RETRATOS DE BAURU (116)
CELSO COSTA, DO TERRA NOSSA E A PARTIR DE HOJE, BACHAREL EM DIREITO
Celso é personagem central no quesito Assentamento Rural na região de Bauru. Um dos líderes do Terra Nossa, localizado parte em Bauru, parte em Pederneiras, precisamente em Aymorés. Sempre se mostrou um aguerrido defensor das causas sociais e tendo-se destacado desde o início, faz parte do staff do deputado federal Vicentinho – PT SP. Acompanhou todas as etapas de luta do lugar onde mora, desde a chegada dos primeiros ocupantes (termo abolido com a consolidação no local) até as conquistas mais valorosas da comunidade, que hoje além de legalizado pelo Incra, possui implantados e em funcionamento vários benefícios a comunidade. Celso bate bola nas onze, espécie de coringa e mesmo com todas as ocupações inerentes ao envolvimento com os problemas de um assentamento, encontrou tempo para algo diferenciado e que o valoriza sobremaneira nesse momento: acaba de concluir o curso de Direito pelo IESB e sua colação de grau ocorrerá hoje. Algo inédito no local onde mora e uma esperança a mais, a de que possa continuar contribuindo decisivamente com todo seu preparo para o melhor desenvolvimento de sua comunidade. “Quando um trabalhador, rural e pobre consegue um diploma, como o do Celso, todos de sua comunidade estão felizes, pois com ele a certeza de que aplicará o que aprendeu entre os seus”, disse Vicentinho, hoje pela manhã na sua chegada à cidade.
VICENTINHO ENTRE NÓS: O deputado é nosso velho conhecido. Foi o idealizador da primeira emenda do orçamento para restauro da Estação da Paulista, obra em fase inicial de execução, verba proveniente do ano de 2007. Hoje pela manhã, recepcionando sua chegada em Bauru, na Livraria da Esquerda Marxista, o vejo recebendo o projeto para recuperação do Tangarás e mais dois a envolver comunidades rurais, um em Brasília Paulista e outro em Agudos. Permaneço ao seu lado por essa causa nunca abandonada, a de estar junto das causas populares. Levei meu pai no ato e vendo-os conversar sobre a ferrovia, foi alentador para todos os que almejam algo consistente no setor. Extensa agenda na cidade, após o encontro pela manhã onde recepcionou demanda dos setores citados, almoçou com sindicalistas, participa de duas Assembléias em assentamentos na cidade junto do presidente do Incra, dá entrevistas para a imprensa e à noite irá participar da colação de grau do amigo em comum, Celso Costa, no Teatro Edson Celulari, 20h. Ciente de que a escolha por estar ao lado dos verdadeiros petistas na cidade, me certifico de que Vicentinho valoriza os que estão realmente na luta, mantendo viva e acesa a chama por dias com maior respeito à justiça social. Continuar instrumentalizando esse mandato com propostas nesse sentido é algo que faço com o maior contentamento, pois dentro do estado atual da vida política é um que não me tem decepcionado. Com o passar dos anos as opções políticas tem se estreitado, pois as decepções são contínuas e aceleradas. Um que antes tanto acreditava, hoje mantém posicionamento ao lado de tudo o que de contrário lutamos e assim por diante. Os embates dentro do sistema capitalista são cruéis, pois uma das coisas mais difíceis é a pessoa se manter totalmente isenta de alguma participação onde esse capital não se faça presente. Vicente se mostra transparente nesse quesito. Da última vez em que esteve aqui, reuniu-se com sindicalistas na sede da CUT e um lhe perguntou: "Nossos hospitais estão todos envolvidos em casos de corrupção, o maior deles, o Estadual, dirigido pela FAMESP, sem transparência. Como mudar esse quadro?". Sua reposta: "Vamos ganhar a eleição paulista e mudar isso. É a única forma". Perdemos a eleição paulista e hoje, mais alguns, como a Maternidade e o Base estão caindo de bandeja no colo da FAMESP. Ou seja, a luta continua e a presença de um deputado com o cacife de VIcentinho é algo mais do que necessário.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
MEUS TEXTOS NO BOM DIA JAÚ (14, 15 e 16)
POLACO E SEU PIONEIRISMO RURAL – publicado diário jauense BOM DIA em 15.01.2011
A região toda flui para Jaú nos finais de semana e tudo para enfrentar uma baita de um fila. O lugar imantado a atrair gente dos mais diferentes lugares é o famoso Restaurante do Polaco, em Pouso Alegre de Baixo, um pequeno distrito jauense localizado na saída da cidade, estrada para Bariri e Ibitinga. Bato cartão quando posso. Primeiro fui guiado pela fama do lugar, mas a presteza no atendimento e o acepipe servido no ponto me fizeram voltar com certa assiduidade. O lugar ficou famoso por causa da especialidade da casa, uma carne de porco feita em variados tachos, que segundo a lenda, passa de um ao outro, adquirindo um sabor especial. O fato é que não existe uma variação no cardápio, mas mesmo com dois principais, o porco e um galeto, as filas só aumentam. O Polaco acertou a mão. Primeiro o pai e agora a segunda geração. Não existe domingo, faça sol ou chuva, que filas deixam de ocorrer. Cientes disso já vão servindo um tira gosto inicial para os que pacientemente aguardam. Nada como uma polenta frita ao lado de amigos, regado a uma cervejinha gelada e a fome aumentando. Ao adentrar o local, tudo passa tão rápido que não dá nem tempo de respirar. O atendimento é rápido demais e juntando com a fome acumulada, a tradução de tudo é um vapt-vupt divinal. Antigamente o distrito era conhecido por causa de uma festa da padroeira da igreja local. Isso é coisa que ainda movimenta muita gente, mas nada como o Polaco. Virou atração turística da região e faz parte do Guia Gastronômico de muita gente de longe, desses a percorrerem estradinhas variadas em busca de uma comidinha honesta, simples e feita com esmero, sempre saborosa. Lugares assim, restaurantes rurais despontam por aí. Na região de Bauru existe o São Francisco na Bauru-Agudos, um novo com uma inigualável bisteca no distrito de Guaianás e próximo ao Aeroporto de Arealva um também de fritadas suínas. São o “must” do momento, ou seja, todos querendo encontrar o algo novo num local inusitado. Polaco foi pioneiro nisso.
AFONSO: CRAQUE DENTRO E FORA DE CAMPO – publicado diário jauense BOM DIA em 22.01.2012
Quem passou por Bauru nessa semana e com certeza está hospedado aí em Jaú é o sempre craque da bola, Afonsinho, menestrel do passe livre na profissão de jogador de futebol. Mente aberta, abridor de porteiras, irreverente e líder no que faz, assim como Sócrates, infelizmente objeto em extinção no futebol atual. Quem mais joga hoje de barba? Ninguém, mas o problema não é esse e sim de posicionamento, postura. Nisso, inquebrantável, tem seu nome marcado definitivamente na história da bola. Afonsinho fez história no XV de Jaú, do qual nunca deixa de citar. Sempre o via regularmente pelas ruas do centro do Rio, onde a trabalho retorno mensalmente há uns vinte anos. Um médico carnavalesco, um ser social e do samba, um mais que carioca, tendo sua vida retratada na letra e música do Gil, a “Meio de Campo”. Não esquece suas origens e ainda bate bola no Trem da Alegria, 35 anos de festa com jogadores aposentados. Seus primos de Bauru, da Livraria Sapiência se lembram dele jogando bola no largo de paralelepípedos onde hoje acontece a Feira do Rolo. De Jaú a última lembrança que tenho dele foi no lançamento de sua biografia, o livro “Prezado amigo Afonsinho”, do jauense Kleber Mazziero de Souza em 1998. Noite memorável, amigos em comum revistos, como o advogado dr Campese, irreverente na lembrança de histórias passadas na cidade. Na dedicatória do Kléber, que conheci na casa de seus pais, perto do rio que alagou recentemente no centro da cidade: “O jogo da bola é igual ao jogo da vida”. Na do Afonso: “Queira aceitar meu abraço e minha amizade pela nossa parceria dos shows da vida”. Via-o sempre nos carnavais carioca, os da Avenida Rio Branco, segundo grupo e de blocos, além da mútua admiração por Elza Soares. Afonso continua o mesmo, envolto por jovens promessas da bola, como no motivo de sua passagem por Bauru. E nós, continuamos os mesmos de antão ou já estamos inseridos no contexto e nem a barba temos mais coragem suficiente em manter na cara? Esse cara é uma preciosidade.
