domingo, 30 de junho de 2013

ALFINETADA (112)

APONTAMENTOS DA PERIFERIA DE PIRAJUÍ - MAIS TRÊS TEXTOS DE 2000 RESGATADOS
Mês a mês vou resgatando, de três em três, os meus antigos escritos publicados n'O ALFINETE, de Pirajuí SP. Nesse último dia de junho reproduzo os de nºs 98, "A Casa da Eni", de 13/01/2001, nº 99, "Vai uma Cachacinha aí?", de 20/01/2001 e por fim o de nº 100, "Político não é Deus: Vamos acompanhar esse pessoal", de 27/01/2001. Treze anos e meio atrás...

FRASES DE UM LIVRO LIDO (70)

AS RUAS DE HOJE E A COMPARAÇÃO COM “BOCA DO INFERNO”, ROMANCE DE ANA MIRANDA

Gosto de ficar sempre reafirmando que as mazelas desse país estão aí latentes desde a Colônia. As grandes transformações que esse país tanto necessita são sempre impedidas de acontecer por causa de uma cruel e insana “casa grande”, tratando o resto do país como “senzala”. Sempre foi assim, hoje só uma repetição de ontem e de anteontem. Como hoje é domingo, achei na estante da parca biblioteca do mafuá, um livro que li há tempos, o ‘BOCA DO INFERNO’, da excelente cearense ANA MIRANDA (Cia das Letras, 2004, 336 páginas) e lá uma amostra de como as crueldades todas permanecem intactas. “Numa suave região cortada por rios límpidos, de céu sempre azul, terras férteis, florestas de árvores frondosas, a cidade parecia ser a imagem do Paraíso.
Era, no entanto, onde os demônios aliciavam almas para povoarem o Inferno”, diz a autora no epicentro da trama do romance. Falta ainda ao Brasil algo parecido com a revolução Francesa. Nem isso ainda vivenciamos, tal a lei do chicote predominante desde o nascimento dessa nação. Quero exemplificar isso, conclamando todos à leitura desse belo livro ou simplesmente a essas poucas linhas a seguir. Elas são o texto da orelha, a apresentação do que venha a ser essa tal de Boca do Inferno. Escrita por Antônio Dimas, deixa claro que, numa comparação até simplista, o que a mídia brasileira prega hoje como ajustado para o país é a sua dependências a eles, conluio da retórica, do pieguismo e da hipocrisia. Leiam:

“Com Boca do Inferno, ambientado na Bahia, em plena efervescência mercantilista do século XVII, Ana Miranda restaura os cacos de um país popularmente tido como pacífico, substituindo essa mentira calcificada por uma de caráter ficcional, mais consentânea com a verdade histórica. O assassinato ao alcaide-mor é mero pretexto fabular para dividir em duas a sociedade baiana de então: perseguidores e perseguidos. O que interessa mais é a capacidade paradoxal que o evento carrega, porque desperta a vida naquela sociedade. Desencadeia-se o furo persecutório do pode restabelecido que não recua diante do ilegal e o ilegítimo para agarrar supostos culpados, cujo motivo único de suspensão advinha do uso constante da palavra incandescente. A perseguição intensa leva o leitor pelos meandros da política, dos conluios e dos conchavos, bem como pelas
vielas tortuosas de uma cidade (...), espelha de modo exemplar o sinuoso da vida colonial brasileira. Sob uma aparência de normalidade esconde-se um mundo turbulento, carregado de ambições, de falcatruas, de sensualidade, de religiosidade e de sexualidade desenfreada. Numa sociedade em (de)composição, o priapismo de Gregório de Matos encontra seu correlato tanto no furor verbal de Vieira quanto nas arbitrariedades sistemáticas da caterva do governador. Do antagonismo que se constrói entre ambas as facções surge um conjunto social em que o Poder identifica-se necessariamente com o Mal, porque dele não se espera outra coisa que a corrupção e a venalidade. Para combate-lo em seus excessos senão a esperança da Palavra. Da boca de Vieira, o verbo polido, desdobrando-se numa sinonímia infinita e espiralada que encontra paralelo inverso nas várias modalidades da prevaricação governamental. Da boca de Gregório, o jorro desmesurado de uma linguagem que, por aversão ao meio, não se peja de refleti-lo de modo espetacular. Daí seu caráter popular, porque mais rapidamente assimilável, o que gera o fastio externo da camada culta”.


Falta só o papel cruel da mídia para uma comparação exata e precisa. Só isso, nada mais.

sábado, 29 de junho de 2013

MEMÓRIA ORAL (144)

GEREBA E A PROCURA PELA ORIGINAL MÚSICA BAIANA

Fui conhecer Salvador, a capital baiana no começo desse mês, entre 05 e 09 de junho e algo que fiz questão de conferir foi uma verdadeira garimpagem pela busca da autêntica música baiana e alguns dos seus intérpretes. Tive a oportunidade de conferir e vivenciar experiências alvissareiras. Nas rádios, confesso, foi difícil achar música ao estilo MPB, pois a tendência de lá é algo num ritmo baiano axé, com muitas rimas de duplo sentido, predominância do desprezível. Fugi disso, como fujo aqui onde moro do sertanojo, algo repugnante, anestesiante e imbecilizante. Mas tive sorte, pois eu e Ana Beatriz Pereira de Andrade, companheira de todas as horas, caímos de boca no velho e bom estilo baiano, que aprendemos a gostar e ouvir desde quando nos conhecemos por gente. Conto as surpresas e reencontros dessa saga pela busca da verdadeira música baiana.

Na chegada, abertura do 22º Compós – Encontro Anual da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Comunicação, motivo de nossa viagem, o show de abertura foi uma preciosidade, com a apresentação da Orquestra Afrosinfônica Baiana (www.orquestraafrosinfonica.blogspot.com), regência do maestro Ubiratan Marques, mesclando algo sui generis da cultura afro-brasileira. Inebriante, não só a mistura, mas um coral divinal com uma cantoria para endoidecer gente sã. Isso, como verão, foi só o começo. Aqui a descoberta logo de cara de algo bem baiano e musical, quando me deparei no meio da festa com um quiosque exclusivo para a venda de CDs de música baiana e nordestina, montado pela gravadora, a “Circuito Motiva – Ações promocionais para a Música” (www.circuitomotiva.com.br), desde 2001 promovendo artistas independentes em eventos na capital baiana. Escolhi um, ajudado pelo divulgador e trouxe algo que depois me encantei, o “Responde à Roda”, da paraense Cláudia Cunha (http://www.claudiacunha.com/#/home).

