DESPONTANDO UM BLOCO CARNAVALESCO DOS MAIS DEMOCRÁTICOS:
“AS VIÚVAS DO BATATA”
Sou do tempo em que existia um animado baile carnavalesco no Sábado de Aleluia. Freqüentei os do BAC (Bauru Atlético Clube) até fenecerem de vez, com a sempre lembrada Banda da Folia. Nem malhação de Judas eu vejo mais por aí, justo agora que poderíamos malhar um número infindável de pilantras. Hoje, quando não se faz mais nada de carnaval nessa data (pelo menos por aqui), eis que pinta algo sobre o tema, o lançamento de um Bloco Carnavalesco. O nome é dos mais sugestivos e surgiu numa mesa de bar, lugar onde sempre pintam excelentes idéias. O grupo estava reunido, logo após o carnaval, para bebericar algo, jogar conversa fora e falar sobre as agruras desse mundo. Estávamos nuns 20, todos carnavalescos, daqueles que reverenciam João Roberto Kelly, o eterno criador de marchinhas. Conversa vai, conversa vem, pinta a idéia de criar um bloco, daqueles críticos, que descem a lenha nos erros e acertos, principalmente políticos.
Idéia aceita, todos tomaram conhecimento de algo grandioso nesse carnaval, o bloco “Quanta Ladeira”, parido em Olinda e hoje, devido seu crescimento, exportado para Recife. Com onze anos de folia, o bloco é um dos mais escrachados, despudorados e politicamente incorretos do país. Lá desfilaram 20 mil foliões nas ruas. Ninguém é poupado. Com a cerveja fermentando a idéia de todos os presentes, faltava o nome. Um gaiato, desses que precisa ter seu nome colocado numa placa (quem foi ele mesmo?) teve a feliz idéia: “Por que não Viúvas do Batata? Todos nessa mesa já votaram ou confiaram no nosso vereador e se o negócio é escracho, de desilusão todos nós padecemos”. Foi batata (sic). O nome pegou e não precisou nem ocorrer votação, unanimidade absoluta e impoluta. Brindes ocorreram e foi até marcada data de novo encontro.
Podem não acreditar, mas no encontro seguinte, pintou uma letra, feita pelo Marcos Paulo e alguns trouxeram idéias do logotipo. Os logos eu publico aqui, um bem feito, trazido pelo Daniel, com uma carinha redonda, cara de poucos amigos, lembrando o legume, não o vereador. Paulão Gordura trouxe uma charge de um jornal paranaense sobre uma batata frita num fogão. Mereceu risadas, mas não passou disso. João, do Sindicato, apresentou uma revista com uma coisa parecida com o legume, bigodão e cara de festa. Mereceu aplausos. Marcos Paulo leu a letra e quando pediram para cantar, nem tentou, pois isso não pega bem para um “comandante” revolucionário (foi o que alegou). Rosinha, assessora parlamentar, pediu para convidarmos o próprio homenageado para a folia. Tiãozinho, mais centrado disse: “Só se ele pegar o espírito da coisa”. Um muxoxo circulou entre os presentes. Vamos pedir para o músico Gilson gravar numa versão festiva da letra. Eu trouxe algumas letras do bloco recifense, o “Quanta Ladeira” e todos cantaram algumas delas. Rosa do Vintém foi bem elucidativa: “Tem muitos que eram viúvas e agora voltaram para o antigo berço. Acho que não vão querer desfilar. Isso vai é dar confusão”. Risos e escárnio geral. Lázaro diz que não devemos personificar o nome do bloco em uma só pessoa. Mariza concorda, mas lembra do passado: “E os antigos blocos, As Viúvas ou Solteironas do Franciscato, do Sbeghen? Todos eles levaram tudo numa boa, não?”. Tião da Dutra ressalta: “mas lá não havia o descontentamento, a desilusão, era só algazarra, pura gozação. Agora não”. Para não me estender muito, apresento abaixo um trechinho da letra do Marcos (ele afirmou que já possui uma segunda letra, e olha que é o único que não bebe), só para dar água na boca (ela inteira, só no próximo post e para os que pedirem via e-mail) e logo a seguir as letras que fizeram a cabeça do pessoal nas ruas do Recife.
