sexta-feira, 24 de julho de 2009

UM AMIGO DO PEITO (27) E MÚSICA PARA VIAGENS
NICOLIELO, CADA VEZ MAIS SÓCIA DO HEMINGWAY E DO "VELHO E O MAR"
Nicolielo tem suas charges publicadas no Jornal da Cidade toda segunda, na folga do chargista contratado, o Fernando. Ele envia charges diárias que poderiam ser aproveitadas no Caderno Brasil, para deleite dos amantes do traço e dos quadrinhos. O JC deve ter lá seus motivos para arquivar material tão precioso, jóias raras. Nico possui um traço inigualável e de sua cabeça saem idéias geniais. Essa que aqui publico (clique nela que ela fica grandona) ele me disse ter publicado antes da divulgação da história de que uma neta do Sarney também tinha cargo secreto. Todo artista possui uma premonição, essa é a do Nico, antecipar os fatos. Escrevo do Nico muito por aqui (Memória Oral 10 - 06/11/2007) e dessa vez porque ontem passei lá por Nova Europa, com minha maleta de vendas e cruzo na rua com um senhor de barbas cada vez mais brancas. Era o próprio. Passei no seu covil (ou seria uma espécie de mafuá, tal a semelhança com meu canto), também ateliê de trabalho. Lindo lugar, fonte de muita inspiração, com uns ganchos para armar uma rede no centro da sala, bem junto das telas que pinta incessantemente. Olhei para ele e vislumbrei uma semelhança, pois não parava de me falar da sua diversão atual, as pescarias. Dizia ter comprado um caiaque e de ter se transformado num desbravador dos rios da região. Acopla o barco sob seu resistente Ka (o carro suporta ele, o barco e os peixes, que diz pescar aos montes) e parte para os rios (um no mar, outro nos rios). Abre a tela do computador e mostra umas fotos, tiradas pelo amigo Denis Mendes, outro desenhista de mão cheia, arquiteto de Paraguaçu Paulista, quando foi pescar por lá. A semelhança estava comprovada. Nicolielo é o próprio "O Velho e o Mar" (The Old Man and the Sea), personagem do livro mais conhecido do escritor norte-americano Ernest Hemingway. Lá ele conta a história de um pescador que, depois de 84 dias sem apanhar um só peixe, acaba fisgando um de tamanho descomunal, que lhe oferece inusitada resistência e contra cuja força tem de opor a de seus braços, do seu corpo, e, mais do que tudo, de seu espírito. Ernest Hemingway é um escritor norte-americano, nasceu em 1988 e suicidou-se em 1961. O Velhor e o Mar, foi escrita na época em que Hemingway viveu em Cuba e é uma de suas últimas obras de ficção e também uma das mais famosas. Sintam uma pequena frase retirada do livro: " - O peixe também é meu amigo - disse em voz alta. - Nunca vi ou ouvi falar de um peixe desse tamanho. Mas tenho de matá-lo. É bom saber que não tenho de tentar matar as estrelas. Imagine o que seria se um homem tivesse de tentar matar a lua todos os dias", pensou o velho. "A lua corre depressa. Mas imagine só se um homem tivesse de matar o sol. Nascemos com sorte." Olhem bem para as fotos e tentem adivinhar quem é o Hemingway e quem é o Nicolielo. Eu só acertei porque sei que Nico só anda de bermudas. A outra diferença é a alegria. Nico vive nesse retorno à sua cidade, momentos de rara felicidade, pintando suas telas e vendendo para o mundo, além das charges distribuidos mundo afora. A novidade é que tentarei trazê-lo para Bauru, numa exposição de suas telas no Bar Templo. Aguardem...

MÚSICA PARA VIAGENS - Semana corrida, estrada quase todos os dias, sentida canseira. O alento é a vitrolinha a funcionar no meu carro. Que seria das viagens, nesse meu "road movie" particular, sem meu som ligado em alto e bom calibre? (Tem outra coisa que gosto muito das viagens, mas é segredo). Gastei dois CDs (de tanto tocar) nessa semana, ambos comprados no Submarino, o "Batucando", do Moacyr Luz (Biscoito Fino, 2009) e o "Chutando o Balde", do Nei Lopes (Fina Flor, 2009). Cantarolo a ambos com a mesma caprichada entonação. Ri muito com o "Pala pra trás" (Magnu Sousá e Nei Lopes) : "Lá vem ele outra vez/ De boné tipo inglês/ Mas de pala pra trás/ Quem é esse cara, compadre?/ O que é que ele faz?/ Com a pala na nuca/ Ele é fraco da cuca/ Que estranho ele é/ Ou será que é uma touca/ Muito, muito louca/ O boné do Mané?!/ Vira essa pala pra frente/ Antes que um mal te aconteça!/ Isso é mais um banal lero-lero/ Que os gringos puseram/ Na tua cabeça./ A pala é a maior proteção/ Pros olhos e a visão/ Quando a luz é demais/ A não ser que a sensibilidade/ Em Vossa Majestade/ Venha lá de trás". Uma crítica bem construída desses bonés todos virados para trás que a rapaziada usa desbragadamente nas ruas. No do Moacyr, algo sobre os comes e bebes nos botequins da vida, "Delírio da baixa gastronomia": "Azeite no jiló/ Pimenta fresca no bobó/ A abrideira no balcão de mármore/ Dentro do pirão, uma corvina, um azulão/ E a feijoada desenhando o sábado/ Cosido à brasileira, no domingo e quarta-feira/ E também tem uma camarão na abóbora/ Depois se apaixonar pela batida do lugar:/ -A melhor!/ Garçon de borboleta/ Escrito a giz na tabuleta:/ - Mocotó!/ Frango com quiabo, um cabrito temperado/ É de ajoelhar./ No caldo do ensopado, um lagarto fatiado/ É de fazer chorar..." E por aí afora. O samba desses dois me faz sair do sério. Viajo sem perceber a rudeza da estrada.

3 comentários:

  1. Prof. Henrique Perazzi:
    Boa Noite!
    Parabéns pelo seu blog, assuntos que nos enriquecem tanto na cultura , como em conhecimento.
    Um forte abraço e um Final de Semana Feliz!
    Gaspar Moreira
    CRESS/BAURU

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  2. Caro Henrique
    Sensacional. O Nico parece mesmo com o Hemingway. Espero que não se mate. Continue mandando, por favor, sua história oral que está muito bem redigida.
    Abraços
    Zarcillo

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  3. Oi Henrique,
    Sempre bom receber notícias suas..ainda mais falando sobre nosso amigo em comum - o Nicolielo.
    Veja o site do 5º Salão de Humor www.salaodehumordeparaguacu.com.br
    Se puder nos ajudar divulgando o evento deste ano no seu site, onde o tema será MUSICA, agradeço.
    Obrigado e grande abraço

    Dênis Mendes - Paraguaçu Paulista

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