Mafuá do HPA

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (55) e CARTA (73)

PROPOSTA DA “FUNDAÇÃO DE SAÚDE DE BAURU” É NA VERDADE UMA “AFUNDAÇÃO”
Segunda, 10/10, por volta das 17h, o vereador Marcelo Borges PSDB sobe na tribuna da Câmara de Vereadores de Bauru e diz que a proposta apresentada para uma futura Fundação de Saúde em Bauru é a “modernidade”. Ouço aquilo ainda na poltrona de casa, olho para bem para o que representará essa “modernidade” para a cidade e decido ir para a Câmara. Munido de uma caneta pilot azul, folhas de sulfite e um chapéu de carnaval, onde improvisei a frase “TODA AFUNDAÇÃO É BURRA”, corro para me juntar aos manifestantes instalados na galeria do local. Chego no término dos pronunciamentos dos vereadores, os dez minutos regimentais e em tempo de presenciar o início da votação dos Projetos de Lei. Muitos conhecidos, várias entidades e alguns mais exaltados, cartazes em punho e postados nos fundos das cadeiras, acabo por me juntar a esses corajosos bauruenses, dispostos a demonstrar à população da cidade dos motivos dessa Fundação não ser nada boa para a Saúde. Apresentada pelo secretário de Saúde municipal, o médico Fernando Monti e referendada pelo prefeito Rodrigo Agostinho, ela divide estranhamente a Câmara. Os que eram opositores até então estão ao lado de parte da situação e alguns que eram situação são agora oposição. Mas o que seria na verdade essa Proposta, feita a toque de caixa, algo que nem os próprios vereadores sabem explicar direito o que venha a ser, mas insuflados em forma de vapt-vupt por Marcelo, estão dispostos a votá-la já. Inconformismo de uns, falta de explicação geral e pressa absoluta de outros.

As perguntas sem resposta que deverão merecer respostas são essas:
1- Vindo do vereador Marcelo Borges, da forma como está sendo incentivada (ou insuflada), não teria o intuito de cravar no prefeito a pecha de privatista, algo apregoado por ele (nos tempos de campanha) ser totalmente contra? Na campanha eleitoral essa, com certeza, seria o mote principal de uma combalida oposição para tentar lhe reverter votos desfavoráveis (dizem Rodrigo ganharia fácil no 1º turno). Por que Rodrigo não enxerga isso? Estaria pressionado a aceitar a tal Fundação ou compra mesmo essa esdrúxula idéia?
2- Quem administraria essa Fundação? A grosso modo parece que seriam os Secretários de Saúde de vários municípios. Outro perigo. Explico. O PSDB estava até o pescoço comprometido com a administração da Associação Hospitalar de Bauru, em algo que a Justiça está apurando, mas já tem como certo uma fraude milionária a lesar Bauru. Os secretários das cidades vizinhas possuem vinculação com o PSDB e o deputado Pedro Tobias e assim sendo, após o que ocorreu em Bauru, não seria recomendável nesse momento repassar algo para ser administrado novamente por gente ligado a quem ainda está sob investigação. Prudência não faria mal nenhum. Que acham?
3- Percebam algo. Quando Marcelo diz que a proposta da Fundação não é do PSDB não mente totalmente. Sim, ela é do PT, surgida inicialmente em São Bernardo do Campo exatamente para combater o tipo de administração hospitalar existente, por exemplo, nos vários Hospitais Estaduais administrados pelo PSDB e onde a vigilância é pequena e os repasses estaduais de verbas sempre muito altos. Buscava-se uma nova forma e a idéia é de que não fosse privatizante. Terceirizava, mas não privatizava. Na forma apresentada aqui em Bauru, sem nada muito claro, tudo já está desvirtuado e a forma adotada é muito parecida com a que o Governo Estadual repassa verbas para os Hospitais Estaduais. Entender isso é essencial antes de uma aprovação.
4- Outra coisa, uma espécie de faca no coração do SUS – Sistema Único de Saúde é que toda verba virá dele, portanto do Governo Federal. O pior de tudo será o esvaziamento do SUS e o que está nascendo possui uma legislação muito diferente, vão fazer Concurso Público, mas a estabalidade não vai existir e os trabalhadores estarão mais desprotegidos. Pipocando Fundações nesse estilo, se estaria renegando o SUS e na verdade, na sua essência, ele é maravilhoso, pois cobre todos os procedimentos médicos possíveis, as cirurgias mais complicadas, inclusive as mais caras, essas que os Planos de Saúde Particulares renegam. Por que desprezar isso? Tem algo no ar, algo estranho, onde se receberá altas verbas federais, para algo administrado sem uma formatação clara de acompanhamento. Não dá para trocar o certo pelo duvidoso? Perigo à vista.

