sábado, 30 de novembro de 2013

ALFINETADA (117)


CONTINUO HOJE POSTANDO ARTIGOS d’O ALFINETE - ANO 2001
São exatos 12 anos atrás. Enviava meus textos via e-mail para Marcelo Pavanato, junto de uma ilustração e ele cuidadosamente montava localizando a ilustração bem no centro. Era dele todo o trabalho artesanal de montagem do jornal, que naquela época usava sabiamente o slogan, “pica mas não fere”. O jornal continua saindo semanalmente e os quatro textos que aqui reproduzo mensalmente servem para sentir minha linha de pensamento uma década atrás e o que já aprontava por aí.
Hoje saem os de
nº 113 – ALCA TÔ FORA – publicado em 28/abril/2001
nº 114 – SIMPLES, GOSTOSO E BARATO – publicado em 05/maio/2001
nº 115 – UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL – publicado em 12/maio/2001 e

nº 116 – O RESGATE DE UMA HISTÓRIA NEM SEMPRE CONTADA – publicado em 19/maio/2001.
Em dezembro mais quatro ou cinco...

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (255, 256 e 257)


AÉCIO CHEGANDO...
Observo à distância (sempre com muita distância) a chegada de Aécio Neves, o primeiro presidenciável aportando em Bauru antes do pleito do ano que vem. Ele chega dias após a PF aprender um helicóptero recheado de drogas, gente ligada ao seu staff político. Evidente a hipocrisia da imprensa nesses e em outros casos ligados a políticos da linha neoliberal conservadora. Fazem uma quase vista grossa, como se o ocorrido fosse em outro país. O mesmo posso dizer ocorre com mais dois que aportam aqui hoje junto dele, José Aníbal e Aloísio Nunes Ferreira, ambos citados como tendo recebido propina graúda, altas somas da corrupção (tudo passando meio que batido) advinda de vinte anos de PSDB no governo paulista e do rombo nos caixas do Metrô paulistano. Todo e qualquer corrupto precisa pagar por seus atos, mas por aqui, somente uns precisam pagar, serem além de presos, crucificados, mas outros não, continuam isentos e lesando a todos nós. Essa hipocrisia reinante é que sou contra. Como hipócrita é a ação de muitos órgãos da imprensa, que mesmo tendo a rara oportunidade de espezinhar a esses quando diante deles, perguntam somente sobre o “sexo dos anjos”. E quando o fazem acertadamente, como na tira de ontem do Miguel Rep, publicada no Pagina 12 argentino, a resposta sendo evasiva nem se dão conta de rebatê-las mais incisivamente. Hoje é o dia de encher esses todos aí de mil perguntinhas constrangedoras, pois todos possuem TELHADO DE VIDRO. Nas outras duas charges e numa montagem aqui publicadas (todas já publicadas somente nas redes sociais) como Aécio é visto. Isso tudo seria feito de forma assim gratuita?
 

MAIS TRÊS ARTIGOS DO BOM DIA BAURU AINDA NÃO POSTADOS AQUI:

ARTIGO 257 - OS QUE DISCUTEM E OS QUE SE CALAMPublicado hoje, 30.11.2013
Eu me meto em homéricas discussões. Acabo de receber a resposta mais sensata para um prolongado bate boca, ardido e sem previsão de solução ou vencedores. “Vamos ficar trocando e-mails e não chegaremos a uma conclusão satisfatória para ambos. Dale Carnegie, que li há mais de cinquenta anos, apesar de seu aspecto de autoajuda, escrevia frases interessantes, como está: NINGUÉM GANHA UMA DISCUSSÃO. Como eu não estou discutindo, apenas trocando ideias e, quando estas não se casam bem, fiquemos por aqui no concernente a esse assunto: política. Se algo mudar muito, digno de nota, voltaremos a falar dele”, me escreveu. Isso é raridade. Vejo muitos abordando um tema de forma contundente e depois se darem mal na hora do confronto. E por que disso? Poucos entram numa pendenga com conhecimento para desconstruir o oponente, usando de argumentos científicos, verdade factual dos fatos. Cansa ver a quantidade de gente num vazio confronto, recheado de clichês, levando do nada ao nada. A argumentação precisa sempre estar muito bem fundamentada, pois do contrário se é pego pela inconveniência, a falta de postura e até de coerência. O bla bla bla é cansativo e não leva a nada. Quer coisa mais doída do que reconhecer que no passado tínhamos pessoas mais honradas, principalmente com o seu idealismo. Fugia-se menos do seu front de batalha. A honra é elogiável em qualquer circunstância, seja de que lado for. Um horror observar as pessoas mudando de opinião ou se omitindo de dar a sua. E os que estão em condições de debater se omitem e se calam. Nada pior que isso. Nitidamente hoje se lida com gente mais acovardada. Todos parecem possuir um medo tremendo de expor suas ideias e de debater com os poderosos de plantão. Preferem o silêncio e deixam o barco correr. Não dá para ficar com um pé em duas canoas, ou sé é uma coisa ou se não é. Tem quem debata sem conhecimento de causa e tem os que se omitem de tudo, perderam a capacidade de sonhar e ficam dessa forma acobertando vergonhas. Conivência é um horror. OBS.: Charge do imortal Millor Fernandes, gileteada via google.

