ALFINETADA (92)*
* Dois textos no mesmo post. No primeiro a matéria do Bom Dia e no segundo, a do Alfinete.
CARVÃO, TIJOLO E VIDA – Matéria do diário bauruense BOM DIA, caderno Viva, edição de 11/12/2011
Fausto Bergocce desenha história de Reginópolis em novo livro, parceria com Henrique Perazzi de Aquino - Texto de Thiago Roque (thiago.roque@bomdiabauru.com.br ).
Quando Fausto era o filho pequeno do seu Antônio Bergocce, fazia de Reginópolis, sua terra natal, sua grande tela em branco. Já pendendo para as artes, Fausto fazia do carvão, a tinta preta; dos tijolos, a cor laranja; da terra, a cor marrom; da cal, a cor branca. Nas calçadas da cidade, fez seus primeiros desenhos, muitos deles retratando a própria Reginópolis. Não parou mais.
Passou por diversos veículos de comunicação (inclusive o “Diário de S.Paulo”, integrante da Rede BOM DIA na Capital), ganhou prêmios, reconhecimento. Deixou o carvão e o tijolo para trás para usar aquarela, nanquim e outras técnicas. Mas não esqueceu Reginópolis. Tanto que, na terça-feira, lança em Bauru “Reginópolis – Sua História”, livro no qual conta, com a ajuda do professor, jornalista e blogueiro bauruense Henrique Perazzi de Aquino, a história e as histórias da cidade. Cada folhear de páginas é uma jornada de cores em aquarela, lugares, pessoas, lembranças. As placas, os cachorros, as mesas de bar, estão todos lá. Com eles, um pouco de Fausto também, menino que aprendeu a desenhar a vida ainda no chão da cidade.
Obra conta com ‘encantados’ da cidade
Houve tempo também para um final poético ao trabalho do reginopolense e do bauruense. Apropriando-se da máxima de Guimarães Rosa, que dizia que as pessoas não morriam, ficavam “encantadas”, Fausto e Henrique trouxeram diversos encantados ao livro. “São famílias e pessoas importantes para a história de Reginópolis, mas que não tinham um capítulo para si na obra”, explica Fausto. Começamos com 30 encantados e, de repente, já tínhamos 64”, diverte-se Henrique. Entre eles, Antonio Bergocce, pai de Fausto, que viu o filho “sujar” as ruas da cidade com tijolo, carvão e arte. Deve estar, definitivamente, encantado mesmo.
Aquarelas foram ‘resgatadas’ da história oral da população
Fazer um livro sobre sua Reginópolis era o “projeto da vida”, como resume o cartunista Fausto Bergocce. Desde 2007, começou a ganhar forma, com fotos dos locais, conversas mais apuradas com moradores, os primeiros esboços na aquarela.
Em 2009, o professor, jornalista e blogueiro Henrique Perazzi de Aquino, parceiro de Fausto em outras empreitadas, foi convidado para o projeto para escrever os textos. A tabelinha dos craques estava formada. “O Henrique pesquisava, produzia os textos e, depois, eu ia para a aquarela”, diverte-se Fausto. Como havia poucos registros oficiais, Henrique apostou na memória oral e foi ouvir as pessoas. E não se arrependeu. “Encontramos histórias deliciosas”, avisa. Assim, a dupla eternizou, por meio da parceria texto-aquarela, a história do fundador do município, o padre Jeremias (grafia correta com J), uma luminosidade estranha nos anos 30 que trouxe até pesquisadores europeus à cidade, o pocinho e sua água com propriedades terapêuticas e até uma espécie de Canudos realizada nos limites de Reginópolis – esta reportagem não entrará em detalhes para não estragar a leitura.
