CENA BAURUENSE (81)
AS MANCHETES DOS JORNAIS E QUATRO SITUAÇÕES DOS QUE VIVEM LONGE DESSAS DISCUSSÕES
Abro os jornais bauruenses nesses dias e colo aqui as manchetes deles:
“Rodrigo privatiza até fiscalização”.
“Prefeito não explica lei para a Panela”.
“Novas regras para cartões vão limitar endividamento”.
“Tempo esquenta de vez na Câmara”.
“AHB vai receber R$ 1,6 milhão, diz Pedro Tobias”.
“Situação pressionará Sakai por nova sede”.
“Cresce pressão por mudança da Câmara”.
“Panela e Estação: oposição x situação”.
“Reunião vai discutir ocupação da Estação”.
“Oliveira pede sigilo em inquérito do caso SEAR”.
“Custo de vida sobe e governo tem culpa nisso”.
“Camargo “libera” viaduto sem receber”.
“Variação de preço é grande e só pesquisa garante economia”.
Diante desse imbróglio todo, muita confusão e pouca solução fui às ruas. Na porta do hospital onde está internada minha mãe reencontro o barbudo Abrahão, um velho conhecido das pessoas a circularem pelo centro da cidade. Vende amendoim nas ruas e ratinhos de esponja. O saquinho de amendoim sai por R$ 1 real e para sobreviver permanece todos os dias, primeiro defronte o Hospital de Base e depois circulando pela cidade, sempre tendo como vestimenta uma camisa do Corinthians. Não quer saber de nada disso e sua maior preocupação no momento é que o preço do amendoim está subindo e seu ganho continua baixo. “Esse negócio aí não dá camisa pra ninguém, deixa eu ganhar meu dia, cara”, me diz.
Debaixo do viaduto da Treze de Maio, na marquise na lateral direita do viaduto, entre o pilar e a pista está um amontoado de coisas. É tudo o que Muller possui, sendo ali sua moradia. Vive circulando por Bauru com um carrinho de reciclados e no final da tarde, ele e a esposa se apertam para escapar do frio, já que está num local aberto e rodeado pelos crakeiros, esses instalados do outro lado da linha do trem. “Voltei da rua agora, já enchi dois carrinhos e fui vender. Deixo o carrinho lá e venho para cá, o único lugar que arrumei sem me perturbarem. Minha vida é isso, do trabalho para cá. Só penso nisso”, diz.
Seu Timura é da linhagem japonesa e vive nas ruas. Circula por uma restrita área. Dorme junto a algum banco na rodoviária, próximo do embarque do Expresso de Prata (canto esquerdo) e de lá circula pela Araújo Leite, Nações e Antonio Alves, voltando para o ponto de origem. Fica boa parte do dia parado debaixo de um ponto de ônibus defronte a rodoviária, sentado olhando para o horizonte. Sua maior preocupação no momento passa bem longe de qualquer dessas coisas que os jornais discutem à exaustão. “Sou velho, a rodoviária será reformada e o lugar onde durmo só poderá ser acessado por quem irá pegar ônibus. Ali terá uma cerca. Se não puder mais entrar lá no coberto, onde irei dormir daqui para frente?”.
A estação da NOB, na praça Machado de Mello sempre foi palco de mendigos. Muitos dormem defronte sua porta central, um lugar coberto e bom para fugir do vento noturno. Ali quase nada de drogas, pois existe no local um posto da Polícia Militar. O que rola ali é bebida, cachaça mesmo. Um vereador, o Amarildo Oliveira (PP) refuga o local, dizendo ser ali reduto de crakeiros. Ledo engano, esses estão mais adiante, nos trilhos debaixo do viaduto JK e mais na frente, perto da outra estação, a da Cia Paulista. Na da NOB, vigilância 24h do dia. O negócio por ali não é droga é sim necessidade de alguns encostarem seu corpo e dormirem à noite, como fazemos todos em nossas casas. Eles estão ali não porque querem, mas por não terem para onde ir. Mas o que fazer com eles? Os que ali dormem nem sabem que aquilo pode vir a ter obras da noite para o dia e se dali saírem, terão um problemão pela frente. “Onde irei dormir amanhã?”, poderia ser a pergunta feita por esses.
AS MANCHETES DOS JORNAIS E QUATRO SITUAÇÕES DOS QUE VIVEM LONGE DESSAS DISCUSSÕES
Abro os jornais bauruenses nesses dias e colo aqui as manchetes deles:
“Rodrigo privatiza até fiscalização”.
“Prefeito não explica lei para a Panela”.
“Novas regras para cartões vão limitar endividamento”.