ARTIGO 256: CRITICAR É SER XAROPE?, publicado edição de 23.11.2013
Até que ponto os políticos estão preparados para serem criticados? Fiz-me essa pergunta nessa semana ao criticar um deles e como resposta, não ter nenhum de meus questionamentos respondidos, vindo como resposta algo assim: “imbecilidade”, “julgador de todos”, “frustradão”, “imbecil, homem possuído de ódio, inveja e incompetência” e por fim “xaropão”. Tudo começou assim. Nivaldo José, jornalista da rádio Jovem Auri-Verde publicou em seu facebook frase atribuída ao ex-prefeito de Agudos, José Carlos Octaviani – PMDB: “Se em algum momento estiver proibido de trabalhar para o Pedro Tobias (PSDB), eu desisto, retiro minha candidatura". Respondi assim: “Pessoa perigosa, vide o que ocorre em Agudos, onde tudo que não receba o amém dos de seu clã familiar não é aceito. (...) Deve ser combatido, repugnante papel e aliado de PT - Pedro Tobias. Devemos bater na madeira três vezes...”. Foi o bastante para a chuva de impropérios. Primeiro Octaviani questiona sobre o termo “perigoso”. Explico assim: “Os métodos utilizados para eternizar sua família no poder, (...) grupos de poder familiares sufocando a democracia não fazem bem para nenhum sistema político. (...) Um perigo a banalização partidária inexistindo ideologia. Tudo vira uma só embalagem, tudo parecido e inodoro, insonso e insipido. Tudo pode, tudo vale a pena, tudo é permitido. (...) Me vejo no direito de discordar do que vejo acontecer em Agudos, sob o comando dos Octaviani’s”. “Tolo” foi sua resposta. Rebati assim: “Seria tolice achar incorreto um sujeito após ser prefeito por duas vezes de sua cidade, eleger um sobrinho e ainda criar um cargo para com a denominação de GERENTE DA CIDADE, tentar ser algo acima das funções do prefeito? (...) É tolice ser contra o deputado que, durante o seu mandato nomeou todos os envolvidos no escândalo da AHB em Bauru, lesando desavergonhadamente a saúde de Bauru e quando descoberto diz que nada sabia?”. A contenda continua só que ele nada responde, prefere rebater sugerindo adjetivos nada airosos para minha pessoa.

ARTIGO 255 - UM ZÉ SEMPRE PAGARÁ O PATO, publicado edição de 16/11/2013
Ouço numa roda que um beneficiado com apartamento no projeto Minha Casa Minha Vida o alugou e aufere lucros com algo recebido para outra finalidade. Isso não me espanta. O projeto continua lindo na sua essência, mas o ser humano em todas as etapas de sua vida dentro do atual sistema político comete seguidos deslizes. Isso não é privilégio desse ou daquele programa ou se o sujeito é rico ou pobre. Somos induzidos a isso e a tentação é mesmo imensa. Incomensurável, diria. Comprei um caderno desses de dez matérias, grandão e grosso e nele vou anotando as histórias dos que acabaram se locupletando e daí não pararam mais. O dinheiro é mesmo tentador e aqui no mundo onde existe de tudo, mas somente poucos tem tudo, o cordão dos que avançam o sinal cresce a cada dia. Pior do que o caso citado é o de gerenciadores do mesmo programa. Mesmo ganhando altos salários ainda se beneficiam com comissões sobre cada obra entregue. Veja o caso dos fiscais paulistanos, onde todos recebiam mais de R$ 20 mil mês, mas mesmo assim não se satisfizeram com isso. Queriam mais e criaram um esquema para enricar desmedidamente. Estamos infestados disso. Os esquemas estão por todos os lados. Para liberar qualquer obra, aprovar projetos, vencer licitações, concursos, cargos públicos, etc. Reclamam também os que percebem os esquemas rolando e dele não se beneficiam. Se lá dentro, seus bicos permaneceriam fechados. Profissionais não se contentam mais com 15%, 20% das causas ganhas. Os índices do propinoduto só crescem. O importante é acumular, seja como for, sem medo de ser feliz e de correr alguns riscos. Descobertos, se o pé de meia já estiver sedimentado, até os mais próximos o chamarão de “esperto” e não de “desonesto”. Afinal, “todos fazem igual” é a justificativa usada. “E por que não eu? Também sou filho de Deus”. Sempre existirão os mais espertos, os que julgam, condenam, executam e se dizem “santos”. E sempre existirão uns Zés presos, expostos a execração pública, usados como bodes expiatórios. Esses pagarão o pato por todos nós, verdadeiros bois de piranha. E tudo continuará como dantes.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (64)


A QUEM INTERESSA A RETIRADA DOS TRILHOS URBANOS EM BAURU?

O Bloco dos Inventores ou dos Detratores ou até mesmo dos Enxugadores de Gelo é o que mais cresce em Bauru e região. Algo assim é facilmente observado por alguns temas sugestionados por esses e como de proeminência de execução por essas bandas. Guardião, o super-herói bauruense riria muito disso tudo, se por detrás não visualizasse embutido nas falas algo de muito sério, tragico. É o caso do balão de ensaio levantado por alguns sobre a retirada dos trilhos férreos (toc toc toc) urbanos que cortam Bauru de fora a fora. “Sempre se fazem valer de alguns acontecimentos trágicos e já relançam a idéia. Agora foi o acidente com a menina lá perto do Rasi e depois o com várias mortes em São José do Rio Preto. Daí os de sempre já surgem de picareta na mão e prontos para retirar os trilhos como solucionática milagrosa para tudo”, começa sua argumentação nosso sempre atento Guardião.

Em resposta ao vai da valsa uma atenta jornalista, Camila Turtelli (saudades dela atuando em algum órgão da imprensa tenho eu, o HPA, Guardião e González, o idealizador do personagem) que escreveu isso para ampliação do debate: “Será que as cidades (as pessoas que moram nelas) querem mesmo a retirada dos trilhos? Se for por conta dos acidentes, teremos então que imediatamente retirar as ruas e os carros. Não seria mais interessante fazer um caminho inverso e investir e aproveitar mais a malha ferroviária, aproveitando inclusive para o transporte coletivo interurbano? E, com isso, melhorar a sinalização e segurança nos espaços urbanos”. A valente menina tocou no nevrálgico ponto e suscitou ampliação da discussão, desviando do foco que alguns buscam, a retirada pura e simples dos trilhos e mais um asfáltico avenidão no lugar. Na continuação, o vereador Roque Ferreira está propiciando também um amplo debate sobre outro tema, o do aproveitamento da malha e implantação de um VLT urbano: “IMPLANTAÇÃO DO VLT (VEÍCULOS LEVE SOBRE TRILHOS) EM BAURU - A falta ou o Planejamento inadequado das cidades brasileiras, tem propiciado sérios problemas no que tange os serviços de Transportes Urbanos de baixa qualidade, colocando em risco a coesão social”. Divulgou um debate ocorrido ontem sobre o tema e com esses dois belos posicionamentos, conseguiu-se desviar a intenção maléfica de exterminar os trilhos e no seu lugar ser instalado mais pixe, asfalto puro e simples.

