terça-feira, 31 de março de 2015

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE QUE SOBRARAM (71)


EU NUNCA DEIXEI DE ESTAR AO LADO DESSA BRAVA MULHER

MULHER DE FIBRA. Corajosa, ousada e sempre na mesma linha de ação. Nunca me esqueço da vergonha que passei no dia em que o PT a deixou perder uma vaga no Senado para o delegado do PTB. Ela não aguentou e se desfiliou do partido logo a seguir e até hoje é como lhe disse anos depois quando a encontrei num evento em são Paulo, pois também havia saído do PT, quando ia ser expulso por gente encastelados no poder local: "Somos como rés desgarradas". E ainda me acho uma rés à procura de um cocho para beber água pura. Imagina uma prefeita paulistana que teve o maravilhoso disparate de colocar na Secretaria de Educação nada menos que Paulo Freire. Trabalhou ao lado de Paul Singer e Marilena Chauí. Foi demais da conta. Ela até hoje está num partido com nome de socialista, mas que perdeu o sentido faz tempo. Vejam vice de quem eles são. ERUNDINA resiste como uma das últimas moicanas naquele reduto, assim como vejo muitos resistindo bravamente dentro do PT sem ainda saberem direito para onde irem. O melhor seria acontecer uma revolução interna dentro do partido e os que ainda sustentam a dignidade desse partido se rebelarem e assumirem o mesmo. Não dá mais para contemporizar. Não desmereço os avanços produzidos por esses doze anos de PT no poder, algo nunca visto nesse país. Histórico o que fizeram, mas se deixaram levar, desviaram-se da rota. Nunca me verão açoitando o PT, ainda mais diante da crueldade do que vejo sendo armado nesse fétido bastidor brasileiro, mas vejo que é o momento de não deixarmos que tudo se perca.
Quando leio, como agora, reflexões vindas da cabeça dessa arejada cabeça nordestina (faz tempo que eles estão mais arejados que muitos do resto do país), sei que tudo tem solução. Eu também penso que existe uma saída para toda essa esquerda desgarrada e ciente de que a luta não está por se findar. Ela nunca vai se findar enquanto persistir essa brutal desigualdade e indiferença humana. Imagino algo igual o que ocorreu na Grécia e o que está prestes a ocorrer na Espanha, junto com a experiência cubana e vejo isso como solução. Não suporto o neoliberalismo predatório, onde uns poucos ganham os tubos, grupos econômicos fortíssimos e o povo cada vez mais a perder conquistas do passado, encurralado e vivendo como gado. Escrevo isso de uma só talagada, após um dia intenso de trabalho num Congresso Acadêmico e antes de deitar dou de cara com essa valente numa corajosa entrevista.

Assim como ela existem muitos, pensando igual ou parecido. É que ela disse o que estava querendo ouvir. Leiam essa entrevista:http://www.cartacapital.com.br/…/201ca-reforma-politica-so-…

Minha cabeça pende muito para algo nesse sentido.

Esse meu texto para um dia como hoje, 31 de março (ou 1 de abril, como queiram), 51 anos do Golpe Militar de 64.
HPA

segunda-feira, 30 de março de 2015

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (97)


O QUE ALGUNS QUE ME QUESTIONAM POR AQUI FARIAM DIANTE DESSA PROBLEMÁTICA

No caminho de pegar um ônibus para a capital, começo da tarde, quem me leva para a rodoviária é o profissional responsável pelos reparos contratados no meu meio de locomoção. Falamos de tudo, mas como sempre por esses dias tudo desemboca na política. Diz estar estarrecido com o que leu dia desses pelo seu facebook.

- Dizem que tudo vai piorar. Sabe por que, Henrique?

E me dá um exemplo para demonstrar, segundo ele, o grau de insensatez dos que nos governam.

- O atual Governo não se contenta mais com as muitas bolsas distribuídas no momento. Cria mais e mais. Essas todas até agora são exclusivas para brasileiros, mas agora criou mais uma e essa beneficiando todos os estrangeiros que estão vindo trabalhar no país. Os haitianos, africanos e os latinos de toda natureza estão recebendo do Governo um incentivo monetário mensal para aqui se instalarem. Um salário pago por nós e estão tirando o nosso emprego, algo já difícil para o próprio brasileiro.

Tento questionar da origem disso. Repete ter lido no facebook e que se é repassado deve ser verdade. Explico lá do meu modo e jeito:

- E você acreditou em tudo assim sem pestanejar? Primeiro não devemos acreditar em tudo o que está postado na internet. O país ainda não quebrou, mas desse jeito caminha a passos largos para quebrar, forçam a barra. Não porque criou isso aí que me diz ter lido. Isso é deslavada mentira. Esse atual Governo e o anterior erraram muito, mas também acertaram outro tanto. Basta você andar pela periferia da cidade para constatar a quantidade de conjuntos habitacionais novos, um atrás de outro. Isso é muito bom. O nordestino já não vem para cá como antes, pois sua região já não é como antes. Isso também é ótimo. E corrupto não é somente o petista. Aqui em Bauru mesmo tem muitos e estão escapando de serem punidos. Você acha que saindo os petistas, diante de tudo o que você vê por aí, entraria alguém diferente deles?

Ele mesmo concorda comigo e responde com um sonoro:


- Não.

Poderia passar horar ali confabulando com ele sobre quem inventa esse tipo de mentira, qual a intenção disso tudo, quem as repassa, mas chegamos na rodoviária. Deixei uma minhoca plantada lá na cabeça dele. Na viagem escrevo esse texto. E fico a me perguntar se adiantaria ficar reproduzindo via redes sociais o contraponto para esse tipo de procedimento. Na verdade, isso já ocorre. O que está em jogo, mais do que claro não é o fim da corrupção, mas a destruição de um partido político, resvalando também em toda a esquerda. Um sórdido jogo onde os incautos são levados de roldão.

Impossível não se lembrar de algumas pessoas com as quais tenho divergido recentemente pela internet e me utilizo delas para encerrar esse meu escrito. Pensei no advogado Pilli Cardoso, no engenheiro Ricardo Coelho, no Paulo Brisolla, no Duda Trevizani, no Kyn Junior, no Cacau Galvão, na Marta Caputo e tantos outros. Para eles deixo uma pergunta sobre isso que passei hoje: Diante da mesma situação, tendo que se posicionar para quem lhe indaga sobre algo que sabem ser deslavada mentira, o que fariam? Eu confesso não estar imune à mentira, mas nesse caso não colocaria mais lenha na fogueira. E os senhores (as) ?

Aguardo ansioso pelas respostas.

domingo, 29 de março de 2015

MEMÓRIA ORAL (177)


QUATRO HISTÓRIAS ESCRITAS NOS ÚLTIMOS DIAS


1.) O SORTUDO ERASMO MORA HÁ CINCO QUADRAS DO SEU SERVIÇO

Algo cada vez mais raro é o trabalhador conseguir o feito de residir perto do seu local de trabalho. Nas cidades médias e nas grandes o padecimento desses enfrentando longas e penosas horas, tanto para ir como para voltar é mais do que um problema. O contrário também existe, mas é quase uma rara exceção. Exceção também são as pessoas que continuam residindo nos centros velhos das cidades. Na maioria das vezes o centro comercial é muito movimentado durante o dia e um tanto abandonado à noite. Conto hoje a história de um trabalhador que consegue usufruir dessas duas benesses ao mesmo tempo.

ERASMO BENEDITO DE FREITAS, 60 anos, possui um considerado porte físico e em nada aparenta a idade que tem. Forte, alto e de alguns anos para cá, passando a navalha na raiz dos cabelos é um assumido careca. E assim ninguém fica sabendo de sua calvície. Vigia há 26 anos da Prefeitura Municipal de Bauru, atua junto à Secretaria de Cultura, no Centro Cultural das Nações há pelos menos 13 anos. Antes atuou por 6 anos na DTI e outro tempo no Almoxarifado. Antes de fixar-se onde atua hoje ia sendo convocado à moda picadinho, aqui e ali, mas hoje está feliz da vida. Mora ali perto, justamente na avenida mais movimentada da cidade, a Rodrigues Alves, em sua quadra 9, entre a Gustavo Maciel e a Rio Branco, exatas cinco quadras do trabalho. Um privilégio conquistado 11 anos atrás. Sente-se bem no lugar, prédio antigo, aluguel “maneiro” e tudo facilitado. Daí um dos motivos de Erasmo, mesmo fazendo cara de mau quando necessário é um bonachão, sorriso largo e atuando no balcão, portaria do teatro, alguém sempre de bem com a vida e com a informação na ponta da língua. Até quando posa para a foto, esboçando uma cara amarrada, para quem o conhece, sabe muito bem ser ele uma pessoa de fino trato.

