PRECATÓRIO PAULISTA - publicado na edição de hoje, 24/10
Leio pela imprensa que a Prefeitura de Jaú quer quitar dívidas de precatórios trabalhistas. Esse assunto chama minha atenção, pois minha mãe move ação de muitos anos, contra o Governo do Estado de SP e esse, insensível com seus velhinhos, lhe dá as costas. Uma vergonha e ainda querem que ajustemos nossas contas com eles. Como, se não o fazem com seus devedores? São péssimos nos exemplos e ainda por cima, Serra quer ser presidente da República. Serra e a conivência intencional dos deputados estaduais paulistas, todos fingindo não verem o orçamento estadual ser descumprido de forma vergonhosa. A verba destinada aos pagamentos é usada em outras atividades e nada é feito. Onze anos de atraso, total de R$ 11 bilhões de reais e mais de 900.000 credores-servidores. O calote está institucionalizado em São Paulo, num total desrespeito à Constituição Federal. Vergonha maior é o Tribunal de Justiça do Estado e o STF, da União nada fazerem, ou seja, tudo aceito pacificamente pelas ditas autoridades constituídas. Recorrer a quem? Digam-me, pois nossas instâncias máximas não gostam de se pronunciarem sobre tão delicado assunto, contrariando os interesses do governador. Mais vergonhoso ainda é constatar que velhinhos estão vendendo uma cessão de crédito para empresas devedoras fiscais, que compram seus créditos para abaterem suas dívidas. Pagam de 25% a 30% do valor e na necessidade, concretizam um péssimo negócio. Tudo com a conivência do Governo do Estado de São Paulo.
KELLER E OS QUE FICARAM - publicado na edição de 17/10
Paulo Keller nos deixou essa semana. Com sua despedida, esse mundo do lado de cá ficou um pouco mais triste, sorumbático e chato. Aproveito esse triste momento para uma constatação, a de que a irreverência e o desprendimento nas ações estão dando lugar para um mundo mais comportadinho, embalado para consumo, onde a contestação está ficando inócua, algo para uns poucos, considerados lunáticos, verdadeiros doidos varridos. Os não enquadrados sofrem um bocado. Que chatice esse mundo “gado”, onde o pensamento é único e pregar o contrário uma heresia. Defender uma ideologia baseada na justiça social, algo impensável e preocupante, diante do batidão de que o capitalismo é perfeito, mesmo diante de todas atrocidades cometidas em seu nome. Vejam o caso panamenho, onde um golpe de estado derruba um presidente legalmente eleito. Mídia e gente graúda tupiniquim se contorcem na defesa dos golpistas e continuam afirmando serem democratas. Caras de pau. São os mesmos a criticarem a possibilidade de terceiro mandato por aqui e aplaudem o de Uribe, na Colômbia. Esses mesmos (sempre eles) não aceitam verem o Brasil respeitar os demais países latinos, principalmente os mais fracos. Adeptos do “prende e arrebenta”, são a verdadeira face do atual momento. Nós, os sobreviventes conscientes, os ainda com capacidade de indignação, quando nos deparamos com o sorriso maroto do Keller no caixão, imaginamos o que poderia pensar naquele momento: “Tô em outra, escapuli desse inferno!”.
Paulo Keller nos deixou essa semana. Com sua despedida, esse mundo do lado de cá ficou um pouco mais triste, sorumbático e chato. Aproveito esse triste momento para uma constatação, a de que a irreverência e o desprendimento nas ações estão dando lugar para um mundo mais comportadinho, embalado para consumo, onde a contestação está ficando inócua, algo para uns poucos, considerados lunáticos, verdadeiros doidos varridos. Os não enquadrados sofrem um bocado. Que chatice esse mundo “gado”, onde o pensamento é único e pregar o contrário uma heresia. Defender uma ideologia baseada na justiça social, algo impensável e preocupante, diante do batidão de que o capitalismo é perfeito, mesmo diante de todas atrocidades cometidas em seu nome. Vejam o caso panamenho, onde um golpe de estado derruba um presidente legalmente eleito. Mídia e gente graúda tupiniquim se contorcem na defesa dos golpistas e continuam afirmando serem democratas. Caras de pau. São os mesmos a criticarem a possibilidade de terceiro mandato por aqui e aplaudem o de Uribe, na Colômbia. Esses mesmos (sempre eles) não aceitam verem o Brasil respeitar os demais países latinos, principalmente os mais fracos. Adeptos do “prende e arrebenta”, são a verdadeira face do atual momento. Nós, os sobreviventes conscientes, os ainda com capacidade de indignação, quando nos deparamos com o sorriso maroto do Keller no caixão, imaginamos o que poderia pensar naquele momento: “Tô em outra, escapuli desse inferno!”.