Também houve espaço para o registro de personagens especiais, como o goleiro René Raduan, titular do Reginópolis Futebol Clube por 15 anos e ídolo de Fausto, os maestros e rivais Eugênio Ramos de Oliveira e Osório Teixeira Cintra, os artistas Baccan e Montanher, e Getúlio Said, voz que, há 35 anos, anuncia a Ave-Maria pontualmente às 18h, pelo sistema de som da cidade. Estão também, pelas 120 páginas da obra, as placas da cidade, os belos vitrais da igreja, prefeitos e vereadores de toda a história. “Com esse registro, esperamos inspirar outras pessoas a reunir mais e mais histórias sobre Reginópolis”, explica Henrique.
UM LIVRO DE REGINÓPOLIS E AGRADECIMENTOS A PIRAJUIENSES – publicado no semanário O ALFINETE, de Pirajuí SP, edição de 10/12/2011 (Na foto abaixo, eu entre os diretores d'O Alfinete, Alex e André e na última, três gerações dos Bergocce, o desenho do patriarca, ladeados de filho e neto).
Meus amigos de Pirajuí, é isso, nessa semana estou no mundo da lua, pois acabo de parir um livro, o “Reginópolis – Sua História”, meu primeiro e aos 51 anos de idade. Não pari sozinho, pois o mesmo foi criado a quatro mãos, com Fausto Bergocce, um reginopolense, vizinho daqui, quase parede meia. Está sendo algo indescritível, do qual muito me orgulho. Trabalho em conjunto em todos os momentos. Fausto, desenhista famoso (já publicou charges aqui n’O Alfinete) desenhou a cidade em mais de 250 aquarelas, retratando-a em todos os detalhes possíveis e imagináveis. E eu escrevi a obra, resgatando histórias, em sua maioria guardada na memória das pessoas, num delicioso trabalho de memória oral. Tudo durou pouco mais de um ano e o resultado está sendo lançado nesses dias.
Ao escrever esse texto exclusivo para O Alfinete, o faço para deixar registrada uma justa homenagem a três pessoas que muito me ajudaram, em momentos diferentes e que possuem laços muito próximos com Pirajuí. Primeiro, por Reginópolis ter sido distrito de Pirajuí e mais que isso, muito dos seus documentos, talvez os mais importantes quando da transição para o nome atual estejam localizados nos arquivos da Câmara Municipal de Pirajuí, ainda numa época que uma era subordinada a outra. Tudo isso merece um intenso trabalho de pesquisa, catalogação e talvez, num outro momento, sendo guardado num local apropriado na própria Reginópolis. Quem deu uma bela organizada nisso tudo foi Rejane Busch, uma pesquisadora daqui.
Ela a primeira homenageada, depois seu marido, Cássio Cardozo de Mello, o Cururu, ambos estudiosos da questão indígena na região e que me muito me ajudaram, cedendo livros e em longos papos sobre fatos históricos ocorridos nos primórdios da consolidação das duas cidades. Todo o entendimento sobre a questão indígena consegui através deles. Seus nomes constam de citações e agradecimentos, todos merecidos.
Falta um agradecimento, esse pos mortem. Vivaldo Pitta é muito conhecido em Pirajuí, mesmo tendo construído sua vida toda em Bauru e dedicado boa parte de sua vida na viabilização do Museu de Avaí. Esse memorialista e pesquisador dedicou boa parte de sua vida no resgate de histórias e das reminiscências sobre os primórdios de quase todas as cidades de nossa região. Sua pesquisa é muito extensa e boa parte dela foi conseguida no Museu Histórico Municipal de Bauru, consultando jornais do começo do século passado, depois reproduzidos em vários de nossa região. Relendo sua pesquisa desvendei muito do ainda oculto, checado depois com munícipes e isso não posso deixar de deixar registrado.
Histórias outras, como a da denominação do nome Galo da Comarca, para o Reginópolis Futebol Clube, fruto de algo a envolver Pirajuí. No mais peço que leiam o livro e se O Alfinete conseguir faremos um lançamento também por aí, afinal, muitos reginopolenses residem na cidade e algumas histórias se entrelaçam no ontem e no hoje.
* Dois textos no mesmo post. No primeiro a matéria do Bom Dia e no segundo, a do Alfinete.
