quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

CARTAS (97) e PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (55)

O BLOG QUE NÃO MOVE A ILHA DE FIDEL – carta de minha lavra e responsabilidade, publicada na edição de hoje do Jornal da Cidade Bauru SP, seção Tribuna do Leitor:

O texto de minha carta está na integra publicado lá embaixo (e aqui:
http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=227606) , mas antes para entender o imbróglio se faz necessário a leitura de mais duas missivas. Na primeira, texto dominical do jornalista Zarcillo Barbosa, publicado edição domingo passado, 24/02, seção Opinião, gerando a minha, com o título O BLOG QUE MOVE A ILHA DE FIDEL (leiam clicando a seguir: http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=227557). Dois dias depois, edição de terça, 26/02, Marcos Paulo Casalequi Resende tem carta publicada na Tribuna com o título ZARCILLO, CUBA E A BLOGUEIRA (leiam clicando a seguir: http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=227576). Meu texto foi o último (outros deverão vir): 


Caro Zarcillo. Esse blog da Yoani, do qual participo há mais de três anos, sempre a criticando, passa longe de mover algo em Cuba. Ele só move gente fora da ilha, os que insistem em tentar enfiar goela abaixo a cultura capitalista como a única solução para tudo e todos. Experimentemos perguntar aos cubanos se eles querem outra vida, se estariam interessados na busca desenfreada pelo vil metal. Nós precisamos é resolver primeiro os nossos problemas, depois os dos outros. E entender mais os processos vigentes no mundo. Eu também lá estive, por um mês e os vi felizes, poucas filas e podendo fazer de tudo, comendo bem, saúde idem, circulando de um lado a outro no país. Recebi muitos nos hotéis onde me hospedei e tanto lá como cá só vai nesses lugares quem tem motivo e dinheiro para tanto. A felicidade pode ocorrer sem que para isso tenham que frequentar Varadero, por exemplo. Passei longe desse lugar, necessário para captar algo a mover o país, preferindo andar com os cubanos, bater perna em cada canto e ouvi-los nos mais diferentes lugares. Inebriante esse contato de mútua felicidade, algo raro ao perambular por qualquer periferia capitalista, império da tristeza.

Seria muito triste ver aquele quase paraíso (sim ele existe, é lá) tendo o mesmo destino que a China e a Rússia. De onde tirou que a modernidade está nesses países? Baseado em qual teoria? A que defende, com certeza. O cubano não quer andar para trás se já deu passos sólidos noutra direção. E por que o faria? Só porque os de fora querem isso? Besteira. Pessoas desprezíveis como Yoani existem por todos os lugares. Vejam os que aqui entre nós não reconhecem o momento vivido pelo país, quando o mundo se afunda em turbulência. São do mesmo naipe. De forma simplista comparo-a a Judas. Lá nada representa, já aqui serve aos interesses dos que se incomodam com a existência de um oásis, onde o dinheiro não seja o deus de tudo e de todos.


O ministro Barbosa já serviu aos mesmos interesses. O pior questionamento que recebo é “por que então não se muda para lá?”. Lá já existe algo estabelecido, prefiro ser pedra no sapato e levar atrevimento a esse lado do mundo. Não sou missionário de nada, mas espezinhar a vida dos poderosos é algo a me encher de prazer e contentamento.

Por fim, caro colega, estamos nesse momento nos indagando sobre os altos salários de uma casta médica enfiada dentro do serviço público municipal e a receber salários inimagináveis. Algo inaceitável. Sabe quem resolveria isso num piscar de olhos? Os médicos cubanos. Deixando se estabelecerem aqui, veríamos uma reviravolta nas ações, mentes e costumes. A intenção dos de lá não é a de enricar, nem tirar proveito, muito menos se locupletar. Onde vão resolvem. Exemplos disso não faltam. Seria uma boa oportunidade para na comparação ver como o capitalismo produz monstros e monstruosidades. Mas por aqui ninguém quer isso e sim por fim a quem acerta. Isso incomoda, sendo necessário extirpar a pedrinha no sapato, a que demonstra a existência de algo muito errado no tal mundo livre, império da aplicação da mais justa e solene liberdade de expressão. Basta disso, seu Zarcillo, Cuba está em outra. Não seríamos nós os na contramão da história e do benfazejo do ser humano na sua passagem enquanto ser vivo e pensante?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


UM LUGAR POR AÍ (35)

O TEXTO FOI ESCRITO PARA UM, MAS PODERIA TER SIDO ENDEREÇADO PARA OUTROS

Acordo e ao abrir os jornais vejo que o resultado catastrófico das eleições italianas preocupa não só a Europa, o reinado do Euro, como o resto do mundo. Dizem que as Bolsas balançam. A incerteza é tanta que mesmo a coalisão de centro-esquerda, comandada por Pier Luigi Bersani sendo alçada a indicar o primeiro ministro, chega ao cargo, mas não leva. Ter Berlusconi como fiel da balança é o mesmo aqui que ter Renan, Maluf, Serra ou um PMDB sempre impondo condições de governabilidade, mais voltadas para o atendimento das suas reivindicações do que as de um país. Querem um exemplo disso. Nem bem está certa a chegada da verba carimbada para o tratamento do esgoto em Bauru e a voz mais importante e imponente desse partido na cidade, a do vereador Renato Purini já diz ser favorável a utilização do dinheiro para asfaltar ruas da cidade. Outro exemplo clássico da atuação nefasta do PMDB é como dirige a COHAB na cidade, com uma dívida impagável, só aumentando, com pouquíssimas explicações de algo para sua solução e gente encastelada lá dentro só aumentando as despesas, em algo que já poderia ter sido extinto. Os que se impõem a um Governo, os "indemitíveis" são os causadores dos maiores problemas em uma administração. Hoje, pelo visto, o presidente da COHAB estará na Câmara de Veradores e deverá explicar algo dos bastidores daquele secreto lugar. É a incoerência da incoerência. Estamos de mal a pior.

Voltando à Itália, leiam isso. “O chefe do governo manchou-se de delitos que, diante de um povo honesto, mereceriam a condenação, a vergonha, a privação de qualquer autoridade de governo. Por que o povo (...) tolerou esses crimes? Alguns por insensibilidade moral, outros por astúcia, outros ainda por interesse pessoal. (...) Um homem medíocre, tosco, de eloquência vulgar mas de fáceis efeitos, é perfeitamente representante dos seus contemporâneos. (...) Cultor da força, venal, c orruptível e corrupto, católico sem crer em Deus, presunçoso, vaidoso, serve-se de quem despreza, cerca-se de mentirosos e aproveitadores...”.

