RETRATOS DE BAURU (111)
ARCÔNCIO, UM COMUNISTA COMO NOS VELHOS TEMPOS
A saraivada contra o comunismo é a pauta da semana, tudo fruto da ação de maus militantes (sic). Se os de hoje deixaram de ser e desonram a sigla, uns poucos resistem, com o mesmo ideal de antanho. Sobreviventes de uma geração onde ser comunista representava a esquerda do século passado e uma vida de retidão. ARCÔNCIO PEREIRA DA SILVA, 96 anos completados no último dia 16 de setembro é um desses bravos a dignificar um passado que não deve (e nem pode) ser esquecido. Sofreu o “pão que o diabo amassou” por causa da defesa da ideologia que tornava seus membros diferentes, voltados para as questões populares, alvo da ação implacável do lado contrário. Esse ferroviário e militante marxista nasceu em 1915, em Viçosa AL e assim como muitos veio cedo para o “Sul Maravilha”. Das andanças aportou em Bauru para trabalhar na Cia Paulista e logo a seguir começou a militar no “partidão” (por volta de 1940). A escolha lhe endureceu a vida e a caminhada. Enfrentou tudo a fórceps, sem arredar pé de suas convicções. Preso várias vezes, demitido outras tantas, fez bicos para sobreviver e só há pouco tempo foi devidamente anistiado. A comunicação seu advogado já lhe deu, mas a grana ainda não chegou e ele aguarda esse dia ansioso, pois sonha com a casa própria. Hoje mora com a esposa Zuleica, numa casinha alugada na Nova Bauru, ao lado da vila São Paulo, depois de quase dois anos residindo em São José do Rio Preto, recuperado de problemas de saúde que quase lhe tirou a audição. Se perguntarem para esse retinto senhor, sócio nº 1 da Associação dos Aposentados de Bauru se o comunismo morreu, ele com certeza apontará todos os males causados pelo capitalismo e lhe mostrará a solução: “Assim como eu, muito vivo”. Arcôncio é aroeira pura, um a dignificar a causa de uma luta, uma que não abandonará enquanto viver. Reclamar mesmo só do isolamento e da falta dos amigos para conversas. Seu telefone para aqueles dispostos a ouvirem belas reflexões sobre quase um centenário de história é (14) 3203.6410.
Obs: Enquanto o ministro dos Esportes Orlando Silva (PC do B) se explica em Brasília, leio algo mais sobre a ideologia a pregar o aniquilamento da exploração do homem pelo homem. Na revista "Mundo Estranho" (edição 116), na matéria "Conspirações Animadas", uma página inteira com: “Os Smurfs pregavam o comunismo?” (cliquem nelas para ampliação). Algo para reflexão. Ela muito bem ilustra o mundo buscado pelo velho revolucionário de Bauru, ainda querendo transformar tudo isso em algo mais palatável e sonhando com o dia que lhe conseguirá receber o que lhe devem e terá sua casa própria (continua aguardando). Esperar cansa... Nesse momento, mais escárnio do que com a revista "Veja", cujos procedimentos todos já conhecemos, possuo com os que possibilitam uma reportagem como essa, devido a procedimentos nem um pouco inerentes à causa que dizem lutar e e defender.
Henrique vc viu essa entrevista da filha do Mauricio Grabois?? Acho que ajuda bem as pessoas entenderem um pouco o que aconteceu e acontece.
ResponderExcluir"O PCdoB desapareceu nas selvas do Araguaia"
Diante das denúncias de corrupção vinculadas ao PCdoB, Victória Grabois constata que as convicções políticas defendidas por sua família acabaram esquecidas. Na Guerrilha do Araguaia, ela perdeu o pai, Maurício Grabois, o irmão, André Grabois, e o marido, Gilberto Olímpio, ex-combatentes que ainda hoje são considerados desaparecidos.
A senhora assistiu ao programa do PCdoB?
Assisti e fiquei indignada. Não posso admitir que usem a imagem do meu pai, um grande comunista, que deu a vida a esse partido por suas convicções políticas e ideológicas. Ele foi perseguido, cassado, e desapareceu com seus companheiros. Os fatos que hoje atingem o partido são lamentáveis e não podem estar vinculados a esses valorosos dirigentes. Se meu pai estivesse vivo, ficaria envergonhado com o que virou o PCdoB.
