domingo, 6 de junho de 2010

DIÁRIO DE CUBA (52)

ANDANÇAS POR GALERIAS DE ARTE, PAPOS COM OS CUBANOS ERNESTO E LÁZARO
Penúltimo dia em Havana, 26/03/2008, quarta, almoço e à minha frente um mundão a ser descoberto, desbravado. Ao se aproximar do final, toda viagem vai ficando um tanto melancólica. É a tal vontade de querer ficar mais, sem poder. Saio do restaurante e bem ao lado o Capitólio e algo a me magnetizar, o Gran Teatro de La Habana, uma monumental edificação, cheia de belíssimos detalhes. Circundo o local fazendo uma espécie de vistoria, com muitos toques e fotos. Junto ao prédio, a Galeria de Arte Orígenes e no seu hall uma vernissage, uma exposição coletiva em homenagem aos 70 anos do teatro. Entrei, circulei entre as pessoas, trouxe um lindo catálogo e fiquei frente a frente com belas obras e muitos artistas cubanos. Passo pelo menos uma hora lá dentro, respirando aquilo tudo e me inebriando com o linguajar cada vez mais venerado por mim. Converso com alguns.

No retorno, feito de forma lenta, presencio outra vernissage, dessa vez no College Habana Galeria de Arte, no prédio do Fondo Cubano Bienes Culturales, onde sou abordado por uma senhora, me fazendo questão de mostrar pessoalmente todo o local. Recebi ali uma aula de cultura local. Dali passo numa loja de CDs. Compro para o Marcos Paulo um que ele tanto queria, com marchas e hinos cubanos. Anoto dois sites de artistas cubanos: o http://www.milanespablo.com/ e http://www.valdeschucho.com/ . Venho caminhando lentamente para o hotel, pois meus pés doem bastante. Numa viela em Habana Vieja, uma espécie de feira popular, como se fosse um mercado, com suas bancas ladeadas, num espaço coberto. Vou e volto até ser notado. Um senhor puxa conversa e me explica sobre o funcionamento de locais com aquele. São sempre muito generosos.

Descanso por quase uma hora no hotel e consigo arrastar Marcos para as ruas. O motivo é mais do que justo, o horário do jantar. Logo na saída, paramos para conversar com um senhor que estávamos vendo-o ali na frente do hotel todos os dias, um taxista. Quando íamos abordá-lo, eis que surge de forma inesperada à nossa frente a venezuelana Manel, estudante de medicina, que havíamos conhecido em Cienfuegos, uma semana atrás. Surpresos todos se abraçam. Estava por ali para encontrar-se com uma amiga e ao nos ver veio ao nosso encontro. O papo com Ernesto, o taxista é dos melhores, pois ao saber sermos brasileiros, diz que em 2007, morou por três meses no Brasil, mais precisamente na capital paulista, ficando na casa de um irmão, morador de Ermelindo Matarazzo. Foi com a intenção de ficar, mas não suportou mais que três meses. “Não agüentei aquilo, muita violência urbana, não existente aqui. Difícil arrumar emprego e para complicar tive uns problemas de saúde. Fiquei com medo de morrer no Brasil e não ter um atendimento médico adequado. Voltei o mais rápido que pude. Não saio mais daqui”, diz. Morou em São Paulo pertinho do bar homônimo ao seu nome, o do Ernesto, do qual não se esquece, fazendo questão de carregar um cartão no bolso até aquele momento.

No restaurante Wakamba, bem defronte ao hotel, o mesmo onde estivemos no primeiro dia em Cuba, uma música invadia nossos ouvidos. Funcionando desde 1956, seu nome é de origem africana, identificando um grupo étnico do Quênia. Comemos um spaghetti e de lá um sorvete na praça, no Copellia. Pedimos primeiramente um sabor e o atendente nos reconhece das vezes anteriores. Resolvemos repetir a dose e brinco com ele: “No Brasil, quando pedimos outro é costume um chorinho, um desconto”. Ele entende muito bem o que quero dizer e rindo me diz: “Aqui não, pois nosso país é comunista e o preço é justo, sem lucro e sem descontinhos”. Concordamos.

Por fim, para encerrar o dia, vamos ao balcão da lanchonete ao lado do hotel. É um papo que repetimos todas as noites com seu Lázaro, um senhor que é membro atuante do partido comunista cubano. Tornou-se nosso amigo e confidente. Nas despedidas, após um café, diz: “Que nossa América Latina toda siga os passos de Chávez, Morales e Correa. Muito boa sorte para vocês dois e para os campesinos do Movimento Sem-Terra brasileiro, além do seu presidente, o Lula, que admiramos muito, pois é amigo de Cuba”. Às 20h45 estávamos no quarto do hotel. Como de praxe nos últimos dias, fizemos as contas de quanto ainda teríamos para o último dia na ilha. Marcos fez a sacada mais acertada sobre nossa situação: “Estamos totalmente leves, quase sem peso algum”.