Quem hoje pega um texto desses acha que foi escrito nesse exato momento e retrata Silvio Berlusconi. Não, ele foi escrito pela escritora italiana do século passado ELSA MORANTE, retratando algo a respeito de Benito Mussolini. Muito do que foi dito ontem para situações daquele período continuam muito atuais e esse mesmo, pode ser utilizado não só para o atual caso italiano, para muitos outros aqui no Brasil. O fato é um só, estamos tanto lá como cá com péssimos representantes galgados a postos importantes de poder, demonstrando um despreparo não só do eleitor, como do político. Daí os tempos nebulosos e sombrios que estamos a viver. Estamos nas mãos de gente de um naipe deplorável, mas cientes de que fomos nós, os eleitores que os colocamos lá. Será que não temos mais discernimento para saber separar o que irá nos fazer bem e o que certamente nos fará muito mal? Eis a questão.
Obs.:as tiras são todas do Miguel Rep, argentino e retiradas do Página 12, hoje o melhor jornal diário de Las Américas.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

PALANQUE – USE SEU MEGAFONE (37)

A ESQUERDA NÃO SE ENTENDE NEM NA FORMA DE REPUDIAR A BLOGUEIRA CUBANA – COMO LUTAR DESSA FORMA?

Que a esquerda brasileira é um balaio de gatos isso todos já sabem. Isso não é de hoje. Cada um promove o que considera a sua luta e de forma isolada, sem estar unido à luta do outro. Esse apartamento produz algo ignóbil, o entendimento de que a luta desenvolvida por um grupo seja o caminho correto, mais acertado e até único. E tudo isso sendo decidido dentro de pequenas salas, apartados do que ocorre nas ruas e tendo a certeza de que dali está saindo o que o povo teria e deveria seguir. Algo ininteligível. Um bate cabeças onde iluminados se acham e tudo o mais à sua volta é gente a lutar de forma descabida, despropositada e mancomunada com ações interligadas com o poder estabelecido, com o capitalismo e vendidas. Um achando isso do outro. A ação de um é logo desmerecida, porque não teve a participação sua e vice-versa. E isso tudo não fica intramuros, pois acaba sendo exposta para todos. Vira motivo de piada, chacota pública. Enquanto a dita direita está unida, coesa quando expõe publicamente o que faz, mesmo tendo infinitas divisões internas, a dita esquerda se fraciona cada vez mais, não se entende e se pega em público, ou seja, ficam num infinito alfinetar coletivo. Uma guerra entre alguns que poderiam estar afinados e unidos trilhando a mesma solução pra os problemas do mundo onde vivemos.

O fato mais recente, que deveria ser um consenso é sobre a passagem da blogueira cubana Yoane Sanches ao país. Todos, indistintamente entendem e sabem do cruel e insano papel que a mesma cumpre, mas na hora de fazer a crítica coletiva, preferem atacar Cuba. Chegam ao despropósito de acusar Fidel de ser instrumento do capitalismo e do país ser o atraso total. Despirocaram totalmente. Estão totalmente fora de órbita. O fazem usando de teorias que só eles entendem e que nunca foram colocadas em prática. Desmerecem o grau de evolução do que já alcançado por Cuba, toda a luta empreendida, o envolvimento popular, o cerco que há mais de 50 anoso país padece, etc. Tudo é jogado na lata do lixo porque esses iluminados possuem a receita para eles salvarem o mundo. Por que agem assim? Quem são esses? Isso não é feito somente a nível local, mas nacional. Uma desunião, que muitos desses quando se encontram numa simples mesa de bar é perigoso ocorrer uma fraticida briga e não um aperto de mãos e propostas de luta conjunta.


Vivenciei algo assim na semana passada num debate no facebook, quando alguns bauruenses tiveram uma atitude nesse sentido. Tudo despontou na página do Almir Ribeiro, com um texto assim: “É cômodo acreditar que Yoani ataca Cuba porque é financiada pelos Estados Unidos e não porque tem críticas reais ao regime. Pode ser que ela receba mesmo dinheiro norte-americano, quem sabe? Mas quem a financia de fato é Cuba e a esquerda arcaica que ainda não perceberam, 22 anos após o fim da União Soviética, que cercear a liberdade de expressão de quem quer que seja é sua pior anti-propaganda”. Participaram, ele, Gisele Costa, Wander Florêncio, Tatiana Calmon, eu e outros. Teve de tudo, os a desmerecer e os que tentaram juntar os cacos. Participei de algo nada abonador para a luta que empreendemos. Leiam tudo no: https://www.facebook.com/almir.ribeiro.98/posts/492541077470553?comment_id=65441777&notif_t=like

Tempos atrás, 02/02/2009, Wander Florêncio no seu Boteco do Valente (www.botecodovalente.blogspot.com) havia escrito algo sobre esse tema e mesmo fazendo uma defesa da união em torno do prefeito bauruense, difícil de acontecer por causa das alianças e interesses em torno dele, acredito muito pode ser aproveitado e inserido no contexto atual. Leiam o “Esquerda bauruense: luta ou bagunça?” clicando a seguir http://botecodovalente.blogspot.com.br/2010/06/esquerda-bauruense-luta-ou-bagunca.html. Vejam um trecho do texto: “Fica então essa reflexão para a esquerda bauruense para que dê corretamente os próximos passos, que deixe de lado os interesses particulares, bem como rixas e afins e forme de uma vez por todas uma ampla frente progressista colocando Bauru como participante desse momento histórico em que vive a América Latina. Que todas as cidades na nossa região liderem uma revolução no interior paulista contra o neoliberalismo”. De tudo, não preciso acrescentar mais nada, só talvez uma avaliação sobre uma charge do Latuff, também de 2009, sobre o tema e com atentos e sorridentes observadores. Fazemos a felicidade desses, pois essa é a esquerda que eles pediram aos céus. Imaginem num esforço mental a chegada ao poder de um grupo tão dividido, como seriam seus atos? Tem gente que está preparada para ser oposição, sempre. Nada além disso.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (43) e MÚSICA (97) 

MARTINHO, O SAMBA DA VILA E ALGO SOBRE A REFORMA AGRÁRIA

Fazer Carnaval nos dias de hoje não é tarefa das mais fáceis. Carnavalescos descompromissados com a questão ideológica tiram tudo de letra, porém algumas personalidades cujos corações batem politicamente à esquerda, tudo fica um tanto mais difícil. Imagine você lá dentro de uma estrutura imensa de uma Escola de Samba carioca, dinheiro fluindo aos borbotões de fontes inimagináveis e pintar um clima sobre a letra por causa de um algo mais, uma conotação de fundo social? Isso acontece e na maioria das vezes a grana fala mais alto. Nesse ano, na escola campeã, a VILA ISABEL o clima quase pintou com MARTINHO DA VILA, o popular sambista, 70 e tantos anos dedicados à boa música e uma história de vida com conotação e posicionamento de esquerda. 