Eis a letra, autoria do Marcos Paulo: “Antes de nada eu gostaria de explicar/ Segue agora um manifesto que nunca se viu/ Chamado a marchinha das viúvas do Batata/ A noiva da cidade diz ser socialista/ Mas tá na cara ter ela um "quê" fascista/ Pelegos são coristas em teatro imperialista/.../E pra mostrar meu camarada minha oposição tão radical/ Eu escrevi essa marchinha para tocar no carnaval/.../ Mas na próxima eleição as viúvas do Batata será hino nacional”. Marcão joga pesado, escreve do mesmo jeito que fala, nervoso com quem trai a causa. O grupo está tentando convencê-lo a ser menos ácido. Ele, contra-argumenta: “É pra carnaval, é pra ser escrachado, é pra cutucar, é pra chutar o pau da barraca e vocês ficam a me pedir moderações. Tão com medo de que?”.
Para não alegarem que o bloco usará de grosseria ou desvario, sintam só como foram algumas das letras dos pernambucanos. Até Caetano cantou com eles e engoliu em seco uma letra versando sobre Bethânia (disse, “Pô, até minha irmã entrou!”, mas seguiu em frente), numa paródia do Um a Um, do Jackson do Pandeiro: “Esse coco é tampa de Crusch/ Vou jogar um sapatão no Bush/ Vou jogar um sapatão na Mart’nália/ que corta que só uma navalha/ Vou jogar um sapato na Marina/ que é igual ao da Ana Carolina/ Vou jogar o sapato da Bethânia/ que é maior do que toda a Cisjordânia”. Dilma foi lembrada no Coisinha bonitinha do pai, com “Ô coisinha bonitinha do PAC e no Vamos fugir, do Gil, “Dilma irá/ viajar, viajar/ Pra onde tiver um bisturi/ Pitanguy, Hosmany”. O ator Fábio Assumpção foi o alvo na paródia de Farofa-fá: “Comprei um quilo de farinha pra fazer novela/ Pra fazer novela/ Pra fazer novela/ lá-lá”. Beijinho Doce virou Pozinho Doce, em homenagem a Amy Winehouse: “Que pozinho doce/ Foi Amy quem trouxe/ De Londres pra mim”. Obama foi satirizado na Banana Boat Song, de Harry Belafonte: “Ta todo mundo confiando no Obama/ Se o Obama fizer merda f.../ Ah, afro-negro”. O hino do bloco é em cima da Guantamera: “Quanta ladeira/ Quanta ladeira/ Olinda quanta ladeira”. Casa no campo, do Zé Rodrix virou “Eu quero um castelo no campo/ Onde eu possa fazer muitos lobbies rurais/ Onde eu possa fraudar a receita/ E fazer meus subornos federais”. Experimentem clicar no Youtube, “Bloco Quanta Ladeira” e verá a quantidade de clipes e de versões já produzidas. Por que não aqui na terra do famoso sanduíche?
A idéia está mais do que lançada e para vingar precisa da adesão de uma multidão de gente, pois descer a avenida numa meia dúzia de gatos pingados não dará certo. “O bloco está surgindo despretensiosamente, com o ajuntamento de um monte de gente sem nada na cabeça e vamos ver no que dá”, desafia um dos idealizadores, o sindicalista João. “Será juntar, como eles lá do Quanta Ladeira, o que foi notícia no ano e criar as paródias”, afirma um entusiasmado Paulo Baiano. Todos pensam do mesmo jeito e colocam com esse texto o bloco na rua. Adesões são bem vindas e mais do que necessárias. Espalhada a idéia e a partir das adesões, será marcado um próximo encontro para abril ou maio. Queremos encher um bar qualquer ou se preciso for, emprestar até a Panela de Pressão ou o estádio ao lado, para o mais rápido possível ir definindo prioridades, elaborar estatuto, definir marca, dizeres do estandarte, bater o martelo no hino, ver carro de som, patrocinadores, ir preparando as paródias com temas bem locais e ver onde será guardado o estoque de cerveja arrecadada. A idéia está lançada. Você topa fazer parte desse grupo? Deixe seu Comentário registrado no blog ou no e-mail: mafuadohpa@gmail.com . Faça contato...