2.) PIRICA BATE NAS ONZE PARA CONTINUAR NARRANDO JOGOS
Existem pessoas que são a própria expressão da resistência em seus ofícios. Esse aqui hoje retratado um deles. Uma tristeza quando até bem pouco tempo íamos acompanhando sua luta para poder conseguir voltar ao mercado de trabalho e atuar, fazer o que sempre fez a vida toda. Para muitos, com a chegada da idade, tudo acaba ficando mais e mais complicado, as portas começam a se fechar com mais facilidade e as dificuldades se ampliam. Vê-lo atuando, mesmo que ainda de forma insipiente é daqueles raros prazeres, onde constatamos que, sempre existirá uma brecha por onde possamos nos enfiar e fazer valer todo o cabedal de conhecimento arrebanhado ao longo da vida.

NILTON DE OLIVEIRA pode não ser uma pessoa assim conhecida pelo pessoal de Bauru, mas quando se fala em PIRICA, daí a cidade inteira passa a saber de quem se trata. Esse homem dos estertores dos meios de comunicação da cidade já jogou em quase todas as posições dentro de uma equipe esportiva. No rádio, tendo começado muito cedo, já fez de tudo e nas narrações esportivas já foi desde repórter, comentarista e hoje, atua como narrador dos famosos jogos internos do BTC, que a TV Preve transmite aos finais de semana. Ali é uma espécie de faz tudo. Com sua inconfundível voz e picardia, faz dos jogos um local saboroso para bate papo e muita informação. Pirica não é um reclamão, mas põe acertadamente a boca no trombone quando diante da situação atual das comunicações em Bauru, com espaços cada vez mais reduzidos. Um lutador, tendo suado muito a camisa para poder continuar atuando no mercado. Inegável o seu conhecimento no metiê. Um da velha guarda, desses que todos os novos deveriam se curvar em respeito por tudo onde já esteve metido ao longo das últimas décadas.

3.) DIRETOR JURANDIR E A SAUDADES DOS SEUS TEMPOS NO JARDIM PAGANI
Estava nessa manhã no mercadinho mais simpático da região onde moro, a Casa do Arroz e por lá sempre trombo com figuras das mais simpáticas do cenário bauruense. Saudades das trombadas que dava continuamente com Isaias Daiben, que tão cedo nos deixou. Milton Dota, o velho bardo da esquerda bauruense é outro sempre nas bancas de verduras e frutas. Outro dia uma senhora me aborda e diz: “Leio o que você escreve”. E não a conhecia, hoje somos amigos de escolher alface juntos. Velhos e velhas conhecidas são trombadas mais do que eventuais nos corredores de quem, como eu, não gosta muito de mercados agitados e cheios de salamaleques. A marca mais do que pessoal da Casa do Arroz é isso de conseguir conciliar a simplicidade, com algo à moda antiga, mais modesto e cheio de muito calor humano. Hoje revi um velho professor por lá e dele nasceu esse texto.

JOSÉ JURANDIR GONÇALVES é a austeridade em pessoa. Aparenta isso, mas não é tudo isso não. Ele é um senhor de fino trato. Foi professor na escola pública e quando se aposentou ostentava o cargo de diretor de escola, na EE Antonio Guedes de Azevedo, no jardim Pagani. Muito antes disso, também foi diretor noturno no antigo e falecido La Salle, ali junto a praça da igreja Aparecida. Linha dita como dura, Jurandir não era um sujeito feroz (continua não sendo). O que sempre fez foi não fugir de suas responsabilidades, seguir um padrão de comportamento, o que tinha convicção ser o mais adequado para o sistema educacional que acredita. Dos seus tempos de Pagani, inesquecível o zelo que aquela escola tinha pela iniciação musical de seus alunos, com exclusivo acompanhamento nesse setor (será que ainda está funcionando?). Ele sempre morou num inusitado lugar, na divisa entre a Quinta da Bela Olinda, começando ali no portal junto do Raphael Maurício. Quando o mesmo não deu certo, não saiu dali. Foi obrigado a gradear todo, mas sua casa continua sem muros, resistindo. Jurandir continua solteiro, fazendo de sua vida um instrumento da Educação. Hoje no IESB e em Agudos, com a mesma postura, camisa social e gravata na indumentária. Bom de conversar.

4.) SEU ANTONIO INOVOU COM OS LPS ENCALHADOS EM SUA BANCA
Eu sou um eterno fuçador do centro dessa e de muitas outras cidades. Quando não debilitado, como nessa semana, bato muita perna e nas andanças sempre vou conhecendo gente e mais gente. Esse retratado aqui hoje é um velho conhecido, um desses vendedores de pequenas bancas com mais tempo de uma aberta no mesmo lugar e vendendo sempre os mesmos produtos. Difícil quem não o conheça em Bauru. Muito dele já foi falado, escrito e até na televisão já apareceu por várias vezes. Quando a coisa deu aquela apertada, como nesses últimos tempos, botou a caraminhola para funcionar e buscou inovar. Criou dentro de um segmento do qual já vendia um algo novo e dele vai extraindo mais um bocadinho para a sua subsistência. Vamos conhecer a mais nova história saída de sua imaginação.

ANTONIO ALVES BARBOSA FILHO, 64 anos não é daqui não. Coisa de 24 anos atrás saiu lá de sua Niterói, estado do Rio, cansado de dar murro em ponta de faca com a profissão de caminhoneiro e convidado pela irmã, que aqui já morava, veio de mala e cuia, com seis filhos muito novos na algibeira. Até tentou continuar sendo caminhoneiro, mas percebendo que a injustiça aqui era pior que lá na sua terra, resolveu criar ele mesmo o seu próprio emprego. Arrebatou das mãos de um dos mais famosos donos de sebos da cidade, sr João Vieira a barraca no meio da quadra cinco da rua Agenor Meira, quase em frente ao Hotel Cidade de Bauru. A barraca sempre foi pequena para expor os LPs que vendia e os espalhava pela calçada. Toda a renda para manter sua família saia da banca e até pouco tempo um dos filhos lhe ajudava, mas agora empregado, não mais. Ele continua por ali, vendendo LPS, CDs gravados por ele mesmo a R$ 10 reais cada, reproduções de VHS para CD e quando o comércio deu aquela definhada pensou em algo novo. Juntou os LPs que não saiam de jeito nenhum, bolou um visual variado e está vendendo algo feito por ele mesmo, os relógios com formato de LPs. Tem até história para contar. Outro dia foi visitar os parentes no Rio e levou 30, parou lá na famosa feira de sábado na Praça XV, centro do Rio e vendeu tudo rapidinho. E assim ele segue a vida, “devagarinho vou indo, tocando meu barco e sempre aqui no mesmo lugar”, me diz.

sábado, 28 de março de 2015

BAURU POR AÍ (111)


COMO FOI A MANIFESTAÇÃO PRÓ OFICINA CULTURAL NA BATISTA DE CARVALHO
Hoje pela manhã, concentrados na praça Machado de Mello a partir das 9h30 da manhã e descendo o Calçadão da Batista a partir das 10h20 uma legião de gente conhecida, artistas, populares e interessados nas questões culturais de Bauru. O fechamento da Oficina Cultural Glauco Pinto de Moraes pelo Governo Estadual comandado há vinte anos pelo tucanato é a demonstração de como não se deve praticar Cultura em nenhuma instância. Tudo onde estão prevalesce a truculência, autoritarismo e decisões de cima para baixo. Daí uns se juntaram nas ruas muito bem organizados, gente preocupada ali em Cultura e não na política como ocorre nas hostes estaduais. Tomara que, nos próximos dias o deputado estadual por Bauru, Pedro Tobias não queira se arvorar de Salvador da Pátria, pois ninguém dos seus deu as caras e estamos mais que cheios de jogos de bastidores. Valeu a presença do grupo do Alberto da Capoeira com seu batuque, muitos agentes culturais da cidade, o próprio secretário de Cultura de Bauru, o direto da Oficina Paulinho e essa pá de gente do bem expostas nas fotos. Fiz questão de retratar nos meus flashes as pessoas que lá estiveram. Elas são a cara dessa cidade e representam vários dos seus segmentos. Foi um belo reencontro com muitos e muitas nessa manhã de sábado. Amanhã, mais uma manifestação, mas na Getúlio, praça da Copaíba, lugar que após o lá ocorrido no último dia 15/03, fica marcada como local de aglutinação de interesses outros que não os da maioria da população. Daí, encerro minha participação hoje com a publicação dessas fotos. Que todos e todas não se deixem levar pelo canto da sereia e estejamos todos focados pela continuidade da Oficina e se isso ocorrer, numa reesruturação interna e externa. Bauru ganhará com algo novo, com muito disso que vi hoje nas ruas e fluia nas conversas entre os presentes. Ver algo em prol da Cultura nas ruas é sempre bom. Rua é bom pra tudo, inclusive para lavar a alma.


