quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

UMA ALFINETADA (16)

VADE RETRO, CARNAVAL
Sou um carnavalesco nato. Esse período acaba me revitalizando para o restante do ano. Não sou adepto daqueles que, insistem naquela bobagem de que o ano só começa após esse festejo. Para mim, começou bem cedo, pois estou ralando desde o dia 2. Porém, acho mais do que necessário e estimulante a parada para cair na folia. Todas as pessoas sensatas, que professam uma fé autêntica, devem entender que não só de contrição a vida deve ser tocada. Muito menos só de trabalho. Essas paradas são mais do que necessárias, ainda mais, quando ocorre com uma festa que, considero nossa maior manifestação popular de congraçamento popular. Produzimos e muito, também no ócio.
Reviver isso e revitalizar essa manifestação é primordial para enfrentarmos o restante do ano. Quer coisa mais alegre do que podermos nos reunir num salão, fantasiados e cantando alegremente as velhas marchinhas? Já pensaste na alegria familiar de ver os seus fantasiados na rua, todos num bloco, unidos e alegres, evocando a alegria de viver e de estar bem consigo mesmo? Não existe coisa melhor. Eu, particularmente, consigo fazer uma junção maravilhosa, misturando trabalho, fé e lazer, extraindo de todas elas o combustível de minha existência. O que seria de nossas vidas sem esses momentos de lazer e oportunidades, cada vez mais raras de exposição pública de alegria?

Aqui por Bauru, infelizmente vivemos um momento não muito alegre para o Carnaval. Estamos sem o desfile de nossas Escolas de Samba por quase uma década. A tristeza foi constatar que as Escolas não se prepararam para os dias atuais, quando o poder público teve que parar de injetar dinheiro na festa. Como não encontraram alternativas e esperavam tudo de mão beijada, o desfile definhou e continua suspenso. Nesse ano, somente um clube estará promovendo bailes e em dois dos quatro dias de folia. Algo incompreensível para uma cidade que já possuiu 10 clubes com bailes concorridíssimos. A alegria está no fato da Prefeitura promover o renascimento dos blocos, com um desfile na rua para essa modalidade. O interesse despertado logo de cara demonstra que, tudo pode ser reestaurado em poucos anos e que o Carnaval continua mais vivo do que nunca.
O Museu Histórico aqui de Bauru estará revivendo o Carnaval com uma exposição, "Os Nossos Carnavais", onde o principal será uma pequena amostragem de peças e fotos de cada Escola de Samba da cidade. A abertura será no dia 31/01, quinta, com um corso reunido defronte o Automóvel Clube, à partir das 19h e seguindo pelas ruas até a frente do Museu, tocando as marchinhas carnavalescas, quando será aberta oficialmente a mostra. Será uma forma de reviver a antiga folia, tendo um enfeitado calhambeque como Comissão de Frente. A abertura está prevista para acontecer às 20h, mas se ocorrer um prolongamento da festa, acreditamos que ninguém ficará entristecido. Que a partir daí, despontem outros blocos, servindo para reacender a velha e saborosa tradição de reunir as pessoas nas ruas para bailar, cantar, se abraçarem e se conhecerem melhor.

Para aqueles que batem na madeira só de ouvir a menção do nome Carnaval, recomendo algo que acabo de ouvir de um grande amigo. Ele adora o Carnaval do Rio e todo ano caia naquela folia, juntamente com a família, principalmente nos desfiles no Sambódromo. Num certo ano, convida um parente da religião Batista para ir junto com sua família. Ele acaba aceitando, hoje não perde um desfile e nem por isso deixou de continuar professando sua fé. Tudo a seu tempo. Disso concluo que, devemos estar receptivos para tudo e que o isolamento, o permanecer bitolado e recluso não ajuda em nada. Sou mais por encontrarmos tempo para tudo, sendo adepto de que, sem os excessos, tudo deve ser permitido.Skindo, skindo e vade retro, para quem permanecer sentado.

Henrique Perazzi de Aquino, 47 anos de alguma folia e adepto do requebrado para destravar as juntas mal concebidas e mal ajambradas.

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