VAMOS AS TAIS DICAS PARA OS PRÓXIMOS DIAS:
1. Ontem e hoje acontece aqui em Bauru a segunda Conferência Municipal de Cultura e nessa, a reafirmação de algo que já foi proposto na anterior e estará sendo consolidada com essa. Trabalho intenso na área cultural da cidade, justamente num momento dos mais críticos, onde o setor Cultural anda um tanto emperrado, com o freio de mão puxado. Os motivos são mais do que evidentes e já expostos. A desmotivação na classe cultural ficou evidente na abertura de ontem, com a baixa participação da classe artística e o Teatro Municipal recebendo pouco mais de 50 pessoas. Independente de tudo, o que deve ser levado em consideração, sempre, é que as pessoas são transitórias (mesmo quando se acham portadoras de um discutível Direito Divino) e a Política de Cultura do Município permanecerá.
2. Kátia Pensa Barelli foi estágiaria de jornalismo na Secretaria Municipal de Cultura e hoje, já formada, viceja por aí, trabalhando no SESC Sorocaba como animadora cultural. Competente e com a mente em ebulição, contribuiu decisivamente para a divulgação dos eventos realizados anos atrás, quando formou uma dupla, ao lado da Morena, lá na Cultura (saudade danada, hem!). Batiam um bolão juntas e continuam a fazê-lo isoladamente. Kátia é de Bariri e naquele período produziu um belo vídeo, o "De Alma Livre", retratando a história dos grupos de Catira e Folia de Reis de Bauru (ganhei uma cópia e a tenho aqui no mafuá). Foi a entrevistada da semana no programa Provocare, de Sorocaba e além de falar de seu trabalho, trajetória, mostrou um pouco do que acontece do lado de cá, na Bauru, não a dos "altos", mas a dos "baixos", o lado pouco observado da cultura popular. Quando provocada, essa moçada reage maravilhosamente e produz divinamente, fazem fluir algo a irradiar coisas boas. Mais informações no: http://provocaretv.blogspot.com/
3. Beto Maringoni, o embaixador do traço bauruense pelo mundo afora volta à terra natal para o lançamento do seu mais novo artefato de quadrinhos, o livro "Tocaia", editado pela Devir. É um álbum com 14 histórias, publicadas originalmente entre 1989 e 2002. O local é o bar Templo, terça, 27/10, 20h30 e só não estarei por lá se o motivo for de força maior. Leiam esse testículo (sic, texto) de apresentação, que pela beleza, sou obrigado a reproduzir na íntegra:
O AUTOR DA CILADA "A grande contribuição de Minas Gerais para a cultura universal é a tocaia. A tocaia é uma homenagem à vítima. Morre sem aviso prévio, delicadamente, se possível desconhecendo o autor da cilada". Assim falava Otto Lara Resende (1922-1992), um dos maiores frasistas brasileiros. À diferença de Otto, o autor deste livro não é mineiro – nasceu em São Paulo em 1958. Mas não deixa de prestar com esta Tocaia uma homenagem a todos que amamos histórias em quadrinhos. Apenas não morremos sem aviso prévio. Nós, os tocaiados, sabemos direitinho quem é o autor da cilada. Um matador de enorme talento chamado Gilberto Maringoni. Pois é, talento. Esta antiga moeda grega jamais faltou na algibeira do menino que, desde Bauru, no interior paulista, onde foi criado, zanzava pelo hangar do aeroclube local xeretando o cockpit