VOCÊ CONHECE O SIGNIFICADO DO TERMO “BAURETES”?
Ouvi muito isso entre o pessoal do meio artístico e achava que sabia seu significado, sem ter muita certeza. Era um tal de “Baurete” para cá, você tem um “Baurete” aí, essas coisas. O porquê isso e de onde surgiu esse negócio? Fui à busca dos alfarrábios normais e nada de uma explicação. A elucidação da charada veio com o livro “Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia”, do Nelson Motta (editora Objetiva RJ, 2006,392 pgs). Não adianta clicar no “pai dos burros” atual, o Google, que ele terá pouca serventia (lá só algo sobre o LP dos Mutantes). Dia desses fui à casa do amigo Sivaldo Camargo e trouxe de lá emprestado (prometo devolver) o taludo livro. A vida do Tim é uma novela cheia de contradições e loucuras variadas, constantes e intermitentes. Ele não parava nunca, uma ‘bad trip’ que só teve fim com sua morte. O termo “baurete” (uns o utilizam sem o "e" no final, outros com) foi criação dele, numa viagem à Bauru. Existe uma turba de bauruenses que odeiam esse tipo de coisa (esses até hoje rejeitam a música ‘A Garota de Bauru’, do Cazuza e tripudiam sobre a repercussão nacional da imortal Casa da Eni). Falam que isso denigre a cidade. Eu quero mais é uma explicação para as coisas e ela está aqui, extraída do capítulo ‘Dinheiro, Chocolate e Bauretes, 1971, 90 kg’. Com a palavra Nelson Motta:
“Rita Lee, reintegrada aos Mutantes, voltou a viver grandes emoções com Tim, num festival de rock em Bauru, no interior de São Paulo. Todo mundo louco para dar um tapinha antes do show e Tim esquecera os baseados no Rio. A fissura era tanto que, no meio do show, no meio da música, Tim perguntou para o público:
- ‘Aqui não é a terra daquele sanduíche esperto, o bauru? Pois é, o bauru é muito bom mas eu estava querendo mesmo era um... bauruzinho, um baurete’, implorava, fazendo um gesto de ‘empinar pipa’ com a mão para a platéia perplexa. Ninguém entendeu nada, mas depois do show apareceu um hippie doidão e Tim conseguiu seu baseado, consagrando a palavra baurete, que seria um clássico do seu vocabulário, se integraria às gírias dos músicos e viraria título do LP ‘Os Mutantes e seus cometas no país dos bauretes’. Chocolate passou a ser também o apelido secreto que Tim dava às barras de haxixe marrom, que começavam a chegar ao Brasil com hippies europeus. Misturava o baurete com o chocolate e oferecia aos amigos:
- Aceita um misto quente?” (pg. 97 e 98).
Elucidada a charada, falta outra, que festival seria esse? Seria o famoso Águas Claras? 1971? Essa, talvez mais fácil, fica para os remanescentes do evento. Eu era muito novo, tinha 11 anos em 1971 e perdi esse show da Rita junto com Tim.
Ouvi muito isso entre o pessoal do meio artístico e achava que sabia seu significado, sem ter muita certeza. Era um tal de “Baurete” para cá, você tem um “Baurete” aí, essas coisas. O porquê isso e de onde surgiu esse negócio? Fui à busca dos alfarrábios normais e nada de uma explicação. A elucidação da charada veio com o livro “Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia”, do Nelson Motta (editora Objetiva RJ, 2006,392 pgs). Não adianta clicar no “pai dos burros” atual, o Google, que ele terá pouca serventia (lá só algo sobre o LP dos Mutantes). Dia desses fui à casa do amigo Sivaldo Camargo e trouxe de lá emprestado (prometo devolver) o taludo livro. A vida do Tim é uma novela cheia de contradições e loucuras variadas, constantes e intermitentes. Ele não parava nunca, uma ‘bad trip’ que só teve fim com sua morte. O termo “baurete” (uns o utilizam sem o "e" no final, outros com) foi criação dele, numa viagem à Bauru. Existe uma turba de bauruenses que odeiam esse tipo de coisa (esses até hoje rejeitam a música ‘A Garota de Bauru’, do Cazuza e tripudiam sobre a repercussão nacional da imortal Casa da Eni). Falam que isso denigre a cidade. Eu quero mais é uma explicação para as coisas e ela está aqui, extraída do capítulo ‘Dinheiro, Chocolate e Bauretes, 1971, 90 kg’. Com a palavra Nelson Motta:
“Rita Lee, reintegrada aos Mutantes, voltou a viver grandes emoções com Tim, num festival de rock em Bauru, no interior de São Paulo. Todo mundo louco para dar um tapinha antes do show e Tim esquecera os baseados no Rio. A fissura era tanto que, no meio do show, no meio da música, Tim perguntou para o público:
- ‘Aqui não é a terra daquele sanduíche esperto, o bauru? Pois é, o bauru é muito bom mas eu estava querendo mesmo era um... bauruzinho, um baurete’, implorava, fazendo um gesto de ‘empinar pipa’ com a mão para a platéia perplexa. Ninguém entendeu nada, mas depois do show apareceu um hippie doidão e Tim conseguiu seu baseado, consagrando a palavra baurete, que seria um clássico do seu vocabulário, se integraria às gírias dos músicos e viraria título do LP ‘Os Mutantes e seus cometas no país dos bauretes’. Chocolate passou a ser também o apelido secreto que Tim dava às barras de haxixe marrom, que começavam a chegar ao Brasil com hippies europeus. Misturava o baurete com o chocolate e oferecia aos amigos:
- Aceita um misto quente?” (pg. 97 e 98).
