quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

UMA FRASE (45)

RICHARLYSON, ALVO DO MAIS NOVO ENRUSTIDO PRECONCEITO
Uma besteiraiada sem fim esse negócio do cabelo comprido, as tais madeixas novas do jogador Richarlyson, do São Paulo, de férias em Bauru, sua cidade natal. Existe uma insana turba de torcedores, colunistas e vulgos protetores dos bons costumes, pregando algo como ser inconcebível para um jogador “normal” manter o atual visual do jogador no retorno aos campos no início de 2010. Pura falta de assunto num período de férias, aliado ao preconceito incontido e exacerbado que muitos nutrem. Mesmo quando questionados esses alegam que não nutrem nenhum tipo de preconceito por esse ou aquele procedimento, mas, “no meu time não”. Por essas e outras, fica mais do que evidente como estamos ficando mais carolas, conservadores e conseqüentemente, perigosos. Já se acham no direito de ameaçar um jogador pelo uso do cabelo comprido e por suas ações fora do campo.

Sou do tempo do Afonsinho, o craque de Jaú, cabeludo, barbudo e politizado, que quebrou barreiras no campo futebolístico, mais por suas posições políticas, num meio onde sempre predominou o “boca fechada”. Ele abriu portas, mas elas nesses tempos atuais estão todas sendo fechadas ao mesmo tempo. Trogloditas se dizem enviados dos céus, numa espécie de enviados dos deuses para nos ditar normas e condutas. Esses os piores, principalmente os de cunho religiosos. Nesses momentos lembro sempre de meu pai a me dizer: “Cuidado com os moralistas, pois esses se escondem atrás de uma carapuça e na surdina, fazem e acontecem, perigosíssimos”. Todo moralista tem lá no seu interior um desejo reprimido e na impossibilidade de assumir publicamente o que lhe manda o interior, prega contra. Não discute, nem possui argumentos para debate (todos pífios), quer é impor sua vontade. Dando vazão a bestialidades vindas dessas bocas estaríamos num “mato sem cachorro”, retrocesso sem fim. Depois de avanços mil, em pleno século XXI voltaríamos a uma era inquisitória. Tudo precisa passar por um crivo de uma “patrulha do bem”. É claro que a questão não é o cabelo, pois até o hoje técnico Muricy já o usou no passado quando jogador. Para não se discutir o cerne da questão, fica-se a falar de cabelos longos.

No caso do jogador bauruense, algo mais perigoso, pois o negócio extrapola a questão dos cabelos e vai direto no quesito sexual, que é de foro íntimo. Abomino qualquer tentativa de chacotas, injúrias e conversinhas desencontradas. Deixem o cara em paz e se continuar jogando bem bola, irá ser tão pioneiro como o foi Afonsinho. Isso me faz lembrar de uma frase/lição atribuida a Liev Tolstoi (1828/1910), um que apregoava não haver sistemas aceitáveis de nos governar, porque parecia a ele ser impossível confiar nos homens que o adotam/implantam. Eis a frase: "O mundo é dos leões e nós, como raposas ou ratos, devemos driblá-los para sobreviver". Façamos isso.

6 comentários:

  1. Gostei do texto, ótimo!
    A frase do seu pai sobre moralista, cabe muito bem num caso recente.
    abraços e Feliz Natal!
    GUTO GUEDES

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  2. Li muito sobre o caso do Afonsinho, tio do meu amigo Rafael e me lembro de outros casos de cabelos compridos, como de Muller, Renato Gaúcho, que como o Richarlysson, detonavam em campo.
    A polêmica vem sempre insuflada pela mídia e pelos moralistas de plantão, que não tem notícia e criam embaraços com os cabelos do Ricky.
    abraços, e peguei parte do seu texto e pus no meu blog querido.
    FELIZ NATAL!!!

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  3. a questão com certeza não éo cabelo,como vce bem o disse...como a questão tbém não era o vestido curto da universitária...
    gde bjo! Marisa F.

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  4. Gostei demais da forma como abordou a questão. Estamos cercados e pela pouca reação, parecendo em minoria. Letargia perigosa, pois a merda vai tomando conta.

    Acabo de ler também o comentário da moça antes de mim e achei pertinente. A questão lá da saia curta é muito parecida. Outra coisa, citada por ti é a do radialista que foi demitido. Pelo seu comentário lá você já foi alertado que ali não foi bem uma censura, mas o mesmo extrapolou de suas funções com o microfone, fazendo brincadeiras de péssimo gosto sobre sexualidade de políticos. Insistiu e foi demitido. São mais coisas por trás de tudo isso, lamentáveis por sinal, mas gostei muito também da forma simpática como se posicionou, não retirando o texto, mas colocando uma explicação. Vivenciei bem o caso, não esse, mas outros envolvendo o mesmo personagem e o mal uso do microfone. Caiu de maduro. Esse caso do jogador é de um falso moralismo muito em voga hoje em dia. Ando cada vez mais com um pé atrás com posicionamentos religiosos, cada vez mais retrógrados.

    Te leio quase todo dia, não aqui na repartição, mas em casa.

    Como não quero ser identificado

    ML

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  5. oi HPA! vimos o Rick no Bauru Shopping ontem no comecinho da noite,o cabelo ficou lindo,um belo trabalho!tem lojinha do Timão por lá,já conheceu?gde bjo!Marisa F.

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  6. Irmão, execelente matéria essa sua.... Quem pode julgar uma pessoa pelos cabelos ou pela opção sexual, ou simplesmente por uma maneira de ser e de viver ????? Na própria Bíblia, Deus nos mostra que não devemos julgar nada ..... Quem julga ou mesmo agride com palavras um outro semelhante, com ctza está escondendo algo de sua própria personalidade.. inconcebível...
    Quanto à cabelos, não se esqueçam daquele horroroso penteado do Wagner Love(não sei se é assim que se escreve ...rs...) ...
    Deixem o nosso querido jogador bauruense viver e ser feliz como ele deseja....
    Beijosss

    HELENA AQUINO

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