Na segunda incursão, vasculhamos a parte da agenda cultural dos jornais e na noite de 07, sexta, no bairro do Rio Vermelho, um reduto de resistência da boa música, com bares mil, alguns com a sempre saudável MPB baiana. Visca Sabor & Arte é um bar à moda antiga, casa de dois pavimentos e na parte superior, piso de ladrilhos recortados, mesas de madeira espalhadas e um palco circundando tudo. Ali quem encantou naquela noite foi uma velha conhecida dos baianos, Virginia Luz (www.myspace.com/virginialuz), que num certo momento diz lá do palco: “Agora que aposentei, canto o que quero e com mais empolgação”. Além de cantar sucessos conhecidos de todos, lançou um mini CD com quatro canções suas (dentre elas Planeta Dez) e o distribuiu gratuitamente para os presentes. A cantoria de mesa em mesa foi saborosa, do mesmo nível que a especialidade da casa, tapioca.

Na noite seguinte, 8, sábado, diante de opções com altos gastos e outras de gosto duvidoso, sempre na busca pela batida da MPB, a opção recaiu sobre uma apresentação no SESI Rio Vermelho, Bar Varanda, com o grupo Barlavento (www.barlaventosambaderodacom e www.myspace.com/barlavento), o show “Gonzagão também samba”. Gastamos o que consumimos, mais R$ 10 reais cada, recolhidos de mesa em mesa. De cara algo que gostamos muito, eles estariam trazendo ao palco três convidados, dois já conhecidos de longa data. O ritmo do grupo e a cordialidade do seu mentor, Hamilton Reis é magnetizante. Proseador, nos fez dançar ao ritmo da música que leva o nome do seu CD, “Mariscada na Roda”, ali comprado. Quando fui comprar o CD e lhe disse que tínhamos sorte em Bauru pela existência de uma rádio universitária onde ouvimos muita MPB. “Pois então leve um CD nosso e os apresente a eles. Espalhem essa baianidade entre os paulistas”, nos diz.

Escrevo algo rápido de dois convidados e deixo um algo mais do último. Jota Veloso (www.myspace.com/jvelloso e j-velloso.blog.uol.com.br) é muito mais do que o irmão do Caetano, sendo mais conhecido como compositor e produtor musical. Foi o único que não tive o prazer de conversar, mas me encantei com sua cantoria, revivendo com o acompanhamento do Barlavento alguns dos seus sucessos. Falou de cada canção e extasiados ficamos, chegamos até a dançar. Depois foi beber com o cotovelo encostado no balcão do bar e de longe ouvíamos suas histórias e estripulias. Não conhecia Jonga Lima, mas ao ouvi-lo é desses amores à primeira vista. Versatilidade em pessoa, translucido e batuta. Conversando com ele fico sabendo manter um programa na rádio Educativa, o Brasil Pandeiro, todo domingo, 9h (https://www.facebook.com/BrasilPandeiro) e toda terça apresenta num bar o espetáculo “Circo, Choro e Riso”, com muito Sambatronica, sua especialidade e nome de uns dos seus CDs. Ouçam o “Farinha pouca, meu pirão primeiro”, clicando no www.myspace.com/joaojongadelima. A internet está infestada de coisas maravilhosas de ambos, basta pesquisar e o encantamento vai despontando aos borbotões.

E vamos aos finalmentes. O terceiro convidado do Barlavento é um velho conhecido desse mafuento escrevinhador, Gereba (www.gereba-barreto.com), um dos violinistas mais respeitados da música brasileira. Esse é estradeiro de velha cepa, violeiro dos meus tempos de juventude. Tenho aqui no mafuá um velho LP, “La Nave Va”, 1986, não dele sozinho, mas de uma dupla, o Bendengó, onde atuou ao lado Capenga. Como o show ali revivia Gonzagão, ano do seu centenário de nascimento, nada melhor do que Gereba estar presente, pois acaba de lançar um CD, o “Lua do Gonzaga – Gereba Barreto & Convidados”, só com valsas do reio do baião. Isso mesmo, valsas, acredite se quiser. Fiquei encantando por revê-lo dessa forma inusitada. A cantoria no palco me fez reviver décadas atrás, tempos da tropicália e de todos os baianos que o movimento me possibilitou conhecer. Em cinco canções, fiquei ali meio boquiaberto, extasiado.

Quem passeia de mesa em mesa nesse momento é a irmã do compositor, acho que sua maior divulgadora, empunhando o CD. Senta para uma breve prosa e revela das andanças do mano nesses tempos todos. Depois vou me sentar ao lado dele, escuto mais que falo. Conta histórias de sua Monte Santo, cidade natal, deixa comigo seus telefones, e-mail e pede para que adentre seu site, escreva para ele, pois quer ver se a tal rádio bauruense que havia lhe dito, a Unesp FM, reproduz a série de programas gravados das apresentações na UMES, “Serenata na UMES Gereba Convida”, acontecidos em Sampa de 1996 a 2001.”Decidi que estas valsas e os choros tinham que sair do anonimato e resolvi passa-los para os nossos queridos poetas Fernando Brandt, Zeca Baleiro, Abel Silva, Carlos Pitta, J. Velloso, Maciel Mello, Lirinha, Bené Fonteles, Xico Bezerra e Tuzé de Abreu”, escreveu no texto que abre o encarte do disco.

O encantamento desse modesto escriba com Gereba é por tudo o que sei representar para a música que gosto e ouço no meu dia-a-dia. Ele é compositor, arranjador, cantor, produtor e instrumentista. Quando isso tudo está tudo junto e também misturado, sai de baixo que lá vem coisa da boa. No final de tudo, mais papos rolaram, conversas sobre outras possibilidades, a troca gentil de endereços virtuais e o acarinhamento que o artista tanto precisa, sem bajulação, mas o do reconhecimento. Fiz isso com todos e certamente, saimos da Bahia, eu e Ana, cientes de termos feitos ótimas escolhas no cenário musical na cidade. Já em Bauru, gasto os CDs trazidos de lá aqui nas vitrolinhas de casa e no carro. Aguardava só o momento de passar tudo isso para o papel e agora já posso contatar meu amigos da rádio Unesp e repassar os mimos baianos, com efusivos pedidos de reprodução para todos seus ouvintes.

Eis algo mais do show: http://www.noticianahora.com.br/ba/noticia/jota-veloso-gereba-e-jonga-lima-sao-os-convidados-do-barlavento-neste-sabado-07/137309#.Uc7retI3tKA
OBS.: Esse texto deveria ter sido publicado na primeira quinzena de junho, mas pelos desdobramentos do movimento do povo novamente ocupando ruas e praças, acabou adiado e o está sendo somente agora. E com louvor.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

INTERVENÇÕES SUPER-HERÓI BAURUENSE (56)

O SUPERFATURAMENTO QUE ACONTECE LÁ PODE ESTAR SE REPETINDO PELO PAÍS TODO...
Guardião esteve muito atento (como todos) aos últimos acontecimentos país afora, com muitas repercussões locais. Uma delas chamou a atenção do super-herói bauruense, mais que outras. É que o nosso colorido personagem costuma sobrevoar a cidade de Bauru com frequência e observa algo similar ao que motivou muitos protestos em outros recantos do país. Veja o que ele pensa sobre o fato desses protestos por causa do superfaturamento dos estádios de futebol da Copa: “Tudo muito certo, os valores foram absurdos, a revolta tem todo o sentido. Mas por que estão cobrando só dos gastos nos estádios, se em qualquer obra realizada no Brasil suspeita-se que ocorra o mesmo?”. Epa! Seria isso mesmo?

