ESPÍRITO DE NATAL - texto publicado no diário BOM DIA, edição de 19/12/2009, sábado passado
Tenho uma história guardada dentro do baú de minha memória. Foi-me contada faz muito tempo, nem sei por quem (ou a teria lido por aí?). O que sei é que dela não mais me esqueci. Reparto com todos vocês, pois é muito oportuna neste momento consumista de nossas vidas. Um homem simples vendia coxinhas num tabuleiro, todas feitas por sua mãe. Muito gostosas por sinal. Fazia o maior sucesso, vendia toda a produção diária. Umas trinta. Vivia alegre, senti-se importante, pois, como dizia, era um pequeno empresário. Certo dia veio até ele um sujeito cheio de perguntas: “Quanto é uma coxinha?”. “Um real”, respondeu. “E duas?”, rebate o perguntador. “Dois reais”, responde sem pestanejar. “E se eu quisesse cem coxinhas?”, retruca. “Aí cada uma custaria dois reais”, foi sua resposta. “E mil coxinhas?”, questiona o tal sujeito, não entendendo a lógica do negócio. “Nesse caso custaria cinco reais cada”, foi sua pronta e rápida resposta. E deu mais explicações: “Está todo mundo feliz lá em casa com a coxinha a um real. Se a coitada da minha mãe tiver que trabalhar o dia inteiro para fazer mais e mais coxinhas, terei muita pena dela, pois não sobrará tempo para mais nada e terá que ser muito bem recompensada por causa disso”. Não houve jeito do homem simples entender a lógica do capitalismo. O que não queria era ter sobressaltos em sua vida, feliz ao seu jeito e maneira. E se era feliz, por que deveria mudar? Estragar sua vida para que? O que ganharia com isso além do dinheiro?
QUESTÃO FECHADA - texto publicado na edição do diário BOM DIA, de 26/12/2009, hoje.
Uma sessão extraordinária na Câmara de Vereadores de Bauru, com o intuito de discutir e aprovar o reajuste da Contribuição de Iluminação Pública (CIP) na última segunda foi algo a demonstrar como de nada adiantam debates, teses de convencimento e discussões acaloradas, quando aqueles que estão a decidir já se dirigem ao local na certeza de como será dado seu voto. Infrutífera discussão com o ambiente político em voga. Questões fechadas antecipadamente são o que de pior existe na política, péssimas para tudo, pois demonstram que não existirá mais espécie alguma de diálogo. A mesma coisa que semear no deserto. Quando um político nem se digna mais a ouvir o outro lado, fica demonstrado que o jogo político é feito de interesses e esses, nem sempre são os melhores. O ser humano comprova com atos dessa natureza o quanto existe de irracionalidade em todos nós. De que valem estudos, propostas e análises cheias de detalhes, quando num acordo de bastidor, um grupo quer demonstrar o quanto é mais forte que o outro, vergando-o ali na hora da onça beber água. Situações como essa deveriam envergonhar a todos. Eu tenho na vida um lema e o sigo sempre, o da discussão à exaustão e é com ele renovado que adentro um novo ano.
Em tempo: Com este artigo, o de nº 53, completo um ano de participação aqui no BOM DIA. Agradeço a todos pela tolerância e total liberdade de expressão, uma dádiva. Não havendo questão fechada contra meus escritos, toco o barco em frente.
