DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (06)
1. UMA REALIDADE CRUEL COM O SETOR DAS VÍDEOS-LOCADORAS
Tenho um grande amigo de infância dono de vídeo-locadora. Montou esse ramo de negócio, onde toda família trabalhava unida até bem pouco tempo. Durante anos o via sempre alegre junto aos seus, com o negócio andando normalmente. De uns tempos para cá tudo mudou. As locadoras vivem um verdadeiro inferno astral. As bancas de piratas vendem 3 lançamentos por R$ 10 reais. Na locadora o preço de um lançamento não sai por menos de R$ 200 reais e eles locam por R$ 5 a R$ 8 a diária. Não existe como competir com a pirataria. O movimento caiu drasticamente. Ele, na faixa dos 50 anos, está num beco sem saída. Seu estabelecimento é no centro da cidade e por mais promoções que faça vive às moscas. Não sabe o que fazer com seu negócio. Vender é praticamente impossível, passar para a frente também. Continua por lá, mais por não ter outra coisa para fazer. E a cada dia o rombo cresce. Não só o rombo. Com a falta de grana, o relacionamento do casal já não é o mesmo de antes. Começaram os primeiros desentendimentos. A esposa insiste para que ele tentasse outras coisas. Ele não consegue se desgrudar dali, pois nem imagina o que poderia fazer, sem qualificações. Já pensam até em separação. Os filhos sofrem juntos. O vejo constantemente parado na porta de sua loja, com um ar desolador, olhando para o infinito e sofro junto dele. Dias desses me disse: “Vão se arrepender lá na frente quando quiserem assistir um clássico. Esses piratas só vendem lançamentos e as locadoras não mais existirão”. Não vejo bem assim, pois infelizmente, filmes e músicas serão todos baixados via computador, algo frio e mecânico. E cada vez mais dou razão para Otto em sua música: “Acabo de comprar uma TV a cabo/ Acabo de entrar na solidão a cabo”.
2. FUI REVER A “FORTUNA” NO MUSICAL “NA CASA DE RUTH” NO SESC
Em 1987 comprei na Discoteca de Bauru o LP “Só”, da cantora Fortuna, que na época despontava ao lado de Itamar Assumpção, Vânia Bastos, Arrigo Barnabé, Suzana Salles e outros. Cantavam num local dos mais instigadores, o Lira Paulistana, lá na capital. Assisti um show dela em Lençóis Paulista, num local alternativo que marcou época por lá. Tudo o que saia daquela turma eu trazia para casa. Juntei tudo e não consigo me desfazer de nada. Ficam aqui no mafuá, juntando poeira e me dando um trabalhão, pois os cupins estão sempre a nos rodear. Ela veio cantar hoje em Bauru dentro do musical “Na Casa de Ruth”, um espetáculo infantil com os textos da escritora Ruth Rocha e direção do Naum Alves de Souza. Convidei meu filho de 15 anos. Ao saber ser peça infantil, inventou uma desculpa. Fui só. Lá a primeira pessoa que vejo é a amiga Neli Viotto, com o mesmo problema. A filha de 14 anos não veio e lhe falou: “A senhora não quer que eu pague esse mico, né mãe?”. Veio só. Éramos dois e juntos ficamos. A peça foi linda e o destaque (para mim) foi rever a voz da Fortuna, linda e suave. Viajei. Esperei toda a criançada pegar o autógrafo dela no CD do show, depois fui lhe mostrar o LP e um CD, o “Cantigas”, esse de 1994, com música judaica. Ela fez cara de espanto, nisso juntaram mais duas que a conheciam por outros trabalhos. Ficamos a matar saudade. Foi lindo. Na saída vim pensando em como o artista irá autografar algo tirado da internet. Terá que fazê-lo num MP3? Dei um beijo nas minhas peças de museu e voltei cantarolando para casa.
Henrique, como vai?
ResponderExcluirHá décadas estou atras desse disco "Só" da Fortuna. Daria uma fortuna só para poder ouvi-lo novamente... Posta umas fotos das capas e encarte, por favor.
Abraço,
Elson Fróes
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