumas. Mas como poderia fazê-lo? Simples, me indiquem onde compro um porquinho orgânico, tratado com uma simples lavagem caipira, sem que a Saúde Pública me cause problemas. Tô cheio de neuras e queria ao menos superar essa".

3. Por fim, uma carta de verdade, dessas recebidas via carteiro. Não foi escrita por mim, mas recebida aqui em casa. Seu remetente a Editora Abril, que edita entre outras a semanal revista veja (com minúscula mesmo). Ofereciam um desconto de 50% do preço de banca para que a assinasse. Minha resposta, escrita no impresso deixa claro o que penso de Veja e da Editora Abril: "Veja aqui em casa, nem de graça. Tô fora!". Acredito não ser necessário maiores explicações aos que me conhecem. Eles já passaram dos limites a muito tempo, assim como O Globo, diário carioca. Meu sogro, dr José Pereira Andrade disse-me essa semana, por telefone, do alto dos seus 84 anos: "Cancelei minha assinatura d'O Globo. Não aguentei mais, eles torcem contra o Rio e o Brasil. Minha assinatura tinha muitas e muitas décadas, mas eles passaram dos limites. Cansei". Cansamos, confirmo.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

OS QUE FAZEM FALTA E OS QUE SOBRARAM (14)

FARID LAWI, UMA EXPOSIÇÃO E LEMBRANÇAS DE ALGUÉM QUE FEZ E ACONTECEU
Escrevi essa semana sobre os jornais locais, de sua utilidade e hoje ressalto só ter ficado sabendo de algo ocorrendo na cidade por causa do que li neles. FARID YUSUF ABU LAWI, artista plástico e agitador cultural de Bauru, falecido em 2002 estaria sendo relembrado numa ampla exposição no seu último local de trabalho, a USP. E lá fui, no horário marcado, 17h, saguão de entrada, na av. Octácio Brizola. Uma funcionária leu um texto em sua homenagem, relembrou um pouco da desconcertante história de Farid, de sua passagem ali pelo campus universitário, onde o reencontrei varias vezes comandando um espaço cultural, uma espécie de quiosque no meio da parafernália odontológica uspiana. Ele tinha seu local de trabalho numa espécie de oásis, encravado ali no meio. E ali recebia as pessoas. Conheci pouco do Farid antes dessa fase. Sei que fez e aconteceu, deixou seu nome marcado no cenário bauruense. Até hoje vejo gente a relembrar fatos, ocorrências, histórias, estripulias dele com certo carinho. É que ele foi ousado no que fez, um irreverente e inquieto. Um incomodado dentro do seu tempo. Produzia às pampas. Pintou de tudo e até poesia deixou registrada dentro de algumas de suas telas. Revi um bocadinho disso tudo circulando lá pelo saguão da USP. Li atentamente a apresentação do cartaz na entrada e no auto-retrato dele ainda jovem, sempre barbudo, já a definição do traço bem definido. Deslanchou depois e fez história. E o fez por não ser gado, não levava a vida bovinamente, enfrentava ela de peito aberto e não produzia somente para fins comerciais. Não produzia por encomenda. Esse diferencial é o que faz a família ainda ter tudo aquilo visto por lá sob seu domínio.

Queria ter perguntado como sua sobrinha conseguiu reunir aquilo tudo, mas não deu tempo. Ela falou do prazer em reunir o acervo e a funcionária no microfone disse algo, dentre tudo, talvez o que mais me marcou. Farid não era uma pessoa estrela, mas não era de um gênio totalmente fácil, dócil. Era ele e pronto. Uma frase ali registrada faço questão de passar adiante: “A vida inteira estarei fazendo arte, seja como for, seja instruindo ou executando. A minha realização não há dinheiro no mundo que pague”. E numa tela outra, mais contundente: “Não importa que não me suporte; AMO-TE!”. Tem outra, numa outra tela: “Eu te amo acima de todas as coisas, de todos os atos, de toda omissão, acima dos Homens, acima do acima, além de mim e de qualquer deus: assim... eu te amo!”. Era um arteiro, um amoroso arteiro. Alguém ainda um dia irá me explicar o motivo dele colocar uma lágrima em quase todas suas telas e desenhos. Virou marca registrada, que não sei decifrar. Algo que para mim é até desnecessário. Mera curiosidade de um leigo admirador.
Na lembrança guardada dele, além da pintura, fez belas poesias e tem algo que me penitencio por não ter tido o prazer de presenciar: o teatro. Dizem, e ouço sempre isso por aí, que foi um inovador, principalmente no “Atos atônitos de uma paixão” (1992). Pois bem, de tudo o que vi ali, das homenagens prestadas pela USP, talvez a mais significativa ainda possa surgir quando ousarem fazer um documentário sobre sua trajetória, inclusive com suas imagens. E quem melhor do que a USP para liberar recursos para essa finalidade. Lá estavam José Carlos Pereira e Ruy Cesar Camargo Abdo, com cargos de comando na USP e deles poderia partir a iniciativa de algo nesse sentido. Seria esse um ótimo motivo para voltarmos até lá e novamente reverenciar mais um bocadinho do que Farid nos proporcionou ao longo de sua trajetória. Aguardo ansioso esse dia, pois o recurso existe e imaginem se algo nesse sentido precisasse ser feito com ele decidindo. Moveria céu e terra para conseguir seu intento. Pois que façam algo dele.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

