CHARGES ESCOLHIDAS À DEDO (20)
REVISTA “FIERRO”, SUPLEMENTO MENSAL DO ARGENTINO “PÁGINA 12”
Leio diariamente pela internet o jornal da esquerda argentina, o “Página 12” (http://www.pagina12.com.ar/). Conheci a versão impressa quando estive em Buenos Aires, em 2007, para ver Chávez no Ferrocarril. Não parei mais e sempre que posso peço para conhecidos trazerem exemplares vindos de lá. Dessa vez, ciente de que a sobrinha Paulinha, faria sua viagem de lua-de-mel para lá, peço como mimo um exemplar do jornal e algo grandioso. O jornal edita mensalmente uma revista de HQ, a “Fierro – La Historieta Argentina”, com muita gente do ramo e dos mais diferentes lugares, não só da Argentina, como da América Latina. A edição desse mês é mais do que especial, pois é comemorativa dos 3 anos de circulação e sai com número maior de páginas. Algo imperdível, para alguém como eu, que já colecionei muitas nacionais, como a Circo, Chiclete com Banana, Inter Quadrinhos, Piratas do Tietê e outras (muitas repassei para o filhão). Estava a matutar desde o começo do mês como faria para ter essa Fierro especial aqui no mafuá. Quando tomei conhecimento que Paula estaria por lá, pedi e fui buscar a revista e o jornal em sua casa na quarta passada, quando retornou de uma semana conhecendo Buenos Aires.
Antes de escrever mais da Fierro, quero tecer umas palavrinhas sobre o Página 12. Que belo jornal, editado num formato tablóide e com algo meio que inconcebível aqui no Brasil, dito continental. Por aqui já foram feitas tentativas de se editar um jornal diário de esquerda, mas nada vingou. Lá, viceja esse e outro mais recente, o “Crítica de la Argentina” (http://www.criticadigital.com.ar/). Prefiro o Página 12, pois adoro as tiras do Rep, o formato tablóide, as crônicas diárias da última página e os belos textos, nada curtos, com uma visão de mundo bem dentro da maneira como encaro este mundo. É o tipo de jornal que, com toda certeza assinaria sem nenhum esforço. Uma pena não existir algo assim por aqui. Público para ele existe, o que falta ainda é um pouco mais de ousadia, de algum desvairado, com coragem suficiente para seguir por essa trilha. Faz uma falta danada diante do que produz a dita grande mídia brasileira, tão tendenciosa e a defender interesses que não o de todas as camadas de leitores.
Voltando à Fierro, que bela revista. Praticamente não existe texto, tudo são as pequenas histórias e nessa edição, 76 páginas, com cada mestre do traço ocupando uma página. Temas variados e uma mistura de traços, formas e cores para embasbacar os admiradores. Quando peguei nas mãos, não resiste enquanto não a devorei todinha (sic). Foi vapt-vupt. Reproduzo algumas dessas páginas e aqui o nome dos desenhistas na ordem de publicação: Niño Rodriguez, El Tomi, Alfredo Flores, Cristian Mallea, o brasileiro Iturrusgarai e Juan Soto. Deu para sentir o clima e ver que não minto quando recarrego nos elogios? Cresci lendo quadrinhos e histórias desse tipo. Hoje, o mercado editorial brasileiro perdeu um pouco da ousadia e já não produz revista como antes. Algumas inovações estão pintando pela Internet, mas quase nada sendo impresso. Nossas bancas estão infestadas de quadrinhos, mas quase só mangás e séries estrangeiras. Dê uma espiada em qualquer sebo ou bancas especializadas em HQs e constate isso. Continuam existindo fanzines mil por aí, mas garimpar isso é trabalho árduo, para verdadeiros admiradores.
Obs.: Constatem hoje como a mídia brasileira compreende a relação com os demais países latinos. O Uruguai, nosso vizinho ao sul, realizou eleições ontem e um candidato de esquerda, José Mujica, praticamente ganhou o pleito. Por aqui, meros textos de página interna. No Página 12, deu capa e páginas e mais páginas com reflexões variadas. Nem parece sermos latinos.
Obs. final: Cliquem nas fotos pequenas e vejam a página num tamanho ideal para leitura.
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