O PONTO ALTO DA MANIFESTAÇÃO CONTRA O FECHAMENTO DA OFICINA CULTURAL GLAUCO PINTO DE MORAES ONTEM NA BATISTA
Subiamos o Calçadão da Batista desde a praça Machado de Mello, a da estação férrea em direção à praça Rui Barbosa, a da Catedral numa justa manifestação e no meio de uma das quadras, todos pararam um tanto estáticos diante de um autêntico artista das ruas e lutas. Respeitosamente ficamos a ouvi-lo atentamente no seu sentido lamento com os acordes de sua chorosa sanfona. Foi para mim o momento mais significativo do movimento, algo tocando lá no fundo de todos e todas: O que pode ser feito de fato e de direito por todos os praticantes de uma original Cultura? Quem souber algo mais sobre esse senhor me diga por aqui, pois quero fazer um perfil com ele lá no meu diário Personagens sem Carimbo - Lado B de Bauru. Com a reprodução desse vídeo o desejo de um bom final de semana a tudo, todas e todos.

Cliquem a seguir para assistir o vídeo: https://www.facebook.com/video.php?v=1036276329735709&set=vb.100000600555767&type=2&theater 
HPA

sexta-feira, 27 de março de 2015

CENA BAURUENSE (133)


DOIS PRÉDIOS ABANDONADOS: CIA PAULISTA E ESCOLA SANTA MARIA
A situação da destelhada estação da Cia Paulista.

Estamos às voltas com o fechamento da Oficina Cultural Glauco Pinto de Moraes, mas outras obscenidades permeiam as hostes culturais em Bauru. Tempos atrás Bauru amealhou grana em emendas parlamentares para recuperar a antiga Estação da Cia Paulista, quando a cidade ganharia de volta o seu Museu Histórico Municipal, fechado desde quando foram encerradas as atividades lá no endereço na rua Antonio Alves. A grana chegou, uma imensa placa lá na frente do local, junto da Feira do Rolo indicava o valor reservado para a obra. Tudo teve início e a estação inteira foi destelhada. Passados poucos meses a obra parou e a estação inteira continua destelhada. O prefeito Rodrigo informou tempos atrás que a paralisação não havia ocorrido por esses abomináveis pedido de complemento, o trivial aditivo que as empreiteiras praticam hoje para ganhar mais e mais. O repasse do Governo Federal havia se estancado. E até hoje, passados mais de cinco meses, tudo continua paralisado por lá. Mas não era grana carimbada? A primeira emenda foi do deputado Vicentinho, época ainda do Governo Tuga. Essa paralisação é tão bestial quanto o fechamento da Oficina Cultural. A cidade precisa se mobilizar e pressionar a quem de direito para a retomada imediata dessa obra, pois do contrário, o prédio histórico estará irremediavelmente comprometido. Vamos deixar isso ocorrer?
A situação da hoje abandonada Santa Maria.


Aproveito para contar algo sobre uma escola municipal, a antes primorosa EMEF Santa Maria, ali no coração da vila Cardia. Essa escola sempre foi uma espécie de cartão de visitas dentre todas as municipais. Algo de muito ruim aconteceu por lá, a escola foi fechada há mais ou menos um ano e meio atrás e tudo transferido para o prédio do Lar Escola Rafael Maurício, lá na entrada da Vila São Paulo. Diariamente a Prefeitura disponibiliza cinco ônibus em todos os quatro horários e leva e busca os alunos da Cardia para a vila São Paulo. Um transtorno para todos. De uma simples reforma, nunca iniciada e nunca também explicada dos motivos reais da demora, o primor da Santa Maria hoje já se transformou na mais nova Pinóquio, aquela que permaneceu fechada e abandonada por muitos anos. Por que as coisas acontecem dessa forma com obras e em algo relacionado à Cultura e Educação? Tive parentes estudando na Santa Maria e conheci muitos dos seus antigos e atuais professores e em todos, algo velado e de muita tristeza. O descalabro por tudo chegar ao ponto do abandono total lá nas antigas instalações e o transtorno diário de todos os alunos terem que ser transportados de um bairro a outro. Parece ser mais fácil fazer esse transporte do que apressar a reforma da escola.

Duas obras, duas situações mais do que esdrúxulas. Obras paradas, inacabadas e outras com remoção e nunca iniciadas. Falta sensibilidade e explicações convincentes. Até quando? A culpa pode até não ser da Prefeitura Municipal, mas ela peca por não divulgar dos motivos reais desses atrasos, paralisações e fechamentos sem que nenhuma obra se inicie. E tem mais, mas por hoje ficamos com essas duas edificações, ambas tão importantes para a Cultura e a Educação bauruense.


ALCEU E UMA HISTÓRIA DO RECONHECIMENTO DO NOVO MOMENTO VIVIDO PELO INTERIOR DO NORDESTE
Alceu vai estar no SESC Bauru, sábado, 28/03.

ALCEU VALENÇA estará amanhã em Bauru. É uma das mais arejadas mentes do cancioneiro popular brasileiro. Sobre seu repertório nada a acrescentar, só a louvar. Estarei na fila do gargarejo para vê-lo cantar várias de suas canções. Muitas inesquecíveis. Tenho uma bela história dele, lida anos atrás na revista Brasileiros. Ele é de São Bento do Una, interior bravo pernambucano. Ele falando sobre como as coisas mudaram para melhor nesse país fez questão de relatar isso no meu resumo a seguir. Toda vez que voltava para sua cidade era rodeado por muitos que lhe pediam uma infinidade de coisas. Rodeavam não só por causa do artista, mas também por causa das necessidades existentes. Isso sempre o entristecia muito e ele sempre ajudava, dentro de suas possibilidades. Ele conta cheio de emoção que a coisa mudou para melhor em sua cidade. De uns tempos para cá, desde o governo Lula, toda vez que volta tem percebido que não existe mais aquele ajuntamento de pessoas carentes a lhe pedir coisas e mais coisas. Ele percebeu a mudança e foi conferir. Tudo fruto dos programas sociais do Governo Federal e a população da pequena cidade estava se transformando e mudando para melhor. Eles tinham mais o que comer, se vestiam melhor, moravam melhor, estavam mais alegres e isso também o alegrou muito. Quando lhe perguntam das mudanças, ele responde firme e resoluto: “Como que esse povo que teve sua vida transformada para melhor pode ser contra tudo o que lhe fizeram de bom?”. Adorei a fala do Alceu e esse é um ótimo momento para dividi-la com todos. Vamos cantar com Alceu amanhã no SESC? Pelo que sei ainda tem ingressos à venda.
Coisas do HPA

quinta-feira, 26 de março de 2015

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (69)


O ATO CONTRA O FECHAMENTO DA OFICINA

São tantos atos, tudo junto e ao mesmo tempo, que nem sei ao certo em qual poderei comparecer. No da garotada nas ruas apoiando os professores em greve eu queria estar em todos. Uma belezura ver eles todos vestindo a camisa da causa dos professores. O que falta mesmo pelo que vejo é a adesão dos professores. Outro onde gostaria de estar em todos é o dos trabalhadores da Ajax, numa justa reivindicação. O movimento deles enobrece a causa da luta pelo fim das atrocidades cometidas contra a classe trabalhadora. Estarei de corpo e alma junto a esses dois movimentos.