O fato é o seguinte. A Vila escolheu o tema BRASIL CELEIRO DO MUNDO – BOTA ÁGUA NO FEIJÃO e discorreria sobre o homem do campo, a questão da terra, mas sem querer tocar na temática da reforma agrária. O motivo maior é que um dos maiores investidores da escola, a grana graúda estava vindo do agronegócio. A celeuma esquentou os tamborins pelos lados tijucanos. Na parceria da letra do samba, além de Martinho estavam Arlindo Cruz, André Diniz, Tonico da Vila e Leonel. O único querendo fazer explícita citação ao tema problemático era Martinho. Diante da pressão cedeu, mas manteve uma pitadinha do tema nas entrelinhas da letra. Letristas no passado fizeram muito disso, quando na ditadura militar precisam trabalhar com algo subliminar para não terem suas letras censuradas.

Para bom entendedor, Martinho acabou por dizer tudo numa só palavra, a partilhar. Ficou assim o trecho polêmico: “A terra é abençoada/ Preciso investir/ Conhecer/ Progredir/ Partilhar/ Proteger”. Viver dentro desse sistema excludente e querendo agir de forma diferente não é mesmo tarefa das mais fáceis. Resistir é preciso. Jogar tudo para o alto e não fazer o samba é um posicionamento possível, mas Martinho ama sua Vila, mesmo ela estando ocupada, assim como todo o país pelos que dela usufruem e a sugam. Ele, como uma pessoa sadia, por dentro e por fora, faz misérias com o bom uso das palavras e o melhor samba enredo do Carnaval desse ano ficou assim: “O galo cantou/ com os passarinhos no esplendor da manhã/ agradeço a deus por ver o dia raiar/ o sino da igrejinha vem anunciar/ preparo o café, pego a viola, parceira de fé/ caminho da roça, e semear o grão.../ saciar a fome com a plantação/ é a lida.../ arar e cultivar o solo/ ver brotar o velho sonho/ alimentar o mundo, bem viver/ a emoção vai florescer/ Ô muié, o cumpadi chegou/ puxa o banco,/ vem prosear/ bota água no feijão já tem lenha no fogão/ faz um bolo de fubá/ Pinga o suor na enxada/ a terra é abençoada/ preciso investir, conhecer/ progredir, partilhar, proteger.../ cai a tarde, acendo a luz do lampião/ a lua se ajeita, enfeita a procissão/ de noite, vai ter cantoria/ e está chegando o povo do samba/ é a Vila, chão da poesia, celeiro de bamba/ Vila, chão da poesia, celeiro de bamba/ Festa no arraiá,/ é pra lá de bom/ ao som do fole, eu e você/ a Vila vem plantar/ felicidade no amanhecer." Ouçam e vejam o samba nas vozes de Martinho e Arlindo: http://www.youtube.com/watch?v=hVUUYiINSe0 Por fim até o Stédile, do MST acabou por elogiar a letra.

Escrever algo mais sobre Martinho, sua obra e trajetória, pessoal e política é chover no molhado. Suas histórias estão espalhadas por aí afora e repeti-las é desnecessário. Quem conhece Martinho sabe ser ele um grande artista, letrista dos melhores do país e esse episódio é só mais um dentre tantos a envolver sua obra e poesia. O conservadorismo cresce e impõe condições para tudo, porém uns resistem ao seu modo e jeito. Esse é o Brasil de hoje, vivenciando um verdadeiro cabo de guerra, cada um ao seu modo fazendo força para que seu lado se sobreponha sobre o outro. Só que o povo é maioria, não deveriam se esquecer disso.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

