TOMBAMENTO DO BTC - BAURU TÊNIS CLUBE E ALGO MAIS SOBRE DEFESA DO PATRIMÔNIO
Diante de uma avalanche de cartinhas para os jornais, em sua maioria contrárias ao tombamento, todas na defesa do "vil metal", escrevinhei algo e foi publicado na edição de ontem do Jornal da Cidade, Tribuna do Leitor. Leiam:
"Nas cartas publicadas até aqui na Tribuna do Leitor sobre o assunto, algo perigoso, uma espécie de orquestração com o sentido de demonstrar a inconsistência da medida do início do processo de tombamento. Todos bateram na mesma tecla, o proprietário terá perdas financeiras e o processo teve início após a compra do imóvel. Perda financeira discutível, pois existem mil maneiras, mais de capitalizar, do que o contrário. Basta querer, buscando modelos existentes no mundo todo. Quanto à demora, antes tarde do que nunca. Sobre a importância do imóvel, a história da cidade está aí para dizer mais do que qualquer um.
Diante da cantilena contrária uma luz em dois momentos, ambos de textos oriundos no próprio Jornal da Cidade, no caderno Segunda-Feira. Primeiro na edição de 16/11, quando a coluna “Sacadas”, em algumas notas repercute preocupação de arquitetos e engenheiros reunidos no último dia da FEIMOB, se questionando sobre o que poderia ser feito para não perder de vez aquela edificação. Agora, também na “Sacadas”, edição de 30/11, várias notas no mesmo sentido, o de se buscar uma saída onde os 20%, que representam o “transatlântico” possa ser mantido em pé e ser esse um ótimo negócio para o novo proprietário.
O CODEPAC nunca se mostrou intransigente, mas precisa ser questionador e instigador em alguns momentos. Esse um deles e perder a oportunidade de discutir esse tema (talvez o último), seria lamentável, pois ao ouvir queixas futuras, nada mais poderia ser feito. Percebo no posicionamento do JC a possibilidade da instauração de um amplo diálogo, onde todos possam sair satisfeitos. Que o novo proprietário não feche questão, como o fizeram alguns outros e que, os conselheiros do CODEPAC (dentre os quais me incluo) consigam avançar com a questão, levando em consideração todos os lados. Discutir à exaustão, sempre é a melhor saída, muito mais viável do que ver aquilo tudo no chão sem ao menos tentarmos algo".
Esse o texto da carta. Sinto um cheiro estranho no ar, uma tentativa de encurralar os conselheiros do CODEPAC na parede, forçando-os a uma posição favorável ao não tombamento. Poderia fazer o mesmo, demonstrando a insensibilidade com a história, mas prefiro acenar mais essa bandeira branca e aguardar os novos desdobramentos. Enquanto isso, algo grandioso acontece na cidade e poucos percebem. Um grande comboio de locomotivas velhas (inservíveis para alguns e reaproveitáveis, eternas para outros) está sendo deslocado para o pátio de Triagem Paulista (ali perto do Guadalajara). São dezenas e o fim delas é serem picotadas com maçarico e vendidas como sucata. Esse o destino decretado pela concessionária da malha férrea em Bauru, a ALL - América Latina Logística. A reação partiu do Ricardo Bagnato, vice-presidente da Associação de Preservação Ferroviária de Bauru, que foi ao Ministério Público e aos órgãos governamentais. Tudo está sendo revisto e Bauru acabará ficando com várias dessas locomotivas, além de garantir a preservação de outros itens na mesma situação. Como essas locomotivas são de interesse nacional, aquelas Prefeituras interessadas em garantir a preservação de algumas dessas, perdendo esse momento, não terão mais a quem requisitá-las, pois em pouco tempo não mais existirão. Bagnato é um incansável defensor do Patrimônio ferroviário e merece um aplauso coletivo. Permanecendo quieto, tudo se perderia. O mesmo acontece com o patrimônio edificado. Interesses financeiros à parte, o que seria disso tudo, se não houvessem abnegados a lutar pela sua defesa? Muito se falará disso tudo nos próximos dias.
PS.: Hipe, hipe, hurra!!!! Localizamos o Pimpa. Ele já está em casa. A incrível história conto aqui, provavelmente na sexta (ele acabou indo até para São Paulo, capital). Ele ganhará seus 15 minutos de fama, pois será matéria do jornal BOM DIA, tanto o de Bauru, como o de Marília.
Prezados,
ResponderExcluirPara conhecimento de todos, informamos que constatamos em loco, que os materiais ferroviários rodantes não operacionais recentemente alocados na Triagem Pta, estão agora devidamente guarnecidos por agentes da Polícia Federal.
Esperamos que, com a presença desta guarnição, seja garantida a preservação e a integridade dos mesmos, principalmente quanto ao vandalismo e a depredação.
Estamos acompanhando de perto.
Atte,
Eng. Ricardo Bagnato
APFFB - Associação de Preservação Ferroviária e Ferromodelismo de Bauru / SP
AMB - Associação Amigos dos Museus de Bauru
CMC - Conselho Municipal de Cultura de Bauru
CODEPAC - Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru
Henrique
ResponderExcluirTem outra carta lá na Tribuna do Leitor criticando duramente vocês.
Leia lá.
Paulo Lima
caro PAULO LIMA
ResponderExcluirVi, li e a reproduzo aqui. Leiam o tom agressivo. Levada ao pé da letra, paramos todos os trabalhos de preservação do patrimônio histórico, fiquemos todos longe disso e ocorre a promoção de um liberou geral, um tudo é permitido. É exatamente isto que o capitalismo quer, money, só isso e para o resto, uma banana.