Também estou clamando em alto em bom som contra o fechamento da OFICINA CULTURAL de Bauru. Ruim demais isso. Como esse pessoal da Cultura estadual é autoritário e insensível. Proibiram o atual dirigente em Bauru, o Paulinho de sequer abrir a boca. E o Paulinho segue calado e toda a classe artística falando por ele. Esse é o modo tucano de tocar Cultura. Me espanta ver gente que votou nesse desGoverno alckmista querer ir para as ruas nesse momento pedir algo contrariando totalmente o que sempre pregou o neoliberalismo predatório deles. Votaram em tudo o que os caras representam e clamam por algo diferente. Incoerência de propósitos. Também não acredito uma vírgula no pronunciamento do deputado Pedro Tobias se dizendo contrariado com o fechamento, como se nada soubesse. Alegar desconhecimento nessa altura do campeonato é propício de quem daqui a alguns instantes vai se arvorar de ter salvo a Oficina. Vejam se isso não vai acontecer e depois conversamos. Muita cara de pau. Está claro que o salário alto do dirigente abalou as estruturas e na reacomodação sendo urdida, a acomodação se dará dentro dos padrões sempre estabelecidos pelos capos do tucanato, sendo que um deles é o nobre deputado. Nem pensem em colocar o cara como salvador da pátria, pois nunca foi e nunca será.

E vamos bradar nas ruas para que a Oficina permaneça aberta. Sim, farei isso, mas deixando bem claro esses pontos aí em cima. E mais uma, a Oficina precisa ser melhor discutida por essa e todas as demais cidades de sua abrangência. Sou também pela criação de uma espécie de Colegiado regional com poder de decisão e ingerência nas decisões tomadas pelo grupo gestor, diretor e mantenedor. A Oficina precisa ser mantida, o espaço é valioso, mas já que eles levantaram a lebre, vamos retomá-la mais unidos, soberanos do que podemos e queremos dela. Falta um real integração dela com as necessidades locais. Se um dia aquele espaço lá da rua Amazonas tiver sua reforma concluída (toc toc toc) e entregue para real utilização, muita coisa poderia ser repensada nas suas instâncias internas e externas.

Sábado estarei junto a todos os demais esgrimando contra os detratores culturais, onde eles estiverem. E que essa luta se una a tantas outras ocorrendo nos vários campos de batalha. Sábado, 28/03, 9h30 no Calçadão da Batista. Contem comigo para DESAMORDAÇAR a Oficina Cultural Glauco Pinto de Moraes!!!.

HPA

TITO MADI LANÇOU DISCO NOVO E ALGO HOJE NO JC – VIVA!!!!!!!!!!!!!!
Mês passado, 26/02 ele fez um show junto do amigo Gilson Peranzzetta na Sala Baden Powell, no Rio e lançaram mais um CD na carreira do Tito, após 14 anos sem gravar. Memorável fato, pois Tito, como é sabido padece de um AVC e está impossibilitado de cantar, tocar e até compor. A Folha de SP publicou uma matéria muito elegante sobre o lançamento. Clique a seguir no link para leitura: http://www1.folha.uol.com.br/…/1601492-mestre-do-samba-canc….

E hoje quem publica uma entrevista especial com Tito sobre esse lançamento é o Jornal da Cidade - Bauru SP, texto do jornalista Marcus Liborio, “Foi a época mais feliz da minha vida – Pirajuiense e mestre do samba-canção, Tito Madi define com muita alegria o tempo em que morou em Pirajuí; cantor voltou a lançar disco após 14 anos”. No meio da tarde de ontem recebo uma ligação do jornalista e pede autorização para publicação junto ao texto de uma foto do Tito de minha autoria, tirada lá no seu apartamento, quando de uma de minhas últimas visitas. Autorizei e a foto está imponente, lindona, imensa bem no meio do belo texto exaltativo a essa imensa figura do nosso meio artístico. Cliquem a seguir para ler a matéria: http://www1.folha.uol.com.br/…/1601492-mestre-do-samba-canc….

Estou vendo com ele sobre os interessados no novo CD e como faremos com as encomendas. Vamos fazer uma relação e daí veremos.

Falou em Tito, isso me toca demais da conta. 

Viva Tito Madi!!!!!!!!!!!!!!!!!

quarta-feira, 25 de março de 2015

AMIGOS DO PEITO (103)


NEIZINHO E O ROTEIRO PARA NÃO PASSAR FOME NAS RUAS DE BAURU

Meus amigos e amigas, eu não remedio nada e estou sempre muito atento a voz advinda das ruas. Em tempos de crise qualquer informação adicional eu guardo com o devido respeito, consideração e no bolso do colete, podendo ser utilizada a qualquer instante, sem nenhum tipo de constrangimento.

Ontem reencontro na rua meu dileto amigo NEIZINHO, craque de futebol dos tempos do ARCA. Selamos o reencontro com um sonoro abraço. Ele penou muito com extremas dificuldades tempos atrás. A bebedeira o fez se afastar da normalidade, morou de favor em hotéis de baixíssimo custo e pensões suspeitas e não suspeitas, mas sobreviveu e conseguiu dar a volta por cima. Alguns diletos amigos que não gostam de ser identificados conseguiram que o mesmo conseguisse sua aposentadoria (um salário mínimo) e hoje vive garbosamente morando numa pensão na rua Sete de Setembro, quarto só seu e banheiro coletivo (três para uso de todos lá instalados). Almoça bem e me diz dos lugares onde se come bem e barato pelo centro da cidade. Conhece todos os cantos desse centro velho e carcomido. Conhece cada cantinho, além de tudo e todos. Tem comida desde a R$ 1 real (a do restaurante do Governo estadual) a outros por R$ 5 a R$ 8. Vai administrando seu dinheirinho e com alguns bicos (me diz ter tomado conta de um posto fechado a R$ 50 dia no último final de semana) consegue sobrar algum no final do mês.

Anotei num papel toda a relação dos lugares onde ele costuma jantar durante as noites bauruenses. Repasso para uso coletivo:

Segunda: em frente ao Pronto Socorro Central, 18h30 – entregam marmitex primeiro para os que aguardam no PS, depois por ordem de chegada para os que fazem fila na parte externa. Às 20h Sopão do Régis, quem traz a embalagem, leva para comer em casa.
Terça: Macarronada, 20h pouco abaixo da entrada principal do Pronto Socorro, em frente ao Bar do Ronaldo. Às 19h, uma igreja na Cussy distribui comida num barracão na
Bandeirantes entre o hotel Popular e o Itália, mas antes tem uma hora de palestra religiosa.

Quarta: 20h, a macarronada pouco abaixo do Pronto Socorro.
Quinta: 20h, a macarronada pouco abaixo do Pronto Socorro.
Sexta – Também ali perto do Pronto Socorro, passa um senhor de perua e distribui lanche de mortadela, ao lado da Brink’s/Protege.
Sábado e Domingo: Não ocorre nenhum tipo de distribuição de comida.
Informação complementar: Por volta das 23h20 até 0h, quase diariamente passa um pessoal distribuindo sopão lá perto do Pronto Socorro Central. Nei não confirma essa, pois me diz que nesse horário já está dormindo.

O bom é que não fica sem comer nenhum dos dias da semana. Nem ele e nem todos os que moram nas ruas, pois as filas nesses lugares é grande, demonstrando que essas notícias são do conhecimento geral. Todo dia tem gente distribuindo alimentação para os povos das ruas. Essa a notícia boa da semana e desses tempos de crise. São pessoas, grupos, instituições que não preciso ficar indicando seus nomes, pois o que vale nessas horas é o bem propiciado. Essa Bauru oculta me seduz.

terça-feira, 24 de março de 2015

UM LUGAR POR AÍ (65) e PARTICIPI


O FIM DA OFICINA CULTURAL GLAUCO PINTO DE MORAES

Incoerência e falta de planejamento. Essa a marca do atual governo estadual não só no quesito cultural, em tudo, mas evidenciado nesse momento com a divulgação do fechamento de algumas de suas antológicas Oficinas Culturais espalhadas pelo interior do estado.