ALFINETADA (108)*
* Uma observação antes da publicação dos três textos escritos no ano de 2000, quase treze anos atrás, transcritos aqui no Mafuá uma vez por mês e de três em três. Todas as fotos que ilustram esses textos foram tiradas ontem na festa de 45 anos da companheira de todas as horas, a carioca Ana Bia, comemorados ontem à noite no salão da residência do Alemão, o da Kananga e de Cleusa Madruga, sua esposa. Uma bela noite, onde Ana rodeada de diletos amigos, comemorou a data com um vestido que lhe dei de presente, com as cores do Mengo. Não quero escrever nada sobre a festa, só reverenciar os amigos todos lá presentes. Tudo foi tão bonito por causa da presença de todos eles.
HALLOWEEN JÁ FOI TARDEpublicado Alfinete n° 89, 11/11/2000.
Nós brasileiros, queiramos ou não estamos sob forte e contínua influência de tudo o que vem dos EUA. É quase impossível escapar desse jogo bruto e desleal. Os filmes no cinema, em quase sua totalidade são norte-americanos. O lanche tem que ser do Mc Donald’s. O mercado tem que ser o Wal Mart. A Disneylândia é a referência em parque temático. O computador que usamos é de lá. A música só não é a preferida por causa do pagode (argh!). A dependência segue em quase tudo a envolver nosso dia-a-dia. Nesses dias me irritei com o grau de dependência que conseguimos chegar, com a importação de mais uma mediocridade: o tal do HALLOWEEN. A festa não é de origem americana, vem de uma tradição celta, mas ela só teve a repercussão que está tendo hoje  no país, devido a importância que os norte-americanos sempre deram a ela. Incorporamos a data em 31 de outubro, como festa popular, envolvendo um número cada vez maior de jovens, mesmo que a grande maioria nem saiba o que se está comemorando. Afinal, o que é bom para os grandes irmãos do norte, com certeza deverá também ser bom para os consumidores do sul. Ou não? Fazendo uma
análise bem rápida, constata-se que o HALLOWEEN não tem nada de
brasileiro.  Nadinha de nada. Na verdade, por aqui, não passa de um evento comercial, com muitas lojas se especializando na revenda de fantasias, outros com as festas; todos lucrando alto com o tal Dias das Bruxas. E tome abóbora acesa por tudo quanto é canto. É de dar pena. Pena de nós, brasileiros, povo festeiro e submisso como somos, vendo tratar-se de mais uma festa, caímos de boca. E tome dependência e subserviência. Mas, ser contra o HALLOWEEN é ser logo taxado de velho, ultrapassado, contra a modernidade e outras cositas mais. Eu, como já deixei de me importar com esses conceitos, sou tudo isso e muito mais. Para os que ainda querem pensar um pouco, , basta perguntar se o povo norte-americano incorporaria com a mesma facilidade uma tradicional festa brasileira. Imaginem eles dançando um bumba-meu-boi. Nunca, nunquinha. Mas isso, também já é querer demais, pois nem nós que somos brasileiros, conhecemos nossas festas e danças tradicionais. Gostamos mesmo é da dança da bundinha, do padre Marcelo, da banheira do Gugu, do programa No Limite e de espetar uns bois numas Fesdtas de Peão. Ou eu estou enganado? Mas, mesmo com essa criticidade toda, não consigo escapar dessa influência americana. Aqui em casa, meu filho esteve impossível com uma máscara de abóbora na cabeça e pouca coisa pude fazer. Suporto, mas não deixo de espernear um só minuto. É o que faço nesse artigo.
QUEM TEM MEDO DE ITAMAR?publicado Alfinete n° 90, 16/11/2000
Existem perguntas que dançam no ar, girando por algum tempo sem que apareça a resposta. De repente, fica tudo claro. É o caso dessa estranha blitz que, de uns tempos para cá, o governo federal, as elites econômicas e, em especial, a mídia amestrada, movem contra o governador de Minas Gerais, Itamar Franco. Poucas vezes se viu tamanha virulência. Começaram com argumentações jurídicas a respeito das tropas do Exército poderem ser mobilizadas para defender propriedades privadas e logo chegaram na tentativa de ridicularizar o governador, sustentando que ele é doido. Com os ataques querem atingir Itamar de forma profunda, calando sua voz, para afastá-lo da corrida sucessória de 2002. Por que isso acontece? A resposta é simples: porque as elites globalizantes, entre as quais se incluem o governo federal e a maior parte da mídia, estão com medo de Itamar. Pavor mesmo, na medida em que ele se transformou no contraponto desse pérfido modelo
econômico, responsável pela miserabilização do país, o empobrecimento da classe média, a multiplicação do desemprego e da dívida externa e a alienação do patrimônio público estratégico. O governador faz as vezes do menino que denunciou a nudez do rei, como na história infantil. Itamar coloca o dedo na ferida, ele denuncia com todas as letras, que a tal da globalização nos transformou novamente em colônia dos países ricos. Só faz aumentar os privilégios dos privilegiados. Apavoradas, as elites demonstram horror diante da perspectiva desse modelo que as enriquece ser repudiado nas urnas. Precisam, de todas as formas, afastar qualquer possibilidade de mudanças. Espertas, identificam em Itamar a hipóteses de a festa acabar. Temem a voz da discordância. Itamar deixou a Presidências com os maiores índices de popularidade da história da República: 85%. Enganou-se ao escolher e eleger FHC, ou melhor foi por esse enganado, porque jamais supôs o candidato adotando o pérfido modelo que nos assola. Ele pode não ser o melhor candidato à sucessão de FHC, mas não podemos esconder que, também não é doido, como querem que acreditemos. Recuperar a verdade nesse momento é muito importante, pois sem sombras de dúyvidas, FHC é muito mais nefasto para o país que o retorno de Itamar.
SEM PRECONCEITO publicado Alfinete nº 91, 25/11/2000
Se tem um cantor que eu respeito nesse país, esse nome é ZECA PAGODINHO. O Zeca tem pagode no nome, mas sua música passa longe da música cantada por esses grupos de pagodeiros. Sua praia é outra. O seu repertório é um dos mais respeitados no momento. Tem de tudo um pouco, mas da melhor qualidade. O Zeca é uma figura singular. É dos poucos que tem opinião própria. Fala o que pensa e não tem medo de emitir sua opinião. Agora mesmo, quando acaba de lançar um novo CD (Água da Minha Sede), fez questão de declarar que não é contra a pirataria do mercado fonográfico. Pirataria é crime, todos sabem. Zeca não liga a mínima para isso e na defesa dos discos piratas, chega a afirmar: “Até dou autógrafo. Tanta gente com fome por aí, eu vou me preocupar com isso?”. Ótima resposta, não dá para comprar CDs no absurdo preço que  estão sendo vendidos no país. Sua única preocupação é não mudar de hábitos. Ele continua vivendo em Xerém (bairro de Duque de Caxias, Baixada Fluminense), tomando cerveja no bar defronte sua casa e indo à feira toda semana. Zeca assume a preguiça, sem culpas. Tanto que não gosta muito de sair dessa sua vidinha tranquila, para as inevitáveis viagens de shows. Conseguiu chegar a um ponto aonde a tranquilidade é a coisa mais importante de sua vida. Mas, com toda preguiça, Zeca não acha que está dando mau exemplo aos filhos. Quando lhe indagaram sobre isso, foi rápido na resposta: “Eles sabem que o pai já carregou muita caixa em feira e agora está só trabalhando um poucop menos”. Tem resposta para tudo e não é de ficar contando vantagem, nem se vangloriando da sua situação. A verdade é que é gostosos ver o Zeca torando de letra quando alguém o quer colocar numa saia justa. Numa de suas últimas idas ao Faustão, na TV Globo, quando o apresentador quis tirar uma com ele, perguntando sobre se continuava bebendo algumas cervejinhas antes de cada show, encerrou a questão com:
“Para discutir esse assunto, precisamos os dois estar bebendo. Como não estamos, aqui não é o lugar para se falar disso”. Faustão preferiu mudar de assunto rapidinho. O Zeca é um cara simples, bem a cara do povo brasileiro. Tem toda uma ginga de malandro bem carioca. É o típico sujeito que, mesmo bem sucedido, não alterou sua vida, continuando o mesmo de antes. Dá para sem comparar com o vinho., “quanto mais velho melhor”. É o melhor de tudo é que canta uma m´suica de primeira, misturando a velha com a nova guarda. O samba é a sua especialidade, mas o samba de verdade, aquele que fala de tudo. Enfim, um cara para se tirar o chapéu.
MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (217 e 218)