Existe uma espécie de consenso que as empreiteiras brasileiras cobram um valor acima do que se realmente gasta e parte disso some misteriosamente nas entranhas burocráticas das obras. “E não só nas obras”, continua Guardião. “Interceptei um diálogo outro dia de um empresário cultural dizendo que para revender shows para entidades públicas já chega ciente de que uma parte fica ali, está embutido no valor final. Isso dos pequenos aos grandes shows”. Impossível generalizar, mas se isso ocorre, o protesto em volta dos estádios teria que ser estendido para todas as obras ocorrendo em todos os municípios, até que consigam explicar para a população a destinação de cada centavo empregado em gastos. “Quem é pago por nós para fiscalizar isso são os vereadores, mas como nem sempre o fazem, pelo visto o povo está demonstrando que pode fiscalizar melhor que eles”, diz Guardião.

Instigado por algo local, Guardião se mostra relutante em apontar o dedo para irregularidades, mas pede para a população ficar atenta e exigir maior clareza na prestação de contas de algumas obras. Cita duas e na mesma rua. “Observem só o que verifiquei sobrevoando a região da rua Bernardino de Campos. Duas obras com placas de valores destinados para cada obra. Na primeira uma Unidade de Saúde da Família, Jardim Jussara/Celina, obra complexa, cheia de cômodos, 430 metros quadrados, com gastos de R$ 893.723,38 e prazo de execução de 180 dias. Na outra, junto ao Padilhão, obra de pouca complexidade, Cancha de Malha e Bocha, com área total de 954 metros quadrados, como valor da obra estipulado em R$ 707.518,47 e prazo de execução de 120 dias. Uma pela outra, a cancha esportiva está cara demais, pois mesmo com área maior, trata-se de um salão sem grandes acabamentos (até porque consta lá ser uma reforma) e a da Unidade de Saúde, infinitamente mais detalhista. Isso aqui não é desconfiança em quem recebeu a grana e vai gerir a execução da obra, mas o valor de uma e de outra não poderia ser tão próximo”.

Sem entrar em detalhes e sem ouvir explicações, que certamente existem e podem ser compreensíveis, o que Guardião alerta para o fato levantado é que as obras todas ocorrendo no país devam merecer uma reavaliação, tanto por parte de quem libera a verba, como de quem executa e mais ainda de quem a recebe. “Ou o Brasil é passado a limpo num todo, ou os que protestam só com os gastos nos estádios, sem se atentar para tudo o mais à sua volta, estão promovendo um caça às bruxas só com um dos lados da questão, sem resolve-la num todo. Hipocrisia nessa hora é o que menos necessitamos e levanto a lebre, para que cada cidadão fique atento a todas essas placas, em todas as cidades onde elas existirem e passem a exigir explicações convincentes sobre a destinação ode cada centavo nelas empregados”, conclui.
OBS FINAL: Esse mafuento escriba e Leandro Gonçalez, idealizador do heroico personagem comungam da mesma ideia e opinião.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (31)

O MAFUENTO FALA SOBRE O PAPEL DOS CONSERVADORES NAS RUAS BRASILEIRAS

O Brasil está aí fora da janela de casa e em plena convulsão. Eu saio de vez em quando para espiar/participar e aqui em Bauru ainda não noto tanta coisa, até porque os jovens revolucionários (sic), que foram às ruas da última vez, ao invés de fazerem algo de concreto em forma de protesto, preferiram desfilar com toda galhardia pela avenida Getúlio Vargas, reduto point da cidade. Tivessem ido à Prefeitura, como era previsto encontrariam lá o prefeito e alguns secretários, que por lá permaneceram, mesmo com expediente tendo sido encerrado mais cedo, 17h, tudo para que os funcionários não tivessem problemas de reclusão no local. No percurso foi dito que nada mais teria ali além de muitos policiais e assim sendo, preferiram desviar a rota e seguir para lugar mais ameno. Essa informação de que o prefeito por lá permaneceu á espera dos manifestantes quem me deu foi o Entrelinhas do JC, numa nota pouco percebida, mas por mim muito bem observada.

Pois bem, o protesto em Bauru caminha desse jeito e modo. E o jornalismo da cidade como encara tudo? Decerto que o manifesto deu uma arrefecida nessa semana, mas muito já se conseguiu, como a derrubada da PEC 37 e o recuo da Dilma em prosseguir com o anseio de botar um plebiscito na rua. A grande mídia continua cumprindo maravilhosamente o seu papel de informar caolhamente tudo, segundo sua concepção de democracia e conforme os interesses patronais permitem. Em todo lugar é assim e aqui não é diferente. Parece existir uma espécie de consenso de que o PT descobriu a corrupção brasileira e com a eliminação dessa agremiação da vida política brasileira ela estaria extinta. Apostam nisso, mas sabem muito bem que o que de fato ocorreria seria uma mera troca de um grupo corrupto por outro. Outro sinal vindo das ruas e ainda pouco discutido de forma objetiva e lúcida é a da participação dos grupos conservadores, mais precisamente fascistas, incrustados no seio do movimento e fazendo de tudo para impor suas amalucadas ideias.

Poucos tocam nisso como deveria ser tocado. Vivenciei um outro lado dessa questão no dia de ontem quando recebi aqui no mafuá a visita da jornalista CLÁUDIA PAIXÃO, produtora da TV Universitária Unesp, disposta a me entrevistar para um programa da emissora, o UNESP CIÊNCIA. Perguntei sobre a pauta e ela foi objetiva: “Queríamos sentir o que pensam algumas pessoas sobre essa onda de conservadorismo que tenta se infiltrar e tomar conta do movimento das ruas”. Topei na hora. Marcamos para o mafuá. Tentei melhorar o visual no que pude, mas quando a trupe televisiva aqui chegou, bagunçaram ainda mais, tudo para montar um cenário aproveitável para gravação. Chegaram em quatro e na hora do jogo do Brasil X Itália na TV. Dois ficaram na sala assistindo ao jogo com meu pai e Cláudia, o cinegrafista e este que vos escreve, nos trancamos no mafuá e respondi a algumas perguntas preparadas como pauta do programa.