UMA CARTA (56)

REFLEXÕES EM CIMA DO BRASIL E O MUNDO DIANTE NOVO CENÁRIO, DILMA NO GOVERNO
Dilma assumirá o governo num momento diferente? O mundo estará mais problemático? Como navegar em águas não turbulentas? Refletindo sobre isso, recebi via e-mail (enviado para outras pessoas), em 02/11, um PEDIDO PARA REFLEXÃO do amigo radialista Wellington Leite (na foto, ele ao lado do poeta Lázaro Carneiro). Abaixo publico sua preocupação:

“Escrevo porque amanheci com uma pulga atrás da orelha e que tem me impedido de continuar minhas leituras pro mestrado. Assim, divido com vocês, querendo as respostas dos que sabem muito mais que eu. Li a entrevista do José Arbex na edição de setembro na madrugada de hoje. Eleitor do Plínio, ele fez duras críticas ao Lula e à Dilma - com as quais eu concordo na maioria. Mas a análise da política internacional que ele fez, na minha opinião, foi brilhante. Ele supôs um cenário caótico no futuro e o Brasil seria atingido seriamente, com aumento de inadimplência e diminuição do crédito, e com o PIG contra, uma provável situação de caos social. Os motivos para mais essa crise do capitalismo seriam mais ou menos os seguintes: em caso de quebradeira internacional, incluindo aí a Europa e o Euro, os países dominantes apelariam à guerra, como sempre. Confusão certa na região do Oriente Médio e Ásia. Corte do petróleo. Aumento das pressões conservadoras, etc. Como sei que em momentos de crise a direita costuma vencer eleições mais facilmente, as perguntas que faço são: imaginando que Dilma será nossa presidente, que não tem as habilidades do Lula, mas tem apoio político maior, como vocês imaginam essa situação no futuro? Dilma abriria as portas às reformas necessárias ou ficaria refém da desmobilização da esquerda dos últimos anos? Lula voltaria em 2014? Não sei se fui claro, mas por favor, enviem suas considerações. Não encontrei a matéria pra enviar aos que não leram, me perdoem. Abração!”. W.L.

Uma resposta despontou também via e-mail, a do também amigo, advogado Arthur Monteiro JR (na foto junto da esposa Lilian):

