MEMÓRIA ORAL (12)
A UMBANDA E A FESTA DE SUA DATA MAIOR
Quinze de novembro é o Dia da Proclamação da República, mas também comemora-se na mesma data o Dia da Umbanda, que nesse ano completou 99 anos de fundação. Em Bauru, a data não passa batida, pois pelo segundo ano consecutivo acontece uma festa em homenagem a essa tradicional religião. É o Umbanda Fest, que por iniciativa de um jovem umbandista, Ricardo Barreira, 29 anos, toma conta do Teatro Municipal, ocupando boa parte da tarde e início da noite, num congraçamento que, une os mais diferentes terreiros da cidade e da região. Ano passado, com o sucesso alcançado, o site ( http://www.umbandafest.com.br/) foi impulsionado, divulgando atividades o ano todo, promovendo ainda mais a marca e a difusão da Umbanda. Nesse segundo ano, com a repetição do sucesso, finca-se definitivamente no calendário de novembro na cidade, como um evento que veio para ficar.
A preparação é minuciosa e toma vários meses dos organizadores. Quem chegava ao local do evento, no último domingo, 18/11, não imagina o quanto ocorreu de trabalho e envolvimento nos bastidores para encontrar aquilo tudo pronto. Pouco depois das 15h30, os 450 lugares do teatro estão quase lotados e quando o mestre de cerimônias, Gabriel Petroni anuncia o início do evento, o que se vê é um mar de gente, vestida na sua maioria de branco, as cores preferenciais da umbanda. Estão ali reunidos quase todos os terreiros da cidade, muitos da região e representantes da capital paulista, do Paraná e do Rio de Janeiro. São muitas as famílias e na fisionomia de todos, estampado a alegria por verem aquela festa em algo que, durante um bom tempo esteve restrita à lugares menos nobres.
Na entrada, numa banca montada no hall está Rosemilda Aparecida da Silva, a Rose que, recebe os alimentos solicitados como ingresso, devendo ser encaminhados à entidades assistenciais ligadas aos terreiros locais. Ali também é vendida a camiseta do evento, com um slogan dos mais chamativos, "Umbanda: Eu visto essa camisa", que anos atrás, poucos ousariam ostentar no peito em praça pública. A discriminação, na verdade, ainda existe e é exatamente isso que se tenta quebrar com um evento desse porte. Na abertura, pai Dito, de Cafelândfia, do alto de seus 72 anos de Umbanda pega o microfone e faz um longo desabafo: "Tem muita gente nova, que mal saiu das fraldas e já está dando passe. Queremos uma coisa bonita, honesta, onde o povo não desacredite o nosso trabalho".
Ricardo precede e agradece o espaço cedido pelo Secretário Municipal de Cultura, José Augusto Ribeiro Vinagre, que diz "ser uma obrigação do poder público abrir as portas para eventos como esse." Na sequência da abertura, outro ilustre convidado, pai Joelmir de Oxóssi, da Federação Carioca, com 25 anos de Umbanda, relembra a história de Zélio de Moraes, o fundador, que em 1908 deu início a tudo, sendo o primeiro médim a incorporar o Caboclo das 7 Encruzilhadas: "Graças ao que ele fez lá atrás, estamos hoje no mundo todo, estruturados em 12 países. Viemos para ficar." Após as palmas, volta ao microfone e anuncia que, ano que vem, deverá acontecer no Rio uma versão do Umbanda Fest carioca, provavelmente entre agosto e setembro. Nova ovação.
Antes do evento em si começar, a execução do Hino Nacional e logo a seguir, o Hino da Umbanda, com acompanhamento do Grupo da Lua. Em ambos, platéia em pé e participação animada da assistência. Ricardo Barreira explica o motivo da espécie de um altar no canto direito do palco, onde uma imagem do caboclo das 7 Encruzilhadas parece abençoar e aprovar aquilo tudo à sua frente: "Acabou de ficar pronto, ficará num lugar nobre em São Paulo e o primeiro lugar aprovado para sua saída foi aqui, nesse evento. É o reconhecimento pela seriedade do que fazemos." Quem sobe ao palco é Edenilson Francisco, que cita o centenário no próximo ano, enfatizando algo que está na boca de todos os organizadores: "Você não verá ninguém na Umbanda apontando o dedo para alguém e dizendo ser nossa crença a melhor. Aqui ninguém precisa fazer isso." Finaliza alertando os seguidores, com uma frase proferida por Jesus Cristo e que serve para o atual momento: "Nenhuma casa dividida consegue seguir em frente."
