sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

DIÁRIO DE CUBA (45)
HAVANA, A PRAÇA COM OS LOS MAMBISES E CAMINHADAS...
Após a primeira estada em Havana, depois Santa Clara, Cienfuegos e Santiago de Cuba, estávamos de volta, eu e o companheiro Marcos Paulo, em Havana. Chegada ao hotel Saint John's no meio da noite, tendo que pagar uma pequena diferença na diária, pela antecipação do horário previsto e só depois uma boa cama. Estávamos mais do que necessitando disso. Recusamos o apartamento inicialmente oferecido, o 706, com chuveiro ruim e ar condicionado muito barulhento, com algo raspando. Sempre muito solícitos, trocamos para o do lado, o 708, caio num banho gelado e ploft, desmaio. Haviam avisado que estavam com problemas, falta de água quente. Por enquanto, só fria. Hotel todo pago até o último dia de nossa estada, viagem de mochileiros tudo é contadinho, na ponta do lápis. De 24/03/2008, uma segunda até a próxima quinta tínhamos que nos virar com 160 pesos. Era tudo o que tínhamos e numa rápida divisão, daria de sobra. Dormi das 2 às 7h da manhã, tomo outro banho e decido por mim, ficar o mínimo possível dentro do hotel, usufruir ao máximo. Tiro de letra o banho gelado, mas Marcos, que adora um banho "caliente" sofre um bocado e do quarto ouço sua lamentação, uma espécie de ensaio para adentrar o chuveiro.

Antes de sairmos para a rua, tentamos ligar para Hilda, mãe da amiga Rosa Tolon. Não devia estar em casa, pois telefone fica a tocar um tempão. Tentamos também avisar Omar, da produtora Mundo Latino, para o qual pretendemos fazer uma retrospectiva de nossas aventuras pelo interior. Deixamos recados. Tempo um tanto nublado lá fora, seguimos caminhando pelos caminhos já conhecidos até Habana Vieja. Muitas fotografia pelas ruas. Já no centro foi uma grande dificuldade reencontrarmos a praça da Catedral, local onde teríamos a oportunidade de rever o grupo musical de rua, Los Mambises. Achávamos que já sabíamos tudo e ali demonstramos um fracasso total, dando muitas voltas.

Depois da canseira inicial, avistamos eles no mesmo canto esquerdo da praça, todos por lá, inclusive Olga. Levo meu presente pessoal para ela, conforme seu pedido, uma camiseta do ICA Carnaval 2008 (de Santa Cruz do Rio Pardo) e um chapéu ecológico do evento Natureza. Ficamos diante deles um tempão enorme, viajando nas histórias e muitas músicas. Bota tempo nisso, mais de umas três horas, curtindo aqueles ricos momentos. Tiro fotos de todos eles, nos pequenos detalhes, enquando Marcos circula com a filmadora, principalmente quando atendem o pedido deste para repetirem a famosa música do "comandante Che Guevara", aquela do "acabou la diversion, chegou o comandante". Ela é mesmo muito linda e retrata a bagunça generalizada da vida cubana em todos os anos 50, um grande cassino, um puteiro norte-americano, espécie de quintal da jogatina. Chegaram Fidel e Che, com eles o novo regime político, ponto final na bagunça. Eles nos dizem ser essa a mais solicitada. Depois de muito tempo, quando começa a bater a fome, nem assim nos distanciamos. Bem ali em frente, várias mesas de ferro, colocadas na praça, defronte o restaurante El Pátio. Não almoçamos, bebericamos algo, Marcos um suco de limão e eu uma Bucanero.

Ali quase ao nosso lado uma cubana aplicava apliques nos cabelos de clientes (naquele momento numa menina), mas ao ser questionada, diz que é também muito procurada por uma infinidade de turistas, principalmente européias. E todas seguem com seus cabelos cheios de tranças a enfeitar as ruas de Havana. Sair daquele local é um momento de grande tortura para nós, pois a intenção era ir prolongando ao máximo a estadia com aquelas pessoas queridas. Não foi fácil a despedida, pelo menos para nós. Só o fizemos para atender meu desejo de caminhar pelo cais e conhecer a famosa Estação Ferrocarril da cidade. E para lá vamos nós, mas isso eu conto só no próximo post. Até lá...

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