“Tempo esquenta de vez na Câmara”.
“AHB vai receber R$ 1,6 milhão, diz Pedro Tobias”.
“Situação pressionará Sakai por nova sede”.
“Cresce pressão por mudança da Câmara”.
“Panela e Estação: oposição x situação”.
“Reunião vai discutir ocupação da Estação”.
“Oliveira pede sigilo em inquérito do caso SEAR”.
“Custo de vida sobe e governo tem culpa nisso”.
“Camargo “libera” viaduto sem receber”.
“Variação de preço é grande e só pesquisa garante economia”.
Diante desse imbróglio todo, muita confusão e pouca solução fui às ruas. Na porta do hospital onde está internada minha mãe reencontro o barbudo Abrahão, um velho conhecido das pessoas a circularem pelo centro da cidade. Vende amendoim nas ruas e ratinhos de esponja. O saquinho de amendoim sai por R$ 1 real e para sobreviver permanece todos os dias, primeiro defronte o Hospital de Base e depois circulando pela cidade, sempre tendo como vestimenta uma camisa do Corinthians. Não quer saber de nada disso e sua maior preocupação no momento é que o preço do amendoim está subindo e seu ganho continua baixo. “Esse negócio aí não dá camisa pra ninguém, deixa eu ganhar meu dia, cara”, me diz.
Debaixo do viaduto da Treze de Maio, na marquise na lateral direita do viaduto, entre o pilar e a pista está um amontoado de coisas. É tudo o que Muller possui, sendo ali sua moradia. Vive circulando por Bauru com um carrinho de reciclados e no final da tarde, ele e a esposa se apertam para escapar do frio, já que está num local aberto e rodeado pelos crakeiros, esses instalados do outro lado da linha do trem. “Voltei da rua agora, já enchi dois carrinhos e fui vender. Deixo o carrinho lá e venho para cá, o único lugar que arrumei sem me perturbarem. Minha vida é isso, do trabalho para cá. Só penso nisso”, diz.
Seu Timura é da linhagem japonesa e vive nas ruas. Circula por uma restrita área. Dorme junto a algum banco na rodoviária, próximo do embarque do Expresso de Prata (canto esquerdo) e de lá circula pela Araújo Leite, Nações e Antonio Alves, voltando para o ponto de origem. Fica boa parte do dia parado debaixo de um ponto de ônibus defronte a rodoviária, sentado olhando para o horizonte. Sua maior preocupação no momento passa bem longe de qualquer dessas coisas que os jornais discutem à exaustão. “Sou velho, a rodoviária será reformada e o lugar onde durmo só poderá ser acessado por quem irá pegar ônibus. Ali terá uma cerca. Se não puder mais entrar lá no coberto, onde irei dormir daqui para frente?”.
A estação da NOB, na praça Machado de Mello sempre foi palco de mendigos. Muitos dormem defronte sua porta central, um lugar coberto e bom para fugir do vento noturno. Ali quase nada de drogas, pois existe no local um posto da Polícia Militar. O que rola ali é bebida, cachaça mesmo. Um vereador, o Amarildo Oliveira (PP) refuga o local, dizendo ser ali reduto de crakeiros. Ledo engano, esses estão mais adiante, nos trilhos debaixo do viaduto JK e mais na frente, perto da outra estação, a da Cia Paulista. Na da NOB, vigilância 24h do dia. O negócio por ali não é droga é sim necessidade de alguns encostarem seu corpo e dormirem à noite, como fazemos todos em nossas casas. Eles estão ali não porque querem, mas por não terem para onde ir. Mas o que fazer com eles? Os que ali dormem nem sabem que aquilo pode vir a ter obras da noite para o dia e se dali saírem, terão um problemão pela frente. “Onde irei dormir amanhã?”, poderia ser a pergunta feita por esses.
Henrique infelizmente essa pergunta dos invisiveis nem sequer passa perto dos politicos, a briga é burra e com capital na mesa, depois não entendem pq somos tão chatos com as criticas.
ResponderExcluirMarcos Paulo
Comunismo em Ação
essas são as pessoas que estão ao nosso lado nas ruas e não as vemos.
ResponderExcluirimagina o mundo atual se preocupar com o problema deles.
Dilma parece olhar para isso com o programa lançado ontem de erradicação da pobreza, mas fico triste ao vê-la lançar ao lado de Sarney e do Temer. Esses dois não possuem comprometimento com o social.
um abraço da
Valerinha
o que fazer com eles?paredon!
ResponderExcluirnao os que estão sob as marquises,mas os que levam um ser humano a tao degradante situaçao.
lazaro carneiro