OUTRA COISA PERTINENTE - A QUESTÃO DO PROTESTO CONTRA A CENTROVIAS E ROQUE FERREIRA
Roque Ferreira sabe quanto o admiro. Além de amigo, sou seu eleitor e falo abertamente, é o nosso melhor vereador. Todos ficamos muito revoltados com a situação criada pela Centrovias, que administra a estrada Bauru/Jaú e o assoreamento de água ocorrido, resultando na catástrofe dentro do nosso Zoológico Municipal. Uma tragédia. Algo precisa ser feito e tudo é tão lento pelas vias normais. Roque foi em busca de fazer uma manifestação. E como elas estão difíceis nos dias de hoje. É mais fácil conseguir arregimentar gente para ver a passagem de um artista no shopping do que algo que destrói um cartão postal da cidade. E ele diante disso tudo, começou a organizar uma manifestação de protesto via imprensa e internet. Foi a derrocada do ato, pois a empresa buscou junto a Justiça (sic), através de um tal de "Interdito Proibitório", que o ato não pudesse ocorrer e na insistência, multa no lombo do organizador. Meu amigo é escolado nesses quesitos e deve estar arrependido pelo ato tomado. Se feito na surdina, já teríamos feito (sim, estaria lá de bandeira em punho, pronto para tudo) o ato e a situação poderia ter sido outra. Vale seu protesto para entendermos de uma vez por toda como são essas coisas. Quando que a Justiça daria para o Roque um "Interdito Probitório", do fechamento dos pedágios até a empresa resolver de uma vez por todas a questão do assoreamento? Para a empresa foi concedido e na primeira tentativa. Vamos sim, Roque, fazer essa e outras tantas manifestações, mas mais uma vez fica comprovado como devem ser feitas essas coisas (e você, mais do que ninguém, é conhecedor de todos os caminhos possíveis e até dos impossíveis). Pior que tudo, a situação lá pelos lados do Zoológico continua inalterada e isso não parece incomodar juízes, o dono da tal Centrovias e nem o povo bauruense, que inerte continua, esperando que tudo caia dos céus. Epa!, cuidado, nos últimos tempos, dos ceús tem caído muito granizo em forma de grandes pedras. Só isso.
Obs.: Todas as tiras aqui publicadas são de autoria do REP, retiradas do jornal argentino Pagina 12 (www.pagina12.com.ar). Entro nesse site diariamente e devoro, além de guardá-las, pois são todas ótimas.
Henricão
ResponderExcluirAdorei a idéia de pedir para o mesmo juiz, que tenha o mesmo procedimento adotado quando impediu o ato de protesto, para que proceda da mesma forma com a Centrovias, com um INTERDITO PROIBITÓRIO de funcionamento dos pedágios até que se tenha uma solução definitiva do problema causado por essa empresa ao Zoológico. Vamos ver se o Roque pedindo isso ele vai conceder ou se negar, qual a justificativa encontrada. O Roque poderia pedir isso, não? Seria ótimo até para a imprensa e a população enteder como são concedidos esses negócios e quem são os maiores beneficiados.
Dê um toque no Roque.
Rosana
Camarada Henrique, permita-me um comentário ainda aproveitando esta onda natalina.
ResponderExcluirEstas toscas situações acontecem hoje porque os esquerdas do passado que se organizavam na moita, pegavam em armas, eram rebeldes, hoje envelheceram e depois de tudo que vivenciaram intensamente, agora passaram a acreditar em Papai Noel, se tornaram "bons meninos" politicamente corretos.
Que pena!!!
Marcos Paulo
Comunismo em Ação
Cara Rosana,neste caso não podemos utilizar o mesmo remédio jurídico. estamos trabalhando com a possibilidade de uma ação civil pública. Mas o judiciário está em recesso. A população poderia ajudar ainda mais. Nada impede que as pessoas organizem protestos, marchas. É como sempre digo: sair da zona de conforto e ir as ruas. Vamos gente, é necessário reagir!
ResponderExcluirAmei a solução encontrada pela Rosana..rs...mas ao mesmo tempo pergunto-me :- será que a decisão será a mesma ????? É o pequeno contra o grande... mais uma vez ....
ResponderExcluirAdmiro muito O Roque.. persistente, inteligente e voltado totalmente para o bem estar do povo ... espero que ele vença mais essa ...
Beijos
HELENA AQUINO
Sobre o fato de fazer protesto na surdina, este não era o objetivo.Não existe como organizar um movimento de massa de forma clandestina.No auge do AI-5 se fez necessário agir e atuar se utilizando de outras táticas. Neste caso, ao ser concedido o interdito proibitório,temos que ter a paci~encia necessária para explicar para a maioria das pessoas o que é o Estado, a serviço de quem se coloca. Naa impede que façamos uma grande carreata, uma grande marcha. O interdido pode e deve ser descumprido.
ResponderExcluircaros Roque e Henrique
ResponderExcluirLi no comentário do Roque que o Judiciário está em recesso. é sempre assim, para nós, pobres e menos favorecidos, tudo está fechado, interditado, barrado, em recesso. Para os poderosos, algo que não consigo entender, pois conseguem habeas-corpus no meio da noite, de gente da Justiça de plantão. Não entendo essas coisas, mas torço para que consigamos causar muitos problemas para esse pessoal dos pedágios, idênticos aos que eles causaram lá no Zôo.
Muito bom o texto e a participação do vereador.
Paulo Lima