quarta-feira, 9 de setembro de 2009

BAURU POR AÍ (23)

VOCÊ CONHECE O SIGNIFICADO DO TERMO “BAURETES”?
Ouvi muito isso entre o pessoal do meio artístico e achava que sabia seu significado, sem ter muita certeza. Era um tal de “Baurete” para cá, você tem um “Baurete” aí, essas coisas. O porquê isso e de onde surgiu esse negócio? Fui à busca dos alfarrábios normais e nada de uma explicação. A elucidação da charada veio com o livro “Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia”, do Nelson Motta (editora Objetiva RJ, 2006,392 pgs). Não adianta clicar no “pai dos burros” atual, o Google, que ele terá pouca serventia (lá só algo sobre o LP dos Mutantes). Dia desses fui à casa do amigo Sivaldo Camargo e trouxe de lá emprestado (prometo devolver) o taludo livro. A vida do Tim é uma novela cheia de contradições e loucuras variadas, constantes e intermitentes. Ele não parava nunca, uma ‘bad trip’ que só teve fim com sua morte. O termo “baurete” (uns o utilizam sem o "e" no final, outros com) foi criação dele, numa viagem à Bauru. Existe uma turba de bauruenses que odeiam esse tipo de coisa (esses até hoje rejeitam a música ‘A Garota de Bauru’, do Cazuza e tripudiam sobre a repercussão nacional da imortal Casa da Eni). Falam que isso denigre a cidade. Eu quero mais é uma explicação para as coisas e ela está aqui, extraída do capítulo ‘Dinheiro, Chocolate e Bauretes, 1971, 90 kg’. Com a palavra Nelson Motta:

“Rita Lee, reintegrada aos Mutantes, voltou a viver grandes emoções com Tim, num festival de rock em Bauru, no interior de São Paulo. Todo mundo louco para dar um tapinha antes do show e Tim esquecera os baseados no Rio. A fissura era tanto que, no meio do show, no meio da música, Tim perguntou para o público:
- ‘Aqui não é a terra daquele sanduíche esperto, o bauru? Pois é, o bauru é muito bom mas eu estava querendo mesmo era um... bauruzinho, um baurete’, implorava, fazendo um gesto de ‘empinar pipa’ com a mão para a platéia perplexa. Ninguém entendeu nada, mas depois do show apareceu um hippie doidão e Tim conseguiu seu baseado, consagrando a palavra baurete, que seria um
clássico do seu vocabulário, se integraria às gírias dos músicos e viraria título do LP ‘Os Mutantes e seus cometas no país dos bauretes’. Chocolate passou a ser também o apelido secreto que Tim dava às barras de haxixe marrom, que começavam a chegar ao Brasil com hippies europeus. Misturava o baurete com o chocolate e oferecia aos amigos:
- Aceita um misto quente?”
(pg. 97 e 98).

Elucidada a charada, falta outra, que festival seria esse? Seria o famoso Águas Claras? 1971? Essa, talvez mais fácil, fica para os remanescentes do evento. Eu era muito novo, tinha 11 anos em 1971 e perdi esse show da Rita junto com Tim.

12 comentários:

  1. Legal, Henrique! Aumentei meus conhecimentos sobre rock, mpb, festivais nacionais, bauretes, e outros roedores mais, e tudo isso numa caixa d'água só. Obrigada e beijos... Malu

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  2. Henrique
    O Festival de Aguas Claras teve edições em 1975, 1981, 1983 e 1984. Logo, esse baurete de 71 deve ter "nascido" em outro momento a ser pesquisado.
    Aliás, para quem quiser saber algo mais sobre o Festival, recomendo http://aguasclarasfestival.blogspot.com/. Está muito bom.
    Luis Freitas

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  3. Henrique
    Aí vai mais uma dica: o livro em questão (Vale Tudo) foi digitalizado e encontra-se disponível para leitura, gratuitamente, em: http://www.scribd.com/doc/18979142/Nelson-Motta-Vale-tudo-Tim-Maia

    Luis Freitas

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  4. VALEU, HENRIQUE,

    VAMOS COM UM BAURETES E VER O NORUSCA VENCER HOJE A NOITE !!!!

    EDUARDO LOPES

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  5. BAURETE, interessante por Deus que nunca tinha ouvido esta palavra e nem o seu significado mas valeu pela dica, qualquer dia desses vou chegar em um maluco e pedir um BAURETE vamos ver se ele sabe o que é isto.
    Abraços.......

    Marco Antonio Santana

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  6. Luis Freitas

    Confira quem esteve no Festival de Águas Claras. Será que os dois não se apresentaram? Talvez o Nelson Motta se enganou nas datas. Pode ter sido em 1975, não?
    Obrigado pela dica do blog do Águas Claras.
    Deixa eu correr que estou indo assistir o Noroeste e depois, direto para o show da Martinália.
    Em tempo: Sem qualquer tipo de bauretes...

    Henrique, direto do mafuá

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  7. Henrique!!!
    Adorei o post. Sempre dou uma passadinha por aqui e adoro suas histórias. Até indiquei seu blog lá no meu twitter. Vc já tem um????

    www.twitter.com.br/lydiacintra

    bjo grande, Lydia.

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  8. Parabéns pela pesquisa... a este respeito, li um comentário que a vó Rita fez durante o seu show aqui em Bauru.

    EGBERTO - BAURU CHIC

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  9. Muito interessante esta história, meu querido amigo. Logo logo vc poderá escrever um livro, reunindo suas crônicas no Mafuá. abs, Ademir Elias

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  10. Henrique,
    Quero que leia em primeira mão minha cronica de amanhã no Estadão (Se fosse fazer um filme versão revisada).
    abraços
    Ignácio de Loyola Brandão

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  11. Olá, Henrique, tudo bem? Precisava entrar em contato com você por -email, mas não consegui encontrar essa opção. Por favor, se possível, me mande um e-mail para que possamos conversar. Obrigado, Alexandre.

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  12. caro Alexandre

    Tenho dois email fáceis de me localizar:

    mafuadohpa@gmail.com

    e

    hpachancelas@gmail.com

    Fico no aguardo
    Um abraço
    Henrique - direto do mafuá

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