A senhora se refere ao noticiário envolvendo o Ministério do Esporte?
Sim. São estarrecedoras as notícias divulgadas pela imprensa sobre o envolvimento do PCdoB em escândalos de corrupção. Sinto-me mal com isso tudo. Antigamente não era assim. Afirmo sem medo de errar: o PCdoB desapareceu nas selvas do Araguaia.
Além de citar Maurício Grabois, o partido usou também imagens de outros comunistas ilustres, como Prestes, Olga Benário, Jorge Amado, Oscar Niemeyer...
O partido está usando a história das pessoas, que atuaram de forma digna, para responder a acusações de corrupção. Nessa hora, lembram desses nomes. Mas só posso falar pelo meu pai.
Como vivia um dirigente do PCdoB naquela época?
Minha família tinha uma vida espartana. Morava num apartamento de quarto e sala em Niterói. Tudo o que meu pai ganhava, inclusive como deputado constituinte (em 1945), era destinado ao partido. Não ficávamos com um tostão.
A senhora já foi filiada ao PCdoB?
Fui, até cinco anos depois que voltei da clandestinidade, em 1980. Depois saí, não aguentei mais. Li que o partido tem mais de cem mil filiados. Hoje aceitam qualquer um. No passado, a pessoa precisava ter vínculo ideológico para conseguir a filiação.
Camarada Insurgente Marcos Paulo -
Movimento Comunismo em Ação - A RETOMADA
Henrique
ResponderExcluirReviver algo de pessoas iguais a Arcôncio é muito bom. Quando comparamos nossa militância, como levamos nossas vidas ao dizermos ser de esquerda, algo não bate e na vida desse senhor, 96 anos, vejo tudo isso, ética, postura séria, conduta ideológica, etc. Cadê isso nos comunistas de hoje. Estão todos não mais comendo criancinha, como li outro dia, mas negociando criancinhas. Que comunismo é esse?
Avisem esses comunistas que o problema não é a Veja e sim, eles. Não dá para concordar com um comunista sentando na mesa de negociação com um Ricardo Teixeira e trocando abraços, risos e apertos de mão. Ou o mundo mudou tudo e não entendo mais o que venha a ser comunismo ou esses que aí estão não valem nada.
Viva gente da estirpe desse Arcônio. Que pena ter já 96 anos. Estamos em falta de gente assim.
Carlos Pereira
Caro Henrique - grato pela mensagem sobre o sr Arcôncio. Tive o privilégio de conhece-lo em minha meninice-juventude quando ele morava na rua Albuquerque Lins, quadra dois. Conheci sua primeira companheira, Dna Araci e as três filhas. Naquele tempo os comunistas se reuniam e à noite "pichavam", com piche mesmo.Houve uma frase que ficou por muito tempo no muro do Açougue da Pecuária (Rua Campos Sales, quadra 03), perto do Arnazem do Armando Polido, na esquina da Prudente de Moraes. A frase : "Abaixo a carestia". Nunca esqueci tal frase. Os velhos comunistas da época: Velho Spetic, Claudio Furtado, Sebastião, Sr Zé Grillo, o pai do Pedroso, sr Antonio Pedroso que trabalhava na Estrada de Fewrro Sorocabana, no chamado Regulador do Café (IBC). O Gasparini era fun cionário da Prefeitura e liderou uma greve contra o então Prefeito Irineu Bastos (l960/196l?) instalada em Assembléia no Sindicato (então Associação da NOB). O Edson Francisco da Silva,do Sindicat o dos Gráficos, recitou um poema lá: E agora José ? Tenho muito mais para escrevinhar-
ResponderExcluirIsaias Daiben
Compas,
ResponderExcluirolha a filha do Luiz Carlos Prestes e de Olga Benário Prestes, ANITA LEOCÁDIA, protestanto contra a utilização da imagem de seus pais em programa do PCdoB.
