Mafuá do HPA

BEIRA DE ESTRADA (08)

LEMBRANÇAS DE MENINO NA VOZ DE UM CANTADOR - publicado na Revista do Caminhoneiro, edição nº 271, agosto/setembro 2010 (tiragem de 100 mil exemplares).

Nas viagens que faço por aí, numa delas um show lembrando anos passados, uma nostalgia de tempos vividos, de vida levada no interior. Foi com Zé Geraldo, um que não quer alterar seu modus vivendi, procurando manter o mesmo estilo musical e de tocar a vida de quando o conheci. Bota tempo nisso. Acredito que Zé Geraldo está na estrada desde que me conheço por gente, ou seja, anos 60, começo dos 70. Um cantor que se chacoalhar sai poeira estradeira de sua vestimenta.

Em suas músicas algo sempre lembrando encantamentos sobre estrada, peão, natureza, interior, trabalho e caminhoneiro. Isso mesmo, Zé Geraldo presta contínua e respeitosa reverência ao caminhoneiro. Nesse último trabalho, o “Catadô de Bromélias” (http://www.zegeraldo.com/ ) , curti demais o modo como revê algo lá atrás em sua vida, o deslumbre de um menino interiorano morando na beira de uma estrada e a imaginação fervilhando com as possibilidades existentes na vida dentro de um caminhão, no vai-e-vem que presenciava. Sonhava com aquela vida e assim como muitos compositores, colocou no papel esse amor pela vida estradeira. E fez bonito, de uma forma que além dos meus olhos brilharem, me faz repassar isso para todos daqui.

Foi na música “Last station before NY”, traduzindo "Última estação antes de NY", quando numa alusão a uma provável viagem como caminhoneiro pelas bandas da metrópole Nova York, lhe vem à mente as lembranças de um passado bem brasileiro:
“Eu era menino
e puxava meus carrinhos pelas ruas
e como a maioria dos meninos
brasileiros
acalentava o sonho de um dia
vir a ser caminhoneiro
rodar pelo estado
conhecer meu país
bater asas, ganhar o mundo
eu não sei onde foi que embarquei
só sei que quando acordei deste sonho
estava aqui NY
last station before NY”.

Hoje, Zé Geraldo tenta entender as mudanças deste mundo como se estivesse dentro da boléia de um caminhão, acompanhando de lá suas transformações. O caminhoneiro tem disso mesmo, pois ele não é uma pessoa estática, parada, ele está em movimento, circulando de um lugar para outro e assim sendo, com ampla possibilidade de ver o que acontece aqui, ali e acolá. Um privilegiado, pois assiste tudo de uma espécie de camarote, a cabine do seu instrumento de trabalho. E de vez em quando, quando reunido em família, junto aos seus, com os amigos e outros estradeiros, abre seu coração. Prevê coisas, antecipa fatos, que os estáticos, os que não têm a possibilidade de se movimentar deixam de possuir.

No fim, Zé dá um fechamento que mostra bem como se dá esse negócio de viver de um lado para outro:
“na boléia do meu caminhão
em qualquer lugar
sou um cidadão
às vezes penso em voltar
às vezes penso em ficar
por aqui NY
last station before NY”.

Henrique Perazzi de Aquino, 50 anos, professor de História e contador de h(e)istória.

RAZÕES PARA VOTAR EM DILMA PRESIDENTE (02) -"Dilma continua a política de fortalecimento do patrimônio público. Uma das razões pelas quais o PSDB foge da figura de Fernando Henrique Cardoso como o diabo foge da cruz é a categórica opção, feita pela esmagadora maioria da sociedade brasileira, contra o privatismo, a desregulamentação e a venda do patrimônio público na bacia das almas. Somos um país de centro-esquerda, neste sentido. Nada foi privatizado no governo Lula e empresas como a Petrobras deram um salto gigantesco, de combalida candidata a ser “desmontada osso por osso” à condição de quarta maior empresa do mundo, responsável pela maior capitalização da história da humanidade. É Dilma, não nenhum outro candidato, quem representa a continuação desse fortalecimento", extraído do blog Biscoito Fino e a Massa, do Idelber Avelar.