sábado, 7 de novembro de 2009

ARTIGOS NO JORNAL BOM DIA (45 e 46)

SARAMAGO, ATEUS E UMA LENDA - publicado na edição de hoje, 07/11/2009
Semana passada no texto do ruralista Maurício Lima Verde ele desancou Saramago, sem dó e piedade, como o fez tempos atrás com o Comunismo. Naquela oportunidade, afirmava que o capital é que era tudo de bom e a melhor distribuição de renda, bens e valores não estava com nada. Deve ter engolido em seco quando o Capitalismo deu aquela naufragada geral, demonstrando toda sua insensibilidade e insanidade. Capital predatório é permitido; justiça social e socializar o acúmulo, nem pensar. Agora, a bola da vez é o escritor Saramago, um mago na escrita e na coerência. Dele li quase tudo e nada a reclamar. Só elogios. O fato de ser ateu é só um mero detalhe. O que não é mais tolerado são as pessoas continuarem se imaginando desprovidas de fé, num mundo “bovino”, onde se desgarrar da manada é inimaginável. E como é bom continuar podendo apontar para o rei e mostrá-lo nu, enquanto a maioria tem medo de manter posicionamentos do passado. Chamar Saramago de “malandreco” e em “fim de carreira” (algo contra a velhice? É isso?) foi sofrível, bem ao estilo de quem não possui argumentos para debater. Parece que todos os “comodistas que se negam a assumir suas responsabilidades espirituais”, cavaram seu lugarzinho lá nos quintos dos infernos. Vade retro. Num outro momento afirma (sabiamente), que “a verdade espiritual é que ninguém consegue provar nada”. Isso mesmo. Eu, que sou professor de História e só freqüento Jacuba, Tibiriçá e a Estiva, deixo uma pergunta para tão viajado senhor: “Por que será que nos livros de História não existe nadica de nada sobre milagres, dilúvio, Arca de Noé, multiplicação de pães e ressurreição? A crença mais difundida no mundo não passaria então de mera lenda?” Que coisa, não!

ÉTICA, VOTOS E FOME - publicado na edição de sábado passado, 31/10/2009
Bauru foi palco nesta semana de duas palestras tendo como temática de fundo a ética, com abordagens diferentes. Recebemos o escritor e ex-secretário da Educação estadual, Gabriel Chalita e o ex-asssessor do Fome Zero e escritor Frei Betto. De Chalita fico com um pé atrás, primeiro por abordar um tema, semanas após mudar de partido, deixando o seu berço tucano, para adentrar hostes ditas socialistas, do PSB, quando até as pedras do reino mineral sabem que nada possui de socialista. Sua ida foi só para obter espaço político e disputar uma eleição ao Senado. Algo condenável. Fujo de pessoas que cospem no prato que comem e Chalita anda criticando o governador Serra e seu antigo partido, o PSDB, demonstrando que ética não é bem a sua praia. De frei Betto, a confirmação da coerência de toda uma vida. Participou do Fome Zero e pulou fora quando percebeu o Programa deixando de ser emancipatório para compensatório. Nem por isso saiu atirando, simplesmente pediu o boné e continua torcendo pelo sucesso do programa e do que veio na seqüência, o Bolsa Família. Não existe como se posicionar contrário a quem se indigna pelo modo de vida atual, onde se vive numa sociedade das mais desiguais. Comparações entre ambos são como a água e o vinho, diferenças evidentes. Enquanto o primeiro busca aglutinar as pessoas em busca de votos lá na frente, o outro busca convencê-las de que todos na face do planeta possuem direitos a uma vida saudável e sem fome. E mais que isso, se nada for corrigido, a barbárie é mais do que inevitável.
Em tempo: Ao não legendar as fotos, produzo uma charada aos diletos leitores. Terão que descobrir quem são Frei Betto, Lima Verde, Chalita e Saramago. Difícil, não?

Um comentário:

  1. Henrique

    O que gosto em você é isso.
    Num texto parece execrar a religião.
    Num outro, tece carinhos mil a um religioso.
    Deixa claro que o que o incomoda é a carolice, essa chata e retrógrada.
    Adoro o uso do termo manada, gente bovina, pois estamos cada vez sendo induzidos a viver assim.
    Aí daqueles que se insurgem e ousam continuar levando um vida liberta e sem amarras.
    Nem todos podem agir assim, muitos estão atrelados de alguma forma a algo conservador e para não se complicarem, preferem permanecerem calados. Um emprego, um negócio, amizades, lado social, ...

    Vade retro hipocrisia.

    Rosana

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