Lastimável o que esse partido faz atualmente. Também pela propaganda, mas muito mais por sua política pragmática, razoavelmente corrupta e nefasta para os comunistas e revolucionários que ainda sonham com um outro mundo!
Por favor, divulguem!
Jean Zeferino - Bauru/Campinas - "O que transforma o velho no novo bendito o fruto do povo será" - (Belchior)
PSOL: www.psol50.org.br - APS: www.acaopopularsocialista.com.br
Anita Prestes protesta contra o PCdoB
Veja a íntegra da carta que Anita Prestes mandou à direção do PCdoB para protestar contra com a "utilização indébita" da imagem de seus pais, Luís Carlos Prestes e Olga Benario Prestes, no programa do partido na TV.
Rio, 21 de outubro de 2011.
Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Dirijo-me à direção do PCdoB para externar minha estranheza e minha indignação com a utilização indébita da imagem dos meus pais, Luís Carlos Prestes e Olga Benário Prestes, em Programa Eleitoral desse partido, transmitido pela TV na noite de ontem, dia 20 de outubro de 2011.
Não posso aceitar que se pretenda comprometer a trajetória revolucionária dos meus pais com a política atual do PCdoB, que, certamente, seria energicamente por eles repudiada. Cabe lembrar que, após a anistia de 1979 e o regresso de Luís Carlos Prestes ao Brasil, durante os últimos dez anos de sua vida, ele denunciou repetidamente o oportunismo tanto do PCdoB quanto do PCB, caracterizando a política adotada por esses partidos como reformista e de traição da classe operária. Bastando consultar a imprensa dos anos 1980 para comprovar esta afirmação.
Por respeito à memória de Prestes e de Olga, o PCdoB deveria deixar de utilizar-se do inegável prestígio desses dois revolucionários comunistas junto a amplos setores do nosso povo, numa tentativa deplorável de impedir o desgaste, junto a opinião pública, de dirigentes desse partido acusados de possível envolvimento em atos de corrupção.
Atenciosamente,
Anita Leocádia Prestes"
Henrique: Essa polêmica repercutida aqui no seu blog mostra como a esquerda de hoje já deixou de ser esquerda e só os velhinhos do partido, os ainda vivos Arcôncios mantém integridade moral para se dizerem comonistas. O resto é o resto do resto, igualzinho a todos os outros partido, sem tirar nem por. Envio um texto que achei hoje na internet sobre o assunto, mas declino de publicar meu nome, pois sou amigo de muitos dos ditos comunistas e não quero, infelizmente, parecer chato a eles.
ResponderExcluirU.
Outros tempos...
Os velhos comunistas!
Flávio Tavares*
A inveja é pecado grave ou defeito terrível, mas confesso aqui, publicamente, que sempre invejei os antigos militantes comunistas. Aos olhos da minha geração, nos anos 1950-60, quando o debate político era o centro da vida, os “comunas” tinham aura de santos e se comportavam com a pureza de monges ascetas. Não buscavam nada para si próprios, entregavam-se totalmente à “causa”, despojavam-se de tudo, desprezavam o mínimo conforto pessoal, “coisa de pequeno burguês”. Eram como os primeiros cristãos das catacumbas romanas, perseguidos pelo que pensavam e coerentes no que agiam.
Até os integralistas os respeitavam, além de toda a direita, quanto mais os da esquerda socialista, como eu, vindos também do ventre marxista. Mesmo nas divergências mais sérias ou nos sectarismos mais fanáticos, eles eram exemplo de integridade pessoal.
Bastou ocuparem uma migalha do poder (como o PC do B ocupa há oito anos no governo federal), para a cúpula partidária transformar-se em jóia falsa de vendedor ambulante, desprezível bugiganga de lata. -- * --
A briga pública em que “um militante de base” do PC do B de Brasília (enriquecido pelos favores recebidos do poder) acusa o ministro Orlando Silva de embolsar milionários subornos tem todos os ingredientes das disputas entre marginais: cada qual denuncia cada quem...
vou continuar em outro...
a continuação...