Vejam o caso de Bauru. A Oficina, como é sabido está localizada lá na rua Amazonas, onde antes já havia sido uma escola estadual e depois até a Delegacia Regional de Ensino. Por ser prédio público estadual para lá foi transferida nossa Oficina, com adaptações e funcionando ali até bem pouco tempo. Devido a esforço magnânimo dos agentes culturais locais foi conseguido junto aos órgãos estaduais a completa reforma do local. A reforma foi iniciada e está em pleno funcionamento e todo o operacional da citada Oficina foi transferido para imóvel alugado à Rua Rio Branco, uma quadra acima da Prefeitura Municipal de Bauru.

Daí minhas perguntas: Foi ou não um total descalabro financeiro, administrativo e demonstração inequívoca de falta de planejamento o anúncio ontem da desativação da unidade? Claro que sim. Primeiro, se houvesse algum planejamento não seria dado início à reforma total das antigas instalações. E como ficam as instalações com a reforma pela metade? Serão paralisadas? Outro ponto, no primeiro aperto a primeira providência sempre é eliminar algo cultural. Isso me parece bem dentro do pouco caso como o tucanato toca a questão cultural no Estado. Com esses não existe diálogo, decisão tomada e sempre de cima para baixo, sem nenhuma possibilidade de interpelação. Se ocorrer alguma, podem ter certeza, nenhuma ocorrerá pelas instâncias internas, pois todos por lá de cagam com seus superiores. Algo ocorrendo, terá que vir das ruas e lutas, da cidade e seus artistas.

Eu não tenho mais saco para mobilizações junto a esse insensato Governo estadual. São insensíveis até a medula e, sinceramente, não sei como até hoje ainda perdura por aqui a Virada Paulista, pois é mais do que sabido que sempre priorizaram fazer Cultura nas cidades onde existe o mando do partido deles. Tudo o mais é relegado a um segundo plano, sem tirar nem por, vide a programação reservada a BAuru nos últimos anos. Os vejo sempre com sérias restrições e desconfianças no quesito cultural, comprovadas a cada nova ação desse tipo. Cá do meu canto só tenho a lamentar profundamente, principalmente pelo projeto de reforma pela metade. Acho até que a Prefeitura Municipal de Bauru ou mesmo um agrupamento de artistas locais deveria assumir a dianteira e se dizer interessado em administrar o espólio da Oficina e nas instalações quase reformadas, pois pelo que sei, lá terá amplo auditório, teatro ampliado, área de lazer externa e interna e salas variadas de multiuso. E isso não pode ficar ocioso e abandonado. Bauru precisa assumir isso e já, dando uma pernada no que o estado alckmista acaba de fazer com a cidade.

BAURU E O MUNDO NÃO ESTARIAM PRECISANDO DE ALGO ASSIM?*
*Texto semanal desse HPA para o portal PARTICIPI:
Quando vejo as já esquentadas negociações e movimentações visando o cargo máximo da Prefeitura Municipal de Bauru, ou seja, uma fraticida e intestina disputa para saber quem vai ser o próximo prefeito de Bauru, penso imediatamente no que ocorre na cidade de Dresden, na Alemanha.

Leiam isso: http://www.cartacapital.com.br/…/drag-queen-concorre-a-pref…

Eis a solução definitiva para nossos problemas. Sua promessa eleitoral é simples, reta e direta: curar a alma ferida da cidade. "Quero ser a tia de Dresden, a mamãezinha, sua melhor amiga. Quero que todos venham e chorem no meu ombro e, então, se sintam melhor a respeito de tudo", afirmou Liqueur em entrevista à DW.

Bauru não estaria nesse exato momento necessitando de alguém como uma boa e velha tia, sempre pronta a colocar nossa cabeça no colo e onde pudéssemos chorar a cântaros? Pois então que surja uma candidata no estilo dessa tia alemã, a Lara Liqueur, DJ profissional e drag queen.

Sou pela colocação de um coletivo divã no gabinete da Prefeitura e à disposição de todos da comunidade bauruense. Quero entrar na fila desde já para chorar e desabafar. Não existem mais paliativos e meio termos. O momento bauruense requer um tratamento de choque. Diante de tantos e insolúveis problemas e pior, diante de nomes altamente problemáticos postulando serem alçados ao cargo de prefeito, não existe mais como contemporizar.

O caso é grave. De todos os sugeridos até agora (Raul, Clodoaldo, Purini, Telma, Darlene e Estela), nenhum de saco roxo (não na acepção da palavra), mas fazendo parte do time dos continuadores do modus operandis onde nada de produtivo poderá surgir para devolver a alegria para a população bauruense.

Bauru anda triste, macambuzia, sorumbática e buraquenta, descuidada e desalmada. Nos falta mesmo é surgir alguém com esse espírito brioso ali na curva na esquina. O momento é propício. Torço por ele. Quero uma tia como prefeito. Mas uma tia boa, com humanidade na veia (nem véia precisa ser!). Bastam de tias más!

segunda-feira, 23 de março de 2015

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (115)


PERCEPÇÃO DE FATOS EXTRAÍDOS EM CONVERSAS OUVIDAS AQUI E ALI


1.) Na minha revista semanal preferida a Carta Capital , na última página o Retratos Capitais, sempre com uma foto de alguém ou situação despropositada. Na da edição 840, 11/03/2014 essa: “Versalhes à Venda – O resort urbano do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, na Cidade Jardim, em São Paulo, vai ser leiloado para amortecer parte dos 2,3 bilhões de reais que a falência do Banco Santos deixou. Lance inicial: 116,5 milhões. Tem 7,7 mil metros quadrados de área construída. Quase o suficiente para abrigar o ego do proprietário”. No meu mundo real, assistindo a última aula como aluno especial na Unesp da matéria ‘Matrizes Comunicacionais Latino Americanas’ e num certo momento a professor Maria Cristina Gobbi comenta sobre esses espaços gourmets e esses jardins suspensos que muitos levantam hoje em dia na sacada ou cobertura de suas luxuosas moradas. Uma amiga lhe pergunta o que acha. Sua sacada foi ótima, dessas para encerrar o assunto: “Não gosto. Não tem cobra”.


2.) Essas aqui fiquei sabendo depois do caso do universitário morto por beber além do permitido pelo seu corpo. Muitas histórias estão sendo contadas desse universo universitário. Duas delas ficaram registradas em minha memória. O pai pequeno agricultor mantém com muita dificuldade o filho numa república na cidade. Orgulhoso por mesmo à duras penas ter um filho cursando universidade. Certo dia é obrigado a vir até Bauru para resolver um problema com um fornecedor e resolve fazer uma surpresa ao filho. Chega no endereço e encontra uma bagunça generalizada, garrafas até em cima dos muros e o filho bêbado num dos cantos. A decepção foi tamanha que, informa ao filho estar indo naquele momento falar com seus professores. E vai. Relata suas dificuldades e triste demais por encontrar o filho doente, algo nunca visto até então. Informa estar tomando uma atitude para salvar o filho, trancando sua matrícula e o levando de volta para casa. “Se ele quiser continuar a seguir isso que vi, que faça, mas não terá mais nenhuma ajuda minha, nada. Ele vai é para a roça comigo, onde estará salvo”. E o levou de volta.

3.) Essa outra também muito triste e envolvendo também uma aluna da universidade. Muitos hotéis da cidade possuem uma espécie de catálogos de meninas que os clientes podem escolher e ter por alguns momentos em seus apartamentos. São os tais books. Tem também os muitos cartões, as dicas que os porteiros indicam para os frequentadores dos hotéis. Mais do que sabido que dentre essas muitas garotas, algumas são universitárias. Não se sabe como, nem na história que ouvi isso estava claro, mas o fato ocorreu dessa forma. O pai toma conhecimento que a filha se prostitui na cidade e que num determinado hotel existe até foto dela. Ele vem até Bauru, se hospeda no hotel e pede na portaria querer sair com alguma garota. Escolhe exatamente a filha e a fica aguardando. Ela chega e daí por diante o que ocorreu deve ter sido algo de um constrangimento do tamanho de um bonde. Desdobramentos houveram, mas não interessam. Interessam as histórias, bem ao estilo nelsonrodrigueano. Essa só mais uma delas.

