segunda-feira, 1 de setembro de 2008

UMA FRASE (22)

JOSÉ MINDLIN, O MECENAS DOS LIVROS RAROS, aos 94 anos ( a completar dia 08 de setembro 2008), no Encontros do Estadão (Jornal Estado de SP, edição de domingo, 24/08/2008, entrevista para a jornalista Silvia Santiago). Adoro entrevistas envolvendo livros. Essa me chamou bastante a atenção, pelo toque aos sebos e por também, tentar ler o mais que posso. Nunca vou conseguir chegar a 100 livros lidos por ano, mas na metade chego todo ano. Abaixo três trechos:

Pergunta: Como conviver com a falta crônica de recursos para a cultura?
Resposta: “Sou um otimista incorrigível. O pessoal vive chorando que falta dinheiro, mas na hora ele sempre aparece. O importante é ter idéias, o dinheiro se arranja. Ter recursos sem idéias é que é o problema”.

Pergunta: O que o senhor sugeriria a alguém, que quisesse ter uma boa biblioteca?
Resposta: “Ser rato de sebos. Comecei a comprar livros ainda menino, freqüentando sebos. Os melhores são aqueles caóticos, em que se pode saborear as delícias da descoberta. É mais prazeroso do que ir a uma livraria, pois os livros têm uma história, passaram por várias mãos. Não costumo escrever em livros, mas há quem escreva e é curioso descobrir os sentimentos, as idéias que aquilo que se tem na mãos provocou em alguém. É um prazer único procurar livros, encontrar, conservar. E para mim, a forma de conservar é manter a biblioteca unida, evitar a dispersão. A maior parte da minha biblioteca foi feita durante 80 anos por mim e pela minha mulher. Praticamente livro a livro. Tudo que está ali foi escolhido por nós e tem uma razão".

Pergunta: E sua relação com a leitura?
Resposta: “Sempre fui um leitor inveterado. Durante décadas li mais de cem livros por ano. Onde ia, levava sempre um livro junto e aproveitava quaisquer 15 minutos disponíveis. Hoje, infelizmente não consigo mais ler.Fico dependendo de quem leia para mim. Recentemente, consegui retomar uma certa independência com a instalação de um sistema de computador pelo qual você escaneia um texto e o computador o lê em voz alta. É um milagre da tecnologia. Por isso, estou ainda mais convencido de que se alguém diz que não lê porque não tem tempo, é conversa fiada”.

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