“Caro Wellington, tudo beleza ? É difícil de imaginar qual será a postura da Dilma diante das pressões que irão ocorrer, tanto dos aliados, como dos grupos de oposição, da esquerda e da crise internacional que deve continuar e talvez bater mais forte no país a partir do ano que vem. A princípio tendo a achar que ela dará continuidade à política econômica do Lula, talvez sendo mais facilmente pressionada pelos setores da direita que compõe o governo, até mesmo porque não tem o jogo de cintura, a experiência e o carisma do Lula. Também por este quadro pode ser que seja mais pressionável nos embates com setores mais progressistas que tentarão avançar, contudo, sou cético quanto a qualquer ilusão de que poderemos ter um governo mais à esquerda. Quanto ao possível apoio político maior também é profundamente questionável pois a maioria que possui no Congresso inclui ampla gama de parlamentares que a apoiaram mas defendem o interesse do grande capital, ligados aos grandes empresários, ao agronegócio e evangélicos. Na verdade hoje sinto que nem mesmo o PT, ou a maioria dos seus parlamentares tem interesse em fazer avançar qualquer proposta que esteja mais à esquerda, mais socializante ou que fira de alguma forma os interesses dos poderosos. Não sei se simplesmente trairam os compromissos que tinham quando eram oposição, acostumados com as benesses do poder ou ficaram refém da suposta "governabildiade". Um outro dado preocupante é a pressão que irá sofrer do PMDB. Uma coisa era ter um vice como José Alencar que pouca influência política teria no governo; outra é ter uma raposa como Michel Temer e um partido ávido de poder como o PMDB. Quanto ao Lula voltar, não acredito muito nesta hipótese, apesar de que em política a dinâmica é tão grande que em 4 (quatro) anos muita coisa pode acontecer e conforme a situação do governo até lá a candidatura dele teria que ser inevitável a garantir a manutenção do poder com o PT e seus aliados, mas a princípio acredito pouco provável sua volta porque seria um risco à imagem construída por ele e seu lugar na história. Acredito que provavelmente o Lula vai desfrutar agora do prestígio que alcançou como personalidade acima do bem e do mal, universal e já vem dando mostras disto como afirmou ontem no Estadão que pretende montar um Instituto e percorrer o mundo combatendo a fome, principalmente em países da África. Também acho que o quadro político partidário deve mudar um pouco depois das eleições ajeitando de forma mais clara os vencedores e alijando os perdedores. De qualquer forma o que é necessário e está ao nosso alcance é buscar uma unidade na esquerda para construirmos uma alternativa que possa fazer frente ao momento de refluxo que vivemos e a onda de conservadorismo e ao poder econômico que se sobrepõe aos interesses populares. Perdoe-me, mas responder assim de supetão foi meio difícil e muitas das afirmações que faço aqui talvez precisem de uma maior reflexão, que sabe até regada a uma cerva bem gelada. Vamos conversar ... abraços”. Arthur.

Reflexões são bem vindas.
UMA MÚSICA NO AR: Continuando a publicar algo sobre shows vistos no Rio de Janeiro, uma do mesmo já reproduzido aqui nesta semana, DIA 23/11. Curtam como puderem:

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (20)

NOSSOS DOIS JORNAIS LOCAIS EM DOIS FATOS RECENTES E PICANTES
1. Manchetes enganam muito. Dia desses cai numa dessas. Quem me deu o puxão de orelha foi o vereador Roque Ferreira. Conto o caso para entenderem como a maioria dos brasileiros lê jornal hoje em dia. No corre-corre, uma passada de olhos pelas manchetes, sem se ater ao conteúdo do texto. E muitas vezes a manchete engana, é facciosa e quando se lê o texto num todo, o sentido é até outro.

Vamos ao me caso particular. Manchete de primeira página do diário bauruense Bom Dia em 13/11/2010 foi “Bauru no Preju – Faltaram projetos para o governo federal. Resultado: cidade agora receberá R$ 1,6 milhão do PAC, muito pouco frente aos R$ 63 milhões de Marília”. Encontrei o Roque e fui comentar que Bauru carece de um setor específico para confecção de projetos, pois Marília deu de goleada na gente. Ele concordou sobre o setor de projetos, mas perguntou se havia lido a matéria interna. Disse que não. Daí me informou que ambas as cidades estão parelhas em projetos e que a diferença é um feito para o tratamento de esgoto. Fui ler e é isso mesmo. Eu, que me considero macaco velho nessas coisas ainda caio nessa, imagina quem só vive de ler manchetes? Reconheci o erro e prometo ainda mais atenção. Isso não quer dizer que a Prefeitura não esteja eficiente nesse setor, o de elaboração de projetos, que praticamente inexiste. Deixo uma pergunta no ar: Esse tipo de manchete é mais para elucidar ou confundir o leitor?

2. Do final de semana outra coisa a comentar. Acontece na cidade um grande evento, o denominado SP ONLIVE. Não quero discutir aqui se ele é abrangente, quem o patrocina, essas coisas. Isso posso até fazê-lo em outra oportunidade, o quero ressaltar dele é algo que ocorre em toda a dita imprensa ameaçada e amordaçada (sic). Ela documenta só o que lhe interessa e da forma como interessa. O evento foi grande, trouxe grandes astros nacionais e até um ator de cinema e cantor (sic) do country norte-americano. Manchetes variadas pelo Brasil todo. Por aqui, na imprensa escrita, o Bom Dia deu amplo destaque, com chamadas de capa todos os dias ( o SP Onlive pertence ao mesmo grupo do jornal) e o Jornal da Cidade ignorou a existência do mesmo ocorrendo aqui no nosso quintal. Foi como se não estivesse ocorrendo. Seus leitores foram muito mal informados sobre o mesmo. Tiveram que publicar algo no domingo (reproduzido ao lado), quando deram um destaque para Viola saindo da Fazenda e Encontro de Música Goospel.