4.) “Saio do mercadinho e em outro estabelecimento comercial próximo escuto um homem xingando a presidente. Palavras de baixo calão que estamos acostumadas a ler aqui e ali. Berrava que estava sem energia e ia perder produtos, clientes, enfim. _ "pleno domingo, dia que mais vendo, chego cedo e sem força" , malditos, por isso que esse país não vai pra frente, bandidos, ladrões, incompetentes, filhos da..... etc. Estava quase infartando, roxo, a veia do pescoço saltada, quando o vizinho falou, estranho "seu Joaquim", só tá faltando energia ai. Aqui tá normal, na farmácia normal, no mercado normal, será que o senhor não esqueceu de pagar a conta? Pensa num ser que vai do vermelho irado, ao branco fantasma em segundos....”, esse belo texto da amiga Tatina Calmon publicado ontem no seu facebook demonstra a quantas anda a atroz perseguição à presidente, culpada de tudo. Quando a ficha cai e temos que fazê-la cair cada vez mais, a percepção de que o bicho se é feio, deve-se também à mãozinha de cada um de nós.

5.) Meu amigo Agnaldo Silva, o popular Lulinha, continua andando “sem medo nenhum de ser feliz” com suas vestes tendo o emblema da CUT bem no meio do peito. Foi ao médico dia desses envergando sua costumeira camiseta e ao chegar na sala de espera, um senhor de idade começa as admoestações. Um insulto atrás do outro, algo do tipo: “E essa presidenta bandida, cachorra, ladra, até quando vai se segurar no cargo?”. Lulinha me diz da educação que lhe foi ensinada lá atrás pelos pais, inclusive os do respeito aos mais velhos e daí o maior motivo para ter se segurado. Esse incentivado ódio, culminando, por enquanto em algo provocativo, com a maioria prontos para o que der e vier na sequência. A indução a que foram levados, conduzidos como cordeirinhos, distorcendo tudo e favorecendo o pior estado de coisas que poderíamos ter. São Paulo na cabeceira dos descalabros do enxergar tudo com uma viseira, vesguice secular de quem se acha o condutor do universo. Quando vão engolir que um poste venceu deles todos juntos e pela segunda vez consecutiva? Nunca.

6.) Mais uma de outro amigo e essa para encerrar. Maurício Passos, até dias atrás era o provedor da Santa Casa de Pederneiras e funcionário da Câmara Municipal daquela cidade. Passa por aqui no mafuá semana passada. Papeamos sobre como a ferocidade da mídia conseguiu o seu intento de incutir em parte da população esse ódio que é deles na maioria da população. Sempre souberam incutir que outros façam por eles o serviço sujo, histórico isso, vide a tal Revolução paulista de 32. O interesse deles sendo praticado por aqueles que deveriam de fato combate-los. Ficamos por aqui até por volta das 20h e na hora de ir embora para num posto de combustível. O frentista vendo em seu carro um adesivo do PT (ele nem petista é, na verdade apóia Dilma e seus atos sociais contra tudo o mais visto por aí) inicia com ele uma discussão. Sim, discutem no posto. Preferiu não prosseguir a contenda, pois percebe claramente a cabeça feita por massiva propaganda via TV. Souberam fazer o serviço sujo, sem escrúpulos e da melhor maneira possível. E depois o ódio quem incute na população são os governistas. Quando vejo desvalidos apoiando interesses dos graúdos, a clara percepção de que algo de muito ruim nos espera nos próximos capítulos. Quero crer que ainda possamos reverter esse quadro. Não saberia viver num regima facista em pleno século XXI.

domingo, 22 de março de 2015

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (70)


A LOJA DE CALÇADOS DA BAIXADA DO SILVINO – ELIAS HOJE EM SÃO PAULO


A cidade nasceu naquela região. Durante muito tempo um vicejante comércio manteve suas portas ali abertas. Tinha de tudo. Desde farmácia, posto de gasolina, supermercado e lojas das mais variadas. Bares tinham muitos. Com o passar dos anos a região foi declinando. Padeceu muito com muitas enchentes. Poucos ali resistiram. Todos vivenciando algo ali décadas atrás possuem lembranças de um bocha ali existente nos fundos de um bar, tendo do outro um campinho de futebol onde hoje passa a avenida Nações Unidas. O Supermercado Beira Rio, onde hoje é mais uma das tantas igrejas evangélicas na esquina da Nações com a Floresta. A farmácia resistiu até quando deu. Meu pai possuia nela conta dessas de caderneta. O posto bem na curva da rua Araújo fechou bem antes. A família dona do imóvel manteve ali seu negócio por mais um tempo no andar de cima, depois virou até pensão. Todos se foram e o lugar permanece fechado e com mendigos na porta.

Relembro aqui a história de um tradicional ponto comercial, também não mais existente. Uma loja de sapatos. Sua localização era pouca coisa recuada do centro da Baixada. Mais precisamente na esquina da rua Floresta, uma quadra depois da Nações. Ali um turco, na verdade libanês, desses que a imagem não me sai da cabeça, mas não consigo me lembrar mais do nome, manteve seu lucrativo negócio por décadas. Seu comércio de sapatos foi famoso. Atarracado, troncudo, bigodão, fez história na região. Fama de avarento, mas a loja sempre movimentada. Tinha outra na primeira quadra da Batista, antes dela tornar-se Calçadão. Muitos vinham da zona rural só para comprar ali. A Baixada fervilhava. Lembranças variadas dos meus tempos de moleque, quando o via praticamente puxar as pessoas para dentro de sua loja quando simplesmente passavam defronte a mesma. Era um jeito só seu e dificilmente escapavam de sua astúcia.

Seu filho, muito parecido no tipo físico, deu continuidade no comércio, algo nato na maioria dos libaneses. Elias, o nome do filho e com a morte do pai, esse continuou com a loja aberta até quando pode. Os tempos já eram outros e durou pouco. Ele tinha mais ou menos a minha idade e o via todo domingo com sua velha caminhonete lotada de sapatos, expondo-os na beirada da feira na rua Primeiro de Agosto, defronte onde é hoje a agência do Banco do Brasil. Bolou até uma espécie de escadinha para ir colocando todos os sapatos enfileirados e facilitar exposição. A loja fechou e ele continuou vendendo o estoque restante nas ruas. De uma hora para outra sumiu também da vista de todos. Nunca mais foi visto na cidade. A loja continua fechada até hoje. Nunca mais nada funcionou ali e uma placa de “Aluga-se” está fixada no lugar. Notícias desencontradas do Elias. Cheguei a conversar muito com ele nos tempos que o via na feira. Sumiu. O que estaria fazendo da vida? Onde?

Decifrei a charada do seu sumiço da forma mais insólita possível. Anos depois, andando um certo dia pela avenida Paulista, centro nervoso da capital paulista, dou de cara com ele. Reconhecimento mútuo, paramos num bar ali perto para conversar. Ele queria muito desabafar. Estava naquele dia eu, Ana Bia, Fausto Bergocce e Jeff Baffica. Sentamos todos numa grande mesa. Ele me conta parte de sua história. Os demais acho que notaram só a parte alegre. A triste, melancólica contou para mim. O negócio de calçados não deu mesmo certo e os familiares reúnem-se, decretando a sua saída de Bauru. O levaram para a capital, arrumaram um lugar, um modesto apartamento, bancaram uma importância em dinheiro, pois não queriam mais vê-lo circulando pela cidade. Ele atendeu a tudo, não criou problemas para ninguém. Foi um tanto triste, mas não houve jeito de se contrapor aos argumentos dos familiares. Na conversa mostra outra faceta. Diz ser um entendido nas questões referentes ao Oriente Médio e ter um livro praticamente pronto sobre cada país, a situação política, estando verificando das possibilidades de publicação com a Carminha Fortuna, da firma Cá entre Nós.

