ACADEMICISMO - publicado edição do diário bauruense BOM DIA, edição de 10.07.2010
Sabe aquelas pessoas que por terem um diploma e atuarem dentro das universidades, quando no mundo real, ou seja, o daqui do dia-a-dia, acabam por extrapolar e passam a querer ditar normas, regras e impor o seu conhecimento como base de tudo e para tudo? Ficam pedantes e chatas. Olham para os demais mortais com aquele olhar de peixe morto, de que tudo passa por algo que de certa forma já sabiam. Pobres de espírito.Denomino isso de academicismo, um mal que acomete a uma parcela considerável dos letrados deste país. As opiniões destes são abalizadas, mas falta a essa parcela, humildade e conhecimento da realidade. Quer dizer, se acham, mas como nunca sujam o pé na lama, ou seja, carecem de contato com o mundo real. Vivem no mundo da lua, à parte, isolados do que acontece no esfrega diário pela sobrevivência.Quando vejo um deste dando opiniões, penso cá com os meus botões: tem tudo para quebrar a cara, pois mesmo com uma teoria bem formuladinha, falta a exata conjunção para que tudo dê certo, ou seja, o conhecimento de como se processam as coisas do jeito mais simples. Desprezar a forma de ser do povo, o fazer popular, o construir com outro tipo de conhecimento que o seu é um mal de gente rica em conhecimento, mas pobre de espírito. Useiros e vezeiros em ditar normas, recusam-se a ouvir o semelhante e no enfrentamento com a realidade, o duro golpe. A tardia constatação que de nada adianta todo o conhecimento adquirido se não estiver aliado de uma boa dose de pés no chão. Viver sem pedantismo e querer demonstrar e precisar provar que possui isso e aquilo é algo que engrandece muito, enriquece mais do que mil diplomas. Duro são aqueles que nunca descem do salto alto.
BANDIDO BRUNO - publicado edição do diário bauruense BOM DIA, edição de 17.07.2010
Estou a semana toda à trabalho na cidade do Rio de Janeiro e por aqui, mais do que em qualquer outro lugar, só se fala no escabroso caso protagonizado por Bruno, o goleiro do Flamengo. Na quarta no Maracanã, a torcida do Botafogo, perdedora do jogo, não parava de espezinhar o adversário com um: “bandido, time de bandido”. O Fla tem lá suas culpas por não ter intervindo antes na atitude de alguns de seus atletas. O fato é que Bruno é verdadeiramente um bandido. Nada menos que isso. Numa das conversas mais proveitosas da semana, Gabriela Leite, a líder das prostitutas e candidata ao parlamento pelo PV me enumera três motivos para o crime. Primeiro a certeza da impunidade, quando o rapaz já se achava um semi-Deus, vivendo num mundo mais do que a parte do que o dos pobres mortais. Podia tudo e acobertado por outro tanto (a polícia mineira que o diga) sentia-se acima de qualquer lei. Em segundo, seu exacerbado machismo, numa discussão que deve ocorrer, a de gênero. Nela o macho ainda acha que pode subjugar sua parceira como algo descartável e desprezível. Pode porque é macho. Um nojo. E em terceiro, pouco discutido, o fato de ele ser um psicopata. Assim deve ser tratado, sem dó e piedade. Repudio sua vitimização, pois ele não caiu em armadilha nenhuma. Armou uma, isso sim, muito clara. Lanço um quarto motivo, o da grana. O poder do dinheiro costuma fazer suas próprias leis, isso é inerente ao capitalismo, que crê poder tudo. E em sua cabecinha, observando como se processavam as coisas no mundo do futebol, da política e das elites, Bruno deve ter se perguntado: “Se eles fazem tudo e nada lhes acontece, eu também posso”. Fez e se estrepou. Ainda bem. Falta acontecer o mesmo aos demais.
OBSERVAÇÃO CARIOCA: Os dias por aqui estão mais do que corridos. Muitas histórias a serem contadas, um passeio pelo centro da cidade com José Pereira Andrade, uma ida ao Maracanã na quarta e ontem, com o maior orgulho, a participação no primeiro grande comício de Dilma, junto de Lula, na Cinelândia, debaixo de muita chuva (amanhã relato a festa na rua). Volto para Bauru amanhã e posto com mais calma sobre as andanças realizadas do lado de cá, que infelizmente estão chegando do fim.
A Academia acha que só ela tem que pensar o que a sociedade tem que fazer e quando isso acontece a merda está feita.
ResponderExcluirPaulo Lima
Caro Henrique,
ResponderExcluirestive olhando seu blog.
Continua muito bom, fazendo ótimas reportagens!
Um grande abraço!!!
João Nicodemos
www.poemasdonicodemos.blogspot.com/
Caro Henrique...Parabéns por mais uma vez colocar o "dedo na ferida", aliás ferida muito mais aberta do que possa imaginar vossa vã filosofia.....hoje...agora...a todo instante vemos (e sentimos) essa verdaderia "arrogância academicista" em nosso dia a dia, claro que não podemos generalizar, muito pelo contrário, é uma minoria que está infectada por este vírus, mas dependendo da posição desse "infectado" sentimos as consequencias.Por favor, aos "infectologistas sociais" peço a atenção para, de forma rápida, desenvolver uma vacina contra esta enfermidade social. Por ora rezemos para que esse mal não se easpalhe...e que as pessoas "infectadas" apresentem um quadro de melhora, talvez tomando o antigo (e eficaz) "Chá de Humildade"...por Bauru.
ResponderExcluirSobre o caso bruno nada a acrescentar, trata-se de um cruel assassino.
ResponderExcluirSobre o caso do pessoal oriundo das universidades que se acham, peito estufado, pescoço erguido, muita pompa e pouca ação, você acertou na mosca. Esses precisam de um chacoalhada para cairem na realidade.
Aurora
nem todos que se dedicam a carreira academica tem peito estufado e se posicionam acima de outros.existem muitos e muitos que acreditam na educação, sobretudo quando estamos em universidade pública. respeitamos ética, caráter e todos os humanso e não humanos envolvidos. no entanto, o compromisso é mútuo. a via é de mão dupla. não basta cobrar, mas estar junto. assim se contrói.
ResponderExcluirana bia andrade
querida ana
ResponderExcluirem tudo que se escreve, pelo menos comigo, nunca faço fechando a questão.
longe disso, pois as exceções existem e estão evidentes por aí, mas na maioria das vezes o pedantismo ocorre exatamente dentro das instituições públicas.
combater esse tipo de procedimento é salutar.
faço isso desmedidamente, pois vejo em quem pratica esse tipo de procedimento uma debilidade intelectual.
henrique - direto do mafuá