“O modal férreo é o mais prático mundo afora, mas aqui alguns insistem no rodoviário, mesmo ele estando mais do estrangulado. E por que? Interesses, meramente interesses, sempre beneficiando uns poucos e lixando-se para o coletivo. O trem é tudo de bom, a linha já existe e precisa é ser revitalizada, inovada, restaurada e reutilizada. Com isso tudo junto a cidade inovaria e possibilitaria um novo salto de progresso em um dos seus quesitos mais dramáticos, o do transporte e deslocamento urbano. Quem aposta no retrocesso, que no caso é a retirada dos trilhos, não enxerga o futuro e continua apostando nos carros, quando o mundo todo aposta na diminuição do seu uso. Tragédias são boas não para se andar para trás, mas para o breque e o recomeço do andar para a frente. Quem as usam para uma marcha a ré merecem mesmo o título de enxugadores de gelo, podendo até ser agraciados com um título nesse sentido, em algo instituído com diploma e tudo, láureas de predador urbano”, finaliza Guardião, afiando suas garras para o enfrentamento com os detratores sempre à postos e de plantão.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

DIÁRIO DE CUBA (65)


BAGUNÇA MESMO É ESSE AMONTOADO DE DESCONEXOS TEXTOS
BOM DIA A TODOS E TODAS - Lá vou eu novamente tentando manter estampada essa minha cara de felicidade na face.
EU JÁ TIVE IDEAIS E HOJE TENHO OUTROS, EVOLUI - Para os que agiam de uma forma no passado, quando jovens, cabelos compridos, tênis nos pés, pregadores da revolução, fazendo com os dedos o gesto libertário e hoje encontram-se resignados num outros, eis a tira diária do Miguel Rep, publicada hoje no Página 12 para reflexões variadas e múltiplas. Para quem quiser conferir o trabalho diário dele no jornal argentino, o site lá www.pagina12.com.ar. Só mais uma coisa, se alguém dentre meus amigos for para Buenos Aires nos próximos dias, por favor me avise, pois o Rep está lançando junto com o jornal a sua agenda anual e a desse ano tem como tema, charges e frases, pensaments de nada menos que JULIO CORTÁZAR. Enquanto as agendas que vejo nas livrarias do país ficam personificando personagens irracionais como Jolie, Monster High e outros queria muito passar 2014 com Cortázar diante dos meus olhos. O preço vendido lá é de 42 pesos, o que dá aproximadamente R$ 10 reais. Não me deixem na mão, são vendidas em qualquer respeitável Kiosko, a banca de jornais lá deles e já pesquisei em outras oportunidades, não enviam pelo reembolso para o estrangeiro. Tem que ser compra in loco. Alguém indo, me avisem... E tenhamos todos um bom dia, ao trabalho e já, que estou um tanto atraso com tanto divagação. Afinal, estou em outra, evolui.
ACHEI ISSO MEIO SEM QUERER NO YOUTUBE e quero compartilhar o vídeo com os poucos que me acompanham por aqui. Muitos de nós passamos ali pelas Nações durante a noite e nem damos conta de que existe ali na sarjeta uma legião de gente ralando pelos seus caraminguás. A maioria desses são travestis, gente como nós, mesmo que muitos não aceitem isso. Eu viro o pescoço sempre e noto em alguns uma sensibilidade além da conta, uma percepção de mundo que vai além da maioria. Nesse vídeo, depoimento gravado com intenção de publicação, uma delas, a LUISA MARILAC expõe algo sobre o respeito às diferenças e como nos enxergam com o olhar não de cá para lá, mas para o de lá para cá. Deu para perceber que ela gosta muito de gravar depoimentos iguais a esse, andando pela rua, falando de tudo e de todos. Uma descolada pessoa, de bem com o mundo e o encarando de cabeça erguida. Comecei a assistir esse e não parei mais enquanto não terminou. Outros tantos estão lá no youtube. Ela fala tudo de uma forma tão clara, franca, limpa, honesta e daí não resisti, dou a dica para que assistam e depois comentemos também sobre isso. Nada sei dela, mas pelo visto tem vivência grande e adorei sua espontaneidade. Pessoas como a Luisa possuem mesmo duas faces, dois jeitos de agir (assim como todos nós): quando bem tratadas, tudo normal; quando maltratadas, um lado que ninguém gostará de conhecer. Tratar bem o semelhante é primordial em tudo que se faça nessa vida. O mínimo isso, não? Cliquem a seguir e não se espantem, pois o que ela fala não deve ser novidade para ninguém: https://www.youtube.com/watch?v=FeJVEIqa-cg

O SAMBA RUBRO NEGRO - Um dos maiores sambistas brasileiros é sem sombra de dúvidas o grande e inesquecível JOÃO NOGUEIRA. Comprei tudo dele, a maioria em bolachões e ouço sempre pelos lados do mafuá. Vozeirão inconfundível. Uma das músicas que aprendi decor e salteado nos anos 80, quando saiu uma regravação de SAMBA RUBRO NEGRO, aquele negócio do "mais querido ter Zico, Adílio e Adão" me encantava. No original o trio era outro, "o mais querido tem Rubens, Dequinha e Pavão". Adorava o negócio de ir "ver a charanga do Jaime tocar". depois fui conhecer a tal da charanga e não tem como não gostar de quem conheceu o antigo Maracanã ao vivo e assistiu jogos juntos dos ditos geraldinos, na arquibancada e em pé. Aquele povo fantasiado é demais da conta. Hoje o Flamengo conquistou o tri campeonato da Copa do Brasil, 2 x 0 em cima do Atlético PR. Vejam aqui:http://www.youtube.com/watch?v=CpPnHXEYlwM. Torci por eles hoje, foi merecido.