CARVÃO, TIJOLO E VIDA – Matéria do diário bauruense BOM DIA, caderno Viva, edição de 11/12/2011
Fausto Bergocce desenha história de Reginópolis em novo livro, parceria com Henrique Perazzi de Aquino - Texto de Thiago Roque (thiago.roque@bomdiabauru.com.br ).
Quando Fausto era o filho pequeno do seu Antônio Bergocce, fazia de Reginópolis, sua terra natal, sua grande tela em branco. Já pendendo para as artes, Fausto fazia do carvão, a tinta preta; dos tijolos, a cor laranja; da terra, a cor marrom; da cal, a cor branca. Nas calçadas da cidade, fez seus primeiros desenhos, muitos deles retratando a própria Reginópolis. Não parou mais.
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Obra conta com ‘encantados’ da cidade
Houve tempo também para um final poético ao trabalho do reginopolense e do bauruense. Apropriando-se da máxima de Guimarães Rosa, que dizia que as pessoas não morriam, ficavam “encantadas”, Fausto e Henrique trouxeram diversos encantados ao livro. “São famílias e pessoas importantes para a história de Reginópolis, mas que não tinham um capítulo para si na obra”, explica Fausto. Começamos com 30 encantados e, de repente, já tínhamos 64”, diverte-se Henrique. Entre eles, Antonio Bergocce, pai de Fausto, que viu o filho “sujar” as ruas da cidade com tijolo, carvão e arte. Deve estar, definitivamente, encantado mesmo.
Aquarelas foram ‘resgatadas’ da história oral da população
Fazer um livro sobre sua Reginópolis era o “projeto da vida”, como resume o cartunista Fausto Bergocce. Desde 2007, começou a ganhar forma, com fotos dos locais, conversas mais apuradas com moradores, os primeiros esboços na aquarela.
Em 2009, o professor, jornalista e blogueiro Henrique Perazzi de Aquino, parceiro de Fausto em outras empreitadas, foi convidado para o projeto para escrever os textos. A tabelinha dos craques estava formada. “O Henrique pesquisava, produzia os textos e, depois, eu ia para a aquarela”, diverte-se Fausto. Como havia poucos registros oficiais, Henrique apostou na memória oral e foi ouvir as pessoas. E não se arrependeu. “Encontramos histórias deliciosas”, avisa. Assim, a dupla eternizou, por meio da parceria texto-aquarela, a história do fundador do município, o padre Jeremias (grafia correta com J), uma luminosidade estranha nos anos 30 que trouxe até pesquisadores europeus à cidade, o pocinho e sua água com propriedades terapêuticas e até uma espécie de Canudos realizada nos limites de Reginópolis – esta reportagem não entrará em detalhes para não estragar a leitura.
Também houve espaço para o registro de personagens especiais, como o goleiro René Raduan, titular do Reginópolis Futebol Clube por 15 anos e ídolo de Fausto, os maestros e rivais Eugênio Ramos de Oliveira e Osório Teixeira Cintra, os artistas Baccan e Montanher, e Getúlio Said, voz que, há 35 anos, anuncia a Ave-Maria pontualmente às 18h, pelo sistema de som da cidade. Estão também, pelas 120 páginas da obra, as placas da cidade, os belos vitrais da igreja, prefeitos e vereadores de toda a história. “Com esse registro, esperamos inspirar outras pessoas a reunir mais e mais histórias sobre Reginópolis”, explica Henrique.
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Ao escrever esse texto exclusivo para O Alfinete, o faço para deixar registrada uma justa homenagem a três pessoas que muito me ajudaram, em momentos diferentes e que possuem laços muito próximos com Pirajuí. Primeiro, por Reginópolis ter sido distrito de Pirajuí e mais que isso, muito dos seus documentos, talvez os mais importantes quando da transição para o nome atual estejam localizados nos arquivos da Câmara Municipal de Pirajuí, ainda numa época que uma era subordinada a outra. Tudo isso merece um intenso trabalho de pesquisa, catalogação e talvez, num outro momento, sendo guardado num local apropriado na própria Reginópolis. Quem deu uma bela organizada nisso tudo foi Rejane Busch, uma pesquisadora daqui.