Henrique - direto do mafuá
Eis a carta:
02/12/2009
Tombamento: progresso ou retrocesso?
Com todo respeito ao Codepac, aos saudosistas, mas existe o patrimônio aquele cuja obra é magnifica, e o patrimônio uma edificação como outra qualquer, que no caso se encaixa o BTC, perfeitamente. Quando ouço falar em tombamento, olho desolada para o hotel da av. Rodrigues Alves, literalmente tombado, caído, destruído. É pra isso que existe o tombamento? O imóvel fica se deteriorando, sem poder fazer qualquer mudança sem antes pedir autorização para o Codepac? O legiítimo proprietário torna-se um próprio otário, com o perdão do trocadilho. Que vantagem existe se um imóvel for tombado? Haverá criação de novas vagas de trabalho? A cidade irá se modernizar ou ficará parada olhando o imóvel tombado? Como exemplo temos o BAC. Se houvesse tombamento, tenho certeza continuaria aquele prédio abandonado sem qualquer destinação. O que vemos hoje naquele local? Progresso. Temos que viver o presente, o passado já foi. Bauru precisa crescer, se desenvolver e não ser tombada.
Lúcia Silva
mmeus caros (as)
ResponderExcluirO texto abaixo é do Jornal da Cidade, edição de hoje:
Trens chegam para possível reforma
Unidades foram encaminhadas pela ALL e fazem parte do plano de retirada de 2,3 mil vagões inativos ou obsoletos
Juliana Franco
Novos vagões de trens vindos de Sorocaba e Araraquara chegaram à unidade da Triagem Paulista de Bauru, ontem. Toda a ação foi acompanhada por dois policiais ferroviários federais. O material encaminhado pela América Latina Logística (ALL) faz parte do plano de retirada de 2,3 mil unidades imobilizadas, obsoletas ou acidentadas, estacionadas em pátios ou margem da ferrovia na malha paulista e Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A Associação de Preservação Ferroviária acompanha de perto a ação e visa preservar ao menos parte do material.
Dos mais de dois mil vagões, 1.365 estão concedidos à ALL. Outros 635 pertencem ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) e serão segregados, sinalizados e isolados em quatro pátios nas unidades de Triagem Paulista em Bauru, Samaritá, Aldeia e Rio Claro.
Segundo Ricardo Bagnato, vice-presidente da entidade, toda semana dois ou três vagões chegam à cidade. “Grande parte deste material é de interesse histórico. Estamos trabalhando junto ao DNIT e a prefeitura para que tenhamos posse de algumas destas peças para preservação. Vamos recuperá-las, restaurá-las”, explica.
Atualmente, 14 locomotivas elétricas Mini-Saia e oito do modelo Loba estão na cidade. O principal objetivo da iniciativa é separar bens operacionais dos não operacionais e dar uma destinação adequada aos ativos da ALL.
Todo o material deverá ser inventariado pelo responsável pela liquidação do patrimônio da Rede Ferroviária Federal, explica Bagnato. Depois de separado, vai ser possível saber o que há de equipamento dentre locomotivas, carros de passageiros e vagões. “Não vai dar para restaurar tudo, mas vamos avaliar o material. Certamente, parte das unidades será encaminhada a outras associações de preservação. O que não tiver valor, será sucateado”, revela o vice-presidente da Associação de Preservação.
Segundo Bagnato, o material restaurado deve ter como destino um projeto de preservação em Bauru, previsto para ser lançado no ano que vem. Por isso, todo o trabalho é acompanhado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento.
Para organizar o trabalho, policiais ferroviários federais acompanharam o transporte dos vagões para a cidade. O trabalho será finalizado hoje. Na próxima semana, os policiais retornam para a cidade para verificar todo o material alocado na Triagem Paulista e discutir um esquema de segurança no local para que os trens não sejam alvo de vandalismo.
Meus caros (as)
ResponderExcluirEstou repercutindo aqui o que tem saído sobre o tema da abertura do processo tombamento BTC. Hoje, o BOM DIA repercute em matéria da amiga Cristina, algo a mais. Leiam:
Tombamento surpreende os novos donos do BTC
Processo para preservar sede do clube foi aberto na semana passada
anuncie!
Cristina Camargo
Agência BOM DIA
A família Alvarez ficou surpresa com a decisão do Codepac (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural) de iniciar o processo de tombamento parcial da sede social do BTC (Bauru Tênis Clube) após a venda do imóvel por R$ 5 milhões.
Procuradores pela diretoria do clube, os Alvarez compraram a sede em outubro, mas ainda não anunciaram os planos para o local. Na semana passada, o Codepac anunciou a decisão de iniciar o tombamento, pedido pela Associação Amigos dos Museus de Bauru.
“Ficamos surpresos. Agora vamos aguardar”, disse a empresária Carmem Alvarez, que preferiu não polemizar em torno da decisão do conselho. Ela é filha do empresário Venâncio Alvarez Ocampo, o Ino, responsável pela compra do imóvel localizado no Centro da cidade.
Apesar de boatos sobre a construção de um centro comercial no local, Carmem garante que ainda não há uma decisão sobre o destino da sede inaugurada na década de 1960, no estilo modernista de arquitetura. “Não sabemos nada ainda”, afirmou.
A necessidade de preservar a história de Bauru foi o principal argumento usado pelo Codepac para iniciar o processo, que na fase final terá de ser enviado ao prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB), responsável pela assinatura do decreto de tombamento ou pela recusa ao pedido. Ainda não há prazos definidos.