VEJA SE DÁ PARA CONFIAR EM ALGUNS MÉDICOS (AS) BRASILEIRAS. LEIAM DEPOIS ME CONTEM... http://kikacastro.wordpress.com/2013/11/25/a-historia-do-primeiro-medico-cubano-que-foi-sabotado-por-duas-medicas-brasileiras-mas- 
GENTE, passei o dia inteiro meio embaçado, algo estranho dentro de mim, mas não quero correr riscos: A PARTIR DE AGORA SÓ ME CONSULTO COM MÉDICO CUBANO... Alguém poderia me dizer onde estaria localizado o mais próximo de Bauru. O caso é urgente e grave:  http://atarde.uol.com.br/bahia/materias/1550997-medico-cubano-afastado-e-recebido-com-festa  

EU GOSTO DEMAIS DESSA OUSADIA PARA O ENFRENTAMENTO DOS PROBLEMAS DO DIA A DIA - Quando saio por aí com minha cara disfarçada com um riso sarcástico saibam que algo está por detrás disso tudo. Olhem que legal isso... Um bom dia a todos e todas. Vejam: http://bestpozitiv.ru/video/pozitivnaya-begunya-iz-avstralii/

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

MEMÓRIA ORAL (151)


O CASAL DESBRAVADOR DO RECIFE VELHO – AROEIRA PURA COM MUITA NOSTALGIA

Conhecer o Recife Antigo acompanhado de alguém sendo cumprimentado em cada esquina naquele quadrilátero é um raro privilégio. Esse alguém é URIAN AGRIA DE SOUZA, professor de Desenho, escritor, poeta e pintor, um paraense que já rodou boa parte do Brasil e depois de certo tempo, resolveu temporariamente acampar na dita Veneza brasileira. Junto de sua companheira de todas as horas, a educadora sertaneja CARMEN LUCIA BEZERRA BANDEIRA, oriunda da fronteira da Bahia com Pernambuco formam um casal dos mais reconhecidos nas ruas do trecho entre o rio Capibaribe e os arrecifes do Oceano Atlântico, onde casarões estão passando por um processo de restauração e onde existe uma forte resistência da verdadeira cultura local, concentrada e sobrevivendo com certo apoio institucional. Mesmo na adversidade, o reduto continua cheio de encantos e de personagens riquíssimos em algo peculiar, mestres na cultura popular e cheios de muita história. O histórico pedaço pulsa história e trombar com tipos populares é algo mais do que natural.

Urian é um desses indomáveis cabras da peste, com parada incerta e não sabida. Já viu quase de tudo na vida e só se deixa levar pelas coisas de antanho, daí encontrou em Carmem algo similar, formando uma simbiose como a cunha e o cunhão. Vivem num entrelaçamento bonito de ser visto. O encontro com eles não foi assim tão casual. Ana Beatriz, minha parceira foi sua aluna no Rio de Janeiro e desde os tempos dos cursos por lá continuaram num relacionamento de muita conversa e afinidades intelectuais e de linha de pensamento. Quando aportamos pelo Recife por motivos outros, lá estavam os dois para nos apresentar a cidade, o u melhor, o Recife Velho. Marcamos numa de suas beiradas, no hoje Shopping Paço Alfandega, ao lado de um dos poitns de encontro de gente em busca de conversa, a Livraria Cultura. Foi ali, num local que antes abrigou um famoso hospital, lugar escolhidos para tomarmos nossas primeiras cervejas.

Caminhamos pelas ruas e isso é indescritível para um forasteiro. Queria ir parando em cada canto, fotografar tudo, registrar cada tipo que ia parando o casal para os cumprimentos de praxe. Fomos para a beirada do mar, lá do lado de lá uma ilha e cheia de obras do Brennand. Caminhos mais que demorados, paradas constantes em vários lugares, explicações detalhadas de algo que por ali tenha ocorrido no passado e até as repercussões até os dias atuais. Tudo inebriante, envolvente. A famosa sinagoga israelita, a primeira do Brasil, uma feira bem diante dela, tomando calçadas, produtos artesanais em abundância de cores e ofertas. A primeira parada mesmo foi num lugar dos mais propícios para se explicar algo mais daquilo tudo, o Bar e Restaurante teatro Mamulengo. Fomos um dos primeiros a chegar e dali a pouco, tudo à nossa volta é tomado de gente.

É que ali acontece todos os domingos à tarde a apresentação do Teatro Mamulengo, linda manifestação popular tendo à frente uma só pessoa, o mamulengo Jurubeba, José Júlio, desdobrando-se em por detrás dos panos representar o papel de mais de vinte personagens, passando depois o chapéu para coletar o que a praça cheia quer pagar pelo apresentado. Ao lado dessa apresentação rola outra, a do grupo Forró de 1 Real, comandado pelo Douglas Donato e interagindo com o outro espetáculo. São dois num só, tudo pelo preço do que você quiser colocar no chapéu. A praça ferve, a criançada se diverte e os artistas fazem algo muito simples, sem grande embromação, tanto que gente como Urian, escolado pela vida faz questão de ali aportar e permanecer, pois sabem que é nessa simplicidade que reside as grandes coisas. Foi ali que nos levaram e ali conhecemos mais gente da melhor envergadura recificience. Cada um que ia surgindo à nossa frente, além dos cumprimentos de praxe ao casal, tinham algo rico para expor aos presentes. Douglas canta forró que é uma maravilha e ainda tive tempo de gravar algo dito por ele: “Tá pensando que isso aqui é o Rock in Rio, nada disso, a gente tem cultura por aqui. Quem t´pa fazendo temporada lá o tal do Michel Telló. Ninguém mais aguenta isso. Nós estamos em outra. O cara mais underground que eu conheço se chama Zé Ramalho”. E aproveita para tocar uns forrós dele.