Podem não acreditar, mas no encontro seguinte, pintou uma letra, feita pelo Marcos Paulo e alguns trouxeram idéias do logotipo. Os logos eu publico aqui, um bem feito, trazido pelo Daniel, com uma carinha redonda, cara de poucos amigos, lembrando o legume, não o vereador. Paulão Gordura trouxe uma charge de um jornal paranaense sobre uma batata frita num fogão. Mereceu risadas, mas não passou disso. João, do Sindicato, apresentou uma revista com uma coisa parecida com o legume, bigodão e cara de festa. Mereceu aplausos. Marcos Paulo leu a letra e quando pediram para cantar, nem tentou, pois isso não pega bem para um “comandante” revolucionário (foi o que alegou). Rosinha, assessora parlamentar, pediu para convidarmos o próprio homenageado para a folia. Tiãozinho, mais centrado disse: “Só se ele pegar o espírito da coisa”. Um muxoxo circulou entre os presentes. Vamos pedir para o músico Gilson gravar numa versão festiva da letra. Eu trouxe algumas letras do bloco recifense, o “Quanta Ladeira” e todos cantaram algumas delas. Rosa do Vintém foi bem elucidativa: “Tem muitos que eram viúvas e agora voltaram para o antigo berço. Acho que não vão querer desfilar. Isso vai é dar confusão”. Risos e escárnio geral. Lázaro diz que não devemos personificar o nome do bloco em uma só pessoa. Mariza concorda, mas lembra do passado: “E os antigos blocos, As Viúvas ou Solteironas do Franciscato, do Sbeghen? Todos eles levaram tudo numa boa, não?”. Tião da Dutra ressalta: “mas lá não havia o descontentamento, a desilusão, era só algazarra, pura gozação. Agora não”. Para não me estender muito, apresento abaixo um trechinho da letra do Marcos (ele afirmou que já possui uma segunda letra, e olha que é o único que não bebe), só para dar água na boca (ela inteira, só no próximo post e para os que pedirem via e-mail) e logo a seguir as letras que fizeram a cabeça do pessoal nas ruas do Recife.
Eis a letra, autoria do Marcos Paulo: “Antes de nada eu gostaria de explicar/ Segue agora um manifesto que nunca se viu/ Chamado a marchinha das viúvas do Batata/ A noiva da cidade diz ser socialista/ Mas tá na cara ter ela um "quê" fascista/ Pelegos são coristas em teatro imperialista/.../E pra mostrar meu camarada minha oposição tão radical/ Eu escrevi essa marchinha para tocar no carnaval/.../ Mas na próxima eleição as viúvas do Batata será hino nacional”. Marcão joga pesado, escreve do mesmo jeito que fala, nervoso com quem trai a causa. O grupo está tentando convencê-lo a ser menos ácido. Ele, contra-argumenta: “É pra carnaval, é pra ser escrachado, é pra cutucar, é pra chutar o pau da barraca e vocês ficam a me pedir moderações. Tão com medo de que?”.
Para não alegarem que o bloco usará de grosseria ou desvario, sintam só como foram algumas das letras dos pernambucanos. Até Caetano cantou com eles e engoliu em seco uma letra versando sobre Bethânia (disse, “Pô, até minha irmã entrou!”, mas seguiu em frente), numa paródia do Um a Um, do Jackson do Pandeiro: “Esse coco é tampa de Crusch/ Vou jogar um sapatão no Bush/ Vou jogar um sapatão na Mart’nália/ que corta que só uma navalha/ Vou jogar um sapato na Marina/ que é igual ao da Ana Carolina/ Vou jogar o sapato da Bethânia/ que é maior do que toda a Cisjordânia”. Dilma foi lembrada no Coisinha bonitinha do pai, com “Ô coisinha bonitinha do PAC e no Vamos fugir, do Gil, “Dilma irá/ viajar, viajar/ Pra onde tiver um bisturi/ Pitanguy, Hosmany”. O ator Fábio Assumpção foi o alvo na paródia de Farofa-fá: “Comprei um quilo de farinha pra fazer novela/ Pra fazer novela/ Pra fazer novela/ lá-lá”. Beijinho Doce virou Pozinho Doce, em homenagem a Amy Winehouse: “Que pozinho doce/ Foi Amy quem trouxe/ De Londres pra mim”. Obama foi satirizado na Banana Boat Song, de Harry Belafonte: “Ta todo mundo confiando no Obama/ Se o Obama fizer merda f.../ Ah, afro-negro”. O hino do bloco é em cima da Guantamera: “Quanta ladeira/ Quanta ladeira/ Olinda quanta ladeira”. Casa no campo, do Zé Rodrix virou “Eu quero um castelo no campo/ Onde eu possa fazer muitos lobbies rurais/ Onde eu possa fraudar a receita/ E fazer meus subornos federais”. Experimentem clicar no Youtube, “Bloco Quanta Ladeira” e verá a quantidade de clipes e de versões já produzidas. Por que não aqui na terra do famoso sanduíche?