Isso me faz lembrar os tempos em que a TV Globo transmitia a Fórmula 1 e durante alguns anos a Band TV ganhou os direitos de transmissão. De algo muito divulgado, quando a Band transmitia nada saia na TV Globo. Depois com o retorno para a plim plim, novamente o estardalhaço de divulgação. Como poderíamos denominar isso? Percebo o mesmo ocorrendo hoje, ainda numa proporção pequena, mas acontecendo, quando o Bom Dia fala de um projeto férreo regional entre Bauru e Agudos e o Jornal da Cidade não tocando no assunto. Isso ocorre muito quando um jornal dá um furo grandioso. O outro fica na encolha e prefere nada publicar sobre o assunto, acredita-se que para não levantar a bola do outro. Volto a perguntar: Como denomina-se isso no amordaçado e ameaçado (sic) jornalismo brasileiro?

Perguntas como essas cairiam como uma luva para alguém com a perspicácia de um Ernesto Varela. Mas não se fazem mais Varelas como dantes, pois nem mesmo Marcelo Tas, seu criador possui o tino de antes. O CQC faz anedotas e sabe muito bem a quem cutucar, bem diferente do saudoso estilo vareliano.

OLHA OS BLOGs SUJOS AÍ GENTE!
Na última eleição os Blogs ditos Sujos, os que combatiam os ditos limpinhos, tiveram papel primordial no restabelecimento da verdade factual dos fatos, muitas vezes escamoteada nos grandes meios de comunicação. Credito a eles (modestamente me incluo dentre eles) um papel antes reservado durante a ditadura militar à imprensa alternativa. Foi magistral ir acompanhando as manchetes diárias pela Grande Imprensa (sic) e o que nós tínhamos a dizer. Viciei nisso, assim como muitos. Hoje um grande dia para os Sujinhos. É que às 9h, o presidente Lula estará recebendo um comitiva dos mais significativos para uma entrevista exclusiva. Olha só a importância, o presidente da República em pessoa receberá pessoas que dignificaram o último pleito (imagina o que seria dele sem a presença desse pessoal, todos, indistintamente regiamente pagos pelo Ouro de Moscou - ou seria cubano?). Vejam a lista dos sujinhos que hoje sobem a rampa planaltina, limpando os pés no tapete vermelho (oba!) do Governo Federal: Cloaca News (
www.cloacanews.blogspot.com), Altamiro Borges do Blog do Miro(www.altamiroborges.blogspot.com), Altino Machado do Blog do Altino(www.altino.blogspot.com), Conceição Lemes do Viomundo(www.viomundo.com.br), Eduardo Guimarães do Cidadania(www.blogcidadania.com.br), Leandro Fortes do Brasilia, Eu Vi(www.brasiliaeuvi.wordpress.com), Pierre Lucena do Acerto de Contas(www.acertodecontas.blog.br), Renato Rovai do Blog do Rovai(www.revistaforum.com.br/blog/), Rodrigo Vianna do Escrevinhador(www.rodrigovianna.com.br) e Túlio Vianna do Blog do Túlio Vianna(www.tuliovianna.wordpress.com). Estaremos muito bem representados lá e para os que acham que a batalha está vencida, nada disso, a luta continua. Estamos só no começo...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

BAURU POR AÍ (47)

A PASTELARIA KADOYA ESTÁ VOLTANDO E A VÍDEO CIDADE NÃO ESTÁ RESISTINDO
Em 19/05/2010 publiquei aqui algo retratando um padecimento, o da Pastelaria Kadoya (clique a seguir para ler: http://mafuadohpa.blogspot.com/search?q=pastelariaafuadohpa.blogspot.com/search?q=pastelaria ), que tentava manter as portas abertas na esquina das ruas Rio Branco com Ezequiel Ramos. Ficou sózinha, isolada como um dente a resistir numa boca banguela. Resistiu o quanto pode e o que ouvi do seu proprietário era o sofrimento dos que impediam o avanço do "progresso" e da nova ocupação dos espaço no local: "Não queria fechar as portas. São tantos anos, mas o aluguel de um imóvel novo é inviável para mim. Não sei o que vai ser da Kadoya". Durante meses, o Kadoya filho procurou um novo espaço dentro de suas possibilidades e hoje, passando pela mesma rua Rio Branco, quase na esquina de baixo, da rua Presidente Kennedy, uma reforma e uma faixa. A Kadoya reencontrou um caminho e vai voltar a funcionar. Quero lá estar nos primeiros dias e comer um pastel no velho e bom estilo que os orientais sabem muito bem produzir.

