sábado, 21 de junho de 2008

UMA CARTA (11)
A revista dessa semana já está na edição 501 (Ótima a matéria de capa, "Um torturador à solta"), mas na edição anterior, a 500, enviei essa carta para o jornalista Mino Carta, parabenizando-o pela melhor e mais respeitada revista brasileira ter alcançado a marca histórica:

Caro jornalista e amigo MINO CARTA
ref.: edição nº 500
Quando Carta Capital chega na sua edição de nº 500, volto a te escrever, em primeiro lugar para parabenizá-lo pelas quinhentas edições e em segundo, o mais importante, para te confessar algo, essa é a revista que faz a minha cabeça. Leio, leio muito, devoro publicações e tenho as minhas preferidas (CC, Caros Amigos, Brasileiros, Diplo, Fórum), mas nada se iguala ao sentimento que nutro por essa semanal editada e criada por ti.

O projeto editorial em si é fascinante em todos os sentidos. Com uma equipe enxuta, desdobrando-se em busca de tudo o que considero o melhor e mais atuante jornalismo produzido no Brasil de hoje. O não se desviar da "verdade factual" dos fatos é algo singular nesse país de interesses diversos, onde o "deus mercado" é o guardião de tudo e de todos. Não deve ser nada fácil seguir em frente, quando a quase totalidade dita (ou impõe?) um outro caminho, o da "Maria vai com as outras", do dinheiro fácil, tendo que, para tanto, vender sua alma ao vendilhões do templo, o próprio diabo.

Você bem sabe, meu caro Mino, ainda existe uma legião de sequiosos seguidores de quem continua insistindo na defesa intransigente desses tais "ideais exóticos". Taí a tiragem da revista aumentando e a credibilidade impoluta e irretocável. Ainda hoje, abri um pequeno jornal, o Fórum, edição nº 16, do Fórum de Ex-Presos e Ex-Perseguidos Políticos do Estado de SP e o único homenageado, na qualidade de proprietário de órgão de imprensa és tu. Recebi aqui uma das últimas edições da Revista do Brasil e na capa, algo que só ti continua explicitando numa semanal ("Lula deveria governar com o povo e enfrentar a elite branca"). Quando me dizem que CC é "chapa-branca" esfrego isso na cara do sujeito ou mostro as críticas feitas, até de forma continuada, mas sem adentrar o lamaçal proposto pela denominada Grande Imprensa Nativa. É isso que nos move, que nos dá alento, coragem, disposição. A cada semana ao abrir a revista e encontrar lá essa manifestação impressa de que não estamos sós, de que somos muitos e de que devemos resistir, isso dá um alento danado e me recarrega para as batalhas diárias. CC possui esse papel.

Sua revista é hoje, nesse país, uma espécie de ancoradouro, para todos aqueles que acreditam de que o mundo, o país, a vida política possui salvação e de que não existe isso de seguir cegamente um só caminho, pois outros continuam sendo mais do que possíveis. Pedregosos, mas possíveis. Chegar a 500ª edição, diante desse turbilhão de adversidades é algo para ser reverenciado com louvor e muito barulho. Afinal, o que seria do Brasil sem CC? Onde essa legião se veria representada? Onde esse Brasil injustiçado e humilhado encontraria voz e espaço?

Escrevo isso tudo só para te reafirmar que continuo firme do lado de cá, lendo semanalmente (tenho certeza em ser o primeiro a comprá-la nas bancas de Bauru no sábado à tarde), divulgando e me orientando com o seu riquíssimo conteúdo. Nunca me esqueço da utilização de uma carta minha em um editorial seu (28/09/2002), depois sua vinda para uma palestra aqui no nosso teatro, depois dois textos meus na Brasiliana (Fuera Bush em Buenos Aires e Bauru com DOCG). Que leitor não ficaria envaidecido com esse tratamento dado pela sua revista, aquela que preenche suas expectativas. Escrevo rotineiramente para a revista, pois gosto dela e me sinto na obrigação de fazê-lo, não só para elogiar, mas também para criticar (lembram-se quando publicaram o anúncio com os prefeitos bem avaliados e nem saiu a prometida segunda inserção). Nessa semana, quando vejo a ministra Dilma sendo envolvida em mais um daqueles escândalos (em sua maioria meio que preparados, criados em laboratório), bem ao gosto da mídia nativa, que tudo faz (e fará) para enlamear a candidata de Lula, não me pronunciei aqui em minha cidade. Fiquei na encolha e aguardei a edição de CC (nº 499), para só assim juntar os pauzinhos, entender direito as entrelinhas e me posicionar. Isso é confiança, pois sei que minha revista (posso chamá-la assim?) não entra de "gaiato no navio".

Abracitos bauruenses do HPA

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