ELES SABEM TUDO DE MIM – publicado na edição de ontem, sábado, 23.02.2013
Em tempos idos o DOPS suava e muito para conseguir desencavar a ficha completa de alguém que, segundo a concepção lá deles, fosse suspeito. Torturaram pra dedéu até chegarem aos seus objetivos. Trabalho executado com muito “sangue, suor e lágrimas”. Hoje, para ter a ficha de algum “suspeito” levantada nada mais disso é preciso. O até agora inofensivo Google pode estar fazendo esse serviço sujo. Desconheço hoje local de  maior armazenamento de dados dos pensantes seres vivos do que esse. Tudo o que fazemos e pensamos fazer está nas mãos de gente que a gente nem conhece direito as intenções. Não me considerem alarmante, muito menos alucinado. Pura constatação. Assange, o famoso Julian da Wikileaks, em recente entrevista repete o que até as pedras do reino mineral já sabiam. “O Google trabalha com os serviços secretos e, por tabela, armazena informações privadas em permanência”. Simples assim, como sua conclusão: “A internet é agora o sistema nervoso da civilização que envolve futuras decisões e a distribuição do poder”. Quer dizer, estamos diante do próprio sonho alucinógeno de Orwell, profetizado em “1984”. Depois que li isso não mais dormi direito. É que assim como todos à minha volta tudo que faço é baseado no tal do Google. Ele sabe tudo de mim, meus sonhos mais libidinosos e secretos. Imaginem isso tudo sendo revelado e todos ficaram sabendo de minhas entranhas mais pecaminosas. Estou decidido a virar um cordeirinho, dizendo amém para tudo e todos, tudo para não ter espalhado meus segredos. Já estou a imaginar um desafeto consultando esses alfarrábios com algo do tipo: “Ah, me conta só um tiquinho do que o Henrique consulta aí com vocês nas horas vagas?”. Isso não é nada, pois se algum RH requisitar meus dados podem ter certeza, as portas da maioria das empresas estarão a mim definitivamente fechadas. E pensar que tudo isso foi caindo nas mãos do Google de mão beijada, entregamos tudo e sem pressões, assim como o nome daquele bloco carnavalesco carioca: “Vem em mim que sou facinha”. E fomos. E somos.

ONDA NEOLIBERAL – publicado na edição de 16.02.2013
A intolerância cega as pessoas e sem o perceberem estão a reproduzir insana perseguição, doença cruel a acometer os que não conseguem mais enxergar um palmo diante do nariz, ou nada além do que prega e dita seu restritivo e feroz moralismo. Eu acho lindo enxergar acertos nos adversários, pois os que vivem só de criticas padecem de crônico mal e nem tratamento os curam mais. Irremediavelmente contaminados, possuídos pelo mal do século, produzindo atroz linchamento, também denominado de Moralismo Liberal. Acompanhei essa semana uma tentativa de linchamento coletivo a um que pensa diferente do que hoje reza os pregadores do pensamento único. Os vejo no mesmo patamar dos pastores que pregam a cura do homossexualismo ou arrecadam valores astronômicos ludibriando a fé alheia. Esses precisam é de uma severa lei a lhes conter e os pregadores da inconsequência de camisa de força, pois não se tocam nem com toda a transformação que o país teve nos últimos doze anos. Torcer pelo retrocesso e enxergar só o que lhes interessa é o mesmo que perder o bom senso no julgamento do ato alheio.Essa cegueira tem nome e sobrenome. Representam parcela da população torcendo pelas minorias ricas e excludentes, as mesmas que nos governaram por 500 anos e só nos infelicitaram. Torcem para que voltemos a ter uma total dependência ao capital predatório e estrangeiro. Torcem pelos que querem nos privatizar até a medula óssea. Está cada vez mais reduzida uma parcela moderada, progressista, querendo construir um novo Brasil, oposição sem ódio de classe. Essa dicotomia entre os que são hoje uma raivosa direita e os que hoje nos governam, ditos de esquerda, chega a um grau de predatório enfrentamento. No absurdo dos absurdos criticam Dilma até pelo simples fato de não ter se manifestado sobre a renúncia papal. E por que deveria fazê-lo? Procuram chifre em cabeça de cavalo. De insanos já os vejo como hilários, pois a sério é que não devem ser levados. Não conseguem mais fazer nenhuma crítica construtiva, estão despirocados. Lamentável ortodoxismo.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

FRASES DE UM LIVRO LIDO (66)

A DOR QUE SENTI RELENDO “MALAGUETA, PERUS E BACANAÇO”
Após quase uma semana trabalhando fora de Bauru, de ontem para hoje enfrentei uma longa viagem, quase 750 km de estrada dentro de um ônibus. Foi ali que aproveitei para me desplugando do mundo virtual reler um livro dos mais saborosos, o “MALAGUETA, PERUS E BACANAÇO”, de um escritor que adorava escrevinhar sobre a marginalidade brasileira, os que vivem à margem, quase apartados do dito convívio normal. JOÃO ANTONIO seu nome, uma pessoa que tentarei reler tudo o que escreveu ainda nesse ano. Consegui todas suas obras do acervo do meu falecido sogro, José Pereira de Andrade, um devorador de literatura. Logo na abertura do livro, algo que me tocou significativamente, o texto de abertura, transcrito aqui com alguns cortes e escrito na Boca do Lixo, São Paulo, janeiro de 1963:

“Sobre o meu nome poderão se ouvir as melhores e as piores coisas. Jamais acreditem. Uns costumam dizer – ‘Não presta’. Outros – ‘É uma boa pessoa’. Ainda há aqueles que dizem que escrevo bem. Estejam tranquilos, que esses três tipos são inofensivos como passarinhos. Apenas boa gente que fala demais. Agora, há um grupo que se expressa – ‘É um belo rapaz’. Quanto a esses eu recomendo à boca pequena – ‘Muito cuidado!’. Ali estão os que fazem elogios tontamente e traição cruamente. Para começo direi que temo o julgamento desta conversa deste aqui. Provavelmente, dirão que estou fazendo pose e armando uma presepada bruta para entretê-los e, o meu livro aparecido. (...) Escrever é um ato de coragem e humildade. Não estou, pois, para truques. (...) Qualquer boteco é lugar para se escrever quando se carrega a gana de transmitir. Gana é um fato sério que dá convicção. (...)Tudo o que tenho feito em minha vida apenas tem me dado noções de minha precariedade. Um sentimento de falência, certo nojo pela condição dos homens e até ternura, às vezes; quase sempre – pena. Mesmo nas etapas das quais saio vitorioso, nunca se afasta o gosto da frustração. Competir para mim é imoral, portanto: profissional, amorosa, familiarmente, meus acontecimentos não tem me preenchido nada. De transitoriedade e de insuficiência tem-me sido essas coisas do amor, da profissão e da família. A verdade é que não consigo comunicação. Nem o exterior comigo. Eu não aprendo a aceitar nada pela metade. E é este sentimento de culpa que me fica. Agarrei-me à literatura aos onze anos. Neste amor já houve longos espaços de paixão maluca e houve esmorecimentos explicáveis, que eu, com estes meus arrebatamentos só apronto confusão. E levo tanta aflição por dentro. Mas é o amor de sempre. E vou caprichando que, afinal, a literatura é a minha única terapêutica. A alquímia literária me esgota. Qualquer página me custa. Escrever é outra dimensão e é única comunicação de verdade com o mundo porque falando com as pessoas, eu não me consigo transmitir. E quanto tento... (...) Tenho levado castigos mas tenho esperanças. Um malandro, meu amigo, me dizia:
- A gente cai, a gente levanta, na queda já se aprendeu. Pode ser que ali na esquina a gente dê uma sorte.

