quarta-feira, 16 de novembro de 2011

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (30)

LIVRO: UM EVENTO, UM EX-DONO DE LIVRARIA E ALGO ESQUECIDO NO SEU CURRÍCULO
Um evento dando destaque ao tema LIVROS, por si só já é algo grandioso e quando conta com a participação de alguém com grande envolvimento e sabedoria sobre o mesmo, melhor ainda. Algo assim ocorre hoje, 16/11, 20h no Auditório do Centro Cultural junto ao Teatro Municipal de Bauru. Trata-se do CICLO LITERÁRIO EM BAURU - ENCONTROS PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DO LIVRO E LEITURA EM BAURU. O ilustre convidado para a noite literária será o Prof. Dr. José Luiz Goldfarb da PUC-SP, coordenador de diversos programas de Incentivo a Leitura de São Paulo e Rio de Janeiro e curador do Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, ministrando a palestra “Leitura e seus suportes em tempo de novas mídias”. Abrindo a noite ocorrerá a Leitura Dramática do texto “A Casa de Bernarda Alba” do poeta e dramaturgo espanhol Federico Garcia Lorca, com o Grupo Experimental de Leituras “Na Ponta da Língua”.

“O objetivo do Ciclo Literário em Bauru foi de conceber um evento cultural, o qual, busca inserir o importante município do interior de São Paulo dentro do movimento estadual e nacional do Livro e Leitura, promovendo encontros os quais reúnam sociedade civil e gestão pública envolvendo escritores da cidade, contadores de histórias, mediadores de leitura, literatos, bibliotecários, livreiros e afins”, explica o release sobre o evento.

Fui ler o extenso Currículum de JOSE LUIZ GOLDFARB, como o de ser atualmente professor da PUC de São Paulo, coordenador dos Programas de incentivo à leitura da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e da Secretaria de Educação da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, curador do prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, coordenador do Corredor Literário na Paulista - Secretaria de Estado da Cultura. Tem experiência na área de História, com ênfase em História das Ciências, atuando principalmente nos seguintes temas: história da ciência e ciência no século XVII, influências herméticas em Isaac Newton, ciência e religião, história da ciência no Brasil; bibliotecas públicas, políticas públicas de promoção do livro e da leitura, judaísmo, cinema, e elaboração, produção, viabilização e implantação de projetos e eventos culturais.

De tudo isso, o mais importante do seu currículo eu não encontrei citado e o faço nesse momento. Conheço Goldfarb há uns vinte anos, sendo ele um dos melhores clientes de minha antiga e modesta empresa, a HPA Chancelas, quando foi um dos proprietários de uma das mais instigantes e sugestivas livrarias paulistanas, a BELAS ARTES, localizada na avenida Paulista, quase esquina com a rua da Consolação. O barbudo e irreverente Zé Luiz, como o chamávamos fez história com sua livraria de 1985 a 2003 (18 anos), mas cansou do negócio de vender livros e partiu para outras viagens, sempre tendo o livro como personagem principal. A BELAS ARTES foi um reduto inesquecível de cultura e da Cultura, ponto de encontro de gente disposta a discutir temas literários. Leiam isso: http://oserbibliotecario.blogspot.com/2006/11/livraria-belas-artes-fecha-suas-portas.html. Fomentou e efervesceu algo de salutar em São Paulo e fez história, deixando saudades. Seu espaço, modesto, até acanhado, ficou pequeno diante de grandes e megas corporações livrescas pela cidade, mas todas as vezes que o revejo é inevitável as lembranças dos dois andares recheados de livros e muitas histórias. Algumas dos grandes acervos atuais de colecionadores foi constituído com livros lá adquiridos. Outro dia o reencontrei no aeroporto de Congonhas e embarcamos juntos para Bauru, ele vindo para inaugurar uma biblioteca em Arealva e relembramos na fila do embarque um bocadinho dessas histórias. Por tudo isso, algo falta incluir no seu já imenso currículo, esse o de ex-livreiro na BELAS ARTES e algo falta também incluir como assunto para suas palestras, as histórias lá vividas, todas saborosas e ao seu estilo, recheadas de bom humor, sabedoria, profissionalismo e a picardia de quem entende muito bem desse assunto. Lá estarei para dar um abraço no barbudo Zé.

2 comentários:

  1. Minha gente, amigos novos e antigos:

    Primeiro, que essas pequenas coisas mexem com qualquer um. Ontem fui homenageado pelo José Luiz na abertura de sua fala lá no auditório do teatro. Cheguei atrasado e perdi o começo de sua fala, quando me citou por longo tempo e pedia minha presença. Acredito que isso se chame reconhecimento, pois tenho pelo Zé uma gratidão grande, pois foi um dos meus melhores clientes numa época de ouro, quando mabembeava o Brasil de forma avassaladora, com minha pasta a vender e conseguir pagar contas e faturas. E conviver com o astral da Livraria Belas Artes por mais de dez anos foi algo importante. Chegamos a fazer trocas, o escambo, ele me pagando com livros. Ter tido o privilégio de ter meu nome reconhecido em público, diante de muitos escritores de Bauru foi algo que jamais esquecerei. Sai de lá fortalecido e preparado para embates outros que estão à minha espera logo na curva da primeira esquina. Quero agradecer muito a Regina Ramos, a grande dama do teatro bauruense pela receptividade com a minha pessoa e a minha parceira Ana Bia, por me entender, compreender esse maluquinho com causa, mas sem meios de mover esses moinhos todos sozinho. Fiquei e tô muito feliz. Um abracito para o Zé e todos que lá estiveram ontem. Eu vou conhecendo as pessoas por onde passo e como já érceberam não coleciono só adversários e desafetos. Tenho lá os que gostam de mim, de minha postura e do jeito como toco a vida.

    Henrique - direto do mafuá

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  2. Henrique

    Me permita algumas observações, algumas vc pode concordar, outras não.

    No final uma frase legal sobre os novos tempos reproduzida pelo palestrante: "Não se consegue manter os alunos dentro da escola por quatro horas seguidas e na saídas eles vão para uma lan house e lá ficam de oito a doze horas em estado de extase". Que seria isso?


    Outra fase: "Eu quero gente que me cobre, como fez o pessoal de Arealva e fiquei sabendo que eles precisavam de livros. 600 foram arrumados e levados até eles. Eu não posso atender as cidades que não me cobram, queria outros iguais a eles".

    A frase é boa, mas denota algo ruim, pois ele diz desconhecer a realidade de cada cidade e só faz atendimentos sob pressão. Deveria, como obrigação, ter um mapeamento da necessidade de cada cidade, com questionários repassados a cada uma delas e parece que nada disso é feito. Ponto negativo. Ele, como se sabe é tucano de carteirinha e não esconde isso.

    Também gostei da homenagem a ti, mas percebi algo mais no palestrante quando não deu a devida importância para uma professora que questionava sobre quem ainda tem condições de estar atualizado com os avanços tecnológicos, quem poderia de fato tê-los e deles fazer uso. Todos temos celulares, mas poucos o tem com internet e mais, os tablets tem preços ainda proibitivos. Falou das campanhas pela aquisição de algumas prefeituras, mas nada disse sobre a pessoa comum.

    Era isso.

    Um abraço da professora Rosa Dias

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