ENTRE O SALÃO E A MILITÂNCIA, MAURÍLIO – publicado diário jauense BOM DIA em 29.01.2012
Um personagem de Jaú me é muito grato, desses a deixar recordações eternas em todos que tiveram o prazer de sua convivência. Eu tive, pouco, mas tive. Maurílio da Silva (ele mais um da famosa família Silva, dizem, a maior do país) seu nome e muito conhecido na cidade por dois motivos, sua militância política de esquerda, sempre vinculado ao PT – Partido dos Trabalhadores, do qual é um dos fundadores na cidade e pela sua profissão, a de cabeleireiro (barba, cabelo e bigode). Negro, barbudo (como a grande quantidade dos militantes da época), chegou à cidade vindo de Campinas, onde havia trabalhado na Bosch. Chegou a Jaú com a militância encruada dentro de si, pronto para exercê-la e a colocou em prática, primeiro no ramo da fiação, lá na Camargo. Tem momentos na vida de qualquer militante, onde é necessário fazer opções e ele fez a sua, abrindo um salão, que em pouco tempo acabou transformado no ponto de encontro da nata dos esquerdistas da cidade. Parada obrigatória para um bom papo. O quadrilátero das ruas Campos Salles e Marechal Bittencourt, centro da cidade, famoso também pelos estabelecimentos, Posto de Combustível do Saggioro, Rádio Piratininga e Sorveteria do Pereira abrigou durante um bom tempo o seu espaço profissional. Ali fez história e depois, ele e a gana de clientes permaneceram bom tempo na Visconde do Rio Branco. Autodidata, pegava um longo texto, fazia uma leitura dinâmica e logo estava a repassá-lo para os militantes como se fosse a coisa mais simples desse mundo. Se não me engano foi candidato a vereador nos pleitos de 82, 88 e 96. Devotado ao trabalho partidário, nos dias de eleição tinham que lembrá-lo de ter que votar, pois envolvido no imbróglio, se não o fizessem, certamente esqueceria o principal. Antológico um bate-boca com um advogado da cidade, quando o inquiria: “Jamais vou chamá-lo de safado”, mas já o fazia na provocação. Maurílio não deixou filhos, mas uma legião de amigos que o reverenciam até hoje como um dos imprescindíveis. Sua história é das mais dignas.
OBS.: As três charges publicadas são uma rotina semanal aqui no mafuá, duas do Fausto e uma do Nicolielo, cedidas gentilmente pelos autores para reprodução aqui no mafuá. Mesmo não tendo nada em comum com os textos, dizem muito sobre temas dos mais atuais.
POLACO E SEU PIONEIRISMO RURAL – publicado diário jauense BOM DIA em 15.01.2011
A região toda flui para Jaú nos finais de semana e tudo para enfrentar uma baita de um fila. O lugar imantado a atrair gente dos mais diferentes lugares é o famoso Restaurante do Polaco, em Pouso Alegre de Baixo, um pequeno distrito jauense localizado na saída da cidade, estrada para Bariri e Ibitinga. Bato cartão quando posso. Primeiro fui guiado pela fama do lugar, mas a presteza no atendimento e o acepipe servido no ponto me fizeram voltar com certa assiduidade. O lugar ficou famoso por causa da especialidade da casa, uma carne de porco feita em variados tachos, que segundo a lenda, passa de um ao outro, adquirindo um sabor especial. O fato é que não existe uma variação no cardápio, mas mesmo com dois principais, o porco e um galeto, as filas só aumentam. O Polaco acertou a mão. Primeiro o pai e agora a segunda geração. Não existe domingo, faça sol ou chuva, que filas deixam de ocorrer. Cientes disso já vão servindo um tira gosto inicial para os que pacientemente aguardam. Nada como uma polenta frita ao lado de amigos, regado a uma cervejinha gelada e a fome aumentando. Ao adentrar o local, tudo passa tão rápido que não dá nem tempo de respirar. O atendimento é rápido demais e juntando com a fome acumulada, a tradução de tudo é um vapt-vupt divinal. Antigamente o distrito era conhecido por causa de uma festa da padroeira da igreja local. Isso é coisa que ainda movimenta muita gente, mas nada como o Polaco. Virou atração turística da região e faz parte do Guia Gastronômico de muita gente de longe, desses a percorrerem estradinhas variadas em busca de uma comidinha honesta, simples e feita com esmero, sempre saborosa. Lugares assim, restaurantes rurais despontam por aí. Na região de Bauru existe o São Francisco na Bauru-Agudos, um novo com uma inigualável bisteca no distrito de Guaianás e próximo ao Aeroporto de Arealva um também de fritadas suínas. São o “must” do momento, ou seja, todos querendo encontrar o algo novo num local inusitado. Polaco foi pioneiro nisso.
AFONSO: CRAQUE DENTRO E FORA DE CAMPO – publicado diário jauense BOM DIA em 22.01.2012
Quem passou por Bauru nessa semana e com certeza está hospedado aí em Jaú é o sempre craque da bola, Afonsinho, menestrel do passe livre na profissão de jogador de futebol. Mente aberta, abridor de porteiras, irreverente e líder no que faz, assim como Sócrates, infelizmente objeto em extinção no futebol atual. Quem mais joga hoje de barba? Ninguém, mas o problema não é esse e sim de posicionamento, postura. Nisso, inquebrantável, tem seu nome marcado definitivamente na história da bola. Afonsinho fez história no XV de Jaú, do qual nunca deixa de citar. Sempre o via regularmente pelas ruas do centro do Rio, onde a trabalho retorno mensalmente há uns vinte anos. Um médico carnavalesco, um ser social e do samba, um mais que carioca, tendo sua vida retratada na letra e música do Gil, a “Meio de Campo”. Não esquece suas origens e ainda bate bola no Trem da Alegria, 35 anos de festa com jogadores aposentados. Seus primos de Bauru, da Livraria Sapiência se lembram dele jogando bola no largo de paralelepípedos onde hoje acontece a Feira do Rolo. De Jaú a última lembrança que tenho dele foi no lançamento de sua biografia, o livro “Prezado amigo Afonsinho”, do jauense Kleber Mazziero de Souza em 1998. Noite memorável, amigos em comum revistos, como o advogado dr Campese, irreverente na lembrança de histórias passadas na cidade. Na dedicatória do Kléber, que conheci na casa de seus pais, perto do rio que alagou recentemente no centro da cidade: “O jogo da bola é igual ao jogo da vida”. Na do Afonso: “Queira aceitar meu abraço e minha amizade pela nossa parceria dos shows da vida”. Via-o sempre nos carnavais carioca, os da Avenida Rio Branco, segundo grupo e de blocos, além da mútua admiração por Elza Soares. Afonso continua o mesmo, envolto por jovens promessas da bola, como no motivo de sua passagem por Bauru. E nós, continuamos os mesmos de antão ou já estamos inseridos no contexto e nem a barba temos mais coragem suficiente em manter na cara? Esse cara é uma preciosidade.
ENTRE O SALÃO E A MILITÂNCIA, MAURÍLIO – publicado diário jauense BOM DIA em 29.01.2012
Um personagem de Jaú me é muito grato, desses a deixar recordações eternas em todos que tiveram o prazer de sua convivência. Eu tive, pouco, mas tive. Maurílio da Silva (ele mais um da famosa família Silva, dizem, a maior do país) seu nome e muito conhecido na cidade por dois motivos, sua militância política de esquerda, sempre vinculado ao PT – Partido dos Trabalhadores, do qual é um dos fundadores na cidade e pela sua profissão, a de cabeleireiro (barba, cabelo e bigode). Negro, barbudo (como a grande quantidade dos militantes da época), chegou à cidade vindo de Campinas, onde havia trabalhado na Bosch. Chegou a Jaú com a militância encruada dentro de si, pronto para exercê-la e a colocou em prática, primeiro no ramo da fiação, lá na Camargo. Tem momentos na vida de qualquer militante, onde é necessário fazer opções e ele fez a sua, abrindo um salão, que em pouco tempo acabou transformado no ponto de encontro da nata dos esquerdistas da cidade. Parada obrigatória para um bom papo. O quadrilátero das ruas Campos Salles e Marechal Bittencourt, centro da cidade, famoso também pelos estabelecimentos, Posto de Combustível do Saggioro, Rádio Piratininga e Sorveteria do Pereira abrigou durante um bom tempo o seu espaço profissional. Ali fez história e depois, ele e a gana de clientes permaneceram bom tempo na Visconde do Rio Branco. Autodidata, pegava um longo texto, fazia uma leitura dinâmica e logo estava a repassá-lo para os militantes como se fosse a coisa mais simples desse mundo. Se não me engano foi candidato a vereador nos pleitos de 82, 88 e 96. Devotado ao trabalho partidário, nos dias de eleição tinham que lembrá-lo de ter que votar, pois envolvido no imbróglio, se não o fizessem, certamente esqueceria o principal. Antológico um bate-boca com um advogado da cidade, quando o inquiria: “Jamais vou chamá-lo de safado”, mas já o fazia na provocação. Maurílio não deixou filhos, mas uma legião de amigos que o reverenciam até hoje como um dos imprescindíveis. Sua história é das mais dignas.
OBS.: As três charges publicadas são uma rotina semanal aqui no mafuá, duas do Fausto e uma do Nicolielo, cedidas gentilmente pelos autores para reprodução aqui no mafuá. Mesmo não tendo nada em comum com os textos, dizem muito sobre temas dos mais atuais.
domingo, 29 de janeiro de 2012
FRASES DE UM LIVRO LIDO (56)
UM LIVRO SOBRE FUTEBOL, O JOGO DE HOJE E A HISTÓRIA DE UM ABNEGADO TORCEDOR
Tenho muitos livros aqui no mafuá com o tema FUTEBOL e de um deles reproduzo suas frases aqui. Trata-se do “FUTEBOL”, de HÉLIO SUSSEKIND (jornalista carioca), escrito para a coleção ARENAS DO RIO, publicado pela editora Relume Dumará, 2000, 112 páginas. Como hoje quero escrevinhar mais de futebol, as frases antecipam meu derradeiro escrito:
- “Por que os clubes não pensam de fato em instituir uma Liga Independente, gerida por profissionais competentes e capaz de reverter a seus cofres o produto da riqueza que geram? Por que não arcara com as represálias das entidades, enfrentando-as de uma vez? Os clubes brasileiros são hamlets que não tem coragem de matar aqueles que os envenenam ano após ano. Essa impotência é a chave para compreender o declínio de público do futebol”, pág. 60.