Parece-me que tenho uma das mais puras bossas para a malandragem, entre as muitas que vi. Mas nunca vi ninguém com tanta vocação de otário. Logo, minha vida é um trapézio. Mas a minha responsabilidade é grande – eu não tenho rede que amenize as quedas. Para mim, certas fugas não valem. Os porres resolvem os problemas do dono do bar. E certos vícios, com autenticidade, são até virtudes. Não declinarei número de sapato, nem de colarinho, peso, e derivantes porque realmente não sei. Não quero detalhar minhas amizades malandras, que isto não é novela. E tem mais duas propriedades – não sou besta e nem delator. Mas foi lá. Nas beiradas das estações, nos salões do joguinho, nos goles dos botecos, que via a Malagueta, Perus e Bacanaço”.

Eu chorei sozinho lendo isso e me vejo em muito do que ali li. Eu sou um pouco disso tudo. Como eu gosto de João Antonio, demais da conta. Queria que todos soubessem disso. 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

FRASES (101)

O DINHEIRO ESTÁ CHEGANDO, MAS QUEM IRÁ CUIDAR DELE...
Três notas da coluna diária Entrelinhas, do Jornal da Cidade de ontem chamam muito a atenção. Reproduzo o texto de todas e depois o pitaco desse mafuento escrevinhador:

1.) R$ 118 milhões - Esta coluna apurou, de fonte segura, que já está aprovado tecnicamente no Ministério das Cidades, em Brasília, e prestes a ser anunciado um repasse de R$ 118 milhões, a fundo perdido (prefeitura não precisa pagar), para o tratamento de esgoto de Bauru. A liberação do dinheiro seria publicada no Diário Oficial da União ainda nesta semana, mas por uma questão de agenda da presidente Dilma e da estratégia de divulgação a confirmação oficial deverá ocorrer na próxima semana, já que o pacote, do PAC Saneamento, envolve cidades do Brasil inteiro”.

2.) “Longo caminho - Se for confirmada a liberação, será uma grande notícia para a cidade, que poderá, enfim, tratar o esgoto, obra de grande porte que falta para que Bauru deslanche de vez como novo polo de atração de investimentos do Estado mais rico da federação. Trata-se de um processo político e técnico que começou há anos e que envolve a participação de muita gente. O anúncio será feito pelo prefeito Rodrigo Agostinho, que aguarda apenas um contato oficial de Brasília”.

3.) “Cidade vigilante - Mais importante do que os louros políticos pela liberação de algo que é obrigação do governo, e não motivo para marketing partidário ou pessoal, é a forma como o processo de aplicação do enorme volume de dinheiro será conduzido e, acima de tudo, fiscalizado pelo povo. O mais recomendável é que a prefeitura, que vai licitar as obras, componha uma comissão de alto nível, formada por setores representativos da cidade, sem interferência do poder público, a fim de acompanhar e garantir a transparência de todo o processo. Estaremos de olho, com lupas, lunetas e telescópios!”.

MINHA OPINIÃO: Essa liberação já era dada como certa e corria comentários de que o PT bauruense queria por que queria manter um nome só seu lá na Secretaria de Obras da Prefeitura, tão somente por causa da administração desse vultoso valor. O dinheiro parece que está prestes a chegar, o esgoto bauruense necessitando mesmo de algo de concreto, substancioso e imediato. Ponto para quem consegui trazer o recurso. O segundo momento é o mais importante, a administração do recurso. Como a nota do JC ressalta, deverá ser motivo de muita disputa, briga fratricida. Cabe ao prefeito saber usar isso tudo sem o envolvimento, onde nada possa merecer críticas. A cidade estará atenta, aliás, atentíssima para o bom uso disso tudo. O dinheiro está chegando a fundo perdido e se algo acontecer e ocorrerem desvios e usos para outras finalidades, a grita será imediata. Nada de gastos também a “fundo perdidos”. O melhor é o prefeito assumir para si essa responsabilidade e não deixá-la a cargo de sua vice-prefeita, afinal ele é o Chefe do Executivo. Ele bem sabe das necessidades de Bauru e de que se tudo ocorrer a contento, essa será uma das marcas positivas de sua administração. Eu, na qualidade de população ribeirinha de Bauru, morador nas beiradas do rio Bauru, clamamos todos há décadas pelo tratamento de esgoto na cidade e não será agora, com a provável chegada do recurso, que desviaremos os olhares de atenção e daremos trégua. Agindo de forma inclemente no quesito observação de como será gasto cada centavo, estaremos ajudando em muito o Sr prefeito. Ele que faça bem feito a sua parte, que nós do lado de cá faremos a nossa, afinal todos sabemos que “seguro morreu de velho” ou ainda o refrão de uma boa e velha letra musical profetizando que "dinheiro na mão é vendaval".