Os outros convidados para o programa foram o professor Celso Zonta, o Artur Faleiros do Fora do Eixo e o Tales Freitas do Protesto Jovem. Eis as perguntas:

- TANTOS PROTESTOS...TANTAS VOZES E MUITAS NECESSIDADES. VOCÊ ACREDITA QUE PODEMOS TER UMA REFORMA CONSTITUCIONAL?
- ERA MAIS FÁCIL COMPREENDER O BRASIL QUANDO HAVIA APENAS A ARENA E O MDB?
- HOJE, EXISTE ESQUERDA E DIREITA NO BRASIL?
- ESSA INEFICIÊNCIA POLÍTICA PODE TER GRANDE CULPA PARA QUE OCORRAM OS PROTESTOS?
- NÓS TEMOS VISTO MUITOS PROTESTOS EM TODO O BRASIL, MAS NO PASSADO JÁ TIVEMOS MUITOS OUTROS E ALGUNS ATÉ GERARAM MUDANÇAS...
- TIVEMOS A PASSEATA DOS CEM MIL EM 1968, A DIRETAS JÁ, O MOVIMENTO DOS CARAS PINTADAS...ESTES SÃO MOVIMENTOS LEMBRADOS E FALADOS NA MÍDIA CONSTANTEMENTE, MAS UM MOVIMENTO NÃO FOI LEMBRADO ATÉ AGORA: O MOVIMENTO INTEGRALISTA.
- VOCÊ ACHA QUE PODEMOS ESTAR VIVENDO A VOLTA DE UM NOVO INTEGRALISMO?
- POR FAVOR, FAÇA UM BREVE RESUMO DA HISTÓRIA POLÍTICA BRASILEIRA. E, DEPOIS DESTE RESUMO, COMO VOCÊ AVALIA ESTE MOMENTO QUE O BRASIL VIVE?
- UMA DAS FRASES QUE MARCAM OS MOVIMENTOS DIZ: “NÃO ME REPRESENTA" - O QUE REPRESENTA VOCÊ E O QUE NÃO TE REPRESENTA?

As respostas poderão ser vistas assistindo o Programa Unesp Ciência, domingo, 30/06, 11h, 
terça-feira, 02/07, 18h30 e na quinta-feira, 04/07, 14hs. Todos os programas, também ficam disponíveis no site www.tv.unesp.br. É uma voz resistente expelindo sua opinião.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

COMENTÁRIO QUALQUER (113)

MINHA REFLEXÃO PARA O DIA DE HOJE É ESSA - DESABAFO DE QUARTA - MADRUGANDO ESCREVENDO:
Pergunte para essa molecada e para muitos dos instigadores de plantão o que venha a ser PEC 37 e ouça a maravilhosa resposta que sairá de suas bocas. Eu quero mais é cutucar os problemas aqui de minha aldeia, pedindo uma CEI dos Transportes para por fim a ao benefício explícito e declarado a três empresas, que na verdade são uma só (cadê o MP que não vê isso?) e paralisam essa cidade, colocando a culpa nos injustiçados motoristas. O que mais me entristece é observar entre os que me rodeiam, como uma grande parcela desses se aproveita desse momento para declararem-se conservadores convictos, viúvas do golpe militar de 64 e adeptos do quanto pior melhor, tudo para verem de volta ao poder gente que tanto infelicitou esse país. Poucos são os que ainda conseguem fazer uma reflexão justa e compreensível de de como estava o país 12 anos atrás e como está hoje. Passaram um mata borrão em suas memórias e o que vale é descer a lenha num só partido político, o PT, como se o destruindo estariam eliminando a corrupção. A corrupção não nasceu nem morrerá matando só uma cabeça da hidra. E como cada vez mais poucos se dispõe a espezinhar os corruptos de Bauru, a maioria adora cutucar os de longe, mas se calam, se omitem a sequer citar os nomes e as falcatruas dos daqui. Se isso não for rabo preso, não sei que nome dou a isso. A charge (André Dahmer estreia no site de Carta Capital) é boa para começar essa quarta de futebol, quando todos nos renderemos à TV (Brasil x Itália, 16h). Como desejar a todos uma boa quarta diante de tudo isso? Tentemos, pois já sou visto entre muitos que me admiravam (ou que até então me cumprimentavam) como defensor do atraso, da imoralidade, do perverso, da corrupção... Não enxergam, não querem enxergar nada ou já se bandearam para o lado que preferem ver tudo de bom no que está nascendo. "Já vi esse filme, que saco, eu morro no fim", diz o poeta. Pois é. Escrevo esse texto após acordar e ler num dos meus e-mails algo vindo de uma pessoa até próxima, formadora de opinião: "Sua batata está assando". Que será que quis dizer com isso? Seria o início de um caça às bruxas? Pelo visto, sim.

HPA - Bauru SP

terça-feira, 25 de junho de 2013

UM LUGAR POR AÍ (38)

POR QUE SERÁ QUE ESTÃO DEIXANDO OS EMPRESÁRIOS DE ÔNIBUS ESCAPAREM DESSA?

Essa meninada do MPL – Movimento Passe Livre foi para as ruas e o país virou isso que estamos vendo. Não analiso nesse texto dos erros e acertos de ver novamente o povo na rua, das circunstâncias, essas coisas. Quero me ater a algo que havia pensado muito analisando o que ocorreu em todos os lugares onde o preço da passagem baixou. A pressão popular foi grande e os prefeitos não tiveram alternativa, recuaram diante de tanta gente nas ruas. Só que todo o ônus foi arcado pelo poder público e pelo que entendi nenhum pelos EMPRESÁRIOS. Estou sonhando ou é isso mesmo? Os empresários não estão tendo que arcar com nenhum centavo nessa queda de preços. Pensando igual a mim reproduzo um texto que li e que expressa bem isso que escrevo, publicado pelo site CARTA MAIOR em 23/06/2013. Reflexões sobre um dos lados da questão que está escapando de dar o seu quinhão e justamente o que não poderia deixar de fazê-lo. Aqui em Bauru o caso é mais gritante, pois os empresários não deixam nem a frota de 30% sair às ruas diante de uma greve de motoristas e a redução de R$ 0,10 foi anunciada como bancada pela Prefeitura. Leiam e vamos cobrar isso deles, talvez levando o povão para a porta de suas empresas.