Quem vem nos atender é o garçon Barack Obama, uma espécie de gerente da casa, aproveitando-se de uma nesga de semelhança com o presidente norte-americano, trabalha travestido com as cores daquele país, mas fica na sua quando lhe perguntam sobre gravar as conversas alheias. Como sabe que o presidente yanque não vive um bom momento, fala o mínimo possível e quando perguntado responde sempre que “o forró é que vale mesmo a pena”. Junto dele e até dando umas canjas em certos momentos está um senhor de aproximadamente uns 70 anos, que poucos sabem o nome, mas todos conhecem o apelido, “Lampião”. “Um ser do lugar, vive de favores, mora em lugares aqui e ali, mas nunca lhe falta um teto e nem comida. Virou uma instituição daqui, uma pessoa querida por todos”, conta Urian. Lampião circula com um chapéu cravejado de moedas e muitos já lhe ofereceram grana alta pela peça, ele se aproxima de nós e diz: “Essa é minha preciosidade. Não vendo, não troco e não empresto”. E sai dali para bater bumbo junto dos músicos.

José Júlio quando o espetáculo termina me deixa conhecer sua mala, onde guarda todos seus apetrechos de trabalho. “Eu já viajei muito, mas hoje o povo daqui me faz feliz. Saio para apresentações quando sou convidado. Esse pouco ganho aqui me satisfaz. Não preciso de muito e sim de muito calor humano e isso não falta por aqui”. Cada um fala algo que toca lá no fundo e o casal que li nos levou, Urian e Carmen pouco falam nesses momentos, mais observam. Sabiam que nos trazendo ali teríamos esse choque cultural e deixou a coisa rolar até não mais poder. Quando a noite começava a escurecer a praça, disse que era chegada a hora de caminhar para outro ponto e lá fomos nós, olhar aqueles prédios todos, alguns sendo restaurados, outros ainda semi abandonados, mais cheios de vida. Voltamos todo o trajeto feito inicialmente e fomos aportar lá perto do shopping, num barzinho onde uma inusitada banda iria começar a tocar dali a instantes. Lá do outro lado um forró, do outro um jazz na calçada. De queixo caídos ficamos observando o que ia se consolidando ali diante de nossos olhos.

Um mestre do sopro ali diante de nós e tocando de tudo, junto de mais três músicos. O rei da malemolência tem nome e sobrenome, trata-se de Edson Rodrigues, uma daquelas sumidades que já tocou com a cidade inteira e gosta de estar ali na calçada, numa tarde quente de domingo, pois sabe que ali seu trabalho será reconhecido. É verdade, enquanto tocam uma legião fica absorta ouvindo-os sem conversar. A música entra por aquelas vielas, sai por outras e deixa todos por ali meio que em plena levitação. No intervalo não resisto e vou bater um papo com um dos músicos, o contrabaixista Nando Rangel. Digo ter ficado impressionado com a música deles. “Não vivo disso aqui não, todos tocamos porque gostamos, eu sou professor universitário de música e não consigo abandonar de tocar com gente igual a esses aqui. Nós nos atraímos”, conta e me presenteia com seu CD, o da banda “Contrabanda”, com a participação também do maestro Edson. Urian não me vigia, deixa a coisa ir rolando, pois sabe que iria impressionar a todos. Ao seu lado não param de surgir gente que faz questão de cumprimentar, efusivos abraços. Não resisto e compro o tal do pirulito de metro e também uma luneta estreboscópica, a do Caleidoscópio Fantástico, que não visualiza nada, mas tudo vê. Coisas de quem faz e vive de pequenos negócios pelas ruas. Como dizer não para tão simpáticas pessoas.


Saímos de lá já com a hora bem adiantada e já no dia seguinte seria o dia do retorno. A despedida foi numa segunda e num lugar bem longe do centro e de tudo o que tenha a cara de modernidade. O casal nos levou para a última cerveja e  uma comidinha pra lá de nordestina no Mercado da Encruzilhada, um lugar cheio de ervas, flores, cheiros agradáveis e gente com a cara de que o lugar é de muita responsa. Ali ganho um livro com poemas do Urian e fico de retribuir enviando o meu (o que faço quase um mês depois). Num momento em que a conversa ameniza aproveito e dou uma folheada nos versos, lá encontrando essa jóia mais que rara, seu poema Fóssil: “As águas se foram/ e me guardei pedra./ Anos, séculos, milênios,/ Integrados,/ somos um só minério;/ um velho desenho,/ uma escrita,/ uma lição/ de solidariedade”. Parece que tudo havia sido escrito para nós ali naquela mesa da periferia do Recife, um bando de fósseis vivos, todos em busca de um porto seguro, cada um se segurando na solidariedade do outro. Nos despedimos com aquele sabor de quero mais. Urian é tão enfronhado com as coisas de lá que não nos deixou pegar um taxi qualquer, liga para um seu amigo e esse nos leva para o hote e de lá para o aeroporto. Já sentado no avião, olhando pela janela o Recife leio a dedicatória que me fez: “Henrique, sertanejo como eu, navegando nas águas desse povo fantástico – Recife 16/09/2013”. Eu chorei, pois após seis dias no Recife só fui conhecê-los no penúltimo dia. Perdemos muito com isso, mas ganhamos tanto em tão poucas horas.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

CARTAS (114)


SOBRE O “DIGNIDADE SAQUEADA”
Texto desse HPA na Tribuna do Leitor do Jornal da Cidade – Bauru SP, edição de hoje, 26.11.2013. Ele sai publicado após a leitura ontem, 25.11.2013, no caderno Segunda-Feira do mesmo jornal, a crônica semanal do jornalista João Jabbour, com o título de ‘Dignidade Saqueada’ (http://www.segundafeira.com.br/flip/Edicoes/00218%3D25-11-2013/03.PDF). Não leia o meu sem antes ler o do Jabbour. O meu começa no parágrafo abaixo: 

João Jabbour tem várias responsabilidades e missões dentro do JC. Uma delas, diria ser a mais nobre, além até da de ser o Gerente de Produtos Editoriais, é a de acolher e ver como possam ser publicadas as cartas dos leitores, temas variados, proposituras com diversas abordagens. Tenta direcionar tudo com uma limitação de toques e dificilmente rejeita temas. Percebo que não permite que as discussões se prolonguem ad eternum, enfadonhas e briguinhas pessoais. No mais, o pau come, pois tudo hoje na imprensa deve mesmo ser regido por um lema explicitado certa vez por Vicente Matheus, um filósofo que foi presidente do Corinthians Paulista: “Quem entra na chuva é para se queimar”. Escreveu e publicou, daí por diante, tudo pode vir na sequência, desde elogios, concordâncias, discordâncias, admoestações e até algo mais ácido. Tudo dentro da mais absoluta normalidade.