Por tudo isso, o monstrengo nascendo não pode ter outro nome, que não o de AFUNDAÇÃO, pois, sem as respostas para esses primeiros questionamentos, afundará definitivamente a Saúde, ao invés de resolvê-la definitivamente. Muito cuidado nessa hora. Se faz necessário a criação de um DOCUMENTO, muito bem redigido, direcionado a cada vereador, principalmente aos que possuem liberdade para decidir o melhor para Bauru, mostrando que isso não pode ser decididamente feito de uma hora para outra. Essa a proposta: um Grupo de Trabalho imediato, para já na quinta sentar e redigir isso, entregando-o a cada vereador e depois sendo levando a população. Sim, uma pressão nesse momento se faz necessário. Aceitar o que está vindo, sendo enfiado goela abaixo será um crime e favorecerá o esbanjamento de dinheiro público. Basta disso.

Ainda da Câmara, algo mais a demontrar como são as ações do principal articulador pela imediata aprovação da proposta, Marcelo Borges. A sessão toda foi uma queda de braços e ao final, quando percebeu que somente dois vereadores encabeçavam e tentavam a todo custo impedir a votação, fez das suas. No fim da sessão, ainda no calor do momento, escrevi um texto para os jornais locais e o Jornal da Cidade o publica na edição de ontem, 11/10, na Tribuna do Leitor e hoje, o Bom Dia, na A voz do Leitor, com o título PRIVATIZAÇÃO ADIADA: “Os vereadores favoráveis à privatização da Saúde em Bauru amargaram ontem uma pequena derrota. Marcelo Borges havia esbravejado momentos depois do pedido de Vista feito pelos oponentes e disse textualmente que isso ‘era uma inaceitável quebra do regimento Interno’. O presidente interrompe a sessão e depois de mais de uma hora, após reuniões onde até um inaceitável dedo na cara de um vereador para outro ocorreu, o PSDB em bloco, percebendo que teriam que engolir a Vista proposta pelo lado oposto, vêem através do líder da bancada e pedem eles a Vista, aceita por aclamação. Queriam sair como vitoriosos, pois não podendo impedir a Vista do lado contrário, uma vez que esse seria um precedente a tornar sem efeito votações anteriores. Tiveram que engolir o adiamento da votação e agora contarão com uma organização popular no próximo sábado, 10h, esquina da Batista com Treze maio. Teremos tempo para mostrar que Rodrigo está sendo obrigado a aceitar a privatização, dando carta branca para dinheiro na Saúde sem nenhuma fiscalização. Ganhamos tempo e a batalha final foi somente adiada”. E esse dedo na cara, ninguém o irá explicar?

No fim da mesma sessão, ao ver definitivamente adiada a votação, grito que “tudo ocorreu por nossa causa” (o adiamento e devido a manifestação da galeria). Hilário foi observar a fisionomia de Marcelo Borges, seu riso irônico, como se nada entendêssemos do que de fato havia ocorrido. Todos entendemos, mas Marcelo precisa entender um algo mais, que tudo o que faz deve merecer explicações e dou toda razão para algo ouvido lá: “Por que Marcelo insiste tanto nessa aprovação tão rápida? Qual o interesse na pressa e sem maiores explicações? E se ele age assim, algo me diz que isso precisa mesmo ser melhor escarafunchado. Tem algo não entendível nessa pressa”. Tomara tenhamos tempo de provocar uma reviravolta e reverter o quadro. Temos exatos seis dias para minar o mal maior. Estarei totalmente envolvido nisso nos próximos dias. Essa cidade merece explicações e mesmo que alguns vereadores continuem seguindo a barca errada, ninguém não poderá alegar não ter tido informações esclarecedoras sobre o tema. Faremos isso, eu daqui, um garoto cursando o Ensino Médio na ETEC Rodrigues de Abreu, o Tales Freitas, com seu bonito blog, o Protesto Jovem (http://www.protestojovem.com.br/ ) e tantos outros. Repassem essa idéia para os conhecidos, Bauru precisa sim de uma Saúde de qualidade, mas algo confiável, responsável e claro, sem meias verdades, sem falsidades, sem letrinhas miúdas escondidas. Queremos construir algo duradouro, baseado em preceitos onde todos possam confiar, acreditar, botar fé e esperança. Lutamos por isso e ninguém conseguirá me provar a não existência de algo muito estranho na proposta dessa tal de AFUNDAÇÃO.
Obs.: Todas as fotos foram tiradas por mim e percebam que não citei o nome de nenhum dos participantes no texto. Preferi assim, anônimos sem identificação, porém, todos identificados com a busca da melhor forma possível de utilização do dinheiro público.