A idéia está mais do que lançada e para vingar precisa da adesão de uma multidão de gente, pois descer a avenida numa meia dúzia de gatos pingados não dará certo. “O bloco está surgindo despretensiosamente, com o ajuntamento de um monte de gente sem nada na cabeça e vamos ver no que dá”, desafia um dos idealizadores, o sindicalista João. “Será juntar, como eles lá do Quanta Ladeira, o que foi notícia no ano e criar as paródias”, afirma um entusiasmado Paulo Baiano. Todos pensam do mesmo jeito e colocam com esse texto o bloco na rua. Adesões são bem vindas e mais do que necessárias. Espalhada a idéia e a partir das adesões, será marcado um próximo encontro para abril ou maio. Queremos encher um bar qualquer ou se preciso for, emprestar até a Panela de Pressão ou o estádio ao lado, para o mais rápido possível ir definindo prioridades, elaborar estatuto, definir marca, dizeres do estandarte, bater o martelo no hino, ver carro de som, patrocinadores, ir preparando as paródias com temas bem locais e ver onde será guardado o estoque de cerveja arrecadada. A idéia está lançada. Você topa fazer parte desse grupo? Deixe seu Comentário registrado no blog ou no e-mail: mafuadohpa@gmail.com . Faça contato...
Henricão
ResponderExcluirSeria ótimo, mas um bloco desses aqui em Bauru, com essa conotação, não acredito. Bauru é terra de bundões. Torço e estarei lá, se vingar. Conte comigo.
Rosana
Prezado Henrique,
ResponderExcluirestamos por aki.
forte abraço.
CELSO COSTA
SÓ ACREDITO VENDO.
ResponderExcluirBOLEM UMA LETRAM MAIS ENGRAÇADA.
NÃO CONSEGUI ME TOCAR COM A APRESENTADA.
TALVEZ PORQUE NÃO SEI BASEADA EM QUE MÚSICA FOI FEITA.
PEÇA AO TAL MARCOS PARA ME EXPLICAR.
A IDÉIA É BOA E SERIA BOM BAURU INTEIRA ESTAR LÁ.
MARISA
A letra é grande Marisa, aqui foi jogado apenas alguns pedaços dela, precisa ver inteira, claro que o Marcos usou da sua habitual ironia e jogo de palavras para escrever, até para evitar os problemas que sabemos, mas quem conhece essa hitorinha politica saca a mensagem na hora.
ResponderExcluirBruno MT
E Ai tudo bem vc com seus textos louco é 1000
ResponderExcluirum abraço
sua fã
Inês Faneco
Letra Metalinguística, muito massa gosto deste jeito do marcao, composição codificada
ResponderExcluirDaniel
Os senhores carnavalescos deviam fazer os blocos viuvas do Angerami e viuvas do Roque.
ResponderExcluirUm doidinho para recuperar o holerite e o outro letrista chapado se decepcionará o dia que a coisa pegar e o vereador ficar quietinho sendo voto vencido.
Para esse último anônimo:
ResponderExcluirGostamos de charadas, mas parece que você não pegou muito bem o espírito da coisa. Tudo bem que o Tuga e o Roque até devam merecer umas paródias, mas pelas últimas aberrações, Batata, Segalla do tanque, Carlinhos "coisa medonha" PS, Marcelo Borges não podem ficar de fora de jeito nenhum. O folclore dos vereadores é muito rico e fértil, eles renovam a cada semana o estoque de abobrinhas e imbecilidades. Parece até que fazem tudo premeditadamente, de forma proposital. Haja música para todos eles.
Rosana