De uns tempos para cá, esse sempre atento jornalista (iria escrever vetusto, mas achei que ele poderia ficar magoado) deu de escrever crônicas na página principal do jornal Segunda-Feira. Confesso residir ali, pelo menos para mim, a parte mais saborosa daquele suplemento. Tem inovado, buscado algo, que vejo como uma espécie de continuidade do que os leitores fazem na Tribuna do Leitor. Ontem, 25/11, publicou sua crônica semanal e fiquei com vontade de apunhalá-lo pelas costas, e por um simples motivo. Jabbour resumiu no seu texto o que estava escrevinhando (‘roubou’ minha pauta), mais ou menos com a mesma abordagem, pouca coisa diferente. Ele foi na mosca e soube retratar algo, tanto de nossas pequenas cidades, como do mundo atual num todo, o deliberado saque ocorrido em todo e qualquer acidente com cargas espalhadas pelas rodovias, culminando com esse na vizinha Espírito Santo do Turvo, quando o derrame de dinheiro pela rua foi rapidamente recolhido por populares. A tocaia que havia lhe preparado será desmontada se ele estiver predisposto a publicar mais essa minha missiva no JC. Então vamos a ela.

A vertente pela qual enxergo a questão foge da dele num só ponto. O que vemos nesses momentos, raras oportunidades onde o homem comum pode se apropriar de um algo mais é bem o tipo de consciência estabelecida pela sociedade onde vivemos. No mundo do capital, onde uns poucos podem ter tudo e a maioria, mesmo vendo tudo diante dos seus olhos, tudo sendo lhe oferecido, mas pouco podendo consumir, fica endoidecida diante de tanta oferta. A consciência meramente consumista do mundo moderno (sic) leva tudo e todos para um só caminho: o dinheiro. Os livros de autoajuda, o pregado pelos religiosos indica que a salvação é feita pelo ter, o possuir. A felicidade lhe sorri quando com dinheiro no bolso. Todas as demonstrações convergem para isso. Tudo é consumismo, a maioria dos pedidos aos deuses do além hoje são por algo envolvendo grana. O bem-estar está mais do que associado a ter, ter e ter. De vez em quando me pergunto: por que não pedimos por sexo? Isso mesmo.

Ao invés de grana poderíamos pedir por eliminarmos a ejaculação precoce, pelo orgasmo em conjunto, pelo fim da frigidez humana, saúde e bonança sexual, etc. Não, pedimos sempre pela condição material, buscando o ter mais e mais. Ninguém se contenta em ter uma TV com meros dez canais, sendo necessário uma de cem, mesmo que a maioria nunca sequer sejam vistos. Tudo é condicionado. Esse período do ano é ótimo para compreendermos isso. O comércio aberto até as 22 horas é uma verdadeira loucura, todos malucos por comprar. Essa a mentalidade.

A saída eu só enxergo numa caminho: conter essas ideias. Parar de discutir banalidades, de dar importância desmedida para o dinheiro e mais para o ser humano. Até hoje vejo gente dizendo não entender como os médicos cubanos podem trabalhar por tão pouco, enquanto os daqui brigam sempre por mais e mais e tudo fazem por isso. Não existe caso de corrupção que não seja pelo dinheiro e para o dinheiro. Quando um vereador diz em alto e bom som que “médico não trabalha por mixaria”, ele vive nessa sintonia. Todos os golpes são com a finalidade de amealhar mais e mais. Num mundo onde o ser humano pudesse ser mais valorizado, isso iria se dissipando naturalmente. Léo Jaime cantarola algo singular no refrão de uma de suas letras, “o problema é o regime/ que não dá satisfação”. Não o alimentar, mas o político. É quase um insulto você querer viver hoje sem dar importância ao dinheiro.

O correr atrás do seu, do que é do outro, junto com o outro, disputando o mesmo espaço que o outro, gera loucuras na cabeça das pessoas. Por causa disso tudo, noto que o correto mesmo e o mais acertado é ser politicamente incorreto. Precisamos desendinheirar nossas vidas e Jabbour pegou o espírito da coisa. Que isso possa contaminar a todos (as), pois daí depende a salvação do homo sapiens. Ou não é nada disso? 

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (96)


SEGUNDA CHUVOSA É ÓTIMA PARA NÃO SAIR DE CASA E PROMOVER MIL DIVAGAÇÃOES

Os compromissos me fariam pegar estrada no dia de hoje. Uma intermitente chuva me desacelera e fico vendo pela janela desmontarem um circo defronte minha casa. Esses sim possuem compromissos e sabem dos seus prazos. Molhados continuam na lida, estão prontos para baterem asas. Amanhã nenhum vestígio deles terei mais aqui pelo campo defronte minha janela e os quero-queros voltaram a zelar por suas ninhadas e pelos que trafegam por seu espaço. Eu divago, preguiçosamente e fico a recordar de alguns fatos desse último final de semana. Se tiverem saco continuem a leitura.