- “O rádio contribui imensamente para estimular o consumo do futebol, dos grandes jogadores e dos clubes. A cobertura diária aproxima o torcedor do seu clube, faz do dia-a-dia das instituições-mito um fato que precisa ser acompanhando. Com maior riqueza de detalhes do que os jornais, o rádio informa sobre a contusão do craque, sobre novas contratações, sobre os treinamentos da semana. No rádio o torcedor ouve seu ídolo e acompanha a preparação para os grandes jogos. O jogo de final de semana cresce em importância, o torcedor sabe que tomará parte de algo efetivamente relevante. (...) O rádio sempre foi no Brasil, o principal veículo de popularização do esporte. É possível que tenha chegado o momento de renovar a linguagem e de formar profissionais capazes de imprimir o sopro de vitalidade imposto por locutores antigos e de muita fama. (...) Só uma nova revolução poderá contribuir para dar um novo impulso ao futebol e preservar o rádio na competição que se avizinha com a expansão das TVs por assinatura”, pág. 80.
- “O torcedor precisa, em cada momento, de mitos de carne e osso para comparecer aos estádios. Sua migração afasta a torcida. Quando o clube se desfaz de um grande jogador sabe que o torcedor desertará nos próximos jogos, nos próximos anos, se não houver uma reposição à altura”, pág. 81.
- “É preciso ter em mente que a paixão pelo futebol estará, sempre, vinculada a uma história que lhe é anterior em cada momento. E é justamente esta história que precisa reescrever a cada jogo, a cada decisão, convertendo o presente em passado. Num passado glorioso, único, que será recontado adiante, que ficará para sempre inscrito na história das instiuições-mito”, pág. 82.
- “O torcedor não espera nem nunca esperou por justiça. As regras do futebol são claras, não há dúvida. Mas sua interpretação pelo juiz é sempre alvo de controvérsias e suscita o sentimento da injustiça e da espoliação. Não há nenhuma magia ligada ao futebol que faça com que dele brote o que não existe no corpo social. Enquanto houver injustiça, desequilíbrio, violência fora dos estádios haverá injustiça, desequilíbrio e violência em seu interior”, pág. 95.
Reproduzi isso hoje, porque acabo de voltar de um campo de futebol, onde meu time do coração, o ESPORTE CLUBE NOROESTE ganhou de 3x2, num jogo fácil que se tornou difícil, do Velo Clube de Rio Claro, pela 2º Rodada do Paulista – Segunda Divisão 2012. O jogo em si, quem fizeram os gols, quem foi o juiz, o técnico é o que menos importa nesse momento, onde escrevo para reverenciar um acontecimento de Bauru, numa manhã de domingo, 10h, quando 1200 pessoas saem de suas casas e vão para um estádio em busca de uma forma de lazer.
Fiz isso e reverencio os amigos lá reencontrados numa agradável manhã. Primeiro Aldo Wellicham e Roque Ferreira, que foram comigo, dividimos histórias, refletimos sobre o passado e o futuro, enfrentamos uma longa fila juntos na entrada e pulamos juntos em alguns dos gols. Depois, os que de nós foram se aproximando, como o Batista, um amigo de longa data, vendedor de assinaturas de revistas (viaja o país inteiro), o jornalista Bruno Mestrinelli, o primo Eduardo Lopes e Chico Cardoso, o artesão do Gasparini. O primeiro tempo foi passado ao lado desses. No intervalo revi meu primo Beto Grandini e Carrijo, quando ambos aproveitaram a deixa para me convidarem a sair no carnaval de Bauru, junto ao Bloco Pé de Varsa. O gostoso é ir trombando com as pessoas, para uma conversa rápida, um diálogo noroestino, dentre os poucos pontos de vista em comum existentes entre as pessoas nos dias de hoje. Um segundo tempo junto da Sangue Rubro e todo ele ao lado de Geraldo Bergamo e ouvindo as histórias de um autêntico noroestino e comerciante do estádio, o Uau-Uau (veja a história a encerrar esse post). Quase perdemos, quase tivemos nosso almoço estragado, quase saímos cabisbaixos, quase..., mas ganhamos e muitos estarão novamente juntos daqui a alguns dias.
A HISTÓRIA DO UAU-UAU: Ele é um pequeno comerciante, vendedor de lanche em barracas, uma no estádio, outra fixa na praça Rui Barbosa e outra itinerante em feiras, exposições, shows e afins. Tem uma singularidade na vida: pegou um amor de doer pelo Noroeste, virou um dos seus torcedores símbolo. Perde um jogo só em caso de força maior. Deixa o trabalho nas mãos de outros para acompanhar o time, como fez na quarta passada e seguiu até SJR Preto, numa caravana com o ônibus quebrado na volta e viagem de 3h durando 24h. No negócio a lhe render a grana para movimentar sua vida, emprega muitos da família, sua de sol a sol, mas consegue arrebanhar o suficiente para ter o que deseja e precisa para continuar tocando o barco. Sabem qual a última dele? Não, pois conto. O Noroeste vende placas de publicidade para serem instaladas ao lado do campo. São mais de 20 e pouco mais de umas seis estão expostas. Muito pouco, uma boca desdentada, diante de tudo o que poderiam fazer. Comerciantes ilustres, industriais idem, gente cheios de bufunfa e com lucros estratosféricos são procurados para darem seu quinhão de contribuição. Regateiam, na sua maioria, fogem do pau. Uau-uau para ajudar o time fez um contrato e paga R$ 500 reais mês. “Olhem para o campo, faltam vender mais 18, mas acabei por me sacrificar, fiz uma. Ficou boa? Tá difícil e poderiam ajudar mais. Eu fiz a minha parte”, me diz sorrindo quando peço para tirar uma foto dele tendo ao fundo a sua placa, quase atrás de um dos gols do estádio.
UM LIVRO SOBRE FUTEBOL, O JOGO DE HOJE E A HISTÓRIA DE UM ABNEGADO TORCEDOR
Tenho muitos livros aqui no mafuá com o tema FUTEBOL e de um deles reproduzo suas frases aqui. Trata-se do “FUTEBOL”, de HÉLIO SUSSEKIND (jornalista carioca), escrito para a coleção ARENAS DO RIO, publicado pela editora Relume Dumará, 2000, 112 páginas. Como hoje quero escrevinhar mais de futebol, as frases antecipam meu derradeiro escrito:
- “Por que os clubes não pensam de fato em instituir uma Liga Independente, gerida por profissionais competentes e capaz de reverter a seus cofres o produto da riqueza que geram? Por que não arcara com as represálias das entidades, enfrentando-as de uma vez? Os clubes brasileiros são hamlets que não tem coragem de matar aqueles que os envenenam ano após ano. Essa impotência é a chave para compreender o declínio de público do futebol”, pág. 60.
- “O rádio contribui imensamente para estimular o consumo do futebol, dos grandes jogadores e dos clubes. A cobertura diária aproxima o torcedor do seu clube, faz do dia-a-dia das instituições-mito um fato que precisa ser acompanhando. Com maior riqueza de detalhes do que os jornais, o rádio informa sobre a contusão do craque, sobre novas contratações, sobre os treinamentos da semana. No rádio o torcedor ouve seu ídolo e acompanha a preparação para os grandes jogos. O jogo de final de semana cresce em importância, o torcedor sabe que tomará parte de algo efetivamente relevante. (...) O rádio sempre foi no Brasil, o principal veículo de popularização do esporte. É possível que tenha chegado o momento de renovar a linguagem e de formar profissionais capazes de imprimir o sopro de vitalidade imposto por locutores antigos e de muita fama. (...) Só uma nova revolução poderá contribuir para dar um novo impulso ao futebol e preservar o rádio na competição que se avizinha com a expansão das TVs por assinatura”, pág. 80.
- “O torcedor precisa, em cada momento, de mitos de carne e osso para comparecer aos estádios. Sua migração afasta a torcida. Quando o clube se desfaz de um grande jogador sabe que o torcedor desertará nos próximos jogos, nos próximos anos, se não houver uma reposição à altura”, pág. 81.
- “É preciso ter em mente que a paixão pelo futebol estará, sempre, vinculada a uma história que lhe é anterior em cada momento. E é justamente esta história que precisa reescrever a cada jogo, a cada decisão, convertendo o presente em passado. Num passado glorioso, único, que será recontado adiante, que ficará para sempre inscrito na história das instiuições-mito”, pág. 82.