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

BAURU POR AÍ (79)

A FISCALIZAÇÃO QUE FECHA UM E MANTÉM O OUTRO ABERTO. E O CASO DO HOTEL...
Tento acompanhar a luta do Paulão Penatti para reabrir o seu Armazém Bar (Epa, o Armazém não é nosso? Temos usucapião dele, viu!) e seu desabafo de que para fechar sua casa noturna foi um vapt-vupt, mas para reabri-la está sendo algo espinhoso. Ele não reclama,só constata. Uso o exemplo dele para falar de tudo o que está a ocorrer na cidade. Fiscalização toda pessoa sensata acredita que sempre ela deveria estar ocorrendo dentro de parâmetros legais. Ninguém é contra uma fiscalização em cima das casas noturnas, como a que ocorre hoje, mas algumas perguntas precisam ser feitas, principalmente aos responsáveis pela canetada em Bauru:
- Como ela era feita até um dia antes da tragédia de Santa Maria?
- Todas essas casas noturnas que foram fechadas haviam passado pelo crivo da fiscalização em Bauru ou isso somente foi feito agora?
- Por que na existência de alguma irregularidade, elas não foram fechadas há mais tempo?
- Existe algum diferencial entre uma vistoria num estabelecimento privado e num público?
- Por que só os estabelecimentos privados estão sendo fechados e nenhum privado, alguns em situação deplorável?
- A fiscalização que ocorre em Bauru usa de dois pesos e duas medidas no exercício de suas funções?

Poderia me estender em tantas outras perguntas, a maioria me deixando incrédulo. Não concordo com essa caça às bruxas nesse momento, ainda mais com caráter moralizante como a percebo. Isso demonstra algo surreal e me desculpem quem promove as vistorias e fiscalizações, mas denota que algo estava sendo feito, como se diz na gíria, “nas coxas”. Daí a revolta de comerciantes como o Paulão, que deve estar engasgado com todas essas perguntas sem resposta, sem poder fazê-las a quem de direito, afinal quer só reabrir sua casa. Ele e tantos outros. Não defendo nenhum deles, mas também não posso passar a mão na cabeça de quem é pago para fiscalizar e estão hoje aparecendo em todas as fotografias, como guardiões da coisa certa. Tem muita coisa ainda sem reposta e explicação.

 
Esse escrito todo tem mais um questionamento a fazer. Só mais um. Passados alguns dias do espalhafato constato que o caso mais escabroso no caso fiscalizatório em Bauru foi o ocorrido com o HOTEL  SAVASTANO (seu nome original), aquele encravado ali no cruzamento da rua Monsenhor Claro e avenida Rodrigues Alves. Até as pedras da praça Machado de Mello sabiam que ali estava sendo ocupado por gente que não tinha onde passar suas noites, mas ninguém podia imaginar que ali estivessem sendo alocadas famílias encaminhadas pela SEBES – Secretaria do Bem Estar Social. Justo a presidida pela sempre presente Darlene Tendolo, pessoa atuante, dedicada e com um belo currículo de trabalho no quesito social.  Ela que me desculpe, mas nisso aqui a cidade inteira ficou sem entender e pergunto: É mesmo verdade que a SEBES colocava famílias naquele abandonado pardieiro? Justo a SEBES que promove uma intensa ação no restabelecimento da degradada vida dos sem teto, dos miseráveis e dos desvalidos. Estou incrédulo desde que li a notícia nos jornais e mais com a pífia resposta. Mais um pouco incrédulo com a atuação da fiscalização, a daqueles que estão gostando de aparecer em fotos e mais fotos e quando lá estiveram, constatam tudo, viram as costas e tudo continua como dantes. Até surgirem novas denúncias e só aí tudo é devidamente lacrado. Tem gente precisando dar explicações para essa cidade. Esses fatos não podem cair no esquecimento, pois estão a correr Brasil afora. E quem estaria a fiscalizar nossos fiscais?

Leiam a denúncia que escrevi sobre a utilização do Savastano (prédio tombado pelo CODEPAC) em 12/10/2012,clicando a seguir:  http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=hotel+savastano 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

DIÁRIO DE CUBA (60)

CRIADOR DE CASO, ONDE GOSTARIA DE ESTAR POR ESSES DIAS
Yoani Sanchéz, o blogueira cubana, criadora do indefectível Generación Y aportou no Brasil, numa viagem ao exterior por, segundo o que leio, aproximadamente 80 dias. Tenho uma infinidade de críticas ao papel exercido por essa blogueira. Ela diz sofrer censura no que faz, mas isso não ocorre, pois diretamente de Cuba propaga um blog recheado de ofensas à Cuba, tudo permitido. O governo cubano não quer é financiar algo, feito por alguém que só lhe diz mal e ainda bancar isso. Ela que banque ao seu modo. Isso ela faz, não comprova renda nenhuma dentro de Cuba, vive bem, gasta muito, produz seus textos livremente e não explica muito. Seu negócio é confundir. Está claro ser financiada por agentes externos. Cuba permite isso. Portanto não vejo onde está a ditadura e liberdades diminuídas tão propalada.

Ele veio bater seu tambor aqui no Brasil e o fará em outros tantos países, mas não pode impedir a ocorrência de protestos. Ontem, quando iria participar em Feira de Santana do lançamento de um documentário falando mal da ilha cubana, teve de suportar os manifestantes contrários à sua presença e principalmente ao papel cumprido pelo que faz, a de lacaia de interesses contrários ao regime e a projeção acabou sendo cancelada. Minha conclusão é a de que o número de manifestantes contrários era muito maior do que os favoráveis. E que assim o seja por todos os lugares onde passe. O desgravo ficou comprovado.

Gostaria imensamente de poder estar presente onde essa pessoa estivesse e participando dos protestos. Teria cartazes mil para levantar. Ainda ontem diante dos protestos, ela saiu-se com essa: “Quero esta democracia no meu país”. Seria bonito, se não fosse falso. O termo democracia é hoje utilizado de várias formas e conveniências, adequando-se às necessidades de ocasião. Pérfido isso. Ela mente, pois a vejo participando de vários protestos em seu país e sem nenhuma repressão. Exemplifico esse negócio de democracias. Imagine um latino dentro dos EUA, sem emprego aparente, vivendo de brisa, com um blog escachando com todo o sistema político norte-americano, como seria a reação do governo daquele país. Por bem menos, cinco cubanos estão presos como espiões dentro do território dos EUA. O que nossos jornalões pregam é que um tipo de democracia vale para os seus interesses e do capitalismo e outro oposto vale para situações como essa. Dois pesos e duas medidas. Cai nessa quem quer, bobo da corte, fantoche de plantão ou isso tudo também atende seus interesses. Um dos países menos democráticos hoje é os EUA, exemplos é o que não faltam.

