domingo, 26 de junho de 2011

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DO ERNESTO VARELA (51)

ENCOSTADINHA NA PAREDE, AO ESTILO DE ERNESTO VARELA
Ernesto Varela, personagem a empunhar um elétrico microfone (desses a provocar choque), perguntava o que todos queriam saber. Poucos hoje possuem coragem suficiente para fazê-lo dessa forma. Algo raro no Brasil, ainda mais porque, seu idealizador, o jornalista Marcelo Tas, hoje comandando um programa de TV na Band, o “CQC”, assume posições conservadoras e distantes de tudo o que fez no passado. Na Bauru de hoje, as situações a necessitar de um Varela se repetem e também ficamos a chupar o dedo. Cito algumas:

1. O governador Alckmin veio a Bauru inaugurar uma importante obra concluída no seu mandato, justamente no momento em que um secretário de seu governo, o da Saúde estava sendo afastado por estar envolvido até a medula num escândalo de corrupção explícita. Por que ninguém da imprensa bauruense perguntou nada a ele sobre isso? Ninguém teve coragem de lhe dar uma encostadinha na parede...

2. Se amanhã sobem as passagens de ônibus urbano em Bauru e até uma Audiência Pública foi realizada para discutir como os empresários ganham e muito, com uma base de cálculo muito mal explicada, já sendo consenso que o lucro é altíssimo, por que ninguém vai atrás dos tais empresários e lhe dão uma encostadinha na parede?

3. Ano passado o deputado federal Vicentinho PT passou por Bauru na campanha eleitoral e num encontro com sindicalistas, esses lhe questionaram sobre a situação do Hospital Estadual de Bauru, administrado pela Famesp. Perguntaram como fariam para dar continuidade em investigações freadas na ALESP. O deputado foi direto: “Ganhem as eleições e façam diferente”. A eleição em SP foi ganha pelo mesmo PSDB, quase 20 anos no poder e agora a Famesp, que já dirigia o Hospital Estadual, irá também dirigir o Hospital de Base e a Maternidade Santa Isabel. E ninguém vai dar uma encostadinha na parede cobrando transparência na Famesp?

4. Nem bem o prefeito Rodrigo aconselhou seu secretário municipal Ricardo Oliveira a pedir exoneração da SEAR, com a conseqüente saída do PTB de participação no governo, teve início uma fratricida disputa para ocupar esse cargo, movida pelos partidos de sua base partidária. PMDB e PT no comando da disputa. Querem o cargo e suas benesses, só isso. Não li em nenhum lugar algo sobre ser colocado no posto alguém a transformar a SEAR numa verdadeira guarida, amparo e base de sustentação dos movimentos sociais e de fortalecimento das Associações de Moradores, sendo exatamente isso o que precisaria ser feito. E ninguém vai dar uma encostadinha na parede nesses que só querem cargos, no fortalecimento de seus partidos e nada para os avanços sociais?

OBS. DE FINAL DE DOMINGO: Escrevo esse texto ouvindo pelo rádio o triste jogo onde o River, um dos maiores times platinos cai para a Segunda Divisão de Futebol na Argentina. O Corinthians, Palmeiras, Grêmio, Fluminense, Vasco já passaram por isso no Brasil. O torcedor que ama seu clube sofre muito nesses momentos e qualquer um que ama o futebol sente o mesmo. Enquanto ouço a rádio Mitre, de Buenos Aires, relembro minha rápida passagem por São Paulo, capital, ontem, quando eu, Ana Bia e meu pai Heleno cumprimos compromissos familiares. Encontro tempo para três atividades diferentes. Dou uma passada rápida no Memorial da América Latina e encantado fico com a manifestação pró-Cuba na XIX Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba. Depois vou para a praça Dom José Gaspar, junto à reformulada Biblioteca Mário de Andrade e assisto ao final de um show de “Voz e Piano” com nada menos que Angela Ro Ro, um dia antes da Parada Gay por lá. Cantei junto a um emocionado público alguns de seus sucessos. Na noite, fui ver o amigo Lyra comandar seu conjunto de samba, o Mé Maior, numa apresentação no Botequim Santo Antonio. Volto mais cansado do que quando fui, mas ciente de continuar não perdendo as oportunidades que a vida me apresenta.
As fotos das quatro indagações são as 5 primeiras e as demais de minha ida para Sampa.



4 comentários:

  1. HENRIQUE

    Voce tocou num negócio interessante.
    Como a imprensa de Bauru é subserviente.
    Assisti a entrevista que o Duda, da TV Preve fez com o governador Alckmin e me senti envergonhado de tamanha subserviência.
    Ele só fez perguntas para levantar a bola do governador.
    Só fez elogios, alguns desmedidos e fora de propósito, algo de um puxa saco declarado para uma pessoa ocupando um cargo público.
    Papel lamentável, que só desmerece o que deveria ser uma imprensa livre e questionadora.
    Duada demonstrou que age igual ao governador e que tudo o que faz, certo ou errado, merecerá sempre uma puxada de saco de todos de sua Tv.
    Uma TV igual a essa nunca fará as perguntas que voce faz aqui, pois ela defende o lado do poder, o lado da empresa de onibus, o lado do governador, e o povo sempre estará tomando ciência somente de um dos lados da questão, o do poder constituido. Com uma Tv dessas estamos num mato sem cachorro.

    André Ramos

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  2. caro André:

    Também vi a entrevista que o Duda fez com o governador e concordo contigo. Foi tudo isso aí mesmo, sem tirar nem por.

    Quanto ao papel da imprensa hoje e sua subserviência, não digo ser exclusividade de Bauru, pois é fato generalizado. Até um CQC, que inicialmente poderia ter esse enfoque, optou pelo popularesco, mais agradável ao que recomenda os donos dos meios de comunicação. Nem tudo pode ser perguntado hoje, muito menos informado. E quem decide não é o jornalista e sim, o dono do meio de comunicação. Ele o artífice da liberdade de expressão nos dias atuais.

    Um abracito do
    Henrique, direto do mafuá

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  3. Áureos tempos que a SEAR - Secretaria das Adminstrações Regionais tinha um caráter social e pensava no engrandecimento das atividades sociais nos bairros e em fortelacer as Associações de Bairro e não deixá-las atreladas à alinhamentos políticos. Hoje virou uma festa de crescimento individual de quem ocupa o cargo. Com um prefeito realmente voltado para essa questão, como o foi Tuga no seu primeiro mandato, tendo Terezinha Cintra na comando disso, veria com bons olhos a continuidade de algo nesse sentido. Do jeito que está virou cabide de emprego e um meio de se ter todos os líderes de bairro comendo na mão da Prefeitura. Pior que isso só o fim da SEAR, mas do jeito que está também não pode continuar. Me diga, o que o pastor Luiz Barbosa, também do PTB como Ricardo Oliveira faria assumindo essa pasta? O que entende disso? Seu negócio é bem outro.

    Washington

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  4. amigos novos e antigos:

    continuarei a permitir sempre por aqui os comentários anônimos, mas não tenho como deixar exposto algo ofensivo, sem sentido, com duplo senito, maldades e bisbilhotices malevolentes. Acabo de deletar algo assim, pois não acrescenta nada na discussão que fazemos por aqui.

    Henrique - direto do mafuá

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