E os empresários de ônibus?
Um ator foi praticamente esquecido nos protestos das últimas semanas: o empresário de ônibus. E não é preciso um esforço muito grande para perceber que o atual modelo redistribui renda a favor dos empresários. Os prefeitos, ao que parece, estão dispostos a assumir todo o ônus da redução, ou no máximo compartilhá-lo com outras esferas da administração pública, mas jamais com os empresários. Por Victor Leonardo de Araújo, da UFF

"Nos protestos que tomaram conta do país nos últimos dias, um ator foi praticamente esquecido: o empresário de ônibus. Entre os prefeitos que anunciaram redução da tarifa – ou melhor, o retorno da tarifa ao preço vigente antes dos aumentos – um elemento era comum ao discurso de todos: a passagem mais barata para o usuário é custeada pelo poder público na forma de subsídio às empresas, e por isso a alocação de maiores recursos nesses subsídios necessariamente implicará em corte de outras despesas – provavelmente os investimentos, que constitui a parte dos orçamentos de maior discricionariedade. A outra alternativa seria a criação de impostos ou contribuições adicionais, descartada devido à dificuldade política que propostas desta natureza embutem, neste momento delicado. A agenda foi permeada pelos debates a respeito da inexistência de uma política de transportes públicos, e na baixa qualidade do serviço ofertado à população. É evidente que a enorme insatisfação enseja um debate maior a respeito da ocupação do espaço urbano e na busca por soluções duradouras. Mas curiosamente, a solução para a demanda mais imediata, que foi a revogação do aumento da tarifa, foi encaminhada sem chamar à mesa o empresário de ônibus. Este ator ficou esquecido, como se não fosse ele o provedor do principal serviço de transporte coletivo urbano.

Até a tarde de sexta-feira, dia 21/06, a página principal da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) não registrava qualquer nota a respeito dos protestos ocorridos, como se nenhuma relação tivesse com os protestos. A mesma omissão observava-se na página do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo.

Quando se assume a priori que tarifas menores implicam subsídios maiores e cortes em outras modalidades de gastos, assume-se como dada a margem de lucro do empresário de ônibus, algo em que não se pode mexer. A revogação do aumento de passagem não acarretou nenhum ônus ao empresário de ônibus. O ônus recai inteiramente sobre as finanças públicas – e à população, que, na lógica perversa já assumida pelos prefeitos, terá que aceitar que menos recursos públicos sejam alocados em outros serviços essenciais.

Não é preciso um esforço muito grande para perceber que o atual modelo redistribui renda a favor dos empresários. O sistema tributário já é regressivo, porque a estrutura tributária é preponderantemente concentrada em impostos que recaem sobre a produção e o consumo, em vez de recaírem sobre a propriedade. Para as finanças públicas municipais, o quadro é ainda mais perverso, porque os municípios têm pouca capacidade de tributar a propriedade. Em suma, apenas uma parte muito pequena do custo do subsídio recai sobre os mais ricos – os que têm maior capacidade de pagamento e que utilizam-se de veículos particulares em seu transporte, e que por isso teriam de arcar com o maior custo. E o que é pior: a manutenção da margem de lucro do empresário de ônibus, mesmo depois de um momento de forte turbulência social, revela o enorme poder que este segmento possui. Os prefeitos, ao que parece, estão dispostos a assumir todo o ônus da redução, ou no máximo compartilhá-lo com outras esferas da administração pública, mas jamais com os empresários.

O quadro fica ainda mais grave quando se tem em conta que, de janeiro de 2000 a maio de 2013, o preços dos transportes urbanos subiram sistematicamente acima da inflação média. Os dados são os seguintes: a inflação acumulada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período mencionado foi de 133%; o sub-item ônibus urbano subiu 197%, e ônibus intermunicipal subiu 193%. Em 9 de 13 anos o sub-item ônibus urbano subiu mais que a média do IPCA, e desde 2006 sobe mais que o sub-item óleo diesel – salvo, curiosamente, os anos em que ocorrem eleições municipais, como em 2008 e 2012. Como a estrutura salarial dos motoristas, cobradores e fiscais aproxima-se das faixas salariais mais baixas – oscilando em torno de 1 a 3 salários mínimos – não é difícil inferir que o setor opera com margens elevadas.

Entretanto, as conclusões precisas somente serão feitas se as famigeradas planilhas de custos do setor (perdoem-me pelo lugar-comum) forem abertas e expostas à sociedade depois de devidamente investigadas em comissões parlamentares de inquérito e auditorias externas".

* Professor da Faculdade de Economia da UFF. E-mail: victor_araujo@terra.com.br

segunda-feira, 24 de junho de 2013

RETRATOS DE BAURU (142)

CLODOALDO VIVE DEBRUÇADO SOBRE O TEMA DIREITOS HUMANOS
Como sempre existe muita besteiragem sendo divulgada país afora sobre o tema Direitos Humanos, falemos dele. Tem quem confunda alhos com bugalhos e fique apregoando aos quatro ventos dele favorecer alguns e espezinhar outros. Gente da imprensa adora fazer isso. Besteira pura e fruto dos que gostam mesmo de confundir a mente dos incautos. A profundeza desse tema merece todo respeito e consideração, pois dá uma decisiva contribuição na proteção do ser humano. Alguns personagens destacam-se na divulgação e propagação de atividades sobre o DH, intenso trabalho para desmistificar o que de ruim alguns insistem em fazer. Num momento onde a Polícia Militar paulista ajudou em muito, pela continuidade de seus atos violentos, a fazer com que o povo se revoltasse, nada melhor do que conhecer um dos próceres sobre o tema.

CLODOALDO MENEGHELLO CARDOSO é uma das faces saudáveis dos Direitos Humanos em Bauru (outra é o advogado Gilberto Truijo). Esse hoje aposentado professor da Unesp Bauru virou um catedrático nesse tema e por causa dele criou e toca até hoje, mesmo fora do corpo docente da universidade, o Observatório de Direitos Humanos da Unesp, um local aglutinador para interessados no tema em Bauru e região. Qualquer um que sinta-se desinformado sobre o assunto ou esteja se achando um propagador de algo com informação não confirmada, deve ir em busca das confiáveis nesse local, uma ampla sala recheada de tudo o que se possa imaginar para tirar toda e qualquer dúvida existente. Essa menina dos olhos, não só do Clodoaldo, mas de todos lutadores pelo respeito ao DH trata-se de um programa da reitora, personificado num “espaço institucional acadêmico permanente de investigação, formação, divulgação e promoção da cultura dos direitos humanos”. Algo único, inusitado e ainda pouco conhecido e utilizado. Um oásis dentro de tanta barafunda inútil sendo versado pela aí. Não tem mais como dissociar um do outro, pois hoje o tema tem ligação umbilical com esse professor, tal a dedicação quase exclusiva ao tema. Para saber mais sobre ou informar-se sobre exposições, debates e reuniões entre no site: www.oedh.unesp.br 
OS QUE SOBRARAM e OS QUE FAZEM FALTA (47)