- “O torcedor não espera nem nunca esperou por justiça. As regras do futebol são claras, não há dúvida. Mas sua interpretação pelo juiz é sempre alvo de controvérsias e suscita o sentimento da injustiça e da espoliação. Não há nenhuma magia ligada ao futebol que faça com que dele brote o que não existe no corpo social. Enquanto houver injustiça, desequilíbrio, violência fora dos estádios haverá injustiça, desequilíbrio e violência em seu interior”, pág. 95.
Reproduzi isso hoje, porque acabo de voltar de um campo de futebol, onde meu time do coração, o ESPORTE CLUBE NOROESTE ganhou de 3x2, num jogo fácil que se tornou difícil, do Velo Clube de Rio Claro, pela 2º Rodada do Paulista – Segunda Divisão 2012. O jogo em si, quem fizeram os gols, quem foi o juiz, o técnico é o que menos importa nesse momento, onde escrevo para reverenciar um acontecimento de Bauru, numa manhã de domingo, 10h, quando 1200 pessoas saem de suas casas e vão para um estádio em busca de uma forma de lazer.
Fiz isso e reverencio os amigos lá reencontrados numa agradável manhã. Primeiro Aldo Wellicham e Roque Ferreira, que foram comigo, dividimos histórias, refletimos sobre o passado e o futuro, enfrentamos uma longa fila juntos na entrada e pulamos juntos em alguns dos gols. Depois, os que de nós foram se aproximando, como o Batista, um amigo de longa data, vendedor de assinaturas de revistas (viaja o país inteiro), o jornalista Bruno Mestrinelli, o primo Eduardo Lopes e Chico Cardoso, o artesão do Gasparini. O primeiro tempo foi passado ao lado desses. No intervalo revi meu primo Beto Grandini e Carrijo, quando ambos aproveitaram a deixa para me convidarem a sair no carnaval de Bauru, junto ao Bloco Pé de Varsa. O gostoso é ir trombando com as pessoas, para uma conversa rápida, um diálogo noroestino, dentre os poucos pontos de vista em comum existentes entre as pessoas nos dias de hoje. Um segundo tempo junto da Sangue Rubro e todo ele ao lado de Geraldo Bergamo e ouvindo as histórias de um autêntico noroestino e comerciante do estádio, o Uau-Uau (veja a história a encerrar esse post). Quase perdemos, quase tivemos nosso almoço estragado, quase saímos cabisbaixos, quase..., mas ganhamos e muitos estarão novamente juntos daqui a alguns dias.
A HISTÓRIA DO UAU-UAU: Ele é um pequeno comerciante, vendedor de lanche em barracas, uma no estádio, outra fixa na praça Rui Barbosa e outra itinerante em feiras, exposições, shows e afins. Tem uma singularidade na vida: pegou um amor de doer pelo Noroeste, virou um dos seus torcedores símbolo. Perde um jogo só em caso de força maior. Deixa o trabalho nas mãos de outros para acompanhar o time, como fez na quarta passada e seguiu até SJR Preto, numa caravana com o ônibus quebrado na volta e viagem de 3h durando 24h. No negócio a lhe render a grana para movimentar sua vida, emprega muitos da família, sua de sol a sol, mas consegue arrebanhar o suficiente para ter o que deseja e precisa para continuar tocando o barco. Sabem qual a última dele? Não, pois conto. O Noroeste vende placas de publicidade para serem instaladas ao lado do campo. São mais de 20 e pouco mais de umas seis estão expostas. Muito pouco, uma boca desdentada, diante de tudo o que poderiam fazer. Comerciantes ilustres, industriais idem, gente cheios de bufunfa e com lucros estratosféricos são procurados para darem seu quinhão de contribuição. Regateiam, na sua maioria, fogem do pau. Uau-uau para ajudar o time fez um contrato e paga R$ 500 reais mês. “Olhem para o campo, faltam vender mais 18, mas acabei por me sacrificar, fiz uma. Ficou boa? Tá difícil e poderiam ajudar mais. Eu fiz a minha parte”, me diz sorrindo quando peço para tirar uma foto dele tendo ao fundo a sua placa, quase atrás de um dos gols do estádio.
sábado, 28 de janeiro de 2012
DICA (88)
VALENTINA PRYNS, UMA RAINHA COM A CARA DA DIVERSIDADE BAURUENSE
Carnaval se aproximando e participo de uma das primeiras manifestações dessa que é a maior festa popular brasileira. Sou um eterno festeiro, desses a repudiar o carolismo de certas facções religiosas, dessas a pregar o fim de nossas festas mais típicas, tudo em nome de um beatismo desnecessário e medíocre. Havia sido convidado para participar da eleição da RAINHA DA DIVERSIDADE de Bauru e aceitei prontamente. Numa semana onde uma bestialidade ocorre dentro de um supermercado, a cidade mostra seu outro lado, pois fico sabendo que somos a primeira e única cidade do país onde se elege uma Rainha Gay no Carnaval e essa tem as mesmas honras da tradicional Rainha do Carnaval, participando de todos os eventos da cidade, ao lado do Rei Momo. O concurso é organizado pela ABD – Associação Bauru pela Diversidade.
O local do evento foi o SAFARI MIX, uma casa noturna gay, localizada no centro da cidade (rua Treze de Maio 8-63) e junto de mais três jurados, a colunista do BOM DIA, Camila Turtelli, a drag queen Naomi Sayox e a locutora (sic) caricata da FM96 Samantha. O horário é que, tornou-se estranho para mim, pois ocorre depois da 1h da manhã e digo para o Markinho, um dos organizadores: “Pô, Markinho, eu sou da Sessão da Tarde”. Na entrada encontro todos os jurados e muita gente conhecida, dentre eles destaco a carnavalesca da Escola Azulão do Morro (campeã do ano passado), Cidinha, que observando as sete concorrentes no preparo e uma delas nua, nos diz: “Tem que manter um charme, a nudez total não condiz com uma festa dessas”. Revejo Reynaldo, um conhecido ator bauruense, que hoje dirige a casa e nos deixa bastante a vontade. Tiramos fotos todos juntos.
Salão lotado, somos colocados os quatro em cima de um palco e as concorrentes fazem uma apresentação de dois minutos cada, com puro samba no pé e na seqüência respondem a uma simples pergunta: “Por que desejam ser a Rainha da Diversidade do Carnaval de Bauru?”. Nisso tudo julgamos Beleza, Fantasia, Simpatia, Originalidade e por fim, Desenvoltura com o Microfone. Na somatória a vencedora foi VALENTINA PRYNS, uma bela e desenvolta drag, que até bem pouco tempo atrás trabalhava na loja de um Posto de Combustível aqui próximo de minha casa. Abastecia meu carro e comprava pães com ela pela manhã até pouco menos de um ano atrás e hoje ajudo a elegê-la rainha. Deu uma guinada em sua vida, fez seus primeiros shows ali mesmo no Safari e estará em grande evidência nos próximos dias. Merecidamente, diga-se de passagem.
Missão cumprida. Revejo gente conhecida da cidade, como a travesti Sara, que mantém um salão de cabeleireira no Mary Dota e por ser uma das mais antigas em atividade dá conselhos: “Eu nunca gostei de me prostituir. Montei meu salão cedo e hoje diversifiquei, pois lá junto de minha casa um canil, onde crio e vendo algumas raças raras de cães”. Não tenho (nunca tive) receio algum de participar de algo assim, pois além do combate a uma hipocrisia reinante, o preconceito é algo muito do próximo do racismo. Quando esses mostram seus dentes e sua face mais odiosa, precisamos todos, os que ainda possuem disposição de reação, estar a postos para deixar bem claro que a normalidade é o visto ali, uma convivência como a que faço rotineiramente no meu botequim preferido. Saio de lá com convites de retorno para as festas dali e da Lab. Nos retornos, deixo relatos aqui, sem traumas. E vamos acompanhar os desdobramentos da irracionalidade lá do supermercado, para que fatos dessa natureza não pipoquem por aí.
OBS.: Três fotos minhas e as demais (as mais bonitas) do fotógrafo RENAN CASAL, gentilmente cedidas para publicação no blog.
O CINEMA EM BAURU TEM SALVAÇÃO: Eu e meu filho estamos em estado de graça nessa semana, pois pelo visto temos boas opções de filmes nos dois cinemões da cidade, o do Shopping e do Alameda. São eles: “TUDO PELO PODER”, com George Clooney, “MILLENNIUM – OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES”, com Daniel Craig, “AS AVENTURAS DE TIM-TIM”, do Spielberg, “SHERLOCK HOLMES – O JOGO DE SOMBRAS”, com Robert Downey Jr e o brasileiro "2 COELHOS", do diretor estreante Afonso Poyart, que assisti hoje e refuto como o melhor de todos. Sai da sala com vontade de bater palmas para essa brava gente a produzir filmes tão envolventes. Esse, se convidado, assisto novamente, sem problema nenhum. E escolhem "Tropa de Elite 2" para nos representar em festivais de cinema do exterior. Vá entender isso?
