quinta-feira, 17 de junho de 2010

UMA DICA (59)

PAMPAS, GAUCHADA E RENATO BORGHETTI
Acabo de assistir na TV o jogo da Argentina (4x1 na Coréia do Sul) e quero hoje falar dos pampas, também a terra de "los hermanos". Gosto das coisas pampeiras, gauchescas e isso desde meus tempos nos cueiros. Fui pegando gosto aos poucos ouvindo Kleiton & Kledir, Nei Lisboa, Bebeto Alves, Vitor Ramil, Totonho Villeroy, Nico Fagundes e é claro, Lupicínio Rodrigues. Dessa turma toda, um deles nunca parou de tocar na minha vitrolinha. Trata-se de RENATO BORGHETTI, o BORGHETINHO (http://www.renatoborghetti.com.br/). O músico esteve ontem em Bauru e fui vê-lo no SESC, com entrada gratuita, num show junto do violeiro mineiro, Chico Lobo. Fiquei na fila do gargarejo do início do fim, revivendo as milongas que esse gaúcho toca tão bem em sua gaita ponto. Coisa de endoidecer gente sã. Como velho fã, sai com a cueca meio molhada e não era suor.

Do pampa brasileiro li muita coisa do Érico, depois do seu filho, o Luis Fernando Veríssimo. Tenho um livrão de cabeceira aqui, do Tabajara Ruas, que conta a saga farroupilha e dele não me separo. Sou fã de duas feras do traço gaúcho, o Canini e o Santiago. Dentre minhas muitas manias, uma que fiz por muito tempo foi escutar um programa noturno na rádio Gaúcha, um famoso bate-papo que cortava a madrugada e permitia ligações de ouvintes. Ligações vindas do Brasil inteiro, dentre essas eu. Ainda da rádio Gáucha, todo domingo de manhã, um programa que começa às 6h da manhã e vai até 9h, o Galpão do Nativismo. Anos depois, o amigo Lázaro Carneiro me disse que aqueles caras eram todos maçons. Prestei mais a atenção e arrefeci o ânimo, mas nunca deixei de escutar, agora mais espaçadamente. A saga de Garibaldi com seu barco navegando terra firme é um deslumbre. Acho que só não sou mais gaúcho do que o amigo Beto Pampa, um mato-grossense, que fez belos programas de rádio por aqui e de tanto amor, juntou ao nome o próprio Pampa. Hoje, conseguiu o que tanto almejou a vida inteira, foi trabalhar em rádio em Porto Alegre, ficando ao lado do seu time do coração, o Grêmio. Tem muito mais coisa, Fausto Wolff e Tarso de Castro, gaúchos que viveram e morreram no Rio de Janeiro, o Coojornal, que colecionei por tanto tempo, a música nativista que tanto aprecio, as milongas tão dançantes, o Barão de Itararé e um gaúcho dentre as pessoas que mais tenho apreço, Leonel de Moura Brizola. Esse gaúcho dignificou o que vem a ser um verdadeiro nacionalista. Gosto também da poesia de Jayme Caetano Braun, dos livros de bolso da editora L&PM e conseqüentemente, de dois países limítrofes, o Uruguai e a Argentina. Aquela região toda me fascina. A carne preparada à maneira lá deles é de lamber os beiços.

Escrevo tudo isso para falar do show de ontem e de rever uma pessoa que aprendi a gostar desde quando tinha lá meus vinte e poucos anos, o Borghetinho. Levei três velhos LPs para ele autografar. O 1º lançado por ele, o “Gaita Ponto”, de 1984, o 2º, que leva seu nome, de 1985 e o 5º, só “Borghetti”, de 1991. Quando viu os dois primeiros me disse: “Amor antigo, hem?”. Concordei. Trouxe o novo, “Fandangos!”, que escuto hoje durante o dia todo. Borghetti é bom demais e de sua gaita não existe quem consiga ficar parado, mesmo eu, com meu corpo mais duro que aroeira. A junção com a viola caipira e mineira do Lobo fez todos os lá presentes (casa cheia) saírem em estado de graça. Deixo reforçada aqui a minha admiração nativista. Rever essas admirações antigas é algo que não abro mão. E dá-lhe gaita ponto...
Em tempo: As fotos todas foram tiradas no show de ontem e no vídeo postado, uma homenagem dos dois no palco para um gaúcho mais do que ilustre, Lupicínio.

AGRADECIMENTO à Reynaldo Grillo, que de New Jersey publica o blog, http://www.blogdonorusca.blogspot.com/ e ontem reproduziu por lá meu texto sobre o livro do Bruno Mestrinelli.

Notícias do Copa 3: Podem falar o que quiserem mas vibrei quando Maradona, o técnico argentino recebeu na concentração as representantes das "Mães da Praça de Maio" (que depois se tornaram Avós), numa contribuição para o Nobel da Paz delas. Na mesma hora imaginei Dunga recebendo representantes do MST e de algum movimento pedindo o fim da anistia dada aos torturadores brasileiros. Nem em sonho isso aconteceria, como nem em sonho a nossa concentração teria algum tipo de lembrança a um dos maiores heróis latinos, Che Guevara. O culto da maioria dos nossos é aos 10% cegamente pagos à alguma instituição arrecadatória religiosa. No mais continuo de dedinhos mais do que cruzados. Na charge ao lado, enviada pelo amigo Fausto Bergocce, sua visão da Copa, vinda lá do seu estúdio em Guarulhos.

3 comentários:

  1. Henrique

    O programa que o senhor ouvia nas madrugadas da rádio Gaúcha era o BRASIL NA MADRUGADA, que durante anos foi apresentado por Jayme Copstein. Ele se aposentou em 2004 e hoje continua com uma mulher. O bordão dele era: A fonte de informação. Eu também ligava para lá e até hoje é da meia noita às 3 da manhã.

    Já o Galpão do Nativismo é apresentado por Dorotéo Fagundes, acontece todos os domingos e tem muitos dos Fagundes por lá. Tem um gauchão de São Borja que dá uma risada das mais engraçadas. Desse negócio de maçons não sei. És contra eles?

    Dá saudade falar dessas coisas. Gosto muito de rádio, principalmente à noite.

    Júlio T. Monteiro

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  2. Ô gajo, esqueceste de Elis Regina, tempo atrás e Adriana Calcanhoto, no presente. Faltou citar as mulheres gaúchas e pampeiras. Não assististe Casa das Mulheres? Eis aqui duas de responsa.

    Aurora

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  3. bá! mas que povo acordado com as coisas gauhesca,devem ser todos guapos e chinas piuchados cantarolando coisas do nativismo, e eu um pobre vivente, um verdadeiro pau de enchente, vivo buscando um roda de chimarão aqui pelos cerrados paulista como se fosse os pampas fronteiriço. nao passo de um pajador que lança versos ao minuando.
    um abraço a todos, lazaro carneiro.

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