Desse fato acho que já se passam mais ou menos uns quatro anos desse fortuito encontro e depois mais nada dele. Nenhuma notícia. A loja de Bauru continua fechada e com a mesma fachada de sempre, hoje um azul mais do que desbotado, descascado e empoeirado. Elias provavelmente continue em São Paulo e do livro, por enquanto, pelo contato que tive com a Carminha, nunca mais se falaram. O escrito produzido por mim é saudoso, doído, feito assim querendo entender como algumas coisas marcam vidas, lugares e assim num vapt-vupt somem do mapa. Não deixam mais marcas. Sei que esse texto vai reviver em muitos, boas lembranças e me informarão não só o seu sobrenome, que não consigo lembrar, como algo mais da família e dos desdobramentos do próprio Elias. Queria algumas fotos deles dois. Contem para nós. Ele e seu paí fizeram história na Baixada do Silvino e merecem boas recodações de época de ouro da região.

sábado, 21 de março de 2015

DICAS (133)


JUNTANDOS UNS ESCRITOS, INDAGAÇÕES E ANOTAÇÕES DISPERSAS, DESENCONTRADAS E ATÉ ENCONTRADAS


1.) SERÁ QUE A DENÚNCIA E MATÉRIAS VIA MÍDIA PARA PEGAR ESSES CARAS TERÃO QUER VIR PELA IMPRENSA ESTRANGEIRA???
Matéria do diário Página 12 argentino de hoje sobre desdobramentos do Lava Jato implicam grupo que a mídia brasileira faz de tudo paa ver de fora das investigações, mas eles são a própria alma da corrupção no país. Leiam isso:

http://www.pagina12.com.ar/…/elmun…/4-268641-2015-03-21.html

2.) NÃO COMA GATO POR LEBRE - Entenda dos reais motivos da Operação Lava Jata mostrar uma coisa e a mídia seguir em outro. Qual o interesse? Ótimo texto...

http://outraspalavras.net/…/operacao-lava-jato-a-midia-esc…/

3.) VAMOS CONVIDAR ESSE DEPUTADO PARA VIR À BAURU PALESTRAR E DAR ENTREVISTAS PARA MÍDIA LOCAL SOBRE O LAVA JATO, AÉCIO, FURNAS, YOUSSEFF E A BAURUENSE?

Uma real possibilidade da demonstração de como mesmo aqueles que esbravejam nas tribunas cometem as mesmas barbaridades de tudo aquilo que denuncia. Bauru é o elo de ligação de Aécio na sujeirama toda. É Bauru nas paradas de sucesso e da pior foma possível...

https://www.youtube.com/watch?v=G6kJWAx8uJE#t=270

4.) CADÊ O JORNALISMO MATINAL NA ÚNICA RÁDIO AM DE BAURU?
Após ler duas cartas na Tribuna do Leitor do JC reclamando da nova programação da única rádio AM local, a Auri-Verde, acabo dando mais um pitaco sobre o tema. Gosto de Jornalismo nesse horário da manhã e na rádio bauruense sinto tudo de forma pouco consistente. Em alguns momentos durante sua programação, a coisa parece aquele velho samba do “criolo doido”. Agora pela manhã ao tentar assistir a rádio ouço o Alexandre Pittolli colocando copo de água para benzer e chamando o pastor X ou Y para fazer o trabalho no meio de um dito programa de cunho jornalístico. Sinceramente, não dá. Autoajuda escrachada em outros momentos e logo a seguir o Rafael Antonio cobrando dos buracos pela rua. Está tudo muito misturado. E na mistura, vejo que a rádio não está contentando ninguém. Os novos nomes estão pela aí no meio do caminho. Sabe o que faço pelas manhãs, como nesse exato momento? Trabalhando aqui no mafuá, plugado na Band News AM RJ, ouvindo todas as manhãs o Ricardo Boechat. Ouçam e vamos falar seriamente do que é fazer um jornalismo de qualidade, não misturando alhos com bugalhos:

http://playersradios.band.uol.com.br/?r=rb_bandnewsfm_rio.

5.) UM CARTAZ LÁ NUM DOS MURAIS DA UNESP
Passei pelo campus da Unesp no meio dessa semana e algo me chamou a atenção. Como esquecemos rapidamente de fatos marcantes, desses que movimentam uma acalarada discussão por dias seguidos. Quando menos se espera nada mais. Nem um ‘piu’. E os caras que organizaram a tal festa, não li em lugar nenhum se ainda continuam detidos? La num dos murais da universidade um Comunicado com algo mais do que interessante. Uma discussão que foi iniciada e não teve solução de continuidade. Quando iremos continuar a debate? Após algum outro incidente? Espero que não.
E vamos todos (as) tentar ter um ótimo sábado. São os votos desse HPA

sexta-feira, 20 de março de 2015

UMA MÚSICA (121)


OS ACHACADORES E PICARETAS NAS LETRAS DE NOSSAS MÚSICAS

Inesquecível a frase dita em 1993 pelo ex-presidente Lula versando sobre uns tais de ‘300 picaretas’ infestando o Congresso Nacional. A repercussão foi tamanha, tanto que, dois anos depois o Paralamas do Sucesso botou a frase numa de sua letras, a LUÍS INÁCIO – 300 PICARETAS e o sucesso pipocou país afora ("A música é mais famosa do que ela propriamente dita", disse Herbert VIana). A letra continua mais atual do que nunca:

“Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou/ São trezentos picaretas com anel de doutor/ Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou/ Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou/ São trezentos picaretas com anel de doutor/ Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou./ Eles ficaram ofendidos com a afirmação/ Que reflete na verdade o sentimento da nação/ É lobby, é conchavo, é propina e jeton/ Variações do mesmo tema sem sair do tom/ Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei/ Uma cidade que fabrica sua própria lei/ Aonde se vive mais ou menos como na Disneylândia/ Se essa palhaçada fosse na Cinelândia/ Ia juntar muita gente pra pegar na saída/ Pra fazer justiça uma vez na vida/ Eu me vali deste discurso panfletário/ Mas a minha burrice faz aniversário/ Ao permitir que num país como o Brasil/ Ainda se obrigue a votar por qualquer trocado/ Por um par se sapatos, um saco de farinha/ A nossa imensa massa de iletrados/ Parabéns, coronéis, vocês venceram outra vez/ O congresso continua a serviço de vocês/ Papai, quando eu crescer, eu quero ser anão/ Pra roubar, renunciar, voltar na próxima eleição/ Se eu fosse dizer nomes, a canção era pequena/ João Alves, Genebaldo, Humberto Lucena/ De exemplo em exemplo aprendemos a lição/ Ladrão que ajuda ladrão ainda recebe concessão/ De rádio FM e de televisão /Rádio FM e televisão”. Cliquem a seguir no link: http://cifraclub.com/os-paralama…/luis-inacio-300-picaretas/

Impossível não associar a fala de Lula e a recente do já ex-ministro da Educação de Dilma, o cearense Cid Gomes. A fala foi mais ou menos parecida. Muito só uma palavra. “No Congresso tem mais de 300 achacadores”, atualizou Cid. Hoje é até penoso ver um político falar do outro, pois poucos não possuem o rabo tão preso como o que denunciam. E de picaretas e achacadores estão mais que cheios, até a boca. O presidente da Câmara, segundo reafirma Cid, o maior deles. Cid bem que tentou não comparecer à Câmara, como intimado. Fingiu-se de doente, conseguiu uma semana a mais, mas quando lá esteve, trocou farpas em igualdade de condições. Afinal é também um deles. Sabe de tudo, sem tirar nem por. Eu poderia ficar discorrendo uma enormidade sobe esses achaques todos, os daqui e os de tudo quanto é canto, mas hoje é sexta feira e tenho mais o que fazer. Prefiro deixar esse belo texto sobre o tema, que acabo de ler: “O PT deveria ser mais Cid Gomes – Diante dos achacadores, é hora de o partido repensar seu papel na sociedade”: http://www.cartacapital.com.br/…/o-pt-deveria-ser-mais-cid-….

A música continua rolando aqui na minha vitrolinha. Cid já não é mais ministro. Dilma um pouquinho mais no breu. O PMDB cada vez mais dando as cartas e exigindo agora, após impor a saída do ministro, uma reforma ministerial. E ela, perdida e, infelizmente sem ninguém confiável para orientá-la, ao invés de se impor, de se apoiar mais e mais nas ainda irrefutáveis conquistas sociais, vai cedendo e cedendo. Cada vez mais frágil e não mão dos achacadores, que antes faziam pedidos às escondidas e hoje, fazem imposição e às claras. Achacador, todos sabem, tem telhado de vidro e não existe um que não tenha deixado uma ponta de um rabão ser pisado. O problema desses novos tempos é que nem sob forte denúncia de desmando, não o sendo de quem a mídia e os donos do poder reafirmem o veredicto, nada lhes acontece. O descaramento desses é tamanho, que em tempos não tão distantes, tanto o presidente da Câmara, como do Senado, diante de algo tão grave como seus nomes no Lava Jato já estariam limpando as gavetas. Agora, continuam atuando como se nada houvesse acontecido. Vergonha na cara passou longe dos achacadores. Nem botando a tal música em alto e bom som no ouvido deles eles irão se tocar.

