SAUDADES DA DISCOTECA DE BAURU
“A Discoteca de Bauru foi uma das mais famosas lojas de discos da cidade, ficou quase 50 anos funcionando em Bauru até fechar as portas uns 8 anos atrás. Faz tempo que eu quero fazer uma homenagem a essa loja, que teve uma grande importância em minha vida e também na de muitos bauruenses. Eu era um moleque nos anos 80 quando conheci a loja, estava passeando pelo centro da cidade, naquela época ainda não existia o calçadão, quando entrei na loja e comecei a fuçar nos discos. (...) Não só apreciávamos a música lá, como passávamos tardes e tardes falando sobre música nas rodas. Perdi a conta de quantos discos comprei lá, mas com certeza foram mais de mil, tenho todos até hoje. (...) Era uma enxurrada de coisas legais que ia conhecendo por lá. (...) Era uma mistura de bons ventos que iam se formando, Pink Floid com Chico Buarque, Janis Joplin com Arrigo Barnabé, os sons se misturavam e vinham desta maravilhosa fonte, a Discoteca de Bauru. Mesmo com a era do CD chegando, a loja continuou a vender os belos LPs juntos com os novos Compacts Discs. O LP tinha toda uma magia, o CD era novidade, mas era pequeno. Os LPs criavam uma intimidade entre o ouvinte e o disco, sem contar a beleza das capas, muitos vinham com posteres dentro. (...) A Discoteca resistiu o quanto pode a internet, mas infelizmente não conseguiu continuar, a geração download derrubou com a loja. Quando eu soube que a loja ia fechar, fui lá no seu último dia de funcionamento, comprei meu último LP na loja e vi a porta ser abaixada. (...) Parece ser uma regra hoje em dia, as coisas boas se vão e as merdas ficam e se replicando aos montes. (...) Que fique registrado essa lembrança importante que é a Discoteca de Bauru, o Sílvio, o Ricardo e tantos outros que trabalhavam naquela saudosa loja, que permanecerá intacta na memória ao tocar cada disco comprado lá na minha velha e querida vitrola”.
Reproduzo esse texto de um grande amigo. Ele me tocou profundamente, porque tive a mesma relação de proximidade com os vinis e com a Discoteca de Bauru. Tenho mais de 2000 discos em casa (amontoados aqui no mafuá) e a grande maioria foram comprados lá. Sempre era atendido pelo Sílvio e hoje, seu filho e o meu, numa dessas coincidências da vida, estudam na mesma classe. Rever o Sílvio na porta da escola, me faz lembrar diariamente dos meus discos. Queria tirar uma foto dele. Ele não aceitou. Publico aqui dois selos, de anos diferentes, que eles iam colando na contra-capa de cada LP. Passar no quarteirão onde estava localizada a loja é saudade pura. Minha relação com a música também veio dali. Fui adquirindo gosto pela coisa, recebendo indicações, sugerindo que eles trouxessem títulos diferentes, etc. Continuo comprando muita música, ainda no formato CD, mas não tenho mais um local de preferência (compro onde estiver mais barato). Só em CD devo ter perto de uns 2000. E a grande maioria são de MPB. Não tem um dia que eu não ouço música dentro do mafuá ou no aparelho do carro. Faço um revesamento e a cada semana vou ouvindo uma nova leva, que permanece dentro do carro pelo prazo de uma semana. Depois escolho outros e assim vou seguindo. Os da Discoteca estão todos lá, guardadinhos dentro das embalagens plásticas e rodando na minha vitrolinha. Reviver isso tudo me faz um bem danado. Queria contar isso para vocês e falar do bem que me fez receber esse e-mail desse dileto amigo.
caro Henrique
ResponderExcluirTambém comprava discos lá. Guardei poucos, mas gostava também de outra loja, na Batista, acho que quase em frente a Lojas Americanas. Essa eu acho que conseguiu resistir até nossos dias. Continua vendendo CD e um monte de outras coisas junto. Conhece eles?
Ricardo B.
Faltou falar do irmão do Silvio,o Carlinhos que hoje trabalha na Music Sound Bauru Shopping,que é uma grande loja e não perde para nenhuma de SP
ResponderExcluirTrabalhei na Discoteca de Bauru com o Silvio, Carlinhos, Dona Maria, o Japoneizinho Waldomiro (Miro) a Solange e eu Hamilton em 1981.
ResponderExcluirGrande Silvio, pessoa de melhor qualidade, não tínhamos patrão mas sim um amigo que sempre nos ajudou a todos.
Há 30 anos moro em Campo Grande MS mas sempre que vou à Bauru passo ali na Virgílio Malta e olho pro pequeno prédio onde era a loja.
Saudade, tempo bom que não volta nunca mais.