TARSO DE CASTRO – 75 KG DE MÚSCULOS E FÚRIA
Sempre fui um admirador do jornalista Tarso de Castro, gaúcho e brizolista, inigualável com a caneta na mão. Fez história e foi embora cedo, perto dos cinqüenta anos, pelo simples motivo de não querer abandonar a bebida e a boêmia. Alegava que após os 50 ficaria chato e que já havia feito tudo na vida. E fez mesmo. Esse livro, “Tarso de Castro – 75 k de músculos e fúria – A vida de um dos mais polêmicos jornalistas brasileiros”, uma biografia escrita por Tom Cardoso (editora Planeta SP, 2005) é daqueles que não deverei me separar jamais. Não vou reproduzir frases do livro e sim contar uma história vivida pelo Tarso, algo que hoje em dia, poucos teriam a ousadia de repetir. Ele fez coisas desse tipo à vida toda. Hoje, quando os jornalões estão passando dos limites, deixando a verdade factual dos fatos de lado e partindo para o jogo sujo, Tarso, com toda a certeza do mundo, desancaria a todos e estaria ao lado de Dilma, assim como todos os brizolistas de verdade que conheço. Seu último emprego, antes de falecer em 91, foi na Folha SP. Me pergunto: Qual seria sua reação diante do que a Folha produz hoje? Desancaria aquilo tudo sem dó e piedade. Vejam o que ele fez no começo da carreira, depois viria muito mais:
Rio Grande do Sul, começo dos anos 60, Jânio renunciou e Jango, o vice estava na China. Brizola, governador gaúcho, defendia a posse deste, criando a rede da Legalidade. Movimentos conservadores tentavam a todo custo impedir o retorno de Jango como presidente. No Sul, de um lado dom Vicente Scherer, arcebispo da igreja católica e do outro o general Machado Lopes, comandante do III Exército. Ambos estavam mais do que inclinados a apoiar o golpe, ou seja, Jango não assumiria. Tarso tem uma idéia brilhante. Liga para o arcebispo como se fosse o comandante e diz que estaria propenso a conversar e o que achava este de estar a favor da Legalidade e da Paz, afinal a nação estava se mobilizando. Scherer não faria isso, mas diante da iniciativa do chefe do Exército aceita ir conversar com o mesmo. Enquanto pega o carro para ir ao seu encontro, Tarso liga para o comandante e diz ser um representante do arcebispo e que liga para marcar uma ida agora mesmo para falar com ele, pois diante da gravidade da situação, estaria propenso a aceitar a tal da Legalidade e da Paz. O encontro acontece e é noticiado pelo jornal onde Tarso trabalhava, a Última Hora, selando um acordo que só aconteceu por causa da iniciativa do jornalista. O trote havia triunfado muito além do riso e da razão, vencendo a Legalidade e a Paz. Jango finalmente assume dias depois e só é tirado do poder pelo brutal golpe militar de 1964.
Tarso não era nada convencional. Faço questão de deixar registrado isso justamente nesse momento, onde jornalistas atuam sem liberdade, pois os patrões impõem o que deve ou não ser notícia, quem deve ou não ser denunciado, quem deve ou não ser investigado e o que deve ou não sair publicado. A censura hoje é a patronal e a do que defende o dono do órgão. E o jornalista, quando contratado, analisando a linha editorial do lugar onde foi se enfiar, já sabe até onde pode ir e com quem não pode se meter de jeito nenhum. Jornalistas como Tarso não tolerariam isso. Hoje, conto nos dedos os que continuam atuando com a mesma desenvoltura e perspicácia. Faltam Tarsos (quase extintos) hoje e sobram Arnaldos, Leitões, Bernardes, Frias, Marinhos, Augustos Nunes, Bonners, Merdaus, etc e etc. Por sorte a blogosfera nos mantém informados da realidade dos fatos.
ELEIÇÕES 2010 (05) – Notem uma coisa. A candidatura Serra bate pesado em casos de corrupção da Coligação Dilma, como se santos fossem. São, mas do pau oco. Tudo o que criticam no adversário (para eles, inimigo a ser destruído), fazem em pior escala. Pegaram no pé pelo caso do sigilo fiscal na Receita Federal, algo que hoje está comprovado como extorsão de funcionários. Do lado de Serra, caso grave, a sua filha, Verônica, abre o sigilo de 61 milhões de brasileiros numa firma e nada na imprensa. Bicos calados. Serra critica a saída da ministra Erenice e esquece que meses atrás tirou fotos ao lado de Arruda, ex-governador do DF e esse quase foi seu vice. Não suporto ouvir o PSDB reclamando do PT estar aliado ao Sarney e ao Collor, pois estariam juntinhos de ambos, se esses assim o preferissem. Por que a dita “Grande Imprensa” (digo, PIG) faz questão de enfatizar somente um lado da questão. Seria vesga? Não, para mim está mais do que claro, ela pensa e age igualzinho aos tucanos, portanto, são um partido político e assim devem ser entendidos. A maioria da nação percebe isso e dá uma banana para o dito Quarto Poder, afinal, nem sempre o poder econômico vence todas. Nessa, pelo visto, perderão mais uma. Para eles voltarem ao poder, só num Golpe de Estado. Mas isso será possível?
Vejam esse vídeo: Enfim Lula e Dilma chegaram ao limite e expuseram a quantas anda a insensatez da imprensa nativa. No comício em Campinas, no último sábado, 18/09, um divisor de águas e Lula expõe para a nação sua revolta. Em curso, a única forma de deter a vitória de Dilma, o Golpe, como em 64. Barrar isso é tudo o que devemos fazer nos próximos dias. Adoro ver Lula inflamado - cliquem a seguir: http://www.youtube.com/watch?v=3PXsHNv828g&feature=player_embedded
Hoje, 22/09, quarta, em Bauru, MERCADANTE e MARTA SUPLICY por aqui. Encontro com gente da região toda e uma arrancada para levá-lo ao 2º Turno. Comício no Mary Dota à noite foi cancelado, mas confirmadíssima a Caminhada pela Batista, 16h30. Vou estar lá, junto de Roque Ferreira, meu candidato a deputado Federal e Rafael Agostini, de Jaú, a deputado Estadual (falo de ambos aqui nos próximos dias).
Pessoas queridas ao meu coração... tomo a liberdade de compartilhar um dos mais belos textos sobre política e participação transformadora que já li nos penúltimos tempos....
ResponderExcluirPAZ E BEM! SHALON! Onoponoonoponoonopono! Rosa Maria Morcelli by Terra Viva de Luz e Alegria! - Cuiabá
Sobre Política e Jardinagem
Rubem Alves, Psicanalista e professor emérito da Unicamp.
De todas as vocações a política é a mais nobre. Vocação do latim "vocare", quer dizer "chamado". Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por um fazer. No lugar desse fazer o vocacionado quer fazer amor com o mundo. Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.
Política vem de polis, cidade. A cidade era para os gregos um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos moradores da cidade.
Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com cidades; sonhavam com jardins. Quem mora no deserto sonha com oásis. Deus não criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se perguntássemos a um profeta hebreu âo que é política?, ele nos responderia: a arte da jardinagem aplicada as coisas públicas.
O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se a sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim.
Amo minha vocação que é escrever. Literatura é uma vocação bela e fraca. O escritor tem amor, mas não tem poder. Mas o político tem. Um político por vocação é um poeta forte: ele tem o poder de transformar poemas sobre jardins em jardins de verdade.
A vocação política é transformar sonhos em realidade. É uma vocação tão feliz que Platão sugeriu que os políticos não precisam possuir nada: bastar-lhes-ia o grande jardim para todos. Conheci e conheço muitos políticos por vocação. Sua vida foi e continua sendo motivo de esperança.
Vocação é diferente de profissão. Na vocação, a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão, o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O homem movido pela vocação é um amante. Faz amor com a amada pela alegria de fazer amor. O profissional não ama a mulher. Ele ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô.
Todas as vocações podem se transformar em profissões. O jardineiro por vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente o deserto e o sofrimento.
continua...
continuação...
ResponderExcluirAssim é a política. São muitos os políticos profissionais. Posso, então, enunciar minha segunda tese: de todas as profissões, a política é a mais vil. O que explica o desencanto total do povo em relação à política. Guimarães Rosa, questionado por Günter Lorenz se ele se considerava político, respondeu: "Eu jamais poderia ser político com toda essa charlatanice da realidade. Ao contrário dos legítimos políticos, acredito no homem e lhe desejo um futuro. O político pensa apenas em minutos. Sou escritor e penso em eternidades. Eu penso na ressurreição do homem.
Quem pensa em minutos não tem paciência para plantar árvores. Uma árvore leva muitos anos para crescer. É mais lucrativo cortá-las.
Nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. O triste é que muitos que sentem o chamado da política não tem coragem de atendê-lo, por medo da vergonha de ser confundido com gigolô e de ter que viver com gigolôs.
Escrevo para você, jovem, para seduzi-lo a vocação política. Talvez haja um jardineiro adormecido dentro de você. A escuta da vocação é difícil, porque ela é perturbada pela gritaria das escolhas esperadas, normais, medicina, engenharia, computação, direito, ciência. Todas elas são legítimas se for vocação. Mas todas elas são afunilantes: colocá-lo num pequeno canto do jardim, muito distante do lugar onde o destino do jardim é decidido.
Acabamos de celebrar os 500 anos do Descobrimento do Brasil. Os descobridores ao chegar não encontraram um jardim. Encontraram uma selva. Selva não é jardim. Selvas são cruéis e insensíveis, indiferentes ao sofrimento e à morte. Uma selva é uma parte da natureza ainda não tocada pela mão do homem.
Aquela selva poderia ter sido transformada num jardim. Não foi. Os que sobre ela agiram não eram jardineiros, mas lenhadores e madeireiros. Foi assim que a selva, que poderia ter se transformado jardim, para a felicidade de todos, foi sendo transformada em desertos salpicados de luxuriantes jardins privados, onde poucos encontram vida e prazer.
Há descobrimentos de origens. Mais belos são os descobrimentos de destinos. Talvez, então, se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos traçar um novo destino.
Então, em vez de desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores em cuja sombra nunca se assentariam.
Henrique
ResponderExcluirVocê ainda não percebeu que São Paulo é o estado mais conservador da federação.
Também não percebeu que a Dilma tem possibilidade de perder num único estado da federação, São Paulo.
E mais, que tudo o que acontece de retrógrado por aqui, não acontece com a mesma intensidade no restante do país.
Estamos, paulistas, cada vez mais cxom pensamento de elite e de rico, o que é uma merda.
O Brasil caminha para um lado e São Paulo para outro.
Defendo essa tese já faz um tempo.
Tenho ou não razão?
André Ramos
Caro andré
ResponderExcluirseria fácil concordar com você, quanto ao conservadorismo e o dinheiro que circula (e é acumulado) neste estado concordo. no entanto, é com tristeza que mais uma vez na minha vida vou ao meu estado votar (pela primeira vez estarei lá com esta finalidade, sem mais estar lá morando). na cidade maravilhosa, já há alguns anos vemos coisa que nunca poderíamos imaginar. nossa primeira mulher negra no poder se envolveu com diplomas falsos na família, depois o sujeito de campos e sua digníssima primeira dama, agora o protetor dos velhinhos e o almofadinha zona sul... fora o senhor do posto nove acordado com o dem... enfim, pra quem - ainda jovem - vibrava com orgulho do caudilho corajoso, parece no mínimo um pesadelo. ana bia andrade
Video que fiz há pouco sobre o Partido da Imprensa Golpista. Divulguem!
ResponderExcluirCarlos Latuff
http://www.youtube.com/watch?v=KxpP5F7NF5g
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