Essa uma feliz solução. Acompanho outra, essa nem tanto. GENILDO RODRIGUES SAVIAN, 50 anos, durante 20 anos mantém uma antes movimentada locadora de vídeo, a VÍDEO CIDADE, num prédio próprio na rua Primeiro de Agosto 9-69, centro da cidade. As locadoras, todos sabem, tiveram seu auge, depois declínio. A grande maioria fechou as portas. No centro só a do Genildo resistiu. Só ele bem sabe como, pois foi perdendo cada vez mais o poder de cacifar a continuidade do seu negócio. "O capital que eu possuo está desvalorizado. Não vale nada. Locadora não vale mais nada. Ouço isso todo dia. Sinto-me humilhado. Aos que ofereço comprar a locadora, todos se mostram economistas, pois me dão lições. Sinto pena de quem gosta de filmes. Queria achar uma pessoa que acreditasse numa reviravolta, investisse, com capital, colocando outras coisas, mas estou cada vez mais desanimado. Locadora hoje é um bom negócio nas vilas, onde algumas sobrevivem e bem", conta.

O local da locadora é privilegiado, mas isso pouco conta nesse momento. Genildo relata suas fases, primeiro com as fitas VHS, a fama na locação dos infantis, o drama para senhoras e até o pornô para um segmento definido. Diz que com a TV a cabo as crianças pararam de locar os infantis e com a chegada do DVD, quando achava que seria um ótimo momento para investir, deu com os burros n'água, pois a partir daí a pirataria proliferou. "A pirataria acabou comigo. Se tivesse mudado de ramo lá atrás, mas hoje não tenho mais condições. Vou reclamar do que? Hoje, segunda (22/11) aluguei duas fitas e o que me salvou foi vender dois pornôs por R$ 20 cada. Veja, são 19h, dá vontade de ir embora, mas espero sempre um pouco mais, pois pode chegar mais alguém. Abrindo vendo para manter as portas abertas e só", continua seu relato.

Todos nós sabemos muito bem que, com a falta de grana começam a aparecer todo tipo de problemas, inclusive os familiares. Com Genildo não é diferente, mas ele vai tirando de letra, ponderado que é. "Falta amigos nessa hora. Quero conversar, trocar idéias e nem isso a gente consegue. Meu capital é o prédio. Comigo aqui é difícil de alugar, mas se saio deixo de ganhar o pouco que entra. Tem momentos que acho melhor ter um empreguinho ganhando pouco do que sofrer aqui o dia inteiro. Eu tenho uma idéia, a de montar uma locadora só de filmes cult, mas sózinho e na situação atual, não consigo fazer nada", conclui. Essa aflição é a vivida por muitos. Com esse texto e a exposição de sua situação, sua intenção é levantar interessados, pois ao sair de lá ainda ouvi dele: "Tenho um belo acervo aqui, mesmo já tendo vendido alguns títulos. Está tudo montadinho, pronto para alguém com gás novo". Genildo busca uma solução, que no seu caso, segundo ele mesmo afirma, passa hoje pela falta de gás para tocar um negócio antes tão pujante. Vê-lo ali parado durante o dia, dedilhando um violão nos momentos de maior solidão é algo a retratar bem um outro lado da questão do dito "progresso e modernidade" do centro.


OUTRA COISA, ESSA PARA AMENIZAR NOSSO PADECIMENTO: Mês passado estive no Rio de Janeiro e lá presenciei dois belos shows gratuitos. Fiquei de postar os vídeos lá gravados. Faço hoje o primeiro deles. Foi feito no dia 27/10, na casa França Brasil, ao lado do cais do porto, dentro do Projeto "Música+", que naquele dia mostrava músicas relacionadas ao tema teatro, com os artistas Soraya Ravenie (voz), Flávio Marinho (locução sobre as interpretações) e Zé Renato (voz e pandeiro). Vê-los cantando um clássico de nossa música é um colírio, não só para os olhos, mas para aplacar uma ira sobre as injustiças deste mundo. Faço isso para me acalmar. Vejam se não tenho razão.

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