Cuba não é nenhum primor, como nem nós, nem os EUA, nem ninguém hoje o é. O diferencial de lá é que vivendo num cruel bloqueio há mais de 50 anos, sobrevivem e apresentam soluções que nós não as temos. Seriam fantásticos desbloqueados. Não existe criança mendigando nas ruas cubanas, a saúde é decente, a educação idem, etc e etc. Isso incomoda, porque no mundo onde o dinheiro é o dono, tudo é feito na base da grana, pagou levou, não pagou não levou. E lá isso não existe, o povo tem isso gratuito, água, luz, telefone, transporte, tudo subsidiado. Impensável num mundo movido a grana. Ela, a blogueira, não tem importância nenhuma, não empreende luta valorosa nenhuma. Ela simplesmente prega o fim do regime cubano e que tudo seja regido pela grana. Não faz o que faz sozinha, muitos a bancam, pois não vive de brisa. Esse seu papel e confesso, pararia tudo o que faço nesse momento para estar nos lugares por onde ela passaria para gritar junto aos manifestantes e me posicionar contra a presença de pessoa tão vil. Prega sim, o caos e uma Cuba muito pior do que a possível hoje.

É nessa agitação que gostaria de estar nesse momento, mas tenho que suar a camisa do lado de cá e pagar minhas contas, muitas em atraso, credores mil, todos sequiosos pelo pouco que consigo amealhar. Ela, ao contrário, ganha muito e dos que querem ver Cuba integrada a esse cruel sistema, onde seu povo passe também a ter que correr desesperadamente por grana e mais grana. Deixem Cuba em Paz e o melhor mesmo é desmerecer essa tal de Yoani, pífia lacaia de interesses espúrios. A democracia que ela quer para seu país é o que de pior poderia lhe acontecer nesse momento. Vamos dar menos importância a tão insignificante persona. E é claro, protestar em alto e bom som. É o que faço aqui de minha modesta trincheira.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (50) e DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (47)


ALGO PRECISA SER FEITO CONTRA LEI IMPEDINDO ACESSO LIVRE AO CALÇADÃO
Leis feitas para favorecer poucos ou para guarnecer interesses que não os coletivos, ainda mais quando ferem direitos constitucionais precisam mesmo é serem combatidas. Uma delas esteve novamente à baila durante o Carnaval bauruense. O bloco carnavalesco BAURU SEM TOMATE É MIXTO querendo descer o Calçadão da rua Batista de Carvalho, em suas sete quadras hoje sobre o manto protetor (sic) de uma tal de Comissão Municipal de Estudo para a revitalização da Àrea Central, antigamente conhecida como Associação doas Empresas do Calçadão, hoje guarnecida pela Lei 6269/2012, dando “destinação especial às quadras 1 a 7 e disciplinando sua utilização, transferidas da categoria de bens de uso comum para bens de uso especial”, teve inicialmente autorização INDEFERIDA e só posteriormente autorizada, após interferência do Secretário Municipal de Cultura, Elson Reis.

Guardião, o super-herói de Bauru, prestes a se lançar nas bancas na edição nº 2 de seu gibi, dessa vez versando contra as erosões, deu um breque em tudo e foi espiar o cordão de isolamento em volta do Calçadão: “Arame farpado pontiagudo e cortante, isso sim. Precedente perigoso demais em se tratando de vivermos dentro de uma democracia, com a Constituição prevendo uso livre, leve e solto de ruas e praças pelo povo pátrio. Isso me cheira a gueto e a favorecer interesses contrários aos previstos no próprio nome da entidade que diz administrar tudo, a propor uma Revitalização, que não ocorre. Quem aprovou isso sem questionamentos precisa ser enquadrado, questionado, cobrado e os atuais vereadores instigados a reverem essa aberração jurídica”, são suas palavras fazendo um sinal de positivo para um alusivo corte no tal arame farpado, quando da tranqüila e alegre descida do bloco pelo até então “quase” proibido lugar público.

Quando escrevo quase entre aspas, isso faz sentido. Guardião explica: “O vereador Roque Ferreira é um batalhador no quesito boicote à essa lei, pois sua banca política, todo sábado no Calçadão sofreu problemas mil, peitando até se impor, lá permanecendo, não numa afronta, mas fazendo valer lei acima da municipal. Tantos outros tentaram fazer o mesmo, alguns conseguindo, outros não. A luta é antiga, a lei mais antiga sobre esse tema é do ex-vereador João Parreira de Miranda e foi amplamente combatida por um grupo de artistas locais, gerando ampla divulgação pela imprensa. Quase foram presos por fazer arte naquele local. Reviver isso é fazer o que tem que ser feito agora, cortar e extirpar esse arame farpado de vez da vida do bauruense”.


O fato é o relatado a seguir. Em 1996, portanto, passados exatos 17 anos, o problema já existia. Naquele ano o grupo teatral “Sylvia que Te Ama Tanto” foi levado à presença da autoridade de plantão para explicar dos motivos de produzir arte na rua e querer baterem de frente com legislação proibitiva. Era necessário um alvará de autorização para qualquer coisinha feita fora do script no Calçadão e o grupo, claro, não iria lá se preocupar com isso. Mariza Basso, integrante do grupo até pediu autorização (seu diretor era Marcio Pimentel), mas enfrentaram problemas mil de desautorizações, vigentes até hoje, com uma renovada lei. Tinham, assim como hoje, para botar o bloco nas ruas, ter que enfrentar a burocracia (ou seria burrocracia?). Nas fotos, ela, Julio Hernandez, Val Rai (falecido), Márcio Pimentel e Damaris Villaça, no contundente texto Jorge Miyashiro Junior, ator, hoje na paulistana Cia Trucks. Clicando em cima de cada foto, ela ficará imensa, sendo possível sua leitura.

“É simples”, conclui Guardião. “Enquanto vigorar uma draconiana lei como essa, enfrentamentos serão inevitáveis. Que esse último, a autorização para descida do bloco seja a gota d’água, servindo para arejar mentes e livrar o Calçadão, nossa mais movimentada via urbana de tão repugnante cerca. Aceitando tudo calado, daqui a pouco muitas outras áreas de destinação especial entrarão em vigor e isso será o caos”.

Obs.: Desculpas coletivas. No corte do arame deveria estar uma mão coletiva e não somente a desse barbudo senhor. Gonçalez desenhou assim, mas o bloco não possui (e não deverá possuir nunca) um só comandante, sendo objeto de uma ação coletiva, desorganizada, desintegrada e festeira. Do contrário, não teria sentido e nem conseguiria sair. Quer dizer, não existem donos e aos cobradores, credores e questionadores fica a deixa: tentem encontrar um de nós.