sábado, 20 de outubro de 2007

FRASES DE UM LIVRO (2)

A REGRA DO JOGO, DE CLÁUDIO ABRAMO


O livro “A Regra do Jogo” (Cia das Letras, 1988, 1ª edição, 272 pgs), do jornalista Cláudio Abramo, é um dos mais belos textos que já li. Enfeita uma das estantes do meu mafuá com grande louvor. Cláudio já se foi, mas enquanto militou (isso mesmo) no jornalismo, foi considerado um exemplo, tanto como profissional, como figura humana. É daqueles poucos, que continuam sendo usados como exemplo de profissional digno e correto. Ético, acima de tudo, como não se conseguem manter mais hoje em dia a grande maioria dos profissionais, dentro desse neoliberal mundo, dito livre.


Circulou pelas mais diferentes redações e até hoje, recebe citações pelas participações decisivas na renovação das efetuadas na Folha de SP e no Estado de SP. Deixou muitas saudades, pois dentre os chefes de redação, editores e outros cargos de mando atuais, nenhum ousa hoje, defender e expor tanto suas idéias, de maneira tão sincera, como ele conseguiu fazer. Falou, escreveu e passou para frente o que sentia. Esse livro continua sendo um dos mais lidos dentro de todos os cursos de jornalismo, sendo considerado uma espécie de bíblia do jornalismo tupiniquim. Comprei em 1988 e terminei a primeira leitura em 23/02/1989. Daria para fazer várias seleções das frases anotadas.

Abaixo uma pequena amostra do que fui retirando de suas páginas. Voltarei a falar dele muito em breve.

- “O Brasil é um país canalha, colonial, dominado por uma burguesia canalha; se o sujeito não for hipócrita, não concordar, não der um jeito, está liquidado.”
- “Os operários, de modo geral, ao contrário do que pensam meus correligionários marxistas, são extremamente conservadores.”
- “Líderes revolucionários são levados, no fragor da luta, a dizer muitas besteiras.”
- “...o que falta ao Brasil é precisamente um momento sério; um momento no qual o brasileiro se mire no espelho e pergunte a si próprio: isto tudo está certo? Isto tudo tem sentido? Um momento, enfim, de crise incontrolável, de crise trágica, de abalo sísmico, acima dos homens e das coisas.”
- “A burguesia é muito atilada, não tem os preconceitos pueris da esquerda. Na hora H ela se une.”
- “...não é fácil conviver com um povo desinformado e explorado, e é ainda mais difícil tentar salvá-lo imitando os hábitos ocidentais.”
- “...operário é operário, patrão é patrão, patrão paga bem ao operário, operário colabora com o patrão, não faz greve.”- “O partido é uma legenda cartorial para o político se inscrever, concorrer as eleições e fazer suas sacanagens.”
- “Não há conquista popular com parlamentares conservadores.”
- “É o sistema capitalista que provoca as injustiças, as inadequações, as desigualdades, mas ninguém cobra do sistema e sim do seu semelhante.”
- “Se colocarem dois sujeitos de esquerda numa mesa, eles brigam; fora isso, é muito difícil identificá-los como de esquerda.”- “O desconhecimento faz parte do cotidiano dos brasileiros, que não sabem se defender do Estado ou da polícia.”
- “Como todos se convenceram de que Carlos Drummond é o maior poeta brasileiro de todos os tempos, todos acreditam que falar de qualquer outro poeta seria reduzir o vulto do primeiro.”
- “Os intelectuais se julgam, não sem nenhuma razão, superiores ao conjunto dos normais.”

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