Elucidada a charada, falta outra, que festival seria esse? Seria o famoso Águas Claras? 1971? Essa, talvez mais fácil, fica para os remanescentes do evento. Eu era muito novo, tinha 11 anos em 1971 e perdi esse show da Rita junto com Tim.
Legal, Henrique! Aumentei meus conhecimentos sobre rock, mpb, festivais nacionais, bauretes, e outros roedores mais, e tudo isso numa caixa d'água só. Obrigada e beijos... Malu
ResponderExcluirHenrique
ResponderExcluirO Festival de Aguas Claras teve edições em 1975, 1981, 1983 e 1984. Logo, esse baurete de 71 deve ter "nascido" em outro momento a ser pesquisado.
Aliás, para quem quiser saber algo mais sobre o Festival, recomendo http://aguasclarasfestival.blogspot.com/. Está muito bom.
Luis Freitas
Henrique
ResponderExcluirAí vai mais uma dica: o livro em questão (Vale Tudo) foi digitalizado e encontra-se disponível para leitura, gratuitamente, em: http://www.scribd.com/doc/18979142/Nelson-Motta-Vale-tudo-Tim-Maia
Luis Freitas
VALEU, HENRIQUE,
ResponderExcluirVAMOS COM UM BAURETES E VER O NORUSCA VENCER HOJE A NOITE !!!!
EDUARDO LOPES
BAURETE, interessante por Deus que nunca tinha ouvido esta palavra e nem o seu significado mas valeu pela dica, qualquer dia desses vou chegar em um maluco e pedir um BAURETE vamos ver se ele sabe o que é isto.
ResponderExcluirAbraços.......
Marco Antonio Santana
Luis Freitas
ResponderExcluirConfira quem esteve no Festival de Águas Claras. Será que os dois não se apresentaram? Talvez o Nelson Motta se enganou nas datas. Pode ter sido em 1975, não?
Obrigado pela dica do blog do Águas Claras.
Deixa eu correr que estou indo assistir o Noroeste e depois, direto para o show da Martinália.
Em tempo: Sem qualquer tipo de bauretes...
Henrique, direto do mafuá
Henrique!!!
ResponderExcluirAdorei o post. Sempre dou uma passadinha por aqui e adoro suas histórias. Até indiquei seu blog lá no meu twitter. Vc já tem um????
www.twitter.com.br/lydiacintra
bjo grande, Lydia.
Parabéns pela pesquisa... a este respeito, li um comentário que a vó Rita fez durante o seu show aqui em Bauru.
ResponderExcluirEGBERTO - BAURU CHIC
Muito interessante esta história, meu querido amigo. Logo logo vc poderá escrever um livro, reunindo suas crônicas no Mafuá. abs, Ademir Elias
ResponderExcluirHenrique,
ResponderExcluirQuero que leia em primeira mão minha cronica de amanhã no Estadão (Se fosse fazer um filme versão revisada).
abraços
Ignácio de Loyola Brandão
Olá, Henrique, tudo bem? Precisava entrar em contato com você por -email, mas não consegui encontrar essa opção. Por favor, se possível, me mande um e-mail para que possamos conversar. Obrigado, Alexandre.
ResponderExcluircaro Alexandre
ResponderExcluirTenho dois email fáceis de me localizar:
mafuadohpa@gmail.com
e
hpachancelas@gmail.com
Fico no aguardo
Um abraço
Henrique - direto do mafuá