VALENTINA PRYNS, UMA RAINHA COM A CARA DA DIVERSIDADE BAURUENSE
Carnaval se aproximando e participo de uma das primeiras manifestações dessa que é a maior festa popular brasileira. Sou um eterno festeiro, desses a repudiar o carolismo de certas facções religiosas, dessas a pregar o fim de nossas festas mais típicas, tudo em nome de um beatismo desnecessário e medíocre. Havia sido convidado para participar da eleição da RAINHA DA DIVERSIDADE de Bauru e aceitei prontamente. Numa semana onde uma bestialidade ocorre dentro de um supermercado, a cidade mostra seu outro lado, pois fico sabendo que somos a primeira e única cidade do país onde se elege uma Rainha Gay no Carnaval e essa tem as mesmas honras da tradicional Rainha do Carnaval, participando de todos os eventos da cidade, ao lado do Rei Momo. O concurso é organizado pela ABD – Associação Bauru pela Diversidade.
O local do evento foi o SAFARI MIX, uma casa noturna gay, localizada no centro da cidade (rua Treze de Maio 8-63) e junto de mais três jurados, a colunista do BOM DIA, Camila Turtelli, a drag queen Naomi Sayox e a locutora (sic) caricata da FM96 Samantha. O horário é que, tornou-se estranho para mim, pois ocorre depois da 1h da manhã e digo para o Markinho, um dos organizadores: “Pô, Markinho, eu sou da Sessão da Tarde”. Na entrada encontro todos os jurados e muita gente conhecida, dentre eles destaco a carnavalesca da Escola Azulão do Morro (campeã do ano passado), Cidinha, que observando as sete concorrentes no preparo e uma delas nua, nos diz: “Tem que manter um charme, a nudez total não condiz com uma festa dessas”. Revejo Reynaldo, um conhecido ator bauruense, que hoje dirige a casa e nos deixa bastante a vontade. Tiramos fotos todos juntos.
Salão lotado, somos colocados os quatro em cima de um palco e as concorrentes fazem uma apresentação de dois minutos cada, com puro samba no pé e na seqüência respondem a uma simples pergunta: “Por que desejam ser a Rainha da Diversidade do Carnaval de Bauru?”. Nisso tudo julgamos Beleza, Fantasia, Simpatia, Originalidade e por fim, Desenvoltura com o Microfone. Na somatória a vencedora foi VALENTINA PRYNS, uma bela e desenvolta drag, que até bem pouco tempo atrás trabalhava na loja de um Posto de Combustível aqui próximo de minha casa. Abastecia meu carro e comprava pães com ela pela manhã até pouco menos de um ano atrás e hoje ajudo a elegê-la rainha. Deu uma guinada em sua vida, fez seus primeiros shows ali mesmo no Safari e estará em grande evidência nos próximos dias. Merecidamente, diga-se de passagem.
Missão cumprida. Revejo gente conhecida da cidade, como a travesti Sara, que mantém um salão de cabeleireira no Mary Dota e por ser uma das mais antigas em atividade dá conselhos: “Eu nunca gostei de me prostituir. Montei meu salão cedo e hoje diversifiquei, pois lá junto de minha casa um canil, onde crio e vendo algumas raças raras de cães”. Não tenho (nunca tive) receio algum de participar de algo assim, pois além do combate a uma hipocrisia reinante, o preconceito é algo muito do próximo do racismo. Quando esses mostram seus dentes e sua face mais odiosa, precisamos todos, os que ainda possuem disposição de reação, estar a postos para deixar bem claro que a normalidade é o visto ali, uma convivência como a que faço rotineiramente no meu botequim preferido. Saio de lá com convites de retorno para as festas dali e da Lab. Nos retornos, deixo relatos aqui, sem traumas. E vamos acompanhar os desdobramentos da irracionalidade lá do supermercado, para que fatos dessa natureza não pipoquem por aí.
OBS.: Três fotos minhas e as demais (as mais bonitas) do fotógrafo RENAN CASAL, gentilmente cedidas para publicação no blog.
O CINEMA EM BAURU TEM SALVAÇÃO: Eu e meu filho estamos em estado de graça nessa semana, pois pelo visto temos boas opções de filmes nos dois cinemões da cidade, o do Shopping e do Alameda. São eles: “TUDO PELO PODER”, com George Clooney, “MILLENNIUM – OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES”, com Daniel Craig, “AS AVENTURAS DE TIM-TIM”, do Spielberg, “SHERLOCK HOLMES – O JOGO DE SOMBRAS”, com Robert Downey Jr e o brasileiro "2 COELHOS", do diretor estreante Afonso Poyart, que assisti hoje e refuto como o melhor de todos. Sai da sala com vontade de bater palmas para essa brava gente a produzir filmes tão envolventes. Esse, se convidado, assisto novamente, sem problema nenhum. E escolhem "Tropa de Elite 2" para nos representar em festivais de cinema do exterior. Vá entender isso?
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
UMA FRASE – GILETE PRESS (87)
A TURMA DE PAULO NEVES FEZ, FAZ, CONTINUARÁ FAZENDO E DÁ UM CUTUCÃO EM QUEM MERECE SER CUTUCADO
A Mostra de Teatro do Paulo Neves é o grande acontecimento de Bauru, o que dá o pontapé inicial na contenda a impulsionar o ano. Todo ano me preparo para tentar assistir a um grande número de espetáculos, mas sempre me decepciono comigo mesmo, pois deixo a desejar. Vou a menos da metade do que gostaria (e deveria) ter ido. Nesse ano não foi diferente. Peguei o roteiro, deixei um no carro, um na agenda, outro com a Ana e fiz marcação cerrada, corpo a corpo. Bem que tentei, mas todo ano existe uma desculpa, dessas bem formuladas e acabei marcando presença em somente três espetáculos, dentro de um universo de 14 peças. Quero escrevinhar aqui um pouco sobre o que vi.
A primeira delas foi a “ELES NÃO USAM BLACK-TIE” (21/01/2012, 21h), texto marcante para os de minha geração, pois é todo focado numa família de operários, moradores dos grotões destinados a eles e com algo muito forte sobre a participação desses nas greves e no engajamento político e social. Já assisti várias encenações, vi o filme e li o livro. Também passei a adorar o Gianfrancesco Guarnieri por causa desse texto e toda vez que o via como ator na TV, sua imagem me remetia a esse texto. Vejo aqui a cara do Paulo Neves, numa direção bem ao seu estilo, pois acaba se envolvendo justamente em peças com essa conotação. Paulo é de posições firmes e contundentes. O cenário é simples, a casa de um líder grevista e todas as conseqüências das escolhas que uns e outros fazem em suas vidas. Quando Paulo nos joga na cara esse texto, deixa cada espectador espremido ali na poltrona e cutuca cada um com o posicionamento que adota para sua vida nos dias de hoje. Ainda consigo pensar em fazer uma greve? É possível isso nos dias de hoje? Como agir no dia-a-dia diante de um mundo cada vez mais individualista, onde pensar em grupo passou a ser algo de tresloucado? Ele mesclou atores locais mais experientes e outros novatos, mas a mensagem foi bem passada. Sai de lá, junto de Ana Bia, a pensar nisso tudo e nada mais consegui fazer de sensato naquele dia, com o visto a me encaraminholar as idéias.
A segunda foi a “E NÓS QUE AMÁVAMOS TANTO A REVOLUÇÃO” (22/01/2012, 21h), de autoria do Ewerton Frederico e direção também do Paulo Neves. Quem assistiu comigo foi o amigo Duílio Duka e na saída reencontramos na platéia gente interessada pelo tema, como o vereador Roque Ferreira, Tatiana Calmon e o professor Rubens Colacino. O interessante da noite é que após a tensão com a sessão explícita de bestialidade que o regime militar fez com o professor de uma Escola Estadual, Antonio Maria, que foi preso e morto pelo simples fato de ter tido um poema seu publicado num jornal comunista clandestino e mesmo declarando não ter autorizado a publicação, todos nós fomos discutir o tema por mais algumas horas. Roque, em sua crítica, feita a nós, afirma que a peça é boa, mas continua a ressaltar algo a excluir o operário do processo. “Com pouquíssimas exceções, nunca é mostrada a situação do operário”, diz. Que diria de Santo Dias E Manoel Fiel Filho? E a peça do Guarnieri? E Plínio Marcos, que sempre fez questão mostrar o povão mais simples? Um bom elenco e uma mensagem bem passada. Repasso a dica dessa peça para o professor Clodoaldo Meneghello, da Unesp Bauru, que está fechando um ciclo grandioso de debate sobre esse tema para abril e com essa encenação teria, com certeza, um fecho de ouro.
A terceira foi “NELSON ROGRIGUES, SUA VIDA COMO ELA FOI”, autoria de Silvio do Prado e direção do competente Marco Giafferi (que bombou como ator no curta Abel Contra o Muro) e realizou para essa encenação um intenso trabalho de pesquisa sobre os primórdios da vida do famoso dramaturgo. O enfarte de Nelson e sua vida sendo revivida, num provável bate-papo na ante-sala da morte com Madame Clessi (a de Vestido de Noiva) e as histórias que o marcaram. Anos depois ele nos devolveria tudo em forma de pulsantes textos a retratar a vida suburbana carioca de forma primorosa. Adorei ver amigos em cena, como Caleb Patrício no papel do repórter inescrupuloso, Victoria Galvão (menina de 15 anos que vi nascer) como irmã de Nelson e Mônica Salles, talvez no primeiro papel de uma bauruense a aparecer totalmente nua em cena, em uma bacia, como a louca do cortiço. E quem me diz que o mesmo estupor demonstrado com as personagens faladeiras da peça, ambientadas no meio do século passado, não continua a ocorrer nos dias de hoje? Vivemos anos de retrocesso, perigoso emburrecimento humano, perceptível pela paixão causada pelos BBBs da vida. Os textos do Nelson parecem terem sido escritos para o hoje e não a representar algo de tão longa data. Tudo é compreensível diante de atores inexperientes, até porque a mensagem foi muito bem passada. Fui com o filho Henrique, 17 anos e o texto rendeu boas discussões.
