Saio sempre que posso para uma comidinha fora de casa. Nesses momentos não gosto muito das inovações. Sou mais pelo tradicional, ou seja, uma receita que tem dado certo por tantos anos não precisa necessariamente ser alterada. Freqüento alguns lugares cujos proprietários abriram a casa e ali criaram receitas perfeitas, quase definitivas. Algo supimpa. Quem conhece um pouco de cozinha sabe muito bem o que quero dizer. Ia a uma pizzaria desde meus tempos de calça curta e a impecável receita sempre servida no ponto, respeitada. Esse o grande motivo de voltar ali. Porém, nem tudo transcorre da mesma forma do outro lado do balcão. O patriarca, o fundador da casa e criador da receita fica velho e uma hora precisa pendurar as chuteiras. Eis que passa o negócio para o filho, o Jr e esse não satisfeito com o andamento do negócio, o mesmo que até então havia dado muito certo, muda tudo. O Jr tem diploma, é Phd numas coisas novas, cheio de invencionices e maldizendo o convencional. Chega e já quer colocar chocolate na pizza, enche as bordas com recheio agridoce e mistura sabores. Se o deixarem muda até o formato e a coloração da massa da pizza. Diz que assim está inovando, atendendo expectativas e com amplas possibilidades de crescer. Presencio algo assim e até o atendimento muda, algo mais engalanado. Perto dos 50, não tolero mais certas coisas e com toda fleuma que me é peculiar, mal fui servido, pago a conta, deixo tudo ali no prato e apenas digo: “Tchau, fui!”. Tem Jr que é uma praga.
Mensagem eletrônica enviada por um conhecido me induz a acreditar em algo abominável, um atentado para quem preza pela verdade factual dos fatos. Confira: “A Revista Veja é uma das mais sérias revistas do país, cuja qualidade equipara-se aos mais importantes órgãos de mídia do planeta”. Não passo daí, pois ele é muito mal informado e recebe informação por fonte nada confiável. Ou talvez siga a linha editorial da mais nefasta publicação da imprensa brasileira. E aceite cegamente e diga amém em relação a aquilo que lê, sem qualquer tipo de contestação e preocupação com a veracidade com os fatos. Até as pedras do reino mineral sabem que a revista Veja move-se por uma moral e indignação seletiva. É a maior inventora de adjetivos do planeta. Para qualquer crítica ou denúncia, o mínimo recomendável é que se tenha base, sustentação e eles aboliram isso. Agem como se o fizessem na defesa da moral e do país, mas com a ponta do rabo mais do que exposto. Querem um exemplo. Foram falar de Che Guevara e não tendo como criticá-lo, alegaram que tinha mau hálito, não tomava banho, fedia e falava palavrão. Para a Veja o MST é um bando, o Daniel Dantas é um anjo e só o PT é corrupto. Essa é a linha da publicação que atenta contra qualquer recomendação desses manuais de bom uso do jornalismo. “Puro desespero de causa, não servem nem para embrulhar peixe”, diria Turco Fala Mansa, com o sarcasmo que lhe é característico, na mesa do bar que freqüento lá na vila Cardia. Rindo muito, concordo e deleto o tal e-mail.
caros leitores
ResponderExcluirUma pequena explicação e complementação para ambos os textos.
O do Junior tem uma fonte e inspiradora de responsa. Como sabem, leio semanalmente a melhor revista semanal brasileira, a Carta Capital e lá uma seção, a "Refogado", que trata de gastronomia, escrita sobr um pseudonônimo, Márcio Alemão. Seus textos são vibrantes e questionadores. Ele me deu a dica inicial sobre esse verdadeiro personagem, o Junior. Na verdade, ele é o criador do nome Junior e também possui a mesma fúria com os detratores do paladar. Como vivenciei algo similar, usei a designação Jr e faço aqui a devida informação aos leitores.
No texto da revista Veja, algo sobre a ilustração. É do nosso querido Beto MAringoni e já foi publicada aqui anteriormente. A repito, com o devido crédito, pois cai como uma luva para meu texto.
Abracitos diretos do mafuá
Henrique
No Rio de Janeiro temos a tradição do caldinho de feijão (preto, óbvio). Toma-se caldinho de feijão nos botequins da cidade, independente de localização geográfica ou 'estrelas gastronômicas'. Em geral, acompanhado - para quem aprecia - de cerveja gelada ou batidinha de limão. Também, quando serve-se uma feijoada para almoço, o caldinho sai antes - este é o princípio da 'coisa'... é o caldinho que fica pronto antes da bendita estar a mesa. Torresminho, salsinha, pimentinha... não podem faltar. Só ! É o esquentar dos tamborins pra encarar o que vem em seguida. Grande surpresa ! (nenhuma quanto ao feijão 'carioquinha', como chamam no estado de SP o que nós cariocas chamamos de mulatinho...) A decepção ocorreu quando o caldinho de feijão que pedi em um estabelecimento tradicional bauruense veio com QUEIJO DERRETIDO! Enfim, para não parecer mal educada com os que gentilmente me convidaram para mais uma incursão na terrinha, tentei comer um bocado. Júnior, se liga que caldinho de feijão não tem queijo nem na França. Para os mais próximos que estiveram comigo na ocasião e para os que já morreram de rir com o relato, prometi fazer um autêntico caldinho de feijão preto SEM QUEIJO (e nada contra os queijos, amo-os todos). ana bia
ResponderExcluirHenrique
ResponderExcluirNão te conheço, concordo contigo em relação à Veja. É uma porcaria, totalmente descartável, mas me responda algo, por favor: Por que, então, tal revista consegue manter os altos índices de tiragem? Qual o segredo e os motivos disso?
Alvarenga - São Paulo
caro ALVARENGA
ResponderExcluirSim, a indefectível VEJA possui altos índices de tiragem (não sei se de leitura). A Editora Abril, quer queira eu ou não, possui forte poder atrativo (mesmo produzindo verdadeiras barbaridades), a revista possui mais de trinta anos de existência e levo muito em consideração de que o pessoal de maior poder aquisitivo, a tal da "zelite" cruel, possui uma espécie de "espírito de corpo", ou seja, compra e lê aqueli que lhe convem. Revista nesse país ainda é um artigo de luxo e para sua aquisição são necessários abnegar de outras necessidades. A revista diz tudo o que uma camada da população brasileira quer ler, mesmo que isso não corresponda à verdade factual dos fatos. Tem gente que se sente plenamente satisfeito lendo inverdades, tudo porque pensa do mesmo jeito. Por outro lado, essa tiragem de 1 milhão de exemplares não assusta, pois representa uma camada da população que já tem posicionamento definido, são favoráveis ao que dita e prega a revista, enquanto que a grande massa, passa ao largo das influências nefastas do pernicioso conteúdo ali existente. Como disse, para quem preza pela verdade dos fatos, não serve nem para embrulhar peixe (é pequena demais).
Abracitos bauruenses do
Henrique - direto do mafuá