CENA BAURUENSE (88)
DOIS ATORES, UM DAQUI E OUTRO DE FORA, DUAS PERFORMANCES
Sexta é um bom dia para elucubrações e é o que faço nesse momento, em dois escritos, parágrafos diferentes, envolvendo duas pessoas relacionadas com a arte de representar. Um daqui e outro nacionalmente conhecido.
Cena 1: Roberto Malini está completando 45 anos de vida por esses dias e 30 de carreira, isso mesmo, começou atuar em teatro aos 15 e dá murro em ponta de faca desde aquela data. Escolheu um segmento, o do Teatro de Horror e nele se especializou. Fez tudo se espelhando em José Mojica Marins, o popular Zé do Caixão, que acabou virando seu mentor e amigo. Fez e aconteceu aqui por Bauru, ministrou aulas, formou atores, mas não ganhou muito com isso, além de certo reconhecimento. Bateu as asas para Sampa e lá tenta a guinada. Vez ou outra volta para a terrinha, como dessa vez, quando na comemoração das datas redondas e dos Dia das Bruxas. Quer aprontar novamente em cima do único filme que produziu e atuou, o “Asfixia”, um curta metragem de terror. No próximo domingo, 30/10 estará promovendo uma performance, a “Funeral Fúnebre”, uma espécie de cortejo a percorrer Bauru. Ele, como sempre, dentro de caixão de defunto, percorrerá a partir das 15h, avenida Nações Norte, quadra 2 (quase cruzamento com rua Floresta), sempre com paradas de 20 minutos para o velório e depois paradas na praça Rui Barbosa, praça Machado de Mello, praça Portugal, praça da Paz, finalizando tudo no Anfiteatro Vitória Régia, quando talvez o próprio Zé do Caixão esteja a sua espera. Noite caindo, será projetado novamente o “Asfixia” (30 minutos) e depois a venda de DVDs com o filme, por um preço mais do que promocional. Vai ter carro fúnebre, cortejo de carros, gente caracterizada pelas ruas e algum choro, pois velório sem choro não é digno de nota nem consideração. Esse é o Malini, um batalhador, sempre empunhando sua lança contra moinhos e adversidades, mas na lida, sem vergonha de continuar tentando e insistindo, pois faz o que gosta, ao lado de gente que gosta e o entende. Convidar alguém para um velório é algo meio tétrico, mas o CONVITE está feito e quem ficar até o fim pode até presenciar uma espécie de ressurreição do personagem e bater um papo com o ator.
Cena 2: O que virou uma praga nesse país é o tal do STAND-UP no teatro, onde qualquer um (mas qualquer um mesmo) tenta levantar dinheiro fácil com um texto solo num palco qualquer país afora. Muita merda está em curso. Esse garotos do CQC, alguns atores de Malhação, humoristas de quinta categoria e até esportistas, tudo na onda. Para os produtores teatrais é ótimo isso, pois tudo envolve a vinda de uma só pessoa e ninguém mais quer bancar produções grandes. Virou febre. No começo do ano falava com isso com o ilustrador e ativista político Latuff, quando passou por Bauru e lhe disse: “Vamos montar o seu Stand-Up de Esquerda?”. O cara ficou tocado, mas ficamos nisso. Nesse final de semana quem passa por Bauru é Jorge Kajuru, que comenta futebol na TV e quer contar piadas no palco. Esse mais um. Dito isso, escrevinho sobre outra pessoa, o ator CLÁUDIO CUNHA, velho de guerra e tendo incorporado o personagem “O Analista de Bagé”, passando por aqui ano após ano, sempre com uma gostosona ao seu lado e poucas alterações no texto, só no visual da bunda, renovada a cada ano. Atraiu sempre muita gente. Vi uma vez e bastou, mas inovou e está fazendo algo mais do meu agrado, vindo sózinho e tendo o palco todo só para si. O texto da peça é bom, do Luís Fernando Veríssimo e na verve do Cunha, algo bom, além dos 30 anos mambembeando país afora. E digo porque não o critico. Esse cara é um baita de um ator. Eu, com meus 51 anos já o vi em inúmeras pornochanchadas nos meus tempos de rapaz, ótimo no cinema e também na TV. Não é vazio, sem conteúdo e se quiser, pode apresentar um raro momento de humor original e genuíno. O stand-up tem salvação. Será terça, 01/11, 21h, Teatro Municipal de Bauru.
ALGO MAIS: Hoje, sexta, 28/10, meu amigo Vinagre está à frente do 8º “Dia Internacional da Animação”, uma mostra de curtas nacionais e internacionais, acontecendo em centenas de cidades do Brasil e 30 países. Entrada gratuita, no SESC em vários horários e tendo como patrocinador o Cine Clube Aldire Pereira Guedes e com 60 botons de brinde para os participantes. Veja mais no: http://www.diadaanimacao.com.br/ E por fim, o terceiro vídeo do Tributo ao Manito:
Henrique,
ResponderExcluirTudo bem, entendo seu argumento no caso Cláudio Cunha, mas o que acha de outro, o Tubinho, que também passa por Bauru esses dias.
Aurora
minha cara Aurora:
ResponderExcluirVejo tanto no Cláudio Cunha como no do Tubinho algo a diferenciá-los de uma imensidão de pastranices que vejo rodando por aí. Adoro, e não nego, o Teatro de Revista, que durante décadas enfeiticou essa cidade onde estou nesse momento, o Rio de Janeiro. Lembro de um nome, Gugu Olimecha, que produzia textos hilários, todos com a temática social e tendo conteúdo sexual, sem baixaria. Um humor delicioso. Esses dois me parecem serem frutos desse estilo. Mais ainda, Tubinho foi artista circense e isso o valoriza mais ainda. Eu cresci vendo circos sendo montados defronte minha casa e um dos espetáculos que mais gostava eram os de circo-teatro, quando o circo emprestava dos vizinhos os móveis para montar os cenários. Vi isso muito em minha infância e depois, infelizmente, acabou. Tubinho fez isso no palco do circo e continua levando o formato para o teatro. Essa peça que vi anunciada aí, o "O homem da pistola torta", sinceramente, me deu vontade de assistir, mas como viajei, tive que declinar. Gosto de Tubinho, mesmo tendo assistido somente uma de suas peças. Gostaria de ver outras para avaliar melhor.
Penso assim...
Henrique - direto do mafuá