8 comentários:

  1. vc não fotografou nenhuma borracharia? elas não existem lá não é mesmo? senão todos os cubanos se atirariam ao mar rumo a miami em camaras de pneus não é?kkkkkkkkkkkkk

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  2. MEU CARO ANÔNIMO:

    Um senhor cubano nos disse e está no texto que ele veio para o Brasil, veja só e aqui chegando, ficou três meses e quiz voltar correndo para seu país, pois percebeu que iria morrer por falta de atendimento de saúde, pois lá isso é impecável. Imagine um pobre ficar doente nos EUA, onde praticamente não existe serviço público de saúde. É morte na certa. E daí os poucos cubanos que saem, incluenciados por notícias e falácias, acabam fazendo de tudo para voltar. E aí? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  3. “Jon Lee Anderson, aquele que defende uma leitura mais humana de Che Guevara, busca a ajuda da esquerdopatia nativa para uma biografia que vai sacudir as consciências. Acho que, depois de Che, deve-se recuperar a memória de Mao Tse-Tung, Hitler, Stálin… Enfim, é preciso mostrar o lado humano dos animais, não é mesmo?”


    ass.: Fenix

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  4. meu caro Fênix
    Com um nome destes deves se acreditar renascendo das prórpias cinzas... Falta-lhe muito para isso.
    Da tua lista de leituras mais humanas, descarto só Hitler, dos demais, todos, sem distinção, grandes personagens de nossa História. Talvez falte e ti conhecer um pouco mais além do que vem escrevinhado em semanais como Veja e jornais no estilo Folha e Globo.
    Entender História também é salutar para um debate com argumentos. Do contrário nem debate travaremos. Peleja de rua, briga sem sentido eu estou fora.
    Henrique - direto do mafuá

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  5. Sem rodeios meu caro Henrique,
    simplismente não entendi a sua resposta, fiz uma colocação seguida de uma pergunta simples, encima de sua historia sobre o Cubano, que veio ao Brasil, e quis voltar, por conta do problema de Saúde e a falta de atitude politica (que você também defende) para uma melhor estruturação do SUS. Então pare com essa demagogia barata, que não leva ninguem a nada e a lugar algum, eu odeio hipocrisia, e esse blog, nada mais é do que um prato cheio de hipocrisia, e seus seguidores comunistas nojentos.

    Não está feliz, mude para Cuba, e se torne escravo de um regime banal, desumano.. Realmente um País e um povo na situação dos Cubanos, no minimo precisam ter um sistema de saúde bom, porque o de lá, deve ser muito mais lotado que aqui.

    Qualidade de vida Henrique, não se compra com força armada.

    BRASIL EU TE AMO.
    apesar do PT...

    ass.:

    FENIX - Guerreiro de Fé

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  6. Essas discussões são inócuas, meu caro anônimo Fênix, não levam à nada.

    Não quero acirrar o ânimo contigo.
    O que quero mostrar nos posts sobre Cuba é que o país não é tão feio como pintam e quando o pintam de forma ruim, exagerada na maioria das vezes, o fazem só porque lá existe uma real opção de um outro mundo, mais palatável do que esse onde vivemos.

    Pura besteira ficarmos a discutir sobre ir para lá, deixando tudo aqui. Prefiro, ainda, continuar tentando mudar o meu país, talvez para transformá-lo em algo mais palatável para os que dele mais precisam, a imensa legião de miseráveis, iletrados e necessitados, tão mal assistidos.
    Luto sim, por um outro mundo e isso me move. Cuba chegou lá e quem sabe um dia também o faremos.

    Se informe melhor sobre Cuba e não compre tudo o que lhe é repassado via PIG -Partido da Imprensa Golpista.

    Abracitos do Henrique - direto do mafuá

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  7. Meu caro amigo Henrique,
    não estou aqui para brigar com sua pessoa, nem muito menos gerar polemica, eu não conheço e nem pretendo conhecer Cuba pessoalmente, principalmente pelo regime politico do mesmo,
    mas eu duvido, que você consiga morar 1 ano lá, e ter como seu chefe o estado.

    Um abraço, direto das comunidade Vida Loka !!


    FENIX - Z.O

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  8. Henrique ñem perca tempo em discutir com esses acéclas, estas pessoas não conseguem enxergar além das barreiras alienatórias impostas por esta hipocrita sociedade do capital, um fresco babaca desses jamais vai entender o que realmente se passa em Cuba e sua justiça social.

    Viva Fidel!!!!!

    Marcos Paulo
    Comunismo em Ação

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