Na dominical feira encontro numa das vielas da do Rolo uma distinta senhora, circulando com um violão. Sorridente o oferecia por meros R$ 80 reais. Vi um senhor oferecendo R$ 50 e ela balançando, querendo regatear, mas indecisa. Percebi que o sorriso lhe sumiu da face e sai de perto, não quis presenciar o final da negociação, pois deu para perceber que estava se desfazendo de algo pelo qual gostava muito, vinha dedilhando o querido objeto entre a multidão. Tão triste e tão dos nossos tempos isso de alguém vendendo algo e o sujeito demonstrando um interesse vir desvalorizando, depreciando o produto, tudo para jogar o preço lá embaixo. Vejo isso acontecer com um amigo no aperto e querendo se desfazer de um carro batido no seu quintal e o que mais aprece são os que oferecem um preço perto do nada. Vi outro dia na mesma feira um senhor aposentado, alto salário, comprando LPs usados por meros R$ 2 a R$ 5 reais cada e ainda dizendo ao vendedor: “Levo e testando em casa, se algo não estiver de acordo, volto e quero meu dinheiro de volta”. Tenho que me segurar nesses momentos.

Ainda da feira dominical. Permaneci nela quase a manhã toda junto de um velho amigo, DANIEL CARBONE, ex-cinegrafista da TV Tem, professor de Química e morador por décadas da rua São Lourenço, comecinho do Bela Vista. Jogamos bola juntos nos campos do IBC, estudamos juntos na Escolinha da Rede e tínhamos uma intensa amizade até o dia em que resolveu bater asas com sua Maria e a então pequena filha Daniela para São Bernardo do Campo. Volta 30 anos depois para enterrar a esposa do irmão (velórios propiciam grandes reencontros) e no sábado à tarde aporta no portão de casa com sua trupe. Ontem, domingão circulamos pela feira, ele na esperança de rever algum velho conhecido. Nenhum diante de nossos olhos, mas belas recordações e papos sobre o passado, o presente e o futuro. Daniel continua, ele e sua Maria dando aulas na escola pública, em vias da aposentadoria e agora cuidando de um negócio próprio, um pet shop. Especialista em canários, vive rodeado dessas aves, algumas soltas pela casa. Ele e seu irmão, um bombeiro aposentado, gente carbonária, reviraram durante algumas horas algo do meu passado, que de vez em quando volta à tona e me emociona. Não sou saudosista, só gosto de reviver algo lá de trás e ver que tenho muita coisa de bom para relembrar. Eu sou daqueles que não deixo o bonde passar, subo nele e deixo a coisa rolar, pois como creio que não teremos outra vida é com essa que tenho que ir. E vou.

Na sexta à noite, após dar uma passada no velório do professor Muricy e tirar uma fotos do Niltão lá na portaria do Armazém Bar, resolvi, eu e Ana bebericar umas ouvindo o amigo Neto e Desirré cantar, no Bar d’Lemão, onde era o Saudosa Maloca. Foi muito bom rever Cida Conca e suas histórias de São Tomé das letras (escrevo dela hoje num Personagem sem Carimbo – O Lado B de Bauru). Minha gratificação, dessas que me fazem chorar é reencontrar pessoas pelas quais já escrevi algo, que demoro para reconhecer, mas me abraçam, me chamam pelo nome e ficam me elogiando em público. Fico todo derretido. Dessa vez foi o Carlos, um sujeito muito boa praça que conheci em 2009 no Bar e restaurante do Luso, num almoço onde Humberto Biazon cantava com seu grupo, o Álibi. Reveja a história aqui: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=humberto+biazon. Carlos primeiro me afronta com clássica pergunta: Lembra de mim? Digo que sim, que deve ser de algum bar, mas ele percebe que não me lembro de porra nenhuma. Daí explicita tudo e conta a história daquele dia para todos na mesa. Diz ter gravado até hoje o texto num pen-drive e o mostra para todos. Ana tira umas fotos de nós dois no colóquio amoroso e eu, que mal consigo me levantar da mesa (não por causa da bebida, viu! Tô controlado), percebo que por essas e outras não devo ser mesmo Xarope. Ou ser xarope é isso, sei lá!

Quer coisa mais feliz do que ver os amigos no desvio sendo reencaminhados. Neizinho, meu craque de bola da várzea, dos tempos que assistia amador in loco, depois de passar agruras mil, consegue com a ajuda de diletos amigos a tão almejada aposentadoria do INSS. Um salário mínimo, esse o valor exato que o tirará da miséria e da precária situação em que vivia. Hoje o vejo altaneiro e cheio de pompa pelas ruas da cidade. Neizinho deu a volta por cima e já sente outros ares bafejando sua face. E se ele está mais feliz que pinto no lixo, eu idem. Mais uma. Nem eu, muito menos a torcida do Flamengo morremos de amor pelo Marcelão, um personagem das ruas e bares de Bauru, neoliberal convicto e boquirroto de plantão, sempre colocando num altar os tucanos, mas o cumprimento e ele ciente de que estou em outra trincheira de luta, acabamos nos respeitando. Num bar, ele ostentando uma camiseta, peça de museu, com um 12 É TUGA, de um inesquecível campanha pela Prefeitura de Bauru. É certo que sai por aí para provocar incautos. Disse a ele que talvez essas sejam as duas últimas peças ainda existentes, nós dois os últimos possuidores dessa rarissima peça (quanto valeria no Mercado Livre?). A minha guardo para usar em momento oportuno, a dele ele a gasta pelos bares da cidade. Por fim vejam só o que o amigo Gilberto Maringoni produziu sobre uma entidade vicejando nos dias de hoje, a Associação dos Facebookers Anônimos. Tenham todos e todas uma boa semana.

domingo, 24 de novembro de 2013

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (75)


O QUE POSSO ESCREVER SOBRE O PROFESSOR MURICY...
Nem sei se deveria escrever algo sobre MURICY DOMINGUES, que foi também meu professor no curso de História da USC – Universidade do Sagrado Coração, mas o faço por um simples motivo. Quando criei o blog do Mafuá do HPA, passei a enviar via e-mail até hoje, para uma lista de umas 300 pessoas os meus textos de Memória Oral e uma das pessoas que mais me respondia era o Muricy. Algumas vezes até divagava sobre o texto, mas marcava presença, uma espécie de informação em continuar lendo o que escrevia. Enviava pautas para prováveis textos e como sempre fazia, comigo e com todos, espalhava fotos de suas intermináveis viagens, com seus relatos e divagações. 