Ao som da música Morena de Angola, na voz de Chico Buarque são mostrados num telão as imagens da festa do ano passado e logo a seguir começa especificamente o espetáculo. Como se fossem grupos musicais, num grande show, nove terreiros da cidade se apresentam alternadamente, entoando as curimbas dos terreiros, com o acompanhamento da batida na palma da mão. Ricardo dá uma entrevista para o Jornal da Cidade, quando enfatiza que a "festa foi criada para comemorar o aniversário da Umbanda, divulgar nossos templos, diminuir a discriminação e difundir nossa mensagem de muita paz." No intervalo de cada apresentação, Gabriel procurar usar de muita irereverência, quebrando aquela sisudez de eventos religiosos, tanto que num certo momento desabafa: "Já me falaram para ser mais sério, não brincar tanto, mas não consigo." São sorteados livros, revistas e as camisetas, com pessoas da platéia sendo convidadas a subir ao palco para participar dos sorteios.
Quem sobe ao palco em seguida é Marco Boeing, de Curitiba, com 25 anos de Umbanda. Sua fala está centrada em cima dos novos rumos e dá uma puxada de orelha nos que insistem em continuar errando: "Ainda existe muito umbandista largando tudo o que é porcaria nas cachoeiras e no mato. Orixás não comem de marmitex. Quando começa a concorrência, um quer fazer mais do que o outro e aí surgem os abusos. Conclamo todos a nos policiar mais, principalmente contra os comentários desairosos. Temos que trazer o respeito para dentro de nossa religião, para só assim exigirmos isso dos outros. A Universal vive em busca de nossas falhas para ficar mostrando na TV e não podemos ficar alimentando isso." É um dos mais aplaudidos.
As apresentações no palco vão se intercalando e até o presidente da Federação Umbandista do Estado de SP, Evandro de Ogum, canta com seu grupo: "Eu vou bater tambor..." No fundo da platéia Edenilson localiza Duílio Duka, o presidente do Conselho da Comunidade Negra da cidade, lhe entregando uma estatueta pelo apoio dado à Umbanda. Enquanto eles se abraçam, surge no telão as imagens do último Fórum Umbandista sobre Liberdade Religiosa, outra atividade realizada pelo grupo, tendo a voz de Clara Nunes ao fundo entoando o Canto das Três Raças. A atração seguinte é Cidmar, o Pantanegro, um músico regional que, com sua viola caipira canta cançõesmato-grossenses e pantaneiras. Sem qualquer ensaio, ao lado do Grupo da Lua, emociona muita gente, com três músicas alusivas ao sincretismo religioso. Gabriel faz todos rirem quando faz subir ao palco um menino de uns cinco anos, que ele apelida de Robinho e como toda criança, com suas inesperadas respostas, deixa o ambiente ainda mais descontraido.
Quase ao fim são mostradas imagens de uma Conferência sobre Discriminação Religiosa, realizada na OAB local, demonstrando como o Umbanda Fest acontece o ano todo. Como música de fundo, Carlos Buby, um sacerdote umbandista solta a voz em Feiticeiro Negro: "Por que tantas palavras contra os feiticeiros negros? Por que tanto preconceito contra os feiticeiros negros?" Ricardo Barreira sobe novamente ao palco para o encerramento e o faz unindo todos os templos que se apresentaram, convidando-os para voltarem ao palco e junto com o público cantarem novamente o Hino da Umbanda, onde se sobressai o refrão: "A Umbanda é Paz e Amor". Já são quase 18h30 e quando a festa vai chegando ao fim, Ricardo ainda solta a voz na última fala da noite: "Não haverá caminhos fechados na Umbanda". Foram três horas de um show, onde o que predominou foram a paz e o amor. Um exemplo que a Umbanda vem dando para muitas outras religiões.
