sexta-feira, 16 de novembro de 2007

UMA ALFINETADA (9)
O texto que publico aqui saiu no sábado passado na versão impressa d'O ALFINETE, o semanário que, "pica, mas não fere", da vizinha Pirajuí.


CRUELA CRUEL REVELA SUA FACE
Confiram a quantas anda o cerceamento das liberdades individuais. No dia 17/09, um estudante foi brutalmente reprimido pela polícia universitária e preso – simplesmente por levantar uma questão num debate público. O estudante de jornalismo foi imobilizado, algemado, atacado com uma arma de choques elétricos e preso pela polícia universitária durante um fórum promovido por um senador da República e ex-candidato à presidência de seu país.

O ataque ocorreu depois do estudante questionar explicitamente – em debate com microfone aberto ao público – o político sobre fraudes eleitorais no país. Depois de ser abordado pelo primeiro policial, o estudante disse: “Ele esteve falando por duas horas; eu acho que posso ter dois minutos, muito obrigado.” E, ao tentar fazer uma nova pergunta, teve o microfone cortado e foi seguro pela polícia que começou a empurrá-lo para fora do auditório. O estudante protestou gritando: “Eu não fiz nada! Eles estão me prendendo! Eu não fiz nada!” Depois de ser levado até o fundo do auditório, ele acabou imobilizado pelos policiais, que aplicaram-lhe choques elétricos. Tudo culminou com sua prisão. Fora do auditório foi dito a ele que o motivo da prisão era por “provocar a desordem”. Foi levado para a prisão, acusado de resistir com violência à prisão – um delito grave -, de perturbar a paz e interferir nas funções administrativas da faculdade. As acusações podem levá-lo a 5 anos de prisão.


Estão assustados? Pensam que isso aconteceu aqui no Brasil lulista, na Venezuela chavista, na Bolívia evista, no Chile bachelista, na Argentina kircherista ou em qualquer outro país latino. Nada disso, o fato é corriqueiro, mas lá na capital do Império, isso mesmo, no país que, eles dizem ser a “maior democracia do planeta”, os EUA. O incidente mostra o caminho que vem sendo adotado pelas universidades norte-americanas. Esse ataque aos mínimos direitos democráticos, como o cerceamento de debater e expressar opiniões em público, aproxima cada vez mais os governos “democráticos” de todo o mundo das polícias facistas dos períodos mais sombrios da história da humanidade.


O estudante se chama Andrew Meyer, a universidade é a da Flórida, o senador em questão é o democrata John Kerry (ex candidato à presidência em 2004) e a pergunta não respondida foi sobre a recusa do Partido Democrata em promover ações judiciais contra a fraude eleitoral nas eleições de 2004, pelo impeachment de Bush, ou de se opor às preparações para a Guerra do Irã. Num outro momento, fico sabendo que jovens norte-americanos que consultam livros nas blibliotecas de universidades, demonstrando interesse pelos de cunho social, marxista, libertários, têm seus pais chamados à direção, para tentarem convencê-los à procurar outras coisas menos perigosas para lerem. A internet facilita o trabalho, pois o Big Brother funciona em todos os locais nos EUA. Findaram-se as liberdades individuais e depois falam que, nós os latinos é que não praticamos a tal da democracia. Durma-se com um barulho desses. Por lá, a coisa é infinitamente pior do que aqui.


Em tempo: Tudo o que escrevi pode ser conferido no Youtube, teclando: UFStudent Tasered at John Kerry Q & A. O artigo foi escrito baseando-se num texto publicado no “Não ao Não”, um Boletim contra a repressão e pelas liberdades democráticas nas universidades e nas escolas(http://www.brasilia17.org/). Confira você também...


Henrique Perazzi de Aquino, 47 anos e ainda nessa idade, lendo muitoboletins, fanzines, panfletos, manifestos e outros afins.

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