A lembrança que tenho dele na USC é a do seu livro de Metodologia Científica, que nos fez usar para os trabalhos. Aprendi muito ali, pois foi o que ele mais martelava diante dos seus alunos. Tinha um amor tão grande por estrada e viagens que em alguns momentos até exagerava e comentava mais de suas aventuras do que dava aula. Nunca reclamei, pois sempre nutri o mesmo gosto por botar o bloco na rua e sair pela aí. Tínhamos roteiros bem diferentes, mas o gosto pela aventura era o mesmo. E ele conseguiu a grande proeza de realizar todos os seus sonhos, viajar mundo afora com o soldo de professor, um milagre que foi embora sem nos explicar direito.
 
Quero juntar com calma seus comentários feitos ao meu e-mail, alguns bem pessoais, vindo com um recadinho do tipo: “Esse é só para nós, não divulgue e se possível após a leitura, delete”. A maioria acredito não teria problemas em publicar. Demonstravam sua insatisfação nos últimos tempos com os rumos do magistério e do funcionalismo público estadual no seu segmento, a Educação (soltava seguidas farpas contra Alckmin e sua thurma). Tudo bem que ele só foi se engajar de fato nessa luta após ser defenestrado pela USC, algo que o magoou muito. Todas as vezes (e não foram poucas) que escrevi sobre a vinda do reitor chileno para fazer a limpa na USC, ele me escrevia e me dava dicas. Sabia, como toda a cidade sabe, que o chileno veio fazer o que as irmãs não tiveram coragem de fazer, demitir os daqui sem parcimônia e piedade. Ele fez sua vida por lá, tendo inclusive gravado uns memoráveis programas de rádio sob a coordenação do Reginaldo Vianna, que ontem conversamos no velório e me disse tentará reproduzir alguns na 87FM, onde atua diariamente das 12 às 13h. Muricy tinha planos de fazer mais rádio, de viajar mais e tínhamos algo mais em comum, um amor desmedido pela cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Eu a descobri aos 16 anos, ele antes disso e depois, seu filho foi morar por lá e eu acabei me estabelecendo com uma carioca por aqui. Divergíamos em muita coisa, mas nunca nos enervamos um com o outro. Nem ele, nem eu não somos do time dos Xaropes. Muricy faleceu ontem.

Coisas do HPA (essas fotos aqui postadas são do Jaime Prado, esse sim um dos seus grandes amigos).

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (53)


UM PRÊMIO QUE VALE A PENA – O LUIZA MAHIM 2013
Vários prêmios dão destaque para os do meio empresarial bauruense, um outro famoso premia os destaques do esporte. Vez ou outra a ACIB, o CDL, o CPC do CIC, SERASA, entidades patronais e dos donos da grana estão elencando aqueles que mais gastaram, os que mais investiram (sic), os que mais lesaram e até os que mais demitiram. Daí uma lista de nomes de Destacáveis. Em algumas dessas listas um embutido jabá pago pelos laureados. Isso mesmo, o homenageado em alguns momentos paga para ser homenageado e participar das festas e receber seus troféus. Tudo vale, tudo é permitido. O que não vale é ficar de fora e não aparecer na foto e na divulgação que sairá espalhada por aí, essa também pagando. Sempre o laureado arcando com as benesses que fará jus. Os nomes se repetem, ano sim, ano não, o que foi uma vez, será novamente e se não foi nesse, não pode arcar com as despesas, ano que vem pagando retornará ao topo e tudo continuará maravilhosamente entre esses.

Nessa semana que se encerra fui laureado por uma escolha bem diferente dessa do relato. O intuito é outro, a consequência idem. O Conselho Municipal da Comunidade Negra de Bauru escolhe anualmente alguns agraciados com o PRÊMIO LUIZA MAHIN, instituído pela Lei Municipal nº 5051, de 07/11/2003, hoje presidido pela educadora Maria José dos Santos, a Zezé. As indicações são feitas pelos próprios conselheiros e aprovadas nas reuniões da entidade. Tudo ocorre entre os seus membros, que se reúnem e definem os nomes de algumas pessoas da cidade que se destacaram pela dedicação no combate ao racismo, pela construção da cidadania, promoção da igualdade e valorização da cultura afro-brasileira nas mais diversas áreas, seja profissional, artística, cultural, social, religiosa, etc. Nesse ano foram doze os laureados e ninguém precisou pagar nada, só ir lá e numa solenidade simples, coletiva, receber um CERTIFICADO.
Vejam os agraciados com a homenagem esse mês:

RUTH DO AMARAL SAMPAIO

IDENILDE DE ALMEIDA CONCEIÇÃO

PASTOR LENILDO PEREIRA DE AQUINO

FLORIPES SOARES DOS SANTOS – professora Flor

JOELMA MARIA DE MOURA

CAMILA FERNANDES

PROF. FABIANO MARIANO

AGNALDO ANASTÁCIO DA SILVA

VALDIR FERREIRA DE SOUZA

HENRIQUE PERAZZI DE AQUINO

RUTE CRISPIM DE MATTOS CÂMARA

CARLOS RENATO MOREIRA – Magu do Hip Hop


Com a publicação de fotos tiradas no dia o justo reconhecimento por uma ação contínua. Essa é dessas homenagens, simples como a vida da maioria dos que subiram ao palco para receber seu diploma. Desculpem os demais, mas receber um prêmio com essas características é algo que dignifica qualquer um. Estou em estado de graça até agora e daqui para frente, atuando com mais responsabilidade, pois não posso decepcionar. É a luta de toda uma vida olhada por outros, valorizada, enxergada, sem que nada tenha feito além de fazer o que sempre faço, colocar o bloco diariamente na rua.