domingo, 23 de maio de 2010

MEUS TEXTOS NO BOM DIA (73 e 74)

O FILHO DE ROSE - publicado no diário bauruense BOM DIA de ontem, 22/05/2010
Roseli Celeste Nunes da Silva, a Rose é uma mulher marco dentro da luta do MST. Ela militou até a morte, em 1997, dentro do maior movimento social em atividade no Brasil. Esmagada por um caminhão de uma empresa agrícola, num confronto entre ruralistas e colonos, seu nome foi dado a acampamentos, assentamentos e escolas do MST. Tempos depois a cineasta Tetê Moraes transformou sua história em dois belíssimos documentários, Terra para Rose e O Sonho de Rose. Virou ícone de luta. Revi os filmes nesses dias e tomei conhecimento de outra história iniciada com a luta da mãe. Além dela, seu filho, Marcos Tiaraju, 24 anos, também acabou por se transformar num marco de luta e da resistência da vida campesina brasileira. Foi a primeiro bebê a nascer dentro de um acampamento. Isso é história, lhe valendo um acompanhamento de esperança para os que lutam por uma reforma agrária definitiva no país. Símbolo de vida, o menino talismã cresceu e comprova a seriedade de todo uma luta. Inspirado nos passos da mãe, continua sua luta e aos 24 anos estuda medicina em Cuba, devendo se formar em 2012. Seguindo fielmente umas das frases que tornaram sua mãe famosa, a “prefiro morrer lutando do que morrer de fome”, ele está quase pronto para o retorno e promete fazê-lo, praticando a medicina no atendimento “aos companheiros”. Ele sabe ser um símbolo da causa, que sua história renova em todos a necessidade da continuidade da luta. Traz consigo uma mensagem de esperança, de que o movimento frutifica maravilhosamente. Sua história daria um novo filme.

DUBAI NÃO É CUBA - publicado no diário bauruense BOM DIA, edição de 15/05/2010
A história (não á estória, viu!) que relato é um tanto surreal e só demonstra os descaminhos do mundo atual, onde se condena um procedimento e outro de igual teor nem se nota, passa batido. Os mais velhos poderiam dizer tratar-se da execução do ditado, “aos amigos tudo e aos inimigos a lei”. Nesse caso, mudaria amigos por aliados. Um casal britânico é detido em Dubai, terra rica em petróleo, por estarem trocando beijos em público. A pena foi um mês de detenção. Dubai é um país islâmico, leis rígidas e estranhas a nós. Beijos por aqui, algo normalíssimo, para eles, não. Pequenas notas na imprensa ocidental, todas em teor de troça. Simples, Dubai é aliado dos EUA e assim sendo, nada de críticas. Podem fazer e acontecer, desde que rezem na cartilha americana. Dessa forma nada é considerado ultrajante. O Iraque de Sadam já foi paparicado no passado até o momento de tentar se rebelar, tomar suas próprias decisões. Contrariou interesses do “Grande Irmão do Norte”, deu no que deu. A Líbia penou, mas quando capitulou, voltou a ter paz e Kadafi já pode fazer e acontecer novamente. Ele sabe muito bem até onde pode ir. Isso tudo só para propor algo, como se fosse uma mera brincadeira: Imaginem se o ocorrido fosse em Havana. Dubai decididamente não é Cuba. As manchetes mundiais teriam execrado Fidel, Raul e o "regime maldito", por contrariar uma mínima lei de convivência humana. “Cadê a liberdade?”, seria o questionamento seguido pelos asseclas midiáticos mundo afora. Simples, não?

3 comentários:

  1. meu pan-americanismo nao permeia toda a américa, só vai até o
    Mexico.

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  2. Meu caro
    Conheço isso.
    Isso de "meu pan-americanismo não permeia toda a américa, só vai até o méxico".
    Se não é coisa do caipira Lázaro Carneiro ponho a mão no fogo...

    Henrique - direto do mafuá

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