OS QUE SEMPRE LEVANTARAM BANDEIRAS e OS QUE CHEGARAM AGORA
Meus caros e caras – Ontem foi um dia dos mais especiais para mim, completei 53 anos e repeti a todos que me saudaram a data com uma curta frase extraída de uma letra magistral do Aldir Blanc: “Envelheci, mas continuo em exposição”. Assim sendo, ontem não tive tempo de nada, fiquei à mercê de um monte de compromissos a me consumirem o dia. Mal adentrei a internet e quando o fiz foi para agradecer aos amigos pelo Parabéns e para repudiar, algo que tenho feito muito nesses dias, aos que se mostram hoje conservadores empedernidos. Como tem despontado entre os que nos rodeiam gente que pensa e age conservadoramente. Esse momento está sendo ótimo para revelações até então um tanto ocultas. Aproveito o momento nesse começo de segunda para reproduzir quatro textos recebidos pela via internética, com toques preciosos sobre esses novos tempos propiciados pelos acontecimentos da semana passada. Tudo reverenciando uma justa homenagem aos que resistiram esse tempo todo e não estão começando nesse momento a ter posições (e muitos já querendo ocupar o lugar na janelinha). Reflexões generalizadas a todos e todas:

1.) SEM BANDEIRA EU NÃO VOU... A TRANSFORMAÇÃO DO PAÍS ESTÁ EM QUEM MOSTRA SUA CARA E EXPÕE SUAS IDÉIAS CLARAMENTE...
"No primeiro dia, eles reclamaram da bandeira do Partido.
Como eu não era de partido, concordei.
No segundo dia, eles rasgaram a bandeira do Partido.
Como eu não era de Partido, deixei.
No terceiro dia, eles proibiram a presença de militantes do Partido.
Como eu não era militante, aplaudi.
No quarto dia, eles disseram que protestos eram coisas de partido.
E não deixaram mais protestar.
Mas como eu não era de partido, aceitei.
No quinto dia, eles elevaram o preço da passagem, da comida, da vida.
Como não tinha quem ou como protestar, eu paguei.
Hoje, as bandeiras estão no chão, a vida tá cara e o ar está pesado..
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém.
Ninguém se importa comigo."

Max Laureano, e uma brilhante releitura de Brecht.
2.) AMIGO REACINHA 
Oi, amigo reacinha, machista, homofóbico, racista, preconceituoso. Aderiu a manifestação, foi?
Pra quem até um tempo atrás chamava manifestante de vagabundo, você tá super engajado.
Agora não tem mais "baderneiros", nem "vândalos", agora é "o Brasil acordou", agora é "orgulho desse povo".
Povo? Que povo? Peraí, amigo reacinha, você esqueceu da outra frase que você mais falava "O povo que não sabe votar", "o povo é burro". Agora você quer ser povo, também? Achei que povo era o pobre, o negro, o nordestino. E você  a fina flor do campo, a nata da sociedade, branquinho, limpinho, pagador de imposto, quer ser povo?
Que mudança, hein? Será? A mim você não engana, não. Te conheço. Talvez agora você esteja feliz, porque tá se vendo na manifestação, né? "Finalmente vão dar jeito nesse governo que dá esmola".
Lá tá bom, a massa cheirosa, com celulares, tirando fotos e colocando no instagram. Vão pra manifestação de carro. Isso sim é movimento popular. E não aquela zorra do MST, né?
Lembrei daquela propaganda: "A minha voz mudou, mas os meus cabelos..."
É, seu cabelo continua o mesmo, reacinha: ensebado e com cheiro de sujo.
3.) ONDE VOCÊ ESTAVA? - BOA REFLEXÃO PARA OS QUE ESTÃO CHEGANDO AGORA E JÁ QUERENDO IR NA JANELINHA...
Onde você estava?
Enquanto os Sem-terra lutavam por reforma agrária?
Enquanto os trabalhadores marchavam por redução da jornada de trabalho?
Enquanto os professores estavam em greve por educação pública?
Enquanto os profissionais da saúde defendiam o SUS?
Enquanto as mulheres lutavam pelo direito ao próprio corpo?
Enquanto os quilombolas e indígenas enfrentavam os latifundiários?
Enquanto negros(as) enfrentavam o racismo?
Enquanto ambientalistas atacavam as empresas poluidoras?
Enquanto os grupos de jovens lutavam por políticas públicas?
Bem-vindo às lutas populares, elas já existiam!
4.) PAREM DE PEDIR PARA A PRESIDENTA O QUE NÃO É DE SUA COMPETÊNCIA...
"A título de esclarecimento, não compartilhe, mas cole e publique. Vamos fazer a maior parte das pessoas entender a administração do país.
1) PRESIDENTE DA REPÚBLICA NÃO VETA EMENDA CONSTITUCIONAL. Sendo assim, não é para a Dilma que vocês têm que pedir a não aprovação da PEC 37 (ah, para quem não sabe, PEC significa Proposta de Emenda Constitucional), mas, sim, ao Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal).
2) PRESIDENTE DA REPÚBLICA NÃO TEM O PODER DE DETERMINAR A PRISÃO DE NINGUÉM (ainda bem, né?!). Por esse motivo, caso vocês queiram ver os "mensaleiros" (sic) na cadeia, terão que pedir isso ao idolatrado Ministro Joaquim Barbosa, pois é o Poder Judiciário (no caso dos mensaleiros, o STF) que tem competência para fazê-lo.
3) NÃO É A PRESIDENTE DA REPÚBLICA QUE ELEGE O PRESIDENTE DO SENADO. É o próprio Senado que escolhe o seu presidente. Assim, a Dilma não pode chegar lá no Senado e gritar: "Fora, Renan Calheiros".
4) TRANSPORTE PÚBLICO MUNICIPAL É DA COMPETÊNCIA (ADIVINHEM!) DOS MUNICÍPIOS. Então, a pessoa mais indicada para resolver esse problema, a princípio, é o prefeito de cada cidade, e não a Dilma.
5) TAMBÉM NÃO É ATRIBUIÇÃO DA PRESIDENTE DA REPÚBLICA INSTAURAR CPI. Quem instaura CPI é o Poder Legislativo (no âmbito federal, a Câmara dos Deputados e/ou o Senado Federal).
É hora de colocar cada exigência endereçada para as pessoas corretas!"