Encerro esse prolongado texto com algo contundente. Não quero comentar a fala de Paulo Neves (estendo aplausos calorosos para Thiago e Talita, reis dos bastidores) no palco no encerramento da Mostra, pois ela diz tudo por si só. Vendo-a entenderão tudo. Em aproximadamente quatro minutos, algo para reflexões variadas e múltiplas, culminando com um texto de quando perguntaram a Mahatma Gandhi quais eram os fatores a destruir com os seres humanos. Ele respondeu: “A Política sem princípios. O Prazer sem compromisso. A Riqueza sem trabalho. A Sabedoria sem caráter. Os negócios sem moral. A Ciência sem humanidade. E a Oração sem caridade. A vida me ensinou que as pessoas são amigáveis, se eu sou amável. Que as pessoas são tristes, se estou triste. Que todos me querem, se eu os quero. Que todos são ruins, se eu os odeio. Que há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio. Que há faces amargas, se eu sou amargo. Que o mundo está feliz, se eu estou feliz. Que as pessoas ficam com raiva quando eu estou com raiva. Que as pessoas são gratas, se eu sou grato. A vida é como um espelho, se você sorri para o espelho, ele sorri de volta. A atitude que eu tome perante a vida é a mesma que a vida vai tomar perante mim”.
A TURMA DE PAULO NEVES FEZ, FAZ, CONTINUARÁ FAZENDO E DÁ UM CUTUCÃO EM QUEM MERECE SER CUTUCADO
A Mostra de Teatro do Paulo Neves é o grande acontecimento de Bauru, o que dá o pontapé inicial na contenda a impulsionar o ano. Todo ano me preparo para tentar assistir a um grande número de espetáculos, mas sempre me decepciono comigo mesmo, pois deixo a desejar. Vou a menos da metade do que gostaria (e deveria) ter ido. Nesse ano não foi diferente. Peguei o roteiro, deixei um no carro, um na agenda, outro com a Ana e fiz marcação cerrada, corpo a corpo. Bem que tentei, mas todo ano existe uma desculpa, dessas bem formuladas e acabei marcando presença em somente três espetáculos, dentro de um universo de 14 peças. Quero escrevinhar aqui um pouco sobre o que vi.
A primeira delas foi a “ELES NÃO USAM BLACK-TIE” (21/01/2012, 21h), texto marcante para os de minha geração, pois é todo focado numa família de operários, moradores dos grotões destinados a eles e com algo muito forte sobre a participação desses nas greves e no engajamento político e social. Já assisti várias encenações, vi o filme e li o livro. Também passei a adorar o Gianfrancesco Guarnieri por causa desse texto e toda vez que o via como ator na TV, sua imagem me remetia a esse texto. Vejo aqui a cara do Paulo Neves, numa direção bem ao seu estilo, pois acaba se envolvendo justamente em peças com essa conotação. Paulo é de posições firmes e contundentes. O cenário é simples, a casa de um líder grevista e todas as conseqüências das escolhas que uns e outros fazem em suas vidas. Quando Paulo nos joga na cara esse texto, deixa cada espectador espremido ali na poltrona e cutuca cada um com o posicionamento que adota para sua vida nos dias de hoje. Ainda consigo pensar em fazer uma greve? É possível isso nos dias de hoje? Como agir no dia-a-dia diante de um mundo cada vez mais individualista, onde pensar em grupo passou a ser algo de tresloucado? Ele mesclou atores locais mais experientes e outros novatos, mas a mensagem foi bem passada. Sai de lá, junto de Ana Bia, a pensar nisso tudo e nada mais consegui fazer de sensato naquele dia, com o visto a me encaraminholar as idéias.
A segunda foi a “E NÓS QUE AMÁVAMOS TANTO A REVOLUÇÃO” (22/01/2012, 21h), de autoria do Ewerton Frederico e direção também do Paulo Neves. Quem assistiu comigo foi o amigo Duílio Duka e na saída reencontramos na platéia gente interessada pelo tema, como o vereador Roque Ferreira, Tatiana Calmon e o professor Rubens Colacino. O interessante da noite é que após a tensão com a sessão explícita de bestialidade que o regime militar fez com o professor de uma Escola Estadual, Antonio Maria, que foi preso e morto pelo simples fato de ter tido um poema seu publicado num jornal comunista clandestino e mesmo declarando não ter autorizado a publicação, todos nós fomos discutir o tema por mais algumas horas. Roque, em sua crítica, feita a nós, afirma que a peça é boa, mas continua a ressaltar algo a excluir o operário do processo. “Com pouquíssimas exceções, nunca é mostrada a situação do operário”, diz. Que diria de Santo Dias E Manoel Fiel Filho? E a peça do Guarnieri? E Plínio Marcos, que sempre fez questão mostrar o povão mais simples? Um bom elenco e uma mensagem bem passada. Repasso a dica dessa peça para o professor Clodoaldo Meneghello, da Unesp Bauru, que está fechando um ciclo grandioso de debate sobre esse tema para abril e com essa encenação teria, com certeza, um fecho de ouro.
A terceira foi “NELSON ROGRIGUES, SUA VIDA COMO ELA FOI”, autoria de Silvio do Prado e direção do competente Marco Giafferi (que bombou como ator no curta Abel Contra o Muro) e realizou para essa encenação um intenso trabalho de pesquisa sobre os primórdios da vida do famoso dramaturgo. O enfarte de Nelson e sua vida sendo revivida, num provável bate-papo na ante-sala da morte com Madame Clessi (a de Vestido de Noiva) e as histórias que o marcaram. Anos depois ele nos devolveria tudo em forma de pulsantes textos a retratar a vida suburbana carioca de forma primorosa. Adorei ver amigos em cena, como Caleb Patrício no papel do repórter inescrupuloso, Victoria Galvão (menina de 15 anos que vi nascer) como irmã de Nelson e Mônica Salles, talvez no primeiro papel de uma bauruense a aparecer totalmente nua em cena, em uma bacia, como a louca do cortiço. E quem me diz que o mesmo estupor demonstrado com as personagens faladeiras da peça, ambientadas no meio do século passado, não continua a ocorrer nos dias de hoje? Vivemos anos de retrocesso, perigoso emburrecimento humano, perceptível pela paixão causada pelos BBBs da vida. Os textos do Nelson parecem terem sido escritos para o hoje e não a representar algo de tão longa data. Tudo é compreensível diante de atores inexperientes, até porque a mensagem foi muito bem passada. Fui com o filho Henrique, 17 anos e o texto rendeu boas discussões.