de Paulistinhas e Aeroboeros. Claro, havia ainda as matinês no cine São Paulo, obrigatoriamente precedidas pela troca de gibis da época – Águia Negra, Nick Holmes, Combate e Capitão Marvel. Havia também a inesquecível coleção A Segunda Guerra Mundial, da editora Codex. Ela era ansiosamente esperada na banca para que o moleque confe-risse na terceira e na quarta capas do fascículo quais as armas da semana. Podia ser, por exemplo, um Messerschmitt BF-109 ou um Supermarine Spitfire, esses dois antípodas aéreos da Segunda Guerra que Maringoni copiou vezes sem fim, como todos os que se tornaram grandes ilustradores. Some-se a tudo isso uma voracidade pela leitura dos grandes clássicos de aventura – A Ilha do Tesouro, Vinte Mil Léguas Submarinas, Ben-Hur, Moby Dick, O Último dos Moicanos, Ivanhoé, Dom Quixote, Três Escoteiros em Férias no rio Paraná, O Bugre-do-Chapéu-de-Anta – e pronto: eis aí a matéria de que os grandes quadrinistas são feitos. Claro que nosso herói não poderia se contentar com tão pouco. Resolveu fazer arquitetura na FAU-USP e ainda praticar vôo de planador. Mesmo assim, se confessa – vejam como é insondável a alma humana – um arquiteto e um piloto frustrados. Está certo, convenhamos: Maringoni não é nenhum Niemeyer e muito menos um Chuck Yeager (dois de seus ídolos, aliás). Não projetou Brasília nem foi o primeiro a quebrar a barreira do som. Mas em matéria de tocaia gráfica e outras estórias, bota qualquer jagunço rosiano no chinelo. E quem duvidar que venha armado", texto de Fernando Paiva.
4. Hoje, sábado, 21h em Garça, no Teatro Municipal de lá, show gratuito com ARRIGO BARNABÉ e estarei me juntando a uma trupe bauruense, enfrentando garbosamente os 80km de distância, tudo em busca de um pouco de cultura e algo dos mais agradáveis, conferir o trabalho do criador de "Clara crocodilo", em 30 anos de estrada. Depois conto aqui se tudo deu certo. "Tem que ter um bom motivo para perder este Show !!!!", são as palavras da dirigente cultural de Garça, Susy Mey Truzzi. Reserva de ingressos no 14.81229027 e maiores informações no http://www.teatromiguelmonico.wordpress.com/
oi Henrique, a Katia é de sorocaba, talves nem conheça Bariri...
ResponderExcluirOi Henrique
ResponderExcluirObrigada pela lembrança!
Eu sou de Sorocaba, como o Siva falou, mas eu conheço Bariri sim! hahaha
Saudades de Bauru e de vocês!
Parabéns pelo blog!
um grande beijo
Oi Henrique
ResponderExcluirObrigada pela lembrança!
Eu sou de Sorocaba, como o Siva falou, mas eu conheço Bariri sim! hahaha
Saudades de Bauru e de vocês!
Parabéns pelo blog!
um grande beijo
Sivaldo e Kátia
ResponderExcluirO tempo passa e nos esquecemos de alguns detalhes das coisas.
Lembro-me bem, eram 3 estagiárias, a Kátia, de Sorocaba, a Morena, de São Paulo e outra, essa de Bariri. Não consigo me lembrar do seu nome. Vou perguntar lá para o pessoal da SMC qual o nome dessa terceira Estagiária de Jornalismo. Depois informo aqui.
Henrique, direto do mafuá
Henrique,
ResponderExcluirTalita é o nome da estagiária que é de Bariri. Aliás, se não me engano ela ainda está em Bauru!
Fico feliz que tenha gostado do trabalho e mais feliz ainda da homenagem no blog.
Kátia Pensa