ResponderExcluirO acusador principal é soldado da Polícia Militar do Distrito Federal, dono de uma mansão de R$ 3 milhões, de um Camaro, um Volvo e um BMW na garagem, e de duas “associações” de kung-fu aquinhoadas com milionários cifrões pelo Ministério do Esporte. O ministro se defende e acusa o antecessor (hoje governador do Distrito Federal), que fez a festança ainda no governo Lula da Silva, mas se esquece de que ele próprio era, então, secretário executivo do ministério.
No PC do B, os três tratavam-se de “camaradas”; hoje de “bandidos”, mutuamente e a gritos. Inquirido no Congresso, Orlando Silva frisou que o denunciante “não apresentou provas”, e é verdade. Mas, de que servem as provas no Brasil, se a deputada Jacqueline Roriz (que não é do PC do B) foi filmada recebendo propina e continua no parlamento, “absolvida” por seus pares?
O Ministério do Esporte e o PC do B estão sob o fio da navalha desde os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio: o Tribunal de Contas impugnou quase R$ 13 milhões gastos na construção da Vila Olímpica, por corresponderem a despesas por obras já pagas... -- * --
Deslizes pessoais são comuns em nosso absurdo espectro político, em que os partidos têm “donos”, como as “boites” e demais casas do gênero, com dança e outras coisas. O PC do B, porém, surgiu como dissidência do antigo PCB para “corrigir” o que acusava de “aburguesamento” do partido original, que Luiz Carlos Prestes dirigia. Desde a morte de João Amazonas, anos atrás, porém, o PC do B enveredou por caminhos muito próximos àqueles que tornaram Paulo Maluf um símbolo do absurdo em política. Por essa senda tortuosa, sua mais notória figura, o deputado Aldo Rebelo, nos legou um projeto de Código Florestal que incentiva desmatar e trata a floresta como se fosse “tolo requinte burguês”.
Nada disso, porém, se equipara à propina aberta que o ministro recebia na garagem, no subsolo, em caixas de papelão, do soldado da PM e ex-militante do partido, enriquecido com dinheiro público.
Essas verbas do Programa Segundo Tempo do ministério, destinadas a disseminar a prática desportiva pelo país, são a melhor marca de que vivemos hoje em outros tempos. Afinal, ninguém é de ferro!*Jornalista e escritor
É aprender a lição: um partido que se deixa infiltrar pela direita, perde a sua auto-defesa. É apunhalado pelas costas.
ResponderExcluirLutaremos e venceremos.
Vejam o caso do deputado carioca pelo PDT, o Brizola Neto, um dos melhores e mais atuantes da Câmara tual e que está tendo que deixar o cargo, para que reassuma o Zveiter, aliado a tudo o que existe de ruim no ruim, que além de deixar o PDT, traiu uma causa da qual nunca defendeu e irá para a Câmara aprontar contra o país.
Não existe como desculpar os partidos que filiam gente sem afinidade nenhuma com a linha ideológica e depois, é claro, esses movidos somente por seus interesses pessoais, traem e fazem o que sempre fizeram, fisiologismo.
O PC do B é o maior culpado por tudo isso e pessoas como Arcôncio, verdadeiros militantes, sofrem sem até entenderem bem o que se passa.
Viva Arcôncio e uma pena, mas o PC do B como está virou algo igualzinho aos outros e tudo o que criticava. O capitalismo sugou o partido e ele hoje defende o capital e o cargo de ministro com unhas e dentes. E se dizem comunistas...
Rafael - Jaú
HENRIQUE
ResponderExcluirLEIA ISSO E TIRE SUAS CONCLUSÕES:
PASQUAL - RJ
"Todos os nacionalismos são a mesma coisa. Quando são reivindicações contra o poder, não importa que poder, são progressistas. No entanto, no momento em que conquistam o Estado, os nacionalistas se tornam de direita. É algo normal, acontece em todos os lugares. Por isso, não há nacionalismos bons e nacionalismos maus. Os nacionalismos que lutam para obter direitos podem implicar avanços positivos, mas no momento em que obtêm esses direitos perdem a sua força transformadora, na Espanha, nos Estados Unidos e em qualquer parte do mundo.
É disso que Fanon se deu conta e por isso defendeu o panafricanismo como continuação das lutas de libertação nacional".
Immanuel Wallerstein - Pensador socialista americano (do Norte)