RETRATOS DE BAURU (107)
WANDER, UM BOTEQUEIRO INDIGESTO E VALENTE
Wander Custódio Florêncio é a cara da periferia bauruense, uma cara sofrida, de resistência e luta. Esse meninão aprendeu que as coisas nessa vida não se resolvem na maciota, mas na porrada e fez disso seu caminhar. Tudo em sua vida foi feito com “sangue, suor e lágrimas” e hoje, aos 30 anos, publica no seu blog pessoal, o BOTECO DO VALENTE, um manifesto a fazer história. Morador do Núcleo IX de Julho, família de baixa renda, trabalhando como autônomo, conseguiu ingressar no curso de Administração, na Faculdade Anhanguera e diz fazer parte do “Partido da Cara Feia”. Refinou o discurso e hoje segue um lema do MV Bill, quando reproduz algo sobre a perda da consciência de luta pelo povo: “só é forte quando é nóis contra nóis/ na frente do opressor baixa a cabeça e perde a voz”. Atento a tudo à sua volta, diz olhar algumas coisas só para ver onde isso tudo irá dar, pois “a piada é a mesma, só mudando quem a conta”, após acompanhar uma interminável reunião do Orçamento Participativo de Bauru. Algo a perturbá-lo é a eterna divisão das ditas esquerdas: “Enquanto vocês brigam, eles gostam, já mostrava um desenho do Latuff (clique na charge ao lado e ela aumenta em sua tela). As esquerdas estão mais preocupadas com quantos cargos de confiança irão pegar dos que nas reformas propriamente ditas. Viraram a Geni, dão para qualquer um”. Sua luta mal começou e para confirmar diz: “Se nem Jesus Cristo agradou, não serei eu que irei agradar. Dou os parabéns, mas se preciso for puxo também a orelha. Não podemos ter meio termo, ou é ou não é”. E assim segue sua vida, cada vez mais ácido e indigesto, mas ciente de ter feito a escolha acertada para tocar a sua. Seus ícones, me foram passados numa lista e aqui estão: Lampião, Engels, Karl Marx, Lenin, Trotsky, Wilhelm Reich, José Martí, Lênin, Bezerra da Silva, Face da Morte, Sérgio Vaz, Che Guevara, MV Bill, Thaíde e DJ Hum, Trilha Sonora do Gueto, Agostinho Neto, Henfil, Victor Jara, Gog, Facção Central, Chico Buarque, Racionais MCs, Silvio Rodríguez, Frei Betto, Leonardo Boff, Zumbi, Toussaint L’Ouverture, Simón Bolívar, José Martí Perez, Emiliano Zapata, Augusto César Sandino, Camilo Torres, Otto René, Paulo Freire, Jorge Aragão, Almir Guineto, Victor Jara, Zeca Pagodinho, Bezerra da Silva, Gonzaguinha, Chico Mendes, Raul Seixas, Leci Brandão, etc.
Saiba mais do valente Wander, o do boteco do IX de Julho clicando no:
1. Geni, o Zepelim, as Esquerdas e Movimentos Sociais de Bauru e a Bosta Que Se Avizinha http://botecodovalente.blogspot.com/2011/08/geni-o-zepelim-os-movimentos-sociais-de.html
2. Esquerda Bauruense: Luta ou Bagunça? http://botecodovalente.blogspot.com/2010/06/esquerda-bauruense-luta-ou-bagunca.html
3. Manifesto do Boteco do Valente: http://botecodovalente.blogspot.com/2011/08/manifesto-do-boteco-do-valente.html
O Wander já foi mais confuso, mas acredito tenha se encontrado e sua luta é a nossa luta, a dos que acreditam que algo de novo ainda é possível. A maioria dos seus ídolos são os de todos que lutam a boa luta. O que ele sente todos nós sentimos, cada vez mais sózinhos e sem apoio, com costas viradas a toda hora. Basta de posicionar contra algum barão que o mundo desaba e a maioria lhe olha com olhos desconfiados. Ele deve sentir muito disso. O importante é não desistir nunca.
ResponderExcluirVera professora
Honrado, Dona Vera, o que precisa é que se diz lutador do povo tomar vergonha na cara e parar de conchavos e panelinhas, porque isso não leva a nada!
ResponderExcluirHenrique
ResponderExcluirO Wander é um corajoso que pega o microfone nos eventos por aí e tasca o pau sem dó e piedade. Gente assim está em falta. O que ele não faria diante desses vereadores que querem alterar a Lei do cerrado só para facilitar a vida de gente de muito dinheiro que quer morar em condomínios fechados naquelas áreas, tendo verde em volta? Precisamos de gente assim, que não tenha medo de enfrentar cara feia, mas são cada vez mais raros hoje em dia. Li o manifesto e achei porreta, bem escrito, fundamentado e uma cacetada naqueles que se encontram paradões no tempo e no espaço.
ANDRÉ RAMOS, um que já teve mais coragem
Dá-lhe Valente, menino sem medo de cara feia e prontinho para a luta, armada ou a feita na ponta da caneta.
ResponderExcluirDaniel Carbone