segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

MEMÓRIA ORAL (22)

UMA FESTA DE CARNAVAL NA RUA E UMA EXPOSIÇÃO Quem disse que o pessoal da Secretaria Municipal de Bauru não está envolvido com o Carnaval? Esse ano foram duas atividades, uma com o retorno do Concurso de Blocos na avenida Nações Unidas, depois de longos anos sem qualquer tipo de desfile. Outra foi a exposição "Nossos Carnavais", com abertura ocorrida pelo Museu Histórico Municipal em 31/1, bem às vésperas da abertura oficial da festa. A exposição só foi possível pela abnegação do quadro de funcionários do museu, comprando a idéia e a executando num prazo mínimo e com uma presteza de dar gosto. Ela, por si só, merece um capítulo à parte, por tudo o que está gerando de comentários favoráveis, mas fora isso, algo chamou muito a atenção, servindo também para trazer muita gente foliona de volta às ruas. Quando surgiu a idéia de homenagear nossos antigos carnavais, retirando do acervo as peças guardadas ao longo dos anos, desponta outra grande sacada. Por que não fazer uma abertura diferenciada e agitar o povo com uma festa nas ruas? Como sabemos, a SMC mantém uma orquestra e uma Banda Municipal, com mais de 150 integrantes, todos adolescentes e loucos para encontrarem oportunidades onde possam expor um pouco todas as suas habilidades. O maestro Roberto Vergílio quando soube da idéia da exposição oferece o que tem de melhor: "Procurei o pessoal do Museu e ofereci um grupo de músicos, especificamente de sopro, coordenados por mim. Como temos uma forte ligação com o pessoal do Ouro Verde 100%, ligados à percussão, pensei logo em juntarmos tudo numa apresentação carnavalesca". Tudo foi ganhando corpo, até atingir a formatação final.
Eu, na qualidade de Diretor dos Museus Municipais encampei a idéia logo de cara. Chamamos o secretário Vinagre e definimos em conjunto como poderíamos unir a abertura com uma apresentação musical. Por fim, chegamos num acordo e tudo ficou definido da seguinte forma: às 19h esse grupo musical faroa uma apresentação defronte o Automóvel Clube (onde ensaiam diariamente), na praça Rui Barbosa. Tocariam por uma hora e depois sairiam num corso pela rua Antonio Alves, até defronte o Museu. Ali, mais um pouco de música, quando no máximo, umas 20h30 estaria decretada a abertura da exposição. Mais detalhes foram sendo pensados. E o som? Precisaríamos de um carro de som e para isso nada melhor do que contar com o apoio da CUT – Central Única dos Trabalhadores, pois possuem uma carretinha de fácil locomoção, bem propícia, não só para manifestações sindicais, como também para os momentos festivos. O representante da CUT local aderiu rapidamente: "Gostamos da idéia. Só precisamos acertar alguns detalhes. A aparelhagem estará emprestada para um sindicato de Mineiros do Tietê e terá que estar aqui em tempo hábil. Também precisamos acertar com o condutor do carro e operador da aparelhagem, o Lulinha. Acertando isso, batemos o martelo". Tudo acabou dando certo. Outro detalhe foi sobre o músico que puxaria a folia. Gilson Dias, músico profissional e funcionário da SMC, quando ficou sabendo do que se tratava, aceitando de imediato participar: "Tocar marchinhas sem ninguém cantando não faz sentido. Como não tinha nada marcado para aquele dia, emprestei minha voz para concretizar mais esse grande acontecimento".
Chegando o dia, outro pequeno problema de percurso. Falece o ex-bispo de Bauru, d. Cândido Padin, muito querido por todos e a missa de sétimo dia seria realizada na Catedral, ali na praça, às 20h do mesmo dia. Nada que pudesse alterar os planos. Simplesmente foram antecipados os horários, com o início acontecendo às 18h30, a música seria executada por uma hora e às 19h30 o corso sairia pela rua. Tudo combinado, uma vã da SMC buscaria o pessoal do Ouro Verde por volta das 18h. Paralelo a isso, um release feito pela Assessoria de Imprensa da Prefeitura foi distribuido para toda a mídia. Pipocaram entrevistas nas rádios Auri-Verde, FM 96 e Unesp FM, além de matérias nas demais. No dia do evento, os dois jornais locais deram amplo destaque, tanto para a exposição, como para a apresentação carnavalesca. Tudo estava mais do que pronto.