Encerro esse prolongado texto com algo contundente. Não quero comentar a fala de Paulo Neves (estendo aplausos calorosos para Thiago e Talita, reis dos bastidores) no palco no encerramento da Mostra, pois ela diz tudo por si só. Vendo-a entenderão tudo. Em aproximadamente quatro minutos, algo para reflexões variadas e múltiplas, culminando com um texto de quando perguntaram a Mahatma Gandhi quais eram os fatores a destruir com os seres humanos. Ele respondeu: “A Política sem princípios. O Prazer sem compromisso. A Riqueza sem trabalho. A Sabedoria sem caráter. Os negócios sem moral. A Ciência sem humanidade. E a Oração sem caridade. A vida me ensinou que as pessoas são amigáveis, se eu sou amável. Que as pessoas são tristes, se estou triste. Que todos me querem, se eu os quero. Que todos são ruins, se eu os odeio. Que há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio. Que há faces amargas, se eu sou amargo. Que o mundo está feliz, se eu estou feliz. Que as pessoas ficam com raiva quando eu estou com raiva. Que as pessoas são gratas, se eu sou grato. A vida é como um espelho, se você sorri para o espelho, ele sorri de volta. A atitude que eu tome perante a vida é a mesma que a vida vai tomar perante mim”.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
BAURU POR AÍ (62)
NOROESTE, TORÇO SIM, POIS “ELES PASSARÃO, EU PASSARINHO”
Sou um torcedor de futebol à moda antiga. Tento continuar exercendo o ofício, mesmo com a profunda e negativa transformação que o “esporte bretão” teve mundo afora. Ontem quando o Corinthians venceu a Copa SP Futebol Jr não vibrei como dantes. Passei a admirar de uns tempos para cá mais a beleza do esporte do que o amor incondicional por um time. Tento colocar isso em prática ao meu modo, com raras exceções. A única, de amor mais do que declarado, enraizado e pelo visto, irremovível é pelo ESPORTE CLUBE NOROESTE, o time de minha aldeia, Bauru. Ele estreou ontem na 2º Divisão do Campeonato Estadual Paulista, contra o América de SJRP, fora de casa e fiquei com o ouvido colado no radinho de pilha (2x2, após virarmos o 1° Tempo ganhando de 2x0). Adoro uma transmissão de futebol, dessas feitas por rádio AM. Tenho a minha preferida e é a feita pelo Jornada Esportiva, do locutor, radialista, comentarista, repórter de campo e também motorista nas viagens, Rafael Antonio. Narração deste e com reportagem de Jota Martins, esses para mim, imbatíveis. Circulo um pouco por todas, aproveito o que me serve, deleto o rejeitável. Leio o Leonardo de Brito, o Fernando BH e o Bruno Mestrinelli (gosto mais dele no esporte, do que na política, mesmo sabendo que ele prefira escrever sobre esse segundo tema). Sou filiado na Sangue Rubro e a sigo como e quando posso. Prefiro sentar lá debaixo dos eucaliptos ao coberto do social. O som do batuque me é mais familiar. Vou ao campo com a camisa da torcida e sei que ela tenta se espelhar numas outras grandes, mas ainda tem muito da pureza de um time do interior (queria que ela não perdesse isso nunca). Não consegui fazer com que o filho gostasse de futebol, mas reencontro a cada jogo primos (o Beto Grandini e o Eduardo Lopes), amigos (Aldo Wellincham, Ademir Elias, Duílio Duka, Tuim, artesão Chico Cardoso...) e os quase mil torcedores que não abandonam o time faça chuva ou sol. Já nos conhecemos de longa data. Queria ter a garra de um Reynaldo Grillo, que não conheço pessoalmente e mesmo distante, aparenta ser mais noroestino do que mais da metade dessa cidade. Leio com regularidade o seu blog, o do BH, o do Gustavo Duarte e o da Sangue. Conheço cada canto do Alfredão e circulo bem por ele. Sinto falta quando me faltam jogos e da convivência com os que fazem daquilo uma espécie de lazer. Sou um desses. Vou lá para ver meu escrete entrar em campo e me transformo durante o jogo. Viro macaco de auditório e até esqueço as besteiras que sei acontecer nos bastidores (e são muitas). Vibro com o Marcão Shopping dirigindo o time das arquibancadas e o Pavanello circulando com sua prancheta pelas arquibancadas. Durante alguns meses lá estarei, daqui a bem pouco vou conhecer os novos jogadores pelo jeitão de cada um tocar na bola, vou saber quem é perna de pau, quem entende do riscado e se o técnico acertará dessa vez (parece que sim - toc toc toc). Vou rir com o querido dr Omar adentrando o campo lentamente e comer em todos os jogos a paçoquinha do casal mais conhecido do estádio. Ontem não fui, mas domingo, 10h, lá estarei e não vejo a hora de envergar o novamente o uniforme de torcedor, que já está devidamente passado, dobrado e pronto. Como bem disse a Cida, portelense de quatro-costados: “Não me importo de vencer campeonatos. Coração não tem Divisão”. Na primeira, segunda ou onde estiver, lá estarei. Sobre os problemas internos, sou um eterno crítico, mas parafraseando Mário Quintana explico: “Eles passarão, eu passarinho”.
Em tempo: No dia que o Vitor Vieira (garotão, novo presidente da Sangue - o da foto com a tatuagem) deu uma entrevista para o Fernando BH no seu site Canhota 10 (http://www.canhota10.com.br/), fui citado e isso muito me envaideceu. “Confesso que nunca fui fã de torcida organizada e exemplos não faltam para justificar essa minha postura. Mas não sou teimoso e sei dar o braço a torcer. Quem vê a dedicação incansável do Pavanello, lê os relatos do HPA, conversa cinco minutinhos com o Marcão Shopping ou testemunha a admiração do Gustavo Duarte, sabe que a Sangue Rubro é uma torcida diferente, que tem uma tradição a zelar – e raríssimas arranhões nessa história de 25 anos” (publicado em 17/01/2012) e pouco antes, no dia 15/01/2012, quando de uma bela entrevista com o Marcão Shopping, reproduz fotos tiradas por mim e cita a fonte dessa forma: “As fotos desse post são do blog de outro alvirrubro, o HPA – fica a dica: há sempre bons textos no Mafuá do HPA”. Retribuo da mesma forma, gileteando e citando a fonte, pois todas as imagens desse meu post foram retiradas do site do Canhota 10.
FATO LAMENTÁVEL: HOMOFOBIA EXPLÍCITA no balcão de um supermercado no centro da cidade, quando uma pessoa assumidamente homossexual é agredida verbalmente e fisicamente só e tão somente por causa de sua opção sexual, ou seja, motivo fútil e bestial. Tenho comigo que, quando isso ocorre, ou o agressor tem vontade reprimida de ser o que não consegue (talvez lhe falte coragem) ou é mesmo um ser desprezível, necessitando de medidas coercitivas para saber conviver com o diferente. Justo hoje, quando ocorre na cidade a eleição da RAINHA DA DIVERSIDADE, concurso do qual serei um dos Jurados. Devo levar minha armadura? A treva bufa e bota suas asinhas de fora.
NOROESTE, TORÇO SIM, POIS “ELES PASSARÃO, EU PASSARINHO”
Sou um torcedor de futebol à moda antiga. Tento continuar exercendo o ofício, mesmo com a profunda e negativa transformação que o “esporte bretão” teve mundo afora. Ontem quando o Corinthians venceu a Copa SP Futebol Jr não vibrei como dantes. Passei a admirar de uns tempos para cá mais a beleza do esporte do que o amor incondicional por um time. Tento colocar isso em prática ao meu modo, com raras exceções. A única, de amor mais do que declarado, enraizado e pelo visto, irremovível é pelo ESPORTE CLUBE NOROESTE, o time de minha aldeia, Bauru. Ele estreou ontem na 2º Divisão do Campeonato Estadual Paulista, contra o América de SJRP, fora de casa e fiquei com o ouvido colado no radinho de pilha (2x2, após virarmos o 1° Tempo ganhando de 2x0). Adoro uma transmissão de futebol, dessas feitas por rádio AM. Tenho a minha preferida e é a feita pelo Jornada Esportiva, do locutor, radialista, comentarista, repórter de campo e também motorista nas viagens, Rafael Antonio. Narração deste e com reportagem de Jota Martins, esses para mim, imbatíveis. Circulo um pouco por todas, aproveito o que me serve, deleto o rejeitável. Leio o Leonardo de Brito, o Fernando BH e o Bruno Mestrinelli (gosto mais dele no esporte, do que na política, mesmo sabendo que ele prefira escrever sobre esse segundo tema). Sou filiado na Sangue Rubro e a sigo como e quando posso. Prefiro sentar lá debaixo dos eucaliptos ao coberto do social. O som do batuque me é mais familiar. Vou ao campo com a camisa da torcida e sei que ela tenta se espelhar numas outras grandes, mas ainda tem muito da pureza de um time do interior (queria que ela não perdesse isso nunca). Não consegui fazer com que o filho gostasse de futebol, mas reencontro a cada jogo primos (o Beto Grandini e o Eduardo Lopes), amigos (Aldo Wellincham, Ademir Elias, Duílio Duka, Tuim, artesão Chico Cardoso...) e os quase mil torcedores que não abandonam o time faça chuva ou sol. Já nos conhecemos de longa data. Queria ter a garra de um Reynaldo Grillo, que não conheço pessoalmente e mesmo distante, aparenta ser mais noroestino do que mais da metade dessa cidade. Leio com regularidade o seu blog, o do BH, o do Gustavo Duarte e o da Sangue. Conheço cada canto do Alfredão e circulo bem por ele. Sinto falta quando me faltam jogos e da convivência com os que fazem daquilo uma espécie de lazer. Sou um desses. Vou lá para ver meu escrete entrar em campo e me transformo durante o jogo. Viro macaco de auditório e até esqueço as besteiras que sei acontecer nos bastidores (e são muitas). Vibro com o Marcão Shopping dirigindo o time das arquibancadas e o Pavanello circulando com sua prancheta pelas arquibancadas. Durante alguns meses lá estarei, daqui a bem pouco vou conhecer os novos jogadores pelo jeitão de cada um tocar na bola, vou saber quem é perna de pau, quem entende do riscado e se o técnico acertará dessa vez (parece que sim - toc toc toc). Vou rir com o querido dr Omar adentrando o campo lentamente e comer em todos os jogos a paçoquinha do casal mais conhecido do estádio. Ontem não fui, mas domingo, 10h, lá estarei e não vejo a hora de envergar o novamente o uniforme de torcedor, que já está devidamente passado, dobrado e pronto. Como bem disse a Cida, portelense de quatro-costados: “Não me importo de vencer campeonatos. Coração não tem Divisão”. Na primeira, segunda ou onde estiver, lá estarei. Sobre os problemas internos, sou um eterno crítico, mas parafraseando Mário Quintana explico: “Eles passarão, eu passarinho”.