quinta-feira, 19 de março de 2015

CENA BAURUENSE (132)


CONSIDERAÇÕES HOSPITALARES DE UM QUASE DENGOSO – QUEM EU APLAUDO, UMA DAS CAUSAS E UMA MENTIRINHA

LADO A - Domingo à tarde comecei a sentir meu corpo ruim. Segunda foi horrível. Na terá tomei o tal do comprimido permitido para portadores de dengue, Dipirona. Ufa, foi um alívio. Daí passei a ir seguidamente no Pronto Atendimento da Unimed junto à Beneficência. Com minha última ida hoje, foram quatro vezes. Fiz dois exames de sangue e o diagnóstico não é definitivo. Dizem que no sábado, após o terceiro exame, acreditam terei uma resposta. Mas falo de algo surgido e me dizem: é dengue. A doutora de hoje, ao ver o que lhe mostrei, diz e com os exames de minhas plaquetas despencando pelas tabelas que os caminhos levam para a dengue. Ontem a mesma coisa disse a outro médico (já passei por três diferentes) e ao olhar para mim e com o papel do exame nas mãos: “cara de dengue”. Sim, é daí? Outro me diz que é assim mesmo, que devo continuar sendo torturado até o sétimo dia, quando me farão um outro exame e daí o veredicto.
No auge da crise me deram uma injeção nas nádegas desse tal de Dipirona. Suei frio e confesso, foi difícil sair do lugar. Uma dor que de localizada vai se espalhando e quase me travou. Hoje tomei um esperto de um sorinho. Essa tem sido minha rotina na semana. Deixei todos meus compromissos de lado (quase todos, fui em alguns, os inadiáveis) e estou aqui para me justificar pelo sumiço. Temporário, espero. Das condições da Beneficência, pouca coisa a relatar. Voltei sem ser atendido por três vezes e escolhi horários menos agitados. Muita gente com algo muito parecido com o meu. Predominância absoluta de gente com aquela carinha de ruim, encostados por tudo quanto é canto. O que gostei mais não foi tanto do atendimento da Unimed (acho deficitário na comparação do custo beneficio), mas dos funcionários internos, desdobrando-se para o atendimento excessivo de pacientes. Questionado se ocorreu aumento no número de plantonistas, a resposta foi lacônica: “Não, estamos nos virando”. Deles nenhuma reclamação.

LADO B – De quatrocentos e poucos casos no ano passado todo em Bauru, nesse quando nem foi ainda terminado o terceiro mês do ano, já estamos perto dos dois casos. O que mais se reproduz por aí é que estamos passando de cem novos casos por dia. Uma epidemia sem controle. A exclusividade não é de Bauru. Ufa! Existe algo de culpabilidade por aqui, mas o momento é de nesse momento encontrar a solução e resolver o problema e depois ir a fundo nisso. Conto só o que ouvi quando da passagem em casa dessas fiscais residenciais da dengue. Ele me disse que tem encontrado em grande parte das residências um grande número de imensos recipientes utilizados como reservatório de água. Isso se deve à crise no estado, reflexo da pífia atuação do governo estadual na área. O homem pediu para guardar água e muitos o fizeram das mais inesperadas formas e jeitos. Ela disse estar assombrada com o que tem visto e pior que tudo, nenhuma ação do governo paulista assumindo mais um erro e propiciando algum reparo. Danem-se todos, o que vale mesmo é o governador não sair chamuscado na questão. Claro que a culpa não é só por causa disso, mas o agravamento, sim. E a mídia, essa que isenta o Alckmin de tudo, nada expõe de mais essa particularidade exclusivamente paulista. E por fim, uma de Bauru e da Administração Municipal. Não é novidade, mas essa ouvi lá de dentro da salinha de espera, aguardando atendimento da Beneficência. O índice propagado por aí como oficial, os tais dos cem casos dias é auferido somente nos atendimentos na rede pública. Não estão sendo computados os casos cuidados pela rede particular, incluindo essas dos planos de saúde. Não se assustem, mas quando afirmam serem cem casos dia e pelo que tenho visto nos meus retornos quase diários na rede particular, acho que ultrapassamos os duzentos por dia. E como aprendi que mentir é feio, sinto em informar, mas tem gente mentindo para gente, viu!!!

quarta-feira, 18 de março de 2015

BAURU POR AÍ (110)


SONHEI COM O QUE LI NO JORNAL – YOUSSEFF SENDO ABORDADO EM BAURU COM O CARRO BUFANDO DE GRANA


Eu adoro viajar com as notícias dos jornais, todas elas. Ontem mesmo fiquei a imaginar um algo mais diante do que li no Jornal da Cidade, na matéria “TOR apreende cerca de R$ 128 mil de origem suspeita ao abordar carro na rodovia SP-225” (leiam a matéria clicando a seguir:http://www.jcnet.com.br/…/tor-apreende-em-media-128-mil-de-…). O mais hilário é sempre a justificativa diante de não conseguir explicar o montante ali apreendido. “Condutor do carro alegou que faria compras em Bauru para abastecer seu comércio”, foi o jovem de 23 anos.

De imediato bateu uma lembrança de quando a Polícia Federal anos atrás deu aquela batida lá no apartamento do Darezinho e levou de uma só vez mais de R$ 1 milhão em espécie. Nem me lembro qual a justificativa dada e se é que houve justificativa. Os anos se passaram e só agora sabemos, pelos desdobramentos da Operação Lava Jato da Polícia Federal dos motivos da apreensão. Esse o elo de ligação com Furnas, a empreiteira Bauruense, o político Aécio Neves e o doleiro Alberto Yousseff. Naquela época alguma repercussão em todos os veículos de comunicação da cidade. Hoje, após o juiz Sérgio Moro estabelecer o elo de Aécio com Bauru, todos se calaram. Uma pena, pois é uma baita de uma notícia.

Cá do meu canto, fico a imaginar mais. Sonhei com isso, misturei o que li no jornal com o doleiro em Bauru e acodei suando frio várias vezes no meio da noite. Imaginei algo surreal, numa das tais mais de dez passagens de Yousseff por Bauru ele sendo abordado por uma Operação TOR e com toda grana no capô do carro tivesse que explicar a origem. O doleiro não é bobo e é claro, deve ter vindo todas as vezes por via terrestre. Muito arriscado tanta grana em aviões de carreira. A não ser ter vindo num daqueles vôos especiais só para essa finalidade. Essa hipótese é outra bem possível. Mas ontem, ao ler o jornal fiquei aqui imaginando uma provável história do Yousseff sendo abordado numa estrada aqui da região:

- Que grana é essa, meu senhor? Tem explicação para andar com tanto dinheiro num veículo. Não tem medo de ser assaltado?, pergunta o policial.


- Percebo que não sabes com quem está falando. Se soubesse estaria me cumprimentando e pedindo informações confidenciais de aplicações e investimentos. As daria de forma gratuita. Sou um investidor, trabalho com os mais graúdos da nação. Todos os negociando altas somas e buscando a multiplicação de tudo, acabam necessitando dos meus serviços. Sou uma espécie de Midas para todos esses. Estou aqui para salvaguardar e assegurar bons negócios para todos que possuem montantes excedentes. Entendeu ou quer que desenhe?, responde o doleiro.

- Já que transporta tanta grana, para te liberar preciso de ao menos um recibo, da origem e do destino. Poderia me passar isso?

- Recibo? Tá louco. Não existe isso no meio onde atuo. Tudo é na confiança. Eu confio neles e eles em mim. Honestidade de ambos os lados.

- Vou ter que fotografar tudo isso e levá-lo ao plantão policial.

- Se tá louco! Estará cutucando gente da mais alta envergadura. Se fosse você me deixaria ir embora, dá o caso por encerrado, nunca nos vimos mais gordo ou mais magro e sua vida continuará feliz. Pra que procurar problemas quando tudo pode ser resolvido amigavelmente.

E foi entrando no carro, ligando e pisando fundo no acelerador. Quando o policial se deu conta, o torpor do inusitado por estar diante de pessoa tão translúcida, já nem sabia mais ao certo se aquilo tinha sido fruto de um sonho ou se era verdade. Na verdade quem sonhou fui eu. Febril por causa da dengue ando tendo alucinações noturnas e numa delas isso aqui se prolongou e teve vários desdobramentos. Tudo por causa do que li ontem no jornal. Viajei na maionese.