LEGENDA DAS FOTOS:
A entrada no Teatro Municipal de Bauru
Rose e o recebimento dos alimentos na entrada
Gabriel, pai Dito, Vinagre e pai Joelmir na abertura
O altar com o Caboclo das 7 Encruzilhadas
Cidmar e o Grupo da Luna encantando a todos
Todos os terreiros reunidos cantando o Hino da Umbanda
Ricardo Barreira fazendo o encerramento da Festa
LEGENDA DAS FOTOS:
A entrada no Teatro Municipal de Bauru
Rose e o recebimento dos alimentos na entrada
Gabriel, pai Dito, Vinagre e pai Joelmir na abertura
O altar com o Caboclo das 7 Encruzilhadas
Cidmar e o Grupo da Luna encantando a todos
Todos os terreiros reunidos cantando o Hino da Umbanda
Ricardo Barreira fazendo o encerramento da Festa
Henrique Perazzi de Aquino, escrito em 19/11/2007.
Estive no dia lá no teatro e não vi texto igual a esse nos jornal de Bauru. Muito bom.
ResponderExcluirCarlos
Nao estive lá, mas conheco o Ricardo Barreira e ele não é um exemplo de lider a ser seguido devido a varias coisas erradas que ele faz em Bauru. Srs, tomem cuidado com o lobo em pele de cordeiro. Sr. Ricardo: Quem prega, deve praticar o que prega! Ponha a mão na consciencia e peça perdão pelos seus erros, senao ele podem custar caro! Este é o meu recado.
ResponderExcluirAnonimo
Quando comecei a publicar esse Blog optei por incluir Comentários, inclusive os feito de forma anônima. É um risco que corro desde o começo, pois podem surgir algo indesejável, feito de forma deselegante, desrespeitosa e desleal. Hoje surge o primeiro probleminha. Poderia apagar o comentário, mas optei por mantê-lo e logo abaixo do mesmo colocar minha opinião pessoal: O Umbanda Fest presta um serviço dos mais relevantes para Bauru, tratando-se de um evento que veio para ficar e o seu idealizador, Ricardo Barreira, pelo pouco que conheço, considero um grande e leal amigo. No mais, prefiro desqualificar o que li, pois veio numa forma anônima e essa discussão está sendo travado num canal onde os temas discutidos são bem outros.
ResponderExcluirHENRIQUE PERAZZI DE AQUINO - DO PRÓPRIO MAFUÁ DO HPA
11 ago(4 dias atrás) Quer seu amor de volta? Quer seu amor de volta? Quer seu namorado de volta??? Resolva isso!! Para trazer seu amor de volta Pelos poderes de SÃO CIPRIANO e das três malhas que vigiam São Cipriano, (NOME da pessoa ao qual se refere o pedido) virá agora, atrás de mim. (NOME) vai vir de rastos, apaixonada(o), cheia(o) de amor e tesão para ficar comigo para sempre e mais rápido possível. São Cipriano, terei esse poder, que (NOME) deixe de vez todas as outras pessoas e assuma para todos que me ama. São Cipriano, que (NOME) me procure a todo momento. HOJE E AGORA, desejando estar ao meu lado, que (NOME) tenha a certeza que eu sou o homem(mulher) perfeito para ela(e), e que (NOME) não possa mais viver sem mim, e me tenha sempre, tenha a minha imagem em seu pensamento todos os momentos. AGORA, COM QUEM ESTIVER, AONDE estiver,(NOME), irá parar, porque o pensamento dela(e) está em mim. E ao deitar que tenha sonhos comigo e acordar pense em mim e me deseje, ao comer pense em mim, ao andar pense em mim, a todo o momento dos seus dias tenha o pensamento em mim, que queira me ver, sentir meu cheiro, me tocar com amor, que a(o) (NOME) queira abraçar-me, beijar-me, cuidar de mim, proteger-me, amar-me nas 24 horas de todos os seus dias, fazendo assim com que me ame a cada dia mais e que sinta prazer somente por ouvir minha voz. SÃO CIPRIANO faça (NOME) sentir por mim um desejo fora do normal como nunca sentiu por outra e nunca sentirá. Que tenha prazer apenas comigo, que tenha tesão somente por mim, e que seu corpo só a mim pertença, que só tenha paz se estiver bem comigo. Agradeço por estar trabalhando em meu favor e vou divulgar SEU nome SÃO CIPRIANO em troca de amansar a(o) (NOME), e trazê-la(o) apaixonada(o), carinhosa(o), devotada(o), dedicada(o), fiel, e cheia(o) de desejos ao meus braços, para que assuma o nosso amor, nosso namoro, e o nosso compromisso o mais rápido possível. Divulgue a 3 comunidades q ele(a) volta!!
ResponderExcluirASS:C.B.A.L
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ResponderExcluirASS:C B A l