EDUARDO DUSEK E SUA POLITIZADA IRREVERÊNCIA
Desde que escutei as primeiras letras do Dusek (hoje prefere o Dussek, com dois "ss"), gostei e passei a comprar seus discos. Tenho 5 LPs e 1 CD dele. A primeira fase de sua carreira, com as letras irônicas e cheias de muita malícia, além de jogar na nossa cara o problema social do Brasil são todas ótimas. Todas elas nos davam um toque, meio que sem querer, mas que sempre me chegou bem lá no fundo. Cantei várias delas. Depois, decaiu um pouco e seu último CD, o "Adeus Batucada - sings Carmem Miranda", junto com Beto Cazes e Chico Costa, de 2000, está magistral. Toca muito na minha vitrolinha aqui no mafuá. Quem não se lembra do Dusek num festival da Globo, quando ia cantar uma música selecionada para o evento e saca um sucesso seu. Era tudo ao vivo e a Globo engoliu aquilo em seco. Depois foi perdoado e cantou outras poucas vezes por lá. O fato é que Dusek está de volta em Bauru, tocando no Carnaval do Alameda (um luxo). Aqui em Bauru o assisti no SESC em maio de 2004, depois voltou duas vezes, ambas no Alameda (estive em ambos) e agora, em pleno Carnaval.
Relembro aqui alguns trechos das letras que fizeram minha cabeça:
INJURIADO: "Fui à macumba/ pedi baixa no emprego/ me internaram numa clínica/ eu depois fui viajar/ quando voltei/ foi então que pude/ constatar/ que não adianta fazer nada/ pressa coisa melhorar/ então melhorei".
CANTANDO NO BANHEIRO: "Cantando no banheiro/.../ Papai bate na porta/ A maçaneta entorta/ E eu não abro,/ Mas eu não abro./ Não adianta ninguém da família/ pedir para entrar/ pois não pretendo nenhum dos meus hábitos modificar...".
O PROBLEMA DO NORDESTE: "O problema do Nordeste, menina/ É não ter piscina/.../ Dona Florinda vê porque/ Que os políticos não.../ Azulejam logo nosso sertão/ Pois com um pouquinho mais de bom gosto/ um pouquinho mais de know-how/ Não seria esse desgosto/ Esse tosco visual".
ROCK DA CACHORRA: "Troque seu cachorro por uma criança pobre/ Sem parentes, sem carinho, sem rango e sem cobre/ Deixe na história de sua vida uma notícia nobre".
BREGA-CHIQUE: "Doméstica, ela era doméstica/ Sem carteira assinada/ Só caia em cilada/ Era empregada doméstica".
MALDITO DINHEIRO: "...Maldita segunda-feira, em que eu tive que aprender/ Maldito dinheiro! Dele todos dependem/ Maldita segunda-feira, em que eu tive que aprender/ Que nem todos no mundo são como gostariam de ser".
AMIZADE: "Enquanto o mundo e a humanidade balançarem/ E a natureza castigada perdoar quem só procura pelo mal/ Enquanto irmão quiser a morte de outro irmão/ Dilacerando corações na terra/ provocando a dor, a guerra e a destruição".
Isso é só o começo, Dusek falou de tudo em suas músicas. O tenho como uma peça importante na nossa MPB. Fez história e continua em plena atividade. Bato cartão quando por aqui aparece.
Não encontro a letra de "Amizade" em lugar nenhum.
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