Em tempo: No dia que o Vitor Vieira (garotão, novo presidente da Sangue - o da foto com a tatuagem) deu uma entrevista para o Fernando BH no seu site Canhota 10 (http://www.canhota10.com.br/), fui citado e isso muito me envaideceu. “Confesso que nunca fui fã de torcida organizada e exemplos não faltam para justificar essa minha postura. Mas não sou teimoso e sei dar o braço a torcer. Quem vê a dedicação incansável do Pavanello, lê os relatos do HPA, conversa cinco minutinhos com o Marcão Shopping ou testemunha a admiração do Gustavo Duarte, sabe que a Sangue Rubro é uma torcida diferente, que tem uma tradição a zelar – e raríssimas arranhões nessa história de 25 anos” (publicado em 17/01/2012) e pouco antes, no dia 15/01/2012, quando de uma bela entrevista com o Marcão Shopping, reproduz fotos tiradas por mim e cita a fonte dessa forma: “As fotos desse post são do blog de outro alvirrubro, o HPA – fica a dica: há sempre bons textos no Mafuá do HPA”. Retribuo da mesma forma, gileteando e citando a fonte, pois todas as imagens desse meu post foram retiradas do site do Canhota 10.
FATO LAMENTÁVEL: HOMOFOBIA EXPLÍCITA no balcão de um supermercado no centro da cidade, quando uma pessoa assumidamente homossexual é agredida verbalmente e fisicamente só e tão somente por causa de sua opção sexual, ou seja, motivo fútil e bestial. Tenho comigo que, quando isso ocorre, ou o agressor tem vontade reprimida de ser o que não consegue (talvez lhe falte coragem) ou é mesmo um ser desprezível, necessitando de medidas coercitivas para saber conviver com o diferente. Justo hoje, quando ocorre na cidade a eleição da RAINHA DA DIVERSIDADE, concurso do qual serei um dos Jurados. Devo levar minha armadura? A treva bufa e bota suas asinhas de fora.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
CHARGES ESCOLHIDAS A DEDO (51)
TUDO NO MESMO BALAIO: DA INSANIDADE NO PINHEIRINHO À DAS SACOLINHAS PLÁSTICAS
Cobram um posicionamento meu sobre a vergonhosa atuação do Governo paulista no caso PINHEIRINHO, em São José dos Campos. Não demorei coisa nenhuma, pois o que penso disso já é do conhecimento até do reino mineral, externado aqui desde que esse mafuá existe: aqui em São Paulo, governado pelos tucanos há quase 20 anos, algo a salientar, tanto nesse caso como no da Cracolândia onde a Polícia Militar é quem chega primeiro, antes das ações sociais. Primeiro a "PORRADA" no "ZÉ POVINHO", depois o diálogo. Hoje estão nas ruas de SJC milhares de famílias, sem amparo, deserdados, párias e um mega-especulador, com infinitas ações na Justiça, rindo a toa. Uma Justiça que ganha muito, decide tudo em causa própria e também a favor dos poderosos e do capital, o especulativo, o pior de todos. Nosso governador (não seria Governa A Dor?), dizendo ter filmado tudo, é o mandante e precisa começar a ser culpabilizado pelas suas ações desastrosas e sempre em favor da elite paulista, a que torna SP o estado mais atrasado do país, o mais retrógrado e conservador (onde mesmo o povo segue ditames coronelistas?). O mesmo posso dizer do prefeito paulistano, Kassab, que lobo na pele de cordeiro, pacifica a cacetete os craqueiros e favorece a especulação, que quer derrubar tudo na Cracolândia e reconstruir tudo, novo e fazer negócios inimagináveis pelos comuns mortais. As cenas do massacre de Pinheirinho estão aí (mais via internet do que mídia, viu!!!) e por si só expressam um pensamento dominante, o do sistema vigente, excludente e predatório. Escórias dos tempos atuais não são os miseráveis nas ruas de SP e SJC, mas sim os que os culpabilizam e marginalizam cada vez mais. Triste estado esse onde moro (ESTADO LAMENTÁVEL).
Das SACOLAS PLÁSTICAS, impedidas de serem distribuídas a partir de hoje nos supermercados, afirmo serem elas um mero BODE EXPIATÓRIO de um processo não muito claro de defesa do meio ambiente. O consumidor poderá optar por sacolas retornáveis (PAGAS!!!) ou caixas de papelão... “Se a preocupação fosse ecológica, os supermercados também eliminariam o uso de outras tantas embalagens plásticas dentro da loja, como as que armazenam carnes, frutas e verduras. O único pecado da sacolinha é que ela está do lado de fora do caixa do supermercado”, insinua Gino Paulucci Júnior, vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Acessórios para a Indústria do Plástico (CSMaip). Sou contra a hipocrisia de proibir somente um item e todos os demais permanecerem sendo distribuídos normalmente. Dou um exemplo para fechar a tampa do caixão. Comi um mero pedaço de pizza no Alameda Quality dia desses e junto da guloseima, um aparato descartável de grande monta: faca e garfo de plástico, recipiente de papelão a envolver a pizza, guardanapos de papel, sacos de papel e plástico envolvendo tudo, condimentos em pequenos saquinhos plásticos descartáveis, etc. Como o pedaço em meros cinco minutos e tudo o que veio junto foi para o lixo. Absurdo dos absurdos, algo inconcebível e inqualificável, mas repetido por todas nossas conceituadas casas comerciais. Querem enganar quem com isso tudo? Protetores da natureza ou Santos do Pau Oco.
obs.: Todas as três charges são de autoria do amigo CARLOS LATUFF (o da foto), carioca, que já esteve três vezes em Bauru e um que não deixa a oportunidade passar: SACA LOGO O QUE ESTÁ POR TRÁS DE TUDO.
TUDO NO MESMO BALAIO: DA INSANIDADE NO PINHEIRINHO À DAS SACOLINHAS PLÁSTICAS
Cobram um posicionamento meu sobre a vergonhosa atuação do Governo paulista no caso PINHEIRINHO, em São José dos Campos. Não demorei coisa nenhuma, pois o que penso disso já é do conhecimento até do reino mineral, externado aqui desde que esse mafuá existe: aqui em São Paulo, governado pelos tucanos há quase 20 anos, algo a salientar, tanto nesse caso como no da Cracolândia onde a Polícia Militar é quem chega primeiro, antes das ações sociais. Primeiro a "PORRADA" no "ZÉ POVINHO", depois o diálogo. Hoje estão nas ruas de SJC milhares de famílias, sem amparo, deserdados, párias e um mega-especulador, com infinitas ações na Justiça, rindo a toa. Uma Justiça que ganha muito, decide tudo em causa própria e também a favor dos poderosos e do capital, o especulativo, o pior de todos. Nosso governador (não seria Governa A Dor?), dizendo ter filmado tudo, é o mandante e precisa começar a ser culpabilizado pelas suas ações desastrosas e sempre em favor da elite paulista, a que torna SP o estado mais atrasado do país, o mais retrógrado e conservador (onde mesmo o povo segue ditames coronelistas?). O mesmo posso dizer do prefeito paulistano, Kassab, que lobo na pele de cordeiro, pacifica a cacetete os craqueiros e favorece a especulação, que quer derrubar tudo na Cracolândia e reconstruir tudo, novo e fazer negócios inimagináveis pelos comuns mortais. As cenas do massacre de Pinheirinho estão aí (mais via internet do que mídia, viu!!!) e por si só expressam um pensamento dominante, o do sistema vigente, excludente e predatório. Escórias dos tempos atuais não são os miseráveis nas ruas de SP e SJC, mas sim os que os culpabilizam e marginalizam cada vez mais. Triste estado esse onde moro (ESTADO LAMENTÁVEL).
Das SACOLAS PLÁSTICAS, impedidas de serem distribuídas a partir de hoje nos supermercados, afirmo serem elas um mero BODE EXPIATÓRIO de um processo não muito claro de defesa do meio ambiente. O consumidor poderá optar por sacolas retornáveis (PAGAS!!!) ou caixas de papelão... “Se a preocupação fosse ecológica, os supermercados também eliminariam o uso de outras tantas embalagens plásticas dentro da loja, como as que armazenam carnes, frutas e verduras. O único pecado da sacolinha é que ela está do lado de fora do caixa do supermercado”, insinua Gino Paulucci Júnior, vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Acessórios para a Indústria do Plástico (CSMaip). Sou contra a hipocrisia de proibir somente um item e todos os demais permanecerem sendo distribuídos normalmente. Dou um exemplo para fechar a tampa do caixão. Comi um mero pedaço de pizza no Alameda Quality dia desses e junto da guloseima, um aparato descartável de grande monta: faca e garfo de plástico, recipiente de papelão a envolver a pizza, guardanapos de papel, sacos de papel e plástico envolvendo tudo, condimentos em pequenos saquinhos plásticos descartáveis, etc. Como o pedaço em meros cinco minutos e tudo o que veio junto foi para o lixo. Absurdo dos absurdos, algo inconcebível e inqualificável, mas repetido por todas nossas conceituadas casas comerciais. Querem enganar quem com isso tudo? Protetores da natureza ou Santos do Pau Oco.
obs.: Todas as três charges são de autoria do amigo CARLOS LATUFF (o da foto), carioca, que já esteve três vezes em Bauru e um que não deixa a oportunidade passar: SACA LOGO O QUE ESTÁ POR TRÁS DE TUDO.