Correndo por fora, o pessoal do Museu fez um belo trabalho, juntando peças, identificando uma por uma com uma breve legenda de identificação. Tudo feito num tempo recorde e todos, indistintamente estiveram envolvidos. As fotos, referentes a antigos desfiles de rua, foram distribuidas em dois painéis e as peças espalhadas pelo salão, montado como se fosse um clube, num dia de baile carnavalesco. Entre muito confete e serpentina estavam fantasias, troféus, estandartes, adereços e outras peças. "Uma rica miscelânea apresentada sem o compromisso de contar a história do carnaval na cidade e sim, mostrar um pouco do acervo existente aqui. Somente nessas oportunidades podemos expor algo assim", conta Paulo Folcato, chefe do Museu Histórico Municipal. E assim foi feito, com tudo ficando pronto momentos antes da abertura. Carnavalescos ficaram sabendo da exposição e muitas coisas continuaram chegando até na última hora. E devem continuar chegando. No dia do evento, 18h, a CUT foi pontual e o carro de som já estava instalado na praça. Som ligado, irradiando antigas marchinhas, servindo para aglutinar as pessoas. O movimento era pequeno e só esquentou mesmo com a chegada dos músicos e seus instrumentos. O agito foi instalado de uma vez por todas. Batuque em ação, o movimento cresceu. Mães trouxeram os filhos já devidamente fantasiados e alguns fizeram questão de ressaltar: "Ouvi no rádio e não poderia faltar. Vim conferir pessoalmente, trazendo meus filhos". O diferencial da folia foi dado por quatro funcionárias da SMC, Elizete, Cynthia, Cássia e Zilda, surgindo com confetes, comprados por conta própria, fazendo uma festa particular, contribuindo em muito para o sucesso do evento. Outros também foram valiosos, mas essas foram imprescindíveis.
Lulinha esteve impecável na condução do som. A Polícia Militar foi abrindo o trânsito para o bloco passar e o corso finalmente saiu para a rua. No conjunto geral dos participantes, duas pessoas foram o destaque na avenida: Robertinho Godoy, nosso mais famoso costureiro e folião confesso ("Fui o primeiro a assinar o Livro de Visitas da exposição. Estive lá à tarde. Vejá lá") e o jornalista Nilson Avante, aparecendo com uma indumentária propícia para o evento, uma peça de cabeça, repleta de inscrições e no bolso um ramo de café ("Sou do Bloco do Eu mais Eu. Desfilo sózinho e não deixo a peteca cair"). Só por eles o sucesso já estaria mais do que garantido, mas teve mais. Defronte o Museu a festa continuou por um bom tempo, sempre capitaneada pelo maestro Roberto e pelo cantor Gilson, gerando elogios variados de muitos dos presentes. Receberam abraços e beijos coletivos. O samba comeu frouxo defronte o museu, vizinhos sairam na sacada de suas casas e só por volta das 20h30 o samba se calou. Todos foram então convidados a adentrarem o museu, recepcionados por Paulo Folcato e equipe, minuciosos nos detalhes e nas explicações aos presentes. Um cinegrafista da TV Tem e uma fotógrafa do jornal Bom Dia acompanharam tudo e constataram a grandiosidade da festança. Quase ao final, um casal que veio após ouvir o anúncio no rádio, dirigindo-se a mim, lança algo do qual já havia pensado: "Façam essa festa todo ano. Divulguem mais, invadam o Calçadão e o povo virá atrás". Tenho certeza que sim. A festa foi chegando ao seu fim, todos já um pouco cansados, porém muito satisfeitos com o resultado final. Havia sido um sucesso. Por fim, permanece o convite para que toda população por lá compareça, visitando aquilo tudo, de terça à sábado, das 9 às 17h. Henrique Perazzi de Aquino, escrito em 03/fevereiro/2008.

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