Ela a primeira homenageada, depois seu marido, Cássio Cardozo de Mello, o Cururu, ambos estudiosos da questão indígena na região e que me muito me ajudaram, cedendo livros e em longos papos sobre fatos históricos ocorridos nos primórdios da consolidação das duas cidades. Todo o entendimento sobre a questão indígena consegui através deles. Seus nomes constam de citações e agradecimentos, todos merecidos.
Falta um agradecimento, esse pos mortem. Vivaldo Pitta é muito conhecido em Pirajuí, mesmo tendo construído sua vida toda em Bauru e dedicado boa parte de sua vida na viabilização do Museu de Avaí. Esse memorialista e pesquisador dedicou boa parte de sua vida no resgate de histórias e das reminiscências sobre os primórdios de quase todas as cidades de nossa região. Sua pesquisa é muito extensa e boa parte dela foi conseguida no Museu Histórico Municipal de Bauru, consultando jornais do começo do século passado, depois reproduzidos em vários de nossa região. Relendo sua pesquisa desvendei muito do ainda oculto, checado depois com munícipes e isso não posso deixar de deixar registrado.
Histórias outras, como a da denominação do nome Galo da Comarca, para o Reginópolis Futebol Clube, fruto de algo a envolver Pirajuí. No mais peço que leiam o livro e se O Alfinete conseguir faremos um lançamento também por aí, afinal, muitos reginopolenses residem na cidade e algumas histórias se entrelaçam no ontem e no hoje.
Oi, Henrique!!!
ResponderExcluirOlha que coisa legal, recebi esse e mail do meu tio que mora lá em SP.
Da uma lida ai embaixo!
Bjs!
marcia nuriah
Subject: Olha o que eu topei na internet...
Date: Mon, 12 Dec 2011 02:51:48 -0200
Olá Márcia,
Procurando alternativa de fornecedor de alpargatas com solado de borracha ou sapatilhas masculinas idem, topei com o seguinte site:
http://mafuadohpa.blogspot.com/2011/09/dicas-82-paragatas-nos-pes-revivo-algo.html
Dê uma passeada lá, acho que você vai gostar!
Até de repente,
Attiliano
[Blog do Cassio Cururu Açú]
ResponderExcluirUm bom trabalho de fazer inveja a muitos municipios: Parabéns a todos os envolvidos e, em especial, a população de Reginópolis que colaborou intensamente com a produção…
Existem sim, vários documentos, especialmente quanto a destinação de verbas para construção da igreja (na documentação avulsa), entretanto, o legislativo local não está mais disposto a continuar o trabalho de preservação do Arquivo Permanente da CM de Pirajuí...só espero que ele não readquira seu status de "Arquivo Morto"! Daí a importância de pesquisadores como vocês, que fizeram um trabalho tão bonito com relação a Rainha dos Anjos do Batalha - como era chamado o então Distrito de Pirajuhy. Parabéns pela pesquisa e valorização da memória daqueles que também ajudaram a construir a cidade ... os famosos anônimos! Abraços fraternos da Rejane Busch
ResponderExcluirExistem sim, vários documentos, especialmente quanto a destinação de verbas para construção da igreja (na documentação avulsa), entretanto, o legislativo local não está mais disposto a continuar o trabalho de preservação do Arquivo Permanente da CM de Pirajuí...só espero que ele não readquira seu status de "Arquivo Morto"! Daí a importância de pesquisadores como vocês, que fizeram um trabalho tão bonito com relação a Rainha dos Anjos do Batalha - como era chamado o então Distrito de Pirajuhy. Parabéns pela pesquisa e valorização da memória daqueles que também ajudaram a construir a cidade ... os famosos anônimos! Abraços fraternos da Rejane Busch
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