sábado, 23 de julho de 2011

MEUS TEXTOS NO BOM DIA (135) e CARTA (67)

ESTAMOS BEM DE ESTUDANTES – publicado diário bauruense BOM DIA, 23/07/2011
Dia desses pego um folheto no chão e nele algo contundente sobre o movimento estudantil brasileiro. Era sobre uma festa, a “Fantlética” e nele embutido a minha preocupação. Não suporto ver o nome de uma organização estudantil como a que reúne os estudantes universitários da Unesp com um nome de “Atlética”, pois isso me lembra esporte, festa, balada, reuniões em torno de álcool e sem nenhum caráter reivindicatório. Fui da época do Ciente e por lá havia muita festa, mas o couro comia. No geral, os estudantes brasileiros mudaram o foco de sua atuação e hoje se reúnem por motivos outros, que os da luta pelas velhas causas. Tá todo mundo querendo rosetar, mais nada. No vizinho Chile, o pau come solto nas ruas, mobilizado por estudantes numa espécie de vigília contra abusivas atitudes governamentais. Nas paredes e muros inscrições políticas e não somente grifos sem sentido. Desde cedo jovens aprendem que o buraco é bem mais embaixo. Seria outra mentalidade? Não sei, mas o que vejo aqui é o oposto disso. Secundaristas por aqui se reúnem nos corredores de um shopping e o que fazem é um desfile de sua dita rebeldia, nada contestatória, pois parece mais se exibirem, querem provocar escárnio a tentarem modificar algo. Lutar por direitos, longe disso. Tudo é consumo. No meio estudantil, semestre passado, fora a Marcha da Liberdade, o que mais tivemos mesmo? Por mais que me esforce, não sei. Na ITE, o Diretório Acadêmico 9 de Julho, o famoso do curso de Direito, está de portas cerradas e o motivo parece ser a falta de repasse de verbas para que o mesmo funcione, como se necessário fosse o recebimento de grana para que a máquina da consciência de classe engrene e desengripe. Tudo virou uma grande balada. Nas repúblicas só festas, muita zoeira, mas nada de luta. Tudo bem que os tempos são outros, mas escancaram demais estar tudo muito voltado para uma entrada tranqüila de todos no mundo do capital. Talvez seja isso mesmo o que a maioria queira e eu, velho sonhador, sofra por continuar acreditando que nem tudo esteja perdido. E pensar que estudantes, se quisessem, poderiam mudar o mundo.

CARTA PARA EDIÇÃO SEMANAL ‘CARTA CAPITAL’ 656, NAS BANCAS HOJE:
“Como é gostoso ler as entrevistas de CARTA CAPITAL. Uma mais saborosa que a outra e não encontradas, nem possíveis em nenhum outro órgão semanal da imprensa nativa. A de Juca Kfouri, "O calo de Ricardo Teixeira", edição 655 um libelo contra os desmandos de quem apregoa ser tudo possível. Escrever hoje em dia e contra esses "dragões da maldade" é o mesmo que dar murro em ponta de faca, loucura e insanidade, tal as possibilidades de perder a vida antes do tempo ou de falir, devido a processos repetidos, injustos e abertos com um único intuito, o de calar a boca dos que ainda conseguem levantar a voz contra as impunidades e bestialidades desses sombrios tempos. Eu, um escrevinhador aqui no interior paulista, sofro o meu primeiro processo e mesmo aconselhado a me calar, compor, preferi seguir adiante, batendo na mesa e pretendo, mesmo sabendo ser algo quase impossível, fazer das audiências um local onde se possa discutir ética no trato com o semelhante, a coisa pública e todo e qualquer relacionamento profissional. Carta Capital poderia muito bem estampar numa de suas próximas capas algo sobre isso: quantomais injustiças e negociatas feitas, mais calados somos obrigados a permanecer e quando abrimos a boca, um pedido de reparação. E quem irá reparar o que estão fazendo a todos nós, a uma geração influenciada por tudo que fazem?”, essa de minha lavra e risco.



Obs.: Essa minha carta eu a escrevi movido por uma entrevista do Juca Kfouri sobre os desmandos de Ricardo Teixeira, presidente da CBF. Ela é facilmente encontrada na internet e nessa edição Mino Carta sacramenta o que escrevi quando no editorial dá a réplica: “No começo da semana liguei para Juca Kfouri, o jornalista mais processado por Ricardo Teixeira, queria cumprimentá-lo pela substanciosa entrevista que CC publicou na edição passada. Falou-me de um sonho dele, a atrair alguma esperança: ah, se a presidenta se desse conta dos risco que todos corremos. Não se trata de espremer as meninges para concluir que com Teixeira estamos nas piores mãos, como se não bastasse Joseph Blatter”.

3 comentários:

  1. Regredimos, meu caro Henrique.
    Estadantes never.
    Futebol never.

    Sandrika

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  2. Jornalistas com a coragem de Juca e de Mino são coisas raras hoje em dia.

    Fale desse seu processo. Sobre o que foi isso?

    Paulo Lima

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  3. Henrique

    E por que Dilma não toma uma providência, como o fez com o pessoal do PR lá no Ministério dos Transportes e muda tudo? É impossível lermos tudo o que temos lido, tomar conhecimento de tanta coisa errada e ninguém toma uma providência. Dilma tem medo de que? Voce não acha que o país apoiaria essa iniciativa de romper com as falcatruas da Fifa e da CBF? E por que ela não rompe? Tem medo de que? Seria algo já pensando na reeleição? Não entendo.

    Daniel Carbone

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