sábado, 30 de janeiro de 2010

ARTIGOS NO JORNAL BOM DIA (57 e 58)

VEÍCULOS UTILITÁRIOS - texto publicado no jornal BOM DIA Bauru, sábado passado, 23/01
Assisti no cinema o último filme do Almodóvar, “Abraços Partidos” e a cena mais impactante é a de um acidente automobilístico, quando um desses robustos veículos ditos utilitários, bate e praticamente destrói um carrinho, desses normais, os que usualmente usamos pelas cidades e rodovias. Não sobrou nada e não sobra mesmo, pois esses carrões, reforçadíssimos não foram feitos para o nosso dia-a-dia. Sua utilização era bem outra, mas a ostentação acabou transferindo-os para o epicentro de nossas vias públicas. Num mundo onde seria interessante cada vez nos preocuparmos com o semelhante, diminuirmos os poluentes, essa imponência nas ruas é algo desnecessário, gerando gastos abusivos, supérfluos ao extremo. Por que necessitamos de um carro com tanto reforço de metal e força física? Para nada ou simplesmente para aparecer. Mais um mal dos nossos tempos. Quando moleque existiam as camionetes dos agricultores, fortes e robustas, quase todas a diesel, usadas mais no campo, em situações adversas, onde estava justificada sua utilização. Vê-las na cidade, era uma extensão de sua utilização do campo. Hoje a situação é bem outra, elas estão nas garagens das residências e trombam conosco em cada esquina. Numa simples batidinha, nada sobra de um reles carrinho. Num choque a desproporção é tão grande, que após o impacto, nem um santo forte salva o oponente de um afundamento do malar. Seu uso hoje, além de desmedido, precisaria ser controlado, para o bem de todos.

AÇÃO REVOLUCIONÁRIA - texto publicado hoje no BOM DIA Bauru, 30/01
Vivo uma semana em estado de puro êxtase. Uma revolução está em pleno curso na cidade, mesmo sem muitos a notarem. E eu participo à minha maneira, com um envolvimento dentro de minhas possibilidades. Trata-se de algo inusitado, que uma vez por ano toma conta da cidade e de forma arrebatadora, envolve uma legião de aficionados e fiéis seguidores. Falo das Mostras de Teatro dirigidas pelo professor Paulo Neves. Essa é a Nona e o palco principal da cidade, o Teatro Municipal de Bauru é praticamente tomado, invadido, ocupado pelos alunos dos cursos de teatro desse monstro do teatro do interior paulista. Numa época de vacas mais do que magras lá pelos lados da Cultura pública municipal, Paulo preenche um espaço único e demonstra que o setor não pode tirar férias nesse período, como parece querer o dirigente maior da Cultura municipal. Um rema para cá e o outro para lá. Paulo bota o bloco na rua, sem medo de ser feliz e com 16 peças encenadas, todas de casa cheia, rema contra a maré de mediocridade do setor público municipal. Essa persistência e abnegação é o lado bom e saudável, que não me canso de exaltar e reverenciar. Paulo é maior, com um trabalho mais intenso e importante do que o de qualquer político local. Ver todas as gerações representadas no mesmo palco, numa mistura inebriante e contagiante, torna o seu trabalho de teatro amador uma forma de manter a chama revolucionária constantemente acesa dentro dos que ainda acreditam que algo pode (e deve) continuar sendo feito.

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