TRÊS NO MESMO BALAIO: ADONIRAN, HENDRIX E CONÇEIÇÃO TAVARES
Nas homenagens que faço aqui mensalmente, dessa vez não a faço somente para uma pessoa e não sigo a ordem cronológica, de num mês homenagear um que FAZ FALTA e no outro um que SOBROU. Misturo tudo, a causa é nobre e três merecem meus elogios e afagos. Vamos por partes, como diria Jack, o Estripador (esse não presto homenagem nenhuma, só cito):
Adoniran Barbosa – Digno representante do samba à moda paulista, do Brás, Bom Retiro, Mooca, Butantã, Jaçanã e Bexiga, esse típico caipira paulistano estaria completando 100 anos neste mês. Quem não cantarola um samba de Adoniran entre nós? Literalmente, todos. Aquele jeitão seu de ser e de estar, hoje está praticamente inviabilizado, para tristeza de todos. No seu lugar, pretensos entendidos de tudo, com um linguajar onde preponderam os termos estrangeiros, em inglês, principalmente, como se isso fosse possuir mais cultura e refino. Refino era o Adoniran, autêntico até a medula. Para minha felicidade, tive o prazer de assistir um show dele e aqui em Bauru. Foi no antigo Diretório Acadêmico da USP, na rua Rio Branco, acho que no mesmo lugar onde permanece até hoje. Não tenho muitas recordações daquele dia, anos 70, mas lembro do homem entrando no salão de terno preto, amarfanhado e fazendo a garotada sentar no chão para vê-lo cantar. Não éramos tantos assim, mas hoje lotam recintos de exposições para reverenciarem gente que amanhã ninguém mais se lembrará nem do nome, quanto mais do que cantavam. A ilustração foi cedida por Fausto Bergocce, outro admirador do mestre Adoniran.
Jimi Hendrix – São exatos 40 anos de sua morte e nada melhor do que aproveitar essa data redonda para reverenciar esse verdadeiro revolucionário da guitarra. Esse músico norte-americano de família pobre soube desenvolver a música mais extraordinária tocada por uma guitarra. Não gosto de falar da tragicidade de sua vida, mas da forma como sabia tocar o instrumento musical. Foi daqueles que conseguiu escapar do vexame no Vietnã, fugindo mesmo e sem traumas, pois queria e lutava por outra coisa, ou seja, fazer da música uma missão, não uma competição. E fez disso sua vida. Foi ele quem encerrou o Festival de Woodstock, em 1969, entoando canções que viraram verdadeiros hinos contra aquela insana Guerra. Hoje, olho para trás e não vejo mais possibilidades na realização de festivais ao estilo daquele, nem do nosso Águas Claras. Por aqui, na terrinha bauruense leio que em novembro ocorrerá no recinto da Expo, o SP Onlive, algo envolvendo games e esportes e o Rock in Rio voltará ao Rio com atrações consideradas abomináveis nas primeiras edições. Retrocesso, nem sei se o nome seria isso. O mundo não é mais o mesmo daqueles anos 60/70 e parte dos 80. Hoje, a música conforta, não transforma mais nada. Olho para trás e vejo como estamos mais pobres, de bolso e de preferências. Jimi faz uma baita de uma falta.
Maria da Conceição Tavares - Essa é, sem sombras de dúvidas, a mais importante economista brasileira no último meio século. Nada de braçada. Completa 80 anos de vida, com a mesma lucidez do passado. Não poupa críticas a quem delas é merecedor. Recentemente fez questão de apregoar que “o estado brasileiro converteu-se em um estado de mal-estar social” e quando da última crise mundial (uma que o Brasil de Lula escapou ileso), fez questão de deixar bem claro de que lado permanece: "Entupiu o sistema circulatório do capitalismo. É preciso agir rápido, antes que ocorra a trombose". É uma espécie de banco de reflexão onde se socorrem muitos dos que opinam hoje em dia sobre economia. Lúcida e à frente de uns tantos, como nosso mais propalado economista bauruense, um que faz questão de continuar afirmando não existir alternativas fora do neoliberalismo. Enquanto ela segue altaneira, sempre inovando e provando estar antenada com os novos ares mundiais, por aqui, uma pena, alguém a remediar o futuro e prestando reverências eternas ao algoz dos avanços do Brasil enquanto nação livre e independente. Uma lucidez corajosa, que até os adversários (os menos subservientes) respeitam e admiram.
OUTRA COISA: Hoje aqui em Bauru a realização da III Parada da Diversidade e lá estarei junto de amigos, parentes, namorada e as mais de 30.000 pessoas esperadas, todas pisando em algo que li colado no chão do Urbano Pub: "Pise no preconceito". Piso fundo e empunho meu cartaz do "Saka i, ó meu!" e uma camiseta contra o preconceito sofrido por Dilma, um dos que combateram corajosamente a Ditadura Militar. Uma festa nas ruas bauruenses. Confira mais detalhes no http://www.baurupeladiversidade.org.br/
entre os que fazem falta podemos incluir Therezinha Cintra.
ResponderExcluirum abraço,
lazaro carneiro
Verdade, seu Lázaro.
ResponderExcluirO trabalho iniciado lá atrás por Theresinha Cintra merece não só um "Os que fazem falta", mas homenagens mil. É como se ainda vesse em plena atuação na primeira administração de Tuga, fazendo e acontecendo e criando, implantando idéias que todos nós tínhamos, colocando em prática. Hoje, muitas delas, infelizmente, desviadas do caminho.
Muito entriste o falecimento da irriquieta Theresinha Cintra.
Henrique - direto do mafuá
Li a homenagem ao Adoniran: ficou bacana meu desenho lá!!!!
ResponderExcluirAbraços do Fausto.