OBS.: Esse texto representa e preenche a lacuna do que deveria ter publicado ontem e por absoluta falta de tempo não o fiz.

sábado, 22 de junho de 2013

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (232, 233 e 234)

O BURACO É LOGO ALI – publicado hoje, 22/junho/2013
Eu vejo jovens festando alegremente nas ruas e pedindo por mudanças. Bonitos cartazes, sorrisos expostos e crentes que a mudança agora é com eles. Mudando o que? E para onde? Está nítida a presença de grupos radicais, pensamentos tacanhos e ações insanas sendo permitidas. O caos se instalando. O país a um passo de um Golpe de Estado. E a quem interessa isso? Não será para modernizar o país, oxigenar nossas relações políticas, mas para reviver o velho. Incentivado por parte da mídia e insuflado pela maior rede de TV do país, 64 bate novamente às nossas portas. Os grupos que organizam o movimento nas ruas já contam com dissidentes e esses estão criando novos grupos, esses propondo abertamente o confronto, o quebra-quebra geral. E uma TV mostrando tudo de uma forma meio que privilegiada, perigosa, exclusiva, expondo o caos, até a consumação dos seus interesses e a partir daí, renascendo das cinzas, uma proposta de retrocesso. Os manifestantes se voltam contra o Executivo da nação, mas pouco contra o Legislativo. A Câmara dos Deputados e o Senado, verdadeiros antros de má conduta em tudo o que seja ético e bom procedimento, permanecem ilesos, quase intocáveis. Isso indica algo a ocorrer nos bastidores e ainda sendo trabalhado. A intenção é clara, implodir com Dilma e tudo o que ela representa ou representou. Aplaudem isso, como se a solução para todos nossos problemas residisse nisso. Ledo engano. Criaram um monstro e já assistimos a esse filme, já padecemos desse mal, mas é esse caminho que a massa nas ruas está sendo induzida a acreditar. Ao meu lado, observo incrédulo e vejo como estou rodeado de gente conservadora, abolindo o dialogo e o debate. Já chegam com ideia pré-concebida, vale tudo para postar instantaneamente ao desfile a foto no facebook e fingem nada verem do restante, a destruição no entorno. Pagaremos todos o preço pela inconsequente decisão das ruas, mas eles não querem escutar ninguém, mostrando-se seguros no caminho escolhido. Danarão o Brasil e nada mudará, eis o calvário brasileiro.

POVO NAS RUAS – publicado em 15/junho/2013.
Gonzaquinha previu lá atrás algo muito em desuso no país: “O povo nas ruas em plena gravidez”. Estamos desacostumados de ver o povo nas ruas e isso parece assustar aos adeptos dos novos tempos, mais enfurnados com agitação sentados numa confortável cadeira, tudo via internet. Ninguém provoca alteração significativa sem a presença no palco principal das ações populares, as ruas. E essa onda de protestos sendo iniciadas em nossas ruas e praças faz parte de um movimento espalhando-se mundo afora. Pronto, chegou ao Brasil e que seja muito bem vinda. O aumento de R$ 0,20 nas passagens paulistanas é um mero pretexto para algo muito mais significativo. União pelas reivindicações, essa a questão e como nunca tivemos a cultura da ação coletiva, num primeiro momento, ver aquela imensidão de gente nas ruas assusta mais que bicho papão. Não são vândalos, muito menos marginais e o que fazem é colocar na pauta do dia algumas das mais importantes demandas sociais brasileiras, todas necessitando de uma ampla discussão da sociedade. Em primeiro plano o movimento coloca em xeque a política de transporte coletivo e quem não enxerga isso, desculpe, mas não está entendendo nada. O estado brasileiro jogou tudo, desde JK na opção rodoviária e ela já comprovou estar mais do que esgotada, falida e gerando o caos urbano e social. Viver nos grandes centros está tornando-se insuportável e diante desse quadro, cresce a intolerância, um amargor interno, pronto para explodir. Claro que, além disso, não dá para defender o lucro (mãe da insensibilidade capitalista) acima do bem estar social. Circula pela internet uma montagem elucidativa sobre a hipocrisia brasileira. Para os movimentos de rua na Turquia, Londres e Egito a reação é “que lindo, povo lutando por direitos, pena no Brasil não tem isso” e agora que acontece por aqui, a reação é “bando de vagabundos, vândalos, cadê a polícia!”. Gente, o Brasil está se inserindo no contexto, chegou a nossa hora. E o último a sair às ruas é a mulher do padre.

FALÁCIA DEMOCRÁTICA – publicado em 08/junho/2013.
Esse termo, “Democracia” está um tanto desgastado hoje em dia. Muitos o usam e o fazem em desalinho com a sua original definição. Em nome dela cometem-se os maiores absurdos. Existem aqueles que acreditam vivermos dentro de um verdadeiro espírito democrático, porém não a praticam nem dentro do seu próprio estabelecimento comercial e mesmo residência. Ou seja, para o país eles exigem que tudo seja nos trinques, mas dentro do seu quintal, nada como uma ditadurazinha. Algumas TVs apregoam sobre a falta de liberdade em outros cantos, mas praticam o autoritarismo como prática diária. Vejo algumas ironicamente versando sobre a ausência de democracia em Cuba, mas mantém uma lista de índex de temas e entrevistados. Viraram tema de piadas. Isso vale para tudo. Entidades de classe, sindicatos, associações, clubes de serviço possuem estatutos permitindo a reeleição quantas vezes forem necessário, para nunca deixarem o poder, mas fazem questão de espezinhar o ocorrido em outras plagas. Acredito não terem espelho nas próprias casas, pois não se enxergam. É democrático ir se eternizando no poder, não promover a renovação dos quadros, fazer de tudo para que a prorrogação ocorra e para isso existem justificativas mis. Uma mais contorcionista que outra. Levo a brincadeira para outro campo, o esportivo. Cada time/clube de futebol muda seu estatuto com a chegada de um novo presidente. Existem casos de presidentes que estão no poder há décadas. Um clube nos tempos atuais rema na contramão e renova sua diretoria sem traumas. É o Corinthians Paulista, hoje acredito que o único brasileiro que não tem reeleição. Um presidente terminando seu mandato hoje não pode se reeleger nem na eleição seguinte. Um ex-presidente fica, no mínimo, de fora do processo eleitoral por duas vezes e qualquer diretoria tem garantido auditoria externa, transparência absoluta. Por tudo o que vejo acontecendo em seu nome, sei que a democracia no Brasil e quiçá mundo afora é falácia. Conversa pra boi dormir.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

MÚSICA (103)

O CONSERVADORISMO MOSTRA A SUA CARA – SERÁ ESSA A VERDADEIRA CARA DO BRASIL?
Nessa última semana, como na que precederam as última eleições, o que mais viceja via internet são as explícitas demonstrações de rasteiro preconceito, juntado a um exacerbado e encruado racismo, rasteiras interpretações caolhas, onde todos os males do Brasil estão concentrados num partido político, o PT e em alguns dos seus militantes, alguns com culpa no cartório, outros não. O balaio de gato promovido por uma turba movida a sangue e querendo remover do poder a qualquer custo os petistas é para doer a consciências dos mais esclarecidos, porém, muitos dos que distribuem baboseiras via internet sabem muito bem o que fazem e se o fazem, querem em primeiro lugar embaralhar as cabeças de quem as recebe e depois, possuidores de um lado, o da defesa do capital excludente, com esse movimento de jovens e baderneiros tomando conta das ruas brasileiras estão pegando carona e cravando mais uma estaca no lombo do já combalido (e nunca morto) PT. Não que ele não tenha erros, pois possui aos borbotões, mas o caso aqui é um só: os que criticam os males petistas, na grande maioria das vezes defendem outros segmentos, cujos males ou são iguais ou maiores dos que os dos petistas. Cansei de ler baboseiras mil nessa semana e a clara saída de muitos do armário, agora expondo e declarando-se com maior clareza: SOU MESMO DIREITISTA.

Cito só um exemplo. Recebi de um professor famoso em Bauru, o SILVIO MAX, o seguinte texto: “Esta vai para todos os lulistas, dilmistas e demais pseudo-socialistas de plantão... Parabéns a todos os participantes da marcha de protesto contra os corruptos de TODAS as siglas partidárias, as quais há muito se afastaram da vontade dos seus eleitores. A imprensa não irá divulgar tão cedo estas fotos... é melhor dizer que a manifestação era "pelo aumento da passagem do ônibus"...”. Junto vieram nove fotos citando o nome de uma só pessoa, Lula. Atroz perseguição, não reconhecendo uma vírgula do país por ele encontrado e o que ele passou para sua sucessora. Querem sangue, mas só o dele. Intelectuais despirocados. Tenho dó dos seus alunos, tendo que aguentar essa ladainha nos ouvidos.


Sou obrigado a provoca-lo com: “Silvio, me desculpe, mas sou obrigado a te perguntar. O título está provocativo e demonstra preconceito e algo perigoso, perseguição atroz a qualquer tipo de esquerda. O escrito está bonito, mas as fotos mostram uma tendência definida por perseguir somente uma agremiação política. Isso é coisa sua ou da Batra? Gostaria de saber?”. Irado me responde: “1) meu caro, fico realmente surpreso com a sua pergunta. Você é inteligente! então respondo sua pergunta com outra: quando o Lula-Dilma falam, falam em nome dos nefastos Maluf, Genoíno, J. Dirceu e Sarney também? 2) o que há de errado nas faixas? exorto-o a enviar-me as fotos de crítica aos demais partidos. Prometo solenemente que as divulgarei com o mesmo entusiasmo... vê as fotos! vê as pessoas! vê e enxerga o teu povo.... acha que foram subornados em algum esquema de corrupção? vai me dizer que as faixas foram patrocinadas pelo "partido da imprensa golpista"? 3) que bom que pelo menos uma parte do povo está percebendo a grande roubada em que entraram com os pseudo-socialistas que se encastelaram no poder sob a linda bandeira da falecida ética e moralidade pública. PSDB e PT: irmãos siameses na inoperância e incompetência administrativa generalizada, na vileza com que lidam com a coisa pública e na forma como
tratam o povo... Alckmin aqui e Lula-Dilma lá!! Diga-me onde a lama é menos fétida”

Continuo perguntando: “caro Silvio, esse pensamento é o seu ou da Batra num todo? Por favor, me responda...”. Ai veio algo mais irado: “Henrique: quantas vezes preciso lhe dizer que não falo em nome da BATRA? A ONG é apartidária e não há nenhum patrulhamento ideológico sobre seus membros, ao contrário do que vemos em outros grupos e agremiações. Há na BATRA, voluntários de todas as orientações ideológicas. Por que coloca palavras em minha boca? Minha resposta não foi "para toda a esquerda", mas foi para você que fez uma pergunta para a qual já deveria saber a resposta, pois não é a primeira vez que lhe respondo isso. Minha crítica não é pontual, a este ou àquela agremiação política. Não estou embalado em nenhum sonho ideológico de esquerda ou de direita... já lhe respondi anteriormente isso e já estou me tornando repetitivo. Quanto à "esquerda-de-faz-de-conta" que temos no Brasil, esta se inebria muito fácil com o aroma do poder político e do poder econômico. Tivesse essa "Esquerda", alguma identidade com os anseios populares, e ela estaria capitaneando esses protestos. Mas ela está hoje morrrrrreeendo de inveja, porque tudo está acontecendo a sua revelia... Ontem o secretário da Dilma, ainda "estão
tentando entender o que está acontecendo"... estão tão distantes das bases, estão tão distantes dos anseios populares que sequer perceberam o que estava acontecendo, subestimaram seus eleitores, acostumados que estavam a espoliá-los impiedosamente. Você, Henrique, pessoa politizada e engajada que é, peço que me explique o que está acontecendo. Você já entendeu ou também ainda não entendeu? Eu também estou aguardando a resposta para alguns emails antigos que já lhe mandei e que ficaram sem resposta até hoje. Inclusive, aguardo as fotos de críticas aos demais partidos, para repassá-las também”.

Provoco Silvio sempre que posso, pois o vejo caolho. Para não ficar chato na sua rasa interpretação, cita algo contra Alckmin, mas nada disso nos demais textos que espalha por aí. E mais, veja como se intitula ao assinar seus textos: “Silvio M. Max - ONG BATRA - Bauru Transparente: http://www.batra.org.br e meu blog: http://oficina-de-filosofia.blogspot.com/”.

Vou respondendo a isso ouvindo aqui na minha vitrolinha algo da lavra de Cazuza, o BRASIL: “Não me convidaram/ Pra esta festa pobre/ Que os homens armaram/ Pra me convencer/ Apagar sem ver/ Toda essa droga/ Que já vem malhada/ Antes de eu nascer.../ Não me ofereceram/ Nem um cigarro/ Fiquei na porta/ Estacionando os carros/ Não me
elegeram/ Chefe de nada/ O meu cartão de crédito/ É uma navalha.../ Brasil!/ Mostra tua cara/ Quero ver quem paga/ Pra gente ficar assim/ Brasil!/ Qual é o teu negócio?/ O nome do teu sócio?/ Confia em mim.../ Não me convidaram/ Pra essa festa pobre/ Que os homens armaram/ Pra me convencer/ Apagar sem ver/ Toda essa droga/ Que já vem malhada/ Antes de eu nascer.../ Não me sortearam/ A garota do Fantástico/ Não me subornaram/ Será que é o meu fim?/ Ver TV a cores/ Na taba de um índio/ Programada/ Prá só dizer "sim, sim/ Brasil!/ Mostra a tua cara/ Quero ver quem paga/ Pra gente ficar assim/ Brasil!/ Qual é o teu negócio?/ O nome do teu sócio?/ Confia em mim.../ Grande pátria/ Desimportante/ Em nenhum instante/ Eu vou te trair/ Não, não vou te trair...”. Tiro meu surrado LP da estante aqui do mafuá e fico escutando essa música rindo dos que se esforçam além da medida para parecerem modernos, defensores dos fracos e oprimidos, mas gostam mesmo é de um bom estado neoliberal, paraíso de uma economia de mercado mais do que selvagem. Interpretar o que dizem é o escancarar de como pensam em golpear o que chamam de democracia, tudo para enterrarem de vez o sapo barbudo e colocarem no lugar os de sua plena confiança. Agarram-se até em fio desencapado para conseguir seus objetivos. Cazuza também riria de tudo isso.