sábado, 24 de janeiro de 2009

DIÁRIO DE CUBA (21)

MANHÃ NA IMENSA PRAÇA DO MONUMENTO AO CHE
Chegamos ao sétimo dia em Cuba, 14/03/2008, sexta-feira, dia claro, céu limpo. Amanhecemos em Santa Clara, a primeira cidade a conhecermos após seis dias em Havana. Da janela do hotel (pagamos duas diárias - 70 pesos) olhávamos frestas da cidade. Grande expectativa para o café da manhã, feito no 10º andar, com ampla vista panorâmica da cidade toda, por todos os seus ângulos. Não tenho certeza, mas acho ser esse o único prédio da cidade. Certeza eu tenho de ser o mais alto. Comemos como lordes, mesmo sendo socialistas. Variedade mais abundante que o de Vedado. Omelete feito na hora, muitas frituras, com destaque para um feito com salsicha, bem crocante.

Pança mais do que cheia, voltamos rapidamente para o 5º andar em busca de uns poucos pertences para irmos à rua. Não víamos a hora de conhecer dois locais turísticos da cidade, o famoso monumento ao Che e o museu ao ar livre, levantado no local onde o mesmo Che havia descarrilhado uma composição férrea do ditador Batista, durante a luta pela libertação da ilha. No interior, os funcionários são um pouco mais fechados do que os da capital, mas aos poucos vamos ganhando a confiança de todos. A chave para abrir portas é falar do Brasil. E isso fazemos muito bem.

“Conjunto Escultórico Ernesto Che Guevara”, localizado no máximo há umas dez quadras do hotel. Disseram-nos ser longe, que o melhor seria ir de táxi. No nosso caso, nem pensar. Queremos sempre caminhar, oportunidade ótima para contatar pessoas. E nada comparado ao que já havíamos andado em Havana. Casas mais simples, antigas, mas todas de ótimo aspecto. Povo simples, sem luxo nenhum, mas com o necessário. Ao chegar ao local, um amplo espaço, talvez com o mesmo tamanho do da Praça da Revolução, tendo no centro um imponente monumento com o Che vestido com o fardamento de batalha, com fuzil e tudo. Circulamos pelos quatro cantos, mesmo com o sol a pino. Entramos no Museu e depois no Memorial, tendo que, em ambos deixar a máquina fotográfica e filmadora num guarda-volumes, pois em sinal de respeito a Che não são permitidos no seu interior nem fotos, muito menos filmagens. Muitas peças históricas lá dentro, como roupas e armas usadas pelos revolucionários.

Parecíamos crianças brincando numa imensa praça. Não havia muita gente naquela manhã por lá. Somente ônibus de turistas, na sua maioria de europeus. Tiramos fotos de todos os ângulos e Marcos filma algo inusitado para nós. Uma pequena solenidade que acontece aos pés do monumento, com autoridades locais presentes. Em Santa Clara muitas conduções puxadas pela tração animal, tendo na sua parte traseira, uma carroceria coberta, onde devem caber de 10 a 15 pessoas. Passam a todo instante, quase sempre lotadas, levando os cubanos de um lugar para outro. Passamos a manhã toda no entorno da praça, curtindo aquele raro momento em nossas vidas. Marcos, mais do que ninguém, estava em estado de transe, extasiado e foi a coisa mais difícil tirá-lo de lá por volta do meio dia. Com fome, caminhamos até o hotel, conversando muito sobre como o cubano trata seus heróis e como nós, brasileiros tratamos os nossos. Qual papel possuem os heróis deles e os nossos para cada povo? Quais dos nossos possuem realmente uma identificação popular e não foram criados pela classe dominante. Conversa animada, quando notamos estávamos diante de um restaurante. Almoço feito, descanso de curta duração e nova saída, dessa vez para ver o Museu do Trem Brindado.

Essa emoção fica para o próximo relato.

Um comentário:

  1. Os diarios estão bons, mas esse foi o mais lindo de todos e que fotos lindas. Imagino a alegria com que viveram estes momentos.
    Nicolas

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