sábado, 18 de junho de 2011

ALFINETADA (87)

DEMOCRACIA NOSSA DE CADA DIA – texto publicado no semanário O Alfinete, de Pirajuí, edição de 11/06/2011 (a partir dessa data deixo de publicar textos semanais para aquele semanário e sim, quinzenais, participando de uma alternância entre os seus colaboradores).

Democracia é um termo forte demais para um imediato entendimento. O que seria isso na exatidão da palavra? Nós aqui no sertão paulista, olhamos para nossos administradores e nos achamos dentro de uma, mas será isso mesmo? Elegemos representantes e não acompanhamos seu desempenho, não reclamamos nas suas pisadas de bola e pouco os procuramos para induzi-los a caminhos mais voltados para os interesses reais da maioria dos que o elegeram. As verbas públicas chegam e saem, valores altos, com pouca fiscalização. A corrupção grassa nos que criticamos e nos que apoiamos. Seria isso normal?

Quando vejo policiais batendo em jovens nas ruas, como nas Marchas recentemente ocorridas, vejo que algo está muito errado. Discordar de algo não nos dá o direito de agredir o próximo. Existem outros meios de combater o que não acreditamos ser o correto. Bater é a exata expressão de quem não possui recurso, não sabe dialogar e não é democrata.

Procuro ser uma pessoa coerente em tudo o que faço. Não abomino governos de esquerda espalhados mundo afora. Ressalto suas iniciativas de sucesso e critico os deslizes. Como aqui, mas alguns não enxergam nada, só descem a lenha, sem vislumbrar que iniciativas que deram certo por lá poderiam muito bem estar sendo implantadas aqui. O capitalismo já provou ser o mundo do ter, do consumo. Vale mais uma bela aparência do que o fazer de fato. Hospitais funcionam mal, saúde precária, cultura disforme, educação pífia, dinheiro em profusão sendo desviado, desigualdade social enorme entre uma minoria e a maioria. Predomínio do particular sobre o público. O nome disso não pode ser democracia.

Não acredito em nenhum tipo de mudança onde o capital fale mais alto, pois ele é discriminador, favorece uns e deixa a maioria à míngua. Não é normal você sair de uma loja onde um sofá é vendido por R$ 10 mil reais e na esquina ver uma família dormindo debaixo de um viaduto sob andrajos. Quando não enxergamos mais isso, estamos todos doentes. E não pode ser chamado de democracia algo onde predomina isso. E isso ocorre aí em Pirajuí, aqui em Bauru, no estado de São Paulo, no Brasil, na vizinha Argentina, no grandão lá no norte, os EUA e em quase todos os países do planeta. Alguns se salvam, como uma pequena ilha caribenha, mas lá é uma ditadura e dizem precisar ser igualada ao resto do mundo. O resto do mundo que se diz democrata, mas não possui a saúde e educação praticada lá. Mas aqui estamos numa democracia e nas democracias isso pode. Confuso isso, não? O importante é não perdermos a perspectiva da resistência e de poder continuar demonstrando por A + B ainda estarmos em busca da tal democracia.

OBS.: Na foto maior a reprodução do texto publicado no jornal, nas demais algo da festa de inauguração do Espaço Cultural Celina Neves, realizada na noite de ontem, cujo texto publiquei ontem aqui no blog.

3 comentários:

  1. Sr. HENRIQUE:

    Sou leitor do Alfinete e da Gazeta aqui em Pirajuí. São os nossos jornais. Gostava do Alfinete nos tempos antigos, com o formato pequeno. Falava mais da cidade e de nossa gente. Hoje está carola demais, só tem religião, até os brindes que eles distribuem são de coisas evangélicas. Ficou mais chato. Você não acha isso? E só agora fiquei sabendo do porque não te encontro mais toda semana. Eles não escreveram nada sobre o rodízio dos escritores. Piorou. Não saia de lá, viu. O Gazeta é puxa saco de quem paga e toda prefeitura que paga e coloca anúncio no jornal, tem assunto falando bem deles. Falta algo diferente, com isenção, mas como o sr mesmo diz, não existe mais isenção em lugar nenhum.

    Mas que piorou, isso piorou, não é mesmo?

    Rafael - professor de Pirajuí

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  2. Concordo, sr Rafael. Resistir é preciso e é o que faço aqui e acolá. Permaneço até o momento em que ocorrer manifestação de que minha presença não é mais desejada. Do contrário, semana sim, semana não estarei por lá.

    Henrique - direto do mafuá

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  3. O sr tem alguma coisa contra a religião?

    Miguelzinho

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