domingo, 12 de fevereiro de 2012

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (52)

ZIRALDO FALA SOBRE O LIVRO DE REGINÓPOLIS E DE UMA PASSAGEM POR BAURU
Eu e Fausto Bergocce estivemos com Ziraldo em seu apartamento/escritório ao lado da Lagoa Rodrigo de Freitas, cidade do Rio de Janeiro na tarde da última terça, 07/02 e por lá permanecemos por quase duas horas. Fausto e ele se conhecem de longa data, desde os áureos tempos d'O Pasquim, capitaneado por Ziraldo. Todo livro lançado pelo meu amigo reginopolense, ele faz questão de levar um de presente para o velho amigo. Fizemos isso com o "REGINÓPOLIS - SUA HISTÓRIA" e não esperávamos a calorosa recepção. Foi de cair o queixo. Foi do balacobaco. Babei na fronha com tudo o que presenciei. Aguardamos um certo tempo pela presença do mesmo, pois beirando os 80 anos, Ziraldo tenta manter um ritmo incessante de trabalho sem abrir mão de uma descansada no meio da tarde. E o faz com uma galhardia bem peculiar. Quando lá chegamos tirava uma soneca após o almoço e nos atendeu após um banho. Chegou todo sorridente e sua fala é algo já gravado em minha memória: "Tô velho. Já não sou o menino de antes, tenho que dar um breque e repor energias senão não aguento". Feitas as apresentações, quiz saber de mim, minha trajetória e foi ver o livro. Pegou nas mão ainda em pé e ao abri-lo uma surprea. Olhou para o Fausto meio que incrédulo, precisou sentar e ficou a folhear cada página, comentando uma por uma. Quiz saber dos detalhes todos e em certo momento cravou: "Você é um louco, Fausto. O que é isso? Nunca vi nada igual feito para nenhuma outra cidade brasileira. Essa é maior DECLARAÇÃO DE AMOR que já vi na minha vida. Como você fez isso? Quanto tempo levou?". Foram tantas as perguntas e indagações e ele cada vez mais espantado. Nisso virou para mim e ciente de que quase nada do que está ali escrito no livro estava contido em algum documento, fez os mesmos questionamentos. Sua reação, inesperada para nós era a de alguém, que decididamente entendeu toda a trajetória da construção e elaboração da obra. Artista como Fausto, sabe como essas coisas se processam, da morosidade na elaboração de cada desenho, etapa por etapa, ainda mais feito todo na técnica de aquarela, desenho a desenho e história a história. Num certo momento, não se cansando de elogiar o trabalho do Fausto vira-se para mim, após me questionar de várias formas e diz: "São dois loucos. Uma mais que o outro. E você, Henrique, um cidadão do mundo, que foi aportar em Reginópolis". Não tinhamos muitas palavras para agradecer aquilo tudo e ainda saiu-se com essa: "Isso aqui é muito importante. Preciso pensar numa forma de ajudar vocês para que mais pessoas conheçam esse trabalho. Quero e vou fazer algo por esse livro. Eu sei como isso aconteceu na cabeça do Fausto, porque também sou de uma cidade do interior, provinciano de Caratinga e isso aqui não pode cair no esquecimento. Como fazer algo?". Dei uma idéia, a de gravar um depoimento sobre o livro. Proposta aceita, ele gravou algo vindo lá de dentro, do fundo de sua alma, percebida com amor e carinho. Ficamos mais um tempo, falamos de Bauru (conto a seguir isso) e na despedida, após presentar a dupla com livros de sua autoria, fala nos abraçando: "Vocês fizeram o livro que poderia um dia ter feito para a minha Caratinga. Não fiz, deixei de fazer e hoje não posso mais fazer, a cidade cresceu muito. Não tenho condições e tenho que elogiar quem teve a coragem e a ousadia de fazer. Adoro a loucura, os loucos como nós a movimentar de forma diferente esse mundo". Na porta disse que iria pensar em algo mais, numa outra forma de reverenciar o livro. Saímos cantarolando pelo elevador, corredor, escadarias do prédio e ladeira que nos levaria até a Fonte da Saudade, nas margens da famosa lagoa, quando sentados num banco, esperamos alguns minutos até a ficha cair definitivamente e voltarmos à vida real.



E POR FIM A HISTÓRIA A ENVOLVER BAURU: Ziraldo confessa já ter passado várias vezes pela cidade. Nem sabe quantas. Uma inesquecível. Ele não sabe precisar o ano, mas ao me questionar sobre alguns dos personagens envolvidos, fica fácil. "Foi no fim de um lançamento de um dos meus livros. Fiz uma palestra, casa lotada de estudantes. A cidade era governada pelos comunistas. Eu sabia que Bauru sempre foi um forte reduto comunista dentro do estado de SP. Naquele ano a Prefeitura era governada pelos comunistas. Um me é inesquecível. Não lembro o nome, sei que era médico, filho de um militante histórico que havia sido morto sob tortura", começa seu relato. Daí já sei tudo, ele falava de Davi Capistrano, que convidado por Tuga Angerami, foi seu secretário de Saúde e anos depois, também convidado pela Prefeitura de Telma em Santos, acabou tornando-se prefeito por lá. Sua história é sobre aquele dia. Diz que no final da fala estava pronto para ir num bar com os estudantes, mas uma pessoa do staf da Prefeitura se aproxima e lhe convida para uma reunião comunista. Não conto mais nada. Peço que vejam o vídeo, histórico por sinal. Só mais uma coisa. Antes de iniciar a gravação ele lembra de outra pessoa, uma mulher, magra, mirrada e muito falante, muitos gestos, muito ativa e com idéias bem claras. Com certeza estava ele a falar de Terezinha Cintra. Aproveitei o momento e fiz história, gravei tudo. Resta agora reconstituir a tal reunião descrita por ele e seus participantes. Isso é HISTÓRIA.
OBS.: Ao lado um desenho feito com exclusividade para o Fausto e na dedicatória que me fez n'O Almanaque do Ziraldo que ganhei: "Henrique, essa é uma história que tem tudo a ver com agente".



PARA FINALIZAR: Fui revender um livro para o Maurício, proprietário da CONFEITARIA COLOMBO, um dos mais belos cartões postais do Rio de Janeiro e esse, que morou em Pirajuí quando menino (o pai tinha propriedades na cidade e em Garça), oferece o espaço para o lançamento carioca (olha só o requinte da coisa). Vamos organizar algo, eu, Fausto, Ziraldo, Maurício, envolvendo uma data sobre Cidade/Município, levando pessoas para falar das suas, como Ziraldo de Caratinga, Tito Madi de Pirajuí, e outros ilustres moradores do Rio, culminando com o livro sendo lançado. Estamos em estado de graça. Mostro aqui amanhã algo sobre duas outras visitas e um brincadeira que Ziraldo fez exclusivamente para nós com o desenho do contorno do estado de SP. Aguardem...

9 comentários:

  1. OLá Henrique, parabéns pelo blog...ficou bacana, você mandou bem. Disse tudo.

    Fausto Bergocce

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  2. estou muito feliz com o grande encontro do rio de janeiro, livro bem feito so poderia acontecer coisas boas

    uma noticia triste morreu hoje o nobre deputado JOSE CANDIDO

    MAURÍCIO PASSOS - PEDERNEIRAS

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  3. MTO BOM , AMIGO....GOSTEI....BEIJOS....E MTO SUCESSO....MADÊ CORRÊA

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  4. que legal,henricão...vcs merecem! neste lançamento eu vou,heheeee!!!!

    ROSANGELA MARIA BARRENHA

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  5. Nossa!!! Que orgulho de você meu amigo. Como já disse antes, era só uma questão de tempo...esse será o primeiro de muitos. SUCESSO, SUCESSO, SUCESSO!
    Maria Luiza Carvalho

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  6. Hewnrique

    Sabe quem mais deve estar nessa turma aí que o Ziraldo citou: Marcelo Borges e Ladeira, que depois abandonaram a ideologia comunista e cairam de boca na capitalista. Fiquei contente de Ziraldo ter se lembrado do Davi, uma grande pessoa, essa sim, que por onde passou deixou saudade, pessoa sensível e que nunca mudaria de lado e faria negócios se favorecendo da especulação imobiliária.

    Quem me indicou o seu blog por causa do texto do Ziraldo foi a Lúcia, da Prefeitura.

    Pedro Canal

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  7. Henriiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiqueeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Que loucura meu amigo! Você descreve o inusitado com tantos detalhes, que me reportei para a Casa do Ziraldo... olha eu aí em pé em frente à mesa/prancheta......kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkObrigada pela surpresa boa! Quero que me guardes um exemplar. Minha filha do coração é natural de Reginópolis, vou presentea-la com um exemplar desta belezura....
    ROSA MARIA MORCELLI

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  8. Aê, Henrique e Fausto!!!
    Que felicidade!
    Vocês merecem todo esse carinho!
    Grande abraço a vocês!
    W.Leite

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  9. "uma mulher, magra, mirrada e muito falante, muitos gestos, muito ativa e com idéias bem claras".Pra mim é a professora Mariza Bianconcini.

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