terça-feira, 15 de setembro de 2009

DIÁRIO DE CUBA (37)

RECONHECENDO SANTIAGO DE CUBA, ANDANÇAS...
Dia 20/03/2008, meu 13º dia em Cuba, segundo em Santiago de Cuba. Acordamos assistindo na TV o programa ‘Mesa Redonda’, com o mais famoso apresentador da TV cubana, Randy Alonso, hoje sobre os desdobramentos de cinco anos da ocupação dos EUA no Iraque. A cada dia um tema diferente e personalidades do país todo. Viramos atentos espectadores. Dessa vez tivemos que deixar o programa pela metade, primeiro para fazer o desayuno (café da manhã), pois estamos quase extrapolando o horário máximo de atendimento do hotel. Dos três hotéis que nos hospedamos esse atende diferente dos demais. Fazemos uma escolha dentre algumas opções e ela é trazida na mesa. “Isso é para evitar o desperdício”, me alerta Marcos Paulo. No “La Libertad” a música toca alto, durante boa parte da noite, num single bar, que começa diariamente por volta das 22h, exatamente no horário em que íamos deitar. Quando estou cansado, durmo até com gente roncando do meu lado (não que o Marcos ronque muito, só um pouco). Dormi embalado por música cubana e uma vontade de espiar o que rolava no andar de cima ao nosso e acordei com o ronco de um porco, abri a janela e vi que um vizinho mantinha um chiqueiro ali ao lado.

Descemos por volta das 9h e vamos juntos conhecer o centro velho da cidade, onde muitas edificações são centenárias. Nas ruas do centro, músicos espalhados em praças e nos principais restaurantes. Muita música em variados lugares. Caminhamos por volta de 1 km, em linha reta até o braço de mar, uma espécie de baia, que pelo visual, um tanto poluída, como muitas conhecidas dos brasileiros. Somos seguidos por Emilio, em uma bici-táxi a nos oferecer seus serviços. Recusamos o passeio, mas não um papo e muitas dicas sobre o turismo nas redondezas. Do outro lado da baia, montanhas e por trás delas está o começo da famosa Sierra Maestra. Ao nosso lado uma refinaria de petróleo e uma fábrica de cimento. Dois músicos tocando sax se aproximam e ficamos a ouvir som caribenho enquanto viajamos em pensamento para dentro da mata de onde os guerrilheiros saíram para salvar Cuba do sanguinário regime implantado até 1959 por Fulgêncio Batista. Sentimos muito orgulho por pisar solo de tamanha importância histórica.

Voltamos por caminho diferente, para ir observando os detalhes da calorenta e dizem, caliente Santiago de Cuba. Ao passar numa esquina com um cruzamento de linha férrea, utilizada por antigos bondes, lembro do que ontem havia nos dito seu Alberto: “Quando do início da revolução foram desativados por dois motivos. Gastava muita energia e precisávamos muito economizar. Depois, era muito lento”. Antes do primeiro retorno ao hotel, por volta das 11h, subimos com uma garrafa gelada de refresco de limão. No descanso que dei às minhas pernas, assisti na TV ‘HBO Latino’ ao programa “Viagem ao Futuro”.

Descanso pouco e vou conhecer melhor o espaço do teatro que estive ontem à noite. Entrei e tirei muitas fotos do pátio, com arquibancadas de madeira, onde a funcionária me diz que acontecem apresentações variadas. Naquela noite ocorreria a peça “Las Perícias” e o grupo ‘Diabluras em rojo’ apresentaria a peça “Demônios”. Vou fotografando tudo o que vejo, os músicos de rua, o jogador de cartas, os lanches expostos a baixos preços, uma cabra andando pela rua. Por mim não pararia um só instante, mas sou quase que obrigado a colocar minhas doidas pernas de molho, afinal sairíamos novamente por volta das 14h. Deixo tudo para a próxima postagem. Nesse dia, muitas fotos. Descarrego quase todas de uma vez ainda esse mês. Cada uma delas muito representa para